O PACIENTE OSTOMIZADO: O PAPEL DO ENFERMEIRO E AS DIFICULDADES ENFRENTADAS

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Enfermagem

Documento 1

De acordo com a localização, pode ser classificado como ileostomia ou colostomia. Os pacientes que realizam esta cirurgia passam por uma série de dificuldades, como aceitação, mudança na rotina, na alimentação e dificuldade de inserção na sociedade. Frente a isto, o enfermeiro tem um papel importante pois é ele quem pode dar apoio ao paciente e sua família, sanar todas as dúvidas e fornecer conhecimentos fisiológicos para que a pessoa após a alta hospitalar, consiga ter o autocuidado necessário. O objetivo deste estudo é revisar sobre esta temática e entender sobre estas dificuldades, para compreender como o enfermeiro deve se posicionar a frente disto. Palavras-chave: Ostomia; Enfermeiro; Colostomia. Uma das medidas que auxiliam no tratamento destas pessoas é a ostomia. A ostomia é um orifício feito no abdômen, com objetivo de exteriorizar o intestino.

Esta cirurgia é realizada para desviar todo o conteúdo das porções do intestino, que são fezes e gases, para uma bolsa externa (CASSERO; AGUIAR, 2009). Os enfermeiros assumem um papel de extrema importância para o paciente, pois ele é responsável por facilitar o processo de aceitação e de compreensão do tratamento, pois promove a aquisição de conhecimentos sobre o assunto, relata as experiências conhecidas e auxilia nos novos comportamentos e hábitos que devem ser adotados, após a cirurgia (MELEIS; SAWYER; HILFINGER; SCHUMACHER, 2000). O processo de adaptação e aceitação da nova condição em que a pessoa com ostomia passa, é um processo complexo, que determina uma intervenção multidisciplinar com vista à recuperação do seu melhor potencial físico, psicológico e social, no sentido de melhorar a sua função social e a capacidade de adaptação ao novo contexto social (CASTRO; BORNHOLDT, 2004).

A ostomia se caracteriza por ser um orifício no intestino no qual as fezes são eliminadas. Nesta cirurgia, parte ou todo o órgão pode ser movido para o exterior. A intervenção cirúrgica pode ser caracterizada de duas formas: temporária ou definitiva e esta caracterização depende da condição clínica do paciente (MIRANDA, 2013). Neste caso, as fezes são direcionadas diretamente à área exposta para fora do corpo, evitando a passagem pela porção do órgão afetada (STUMM; OLIVEIRA; KIRSCHNER, 2008). Não há um controle da parte do paciente em defecar ou não, por isto, é necessário que haja um dispositivo coletor, conhecido como bolsa coletora. A colostomia é a cirurgia mais comum e de acordo com a sua localização anatómica, seu nome é complementado.

Desta forma, há quatro tipos de colostomia: ascendente, descendente, sigmóidea e transversa (COSTA; SANTOS, 2006). Quadro 1 – Classificação da colostomia Fonte: Manual de orientação aos serviços de atenção às pessoas ostomizadas. A permanência da ostomia intestinal pode ser definitiva ou temporária. A equipe médica opta pela temporária quando a função fisiológica irá ser preservada, visto que a há possibilidade de tratamento da doença. Considerado como uma das complicações muito frequentes, é devido à anormal infiltração de líquidos nos tecidos e manuseamento da ansa intestinal (BRASIL, 2016). • Hemorragia: podendo ser da borda do estoma, do intestino que está preso na parede do abdômen, ou de ambos. Pouco comum, esta complicação surge com mais frequência nos doentes com ileostomia do que com colostomia, devido à doença inflamatória intestinal (BRASIL, 2016).

• Necrose: pode ocorrer devido a insuficiência de chegada de sangue ou de vascularização (MORAIS; NEVES, 2011). • Prolapso: ocorre a exteriorização total ou parcial do segmento da alça intestinal pelo estoma. O paciente deve lidar com a perda de um órgão, mesmo que temporária, privação do controle fecal e o uso contínuo de bolsa coletora, o que causa incomodo e constrangimento (BARBUTTI, SILVA, ABREU, 2008). Para Bernardo (2002) e Bechara (2005), cada ser tem uma posição diferente a cada situação em que é submetida. Desta forma, não é possível estabelecer um padrão para a reação e a forma de lidar que cada um terá frente ao diagnóstico, tratamento e o pós-operatório. Porém, afirma que, de toda forma, isto acarretará em mudanças no comportamento, na forma de se relacionar e de autoconfiança.

Perrson (2005) realizou um estudo onde os participantes relatam sobre seus sentimentos após a cirurgia. Em relação ao vestuário, Youngberg (2010) concluiu que 27,1% dos pacientes afirmam que a localização do estoma acarretava problemas para vestir-se e que 52% teve que alterar o estilo de roupa. As mudanças que acontecem na vida da pessoa ostomizadas são inúmeras. Todos os dias é necessário se adaptar há algo novo e entender como reagir e se comportar frente a todas as mudanças. É necessário que haja apoio psicológico, da família e da equipe de saúde, para enfrentar esta fase e ajudar na adaptação do paciente, e consequentemente, na sua melhora. A equipe de saúde que lhe atende e lhe dá suporte deve ser multidisciplinar, com objetivo de auxiliar o paciente para a melhor adaptação e reabilitação (BARBUTTI, SILVA, ABREU, 2008).

O enfermeiro pode ajudá-lo a encarar esta nova realidade, entender a necessidade e familiarizá-lo com o estoma, explicar e ensinar quais são os devidos cuidados, de forma a gerar autonomia e qualidade de vida (MIRANDA, 2013). Durante as consultas, o paciente e sua família podem realizar a educação em saúde, que é uma estratégia capaz de proporcionar apoio, pois há explicações de toda a situação que está sendo enfrentada, como é o processo que a pessoa irá passar e o comportamento que deve ser adotado frente as dificuldades (FARIAS; GOMES; ZAPPAS, 2004). Portanto, o enfermeiro passa a ter uma responsabilidade maior com o paciente. Ele que contribui para que este e sua família tenham uma vivência, pós-operatória, positiva. É necessário que o paciente desenvolva uma autonomia frente ao cuidado e para isto, ele deve apresentar mais sobre a anatomia e fisiologia da região, quais recursos utilizar para cuidar de si mesmo e quais habilidades deve desenvolver (FLEURY; FLEURY, 2001).

Uma das causas destas dificuldades é a má instrução nos processos de cuidado, que reflete a falta de conhecimento por parte dos profissionais, no que abrange a reabilitação do ostomizados (GEMELLI; ZAGO, 2002). O local precisa ser higienizado frequentemente, com cuidado, com movimentos suaves, utilizando produtos de pH neutro. É normal que haja alteração na coloração e sinais de hemorragia, mas é necessário garantir que a pele esteja sempre limpa e seca, sem utilizar produtos que contenham álcool (MAGALHÃES, 2006). A dieta sofre drásticas mudanças, principalmente no período mais recente a cirurgia, sendo uma grande preocupação e dificuldade enfrentada. Não há necessidade de uma dieta especial, porém, segundo Amândio (1999), os alimentos não podem ser ingeridos da mesma forma que antes, devem ser ingeridos gradualmente, até que o paciente se acostume e vá aumentando a quantidade de alimento, até ter uma dieta equilibrada.

Tornou-se possível conhecer como acontece o processo de adaptação dessa vivência com a bolsa coletora, qual é o caminho até chegar neste ponto e como o paciente pode conseguir apoio para se adaptar. Percebe-se que o enfermeiro tem um papel crucial pois é responsável por passar informações para o paciente e sua família, além de tranquiliza-lo e ajuda-lo a entender as responsabilidades do autocuidado e estimulando-o a continuar realizando-as, contribuindo na sua reabilitação e na superação das suas dificuldades. REFERÊNCIAS AMÂNDIO, J. A alimentação dos ostomizados digestivos. Liga dos Ostomizados de Portugal, p. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. n. p. dez. p. BECHARA, R. N. et al. Abordagem multidisciplinar do ostomizado. inca. gov. br/publicações/ostomas. pdf. Acesso em: 13 de Set.

de 2019. BRASIL. SECRETARIA DE SAÚDE DO ESPÍRITO SANTO. MANUAL DE ORIENTAÇÃO AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO ÀS PESSOAS OSTOMIZADAS. Disponível em: <https://saude. Cainé, J. M. P. Sousa, P. A. Texto & Contexto Enfermagem, v. n. p. CASSERO, P. A. Psicol. cienc. prof. Brasília , v. n. SANTOS, R. S. Assistência de enfermagem aos pacientes portadores de estomias intestinais. Monografia. Batatais: Centro Claretiano, Curso de Graduação em Enfermagem, 2006. Patient preference and adherence, v. p. FARIAS, D. H. R. Construindo o conceito de competência. Revista de administração contemporânea, v. n. SPE, p. FONSECA, A. p. GUTMAN, N. Colostomy guide. A Publication Of The United Ostomy Associations Of America, p. Magalhães, H. Schumacher, K. Experiencing transitions: an emerging middle-range theory. Advances in nursing science, v.

n. p. S. G. A importância da consulta de enfermagem de estomaterapia na qualidade de vida da pessoa ostomizada na comunidade. Dissertação de Mestrado. MORAIS, I. Loures. Lusociência, p. Organização Mundial da Saúde. Qual é a evidência da eficácia do empoderamento para melhorar saúde?. Copenhague: Escritório Regional da OMS para a Europa. p. POTTER, P. A. PERRY, A. G. GUEDES, M. V. Processo de enfermagem como estratégia no desenvolvimento de competência para o autocuidado. Acta paul. enferm. KIRSCHNER, R. M. Perfil de pacientes ostomizados. Scientia Medica, v. n. S5-S6, 2011.

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