Transcrição do áudio Cida

Tipo de documento:Produção de Conteúdo

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Neste tempo eu já tinha conhecido o Marcos; conheci a Bia, que era irmã do Marcos, né, que é minha melhor amiga. Cida: Juvenal era meu melhor amigo, Juvenal era meu amigo “pra” tudo. Cida: Não, ele trabalhava perto da fábrica. E aí nós fomos alugar, conversei com a Bia, e nós fomos alugar uma casa juntas. Só que a gente ia na frente, alugava, deixava tudo certinho, e a dona Priscila falou que dava. Aí fiquei lá, nesse porão. E quando chovia, minhas coisas, ave, tudo que era bloco que eu achava na rua eu levava pra lá. Porque, quando chovia, a água dava aqui, igual na cama, assim, ó (mostra); aí tinha que colocar tudo bem alto pra não molhar minhas coisas. Mas ainda fiquei, fiquei bem um ano aí, nesse cômodo, nesse porão.

Aí depois (a gente) pegou dois cômodos lá mesmo, mas em cima. Porque se fosse hoje, não ‘tava nem aí, né? E aí, Seu Sérgio me chamou e falou: “olha, eu não vou pagar os funcionários, porque eu não tenho condições, tô falindo; mas você eu não vou deixar na mão. Só que você não pode abrir a boca. Você finge que você também (não recebeu), que eu não vou te pagar nada”. E eu falei “não, tá bom”. Aí ele me levou no sindicato, minhas contas ele me pagou tudo. E fui. Cida: Aí quando eu chego lá, em Alagoas, já tem uma carta de Juvenal. No dia que cheguei já recebi a carta de Juvenal.

Com três dias, chegou outra carta. Cida: Vinte e dois. Cida: É. Mas não foi só isso. Cida: Não. Porque eu não tinha condições de trazer, e outra: lá ele ‘tava com mãe, ‘tava acostumado lá, a estudar; eu pagava escola particular pra ele, meu filho teve do bom e do melhor, meu filho estudava com o filho do prefeito, filha, na escola particular que eu pagava. Eu passei fome, passei frio, dormi na rua, mas meu filho nunca passou uma noite sem comer. Olha, na verdade eu gostava dele, eu era apaixonada por ele, mas amar mesmo, só amei o Marcos. Cida: A Emily eu tive com. Acho que vinte e três. Porque quando ele veio morar comigo em seguida eu engravidei. Vinte e três, vinte e quatro.

Eu não. Fiquei). Com muita raiva. Algumas coisas que tinha na casa dela eu entrei lá e peguei, que ela falou que não tinha. Eu entrei e peguei, era minha. Falei pra ela que isso era caso de polícia, se a senhora começar, aí eu que vou chamar a polícia. Minha vizinha ‘tava lá me “futucando”, né, que era pra eu chamar mesmo. Aí eu falei pra deixar pra lá, e a Dona Priscila falou pra chamar a polícia e eu: “Não. Nada melhor do que Deus. ” Cida: Depois de, acho, vinte e cinco, trinta anos de separado, o marido dela apareceu, entrando na justiça, fez ela vender a casa. importante. Quando eu tive a Emily, depois que eu tive a Emily, quando ‘tava grávida da Helen.

foi quando minha irmã morreu. Eu não sabia, tinha um mês (de grávida). A minha irmã, a mais nova do que eu. Só que eu já sabia que eu ‘tava! Porque eu via uma amiga minha, irmã do Marcos (e de Bia), que tinha morrido de câncer. E ela falava que eu ia morrer igual ela morreu. Eu via ela. Ela ficou lá em casa, quer dizer. ela não, que, ela não era mais, era o demônio. Ela falava “Imagina!”, só que ela já ‘tava sabendo, que ela fazia exame, mas como eu ‘tava grávida ela não queria me falar. Só que era assim: ela fazia muito exame, muito exame, exame que mulher grávida não podia fazer. Cida: E eu falava “Não, eu tenho alguma coisa, porque tem uns exames que mulher grávida não pode fazer”.

Só que era um exame, assim, especial mesmo pra quem tem esse tipo de problema e pra mulher grávida. E ela escondia isso de mim, mas eu conversava com outras pessoas, e falavam “ela não pode fazer isso, a não ser que você tenha algum problema”. Falei “Não, não tenho, acabei de chegar hoje do hospital, fiz uma cirurgia. ” E ela: “Mas você acha que cê tem condições quando? Não é pra você pegar fila, é pra você vir direto pra minha sala. Porque já era pra você ter vindo aqui, pra eu te explicar o procedimento, e que não sei o quê. ” E eu “Mas porque que você não falou logo?” Ela falou: “Não, é que tenho que te explicar umas coisas, que cê ganhou neném e eu não te expliquei.

” Me enrolando, né? Eu falei “Então tá bom, daqui uns três dias eu vou aí. Ela falou “A gente já marca uma cirurgia, ele vai tirar. você vai ficar bem, não se preocupa!” Cida: Aí ela fez a cirurgia, tirou metade do útero, e ficou pra mim voltar com quatro meses. Pra revisão. Com quatro meses, ou ele (o câncer) alastrava, ou ele sumia. E, nesse meio tempo, tinha uma audiência marcada lá no norte, que foi Deus que providenciou tudo; e o advogado. Cida: Ninguém sabia, nem mãe sabia que eu ia registrar. Fui lá e registrei. E aí, minha filha, eu tinha essa audiência, porque o menino, depois de catorze anos, ele queria. Ele falou: “mãe, eu quero que, se eu tenho um pai, eu quero que ele pague, quero que ele me dê.

E eu quero um nome, porque os meus amigos da escola, todo mundo tem um pai, só eu que não tenho. Aí Juvenal comprou uma passagem e eu fui de avião. Quando eu voltei, aí nesse tempo, a véia, a mãe dele, foi lá em casa e pediu perdão; eu perdoei ela. A mãe do Batista. Pediu perdão, eu perdoei, tudo bonitinho, e aí eu voltei. ela até fez umas garrafadas pra eu tomar, e eu com medo, né, mas tomei as garrafadas achando que eu ‘tava boa, que eu ‘tava melhorando. E quando cheguei no tempo de ir no médico eu voltei, o bicho já tinha se alastrado. ‘Tava alastrado, ‘tava igual, sabe que nem uma raíz de pau? ‘Tava igual a uma raiz de pau, assim.

Aí então os médicos. A sala encheu, a sala enchia de gente pra estudar em mim. Ela só me atendia por causa dos estudantes que queriam estudar. Acho que deve ter falado “ela tá ficando louca”. Olhei pra ela e falei “Você vai ver se você vai mexer em mim!” Aí quando foi no domingo, eu fui pra igreja e determinei: “Deus, ó Deus, me cura hoje, ou eu vou morrer”. E eu não tenho medo de morrer, mas eu pensava na Helinha que era um bebê, né? Cida: Aí quando cheguei lá, Deus me curou! Quando eu fui na terça, na hora que cheguei lá, as bichas ficaram doidas, minha filha. Colocaram aqueles aparelhos, me deixaram por último, e eu tinha a certeza que tinha me curado, ‘tava toda feliz.

Aí me chamaram lá os estagiários, encheram a sala. Aí tira tudo, coloca de novo, liga lá o aparelho do véio; ficaram uma hora e meia me examinando. Não acharam nada. E até no dia que eu arranquei o útero, fui fazer o Papanicolau e fazer o exame da minha inflamação, nunca teve nada. Nada. Nem corrimento. Eu ‘tava grávida de Helen de um mês, ela tem dezoito anos. Dia dezenove de julho, minha irmã morreu. Cida: Joelma. Joelma. Questionada sobre o nome da outra irmã) Joilma. onze anos, doze anos, que minha mãe morreu. Chegam à conclusão de ela tinha 36 anos). Eu não me lembro que ano que ela faleceu. Helen comenta sobre as datas de morte de parentes, afirmando que a morte da avó ocorrera há doze anos).

Doze, né? (Mexendo em papéis) Olha, meus diplomas. Cida: São Caetano. Mas a Emily não gosta dele. Emily é muito chata, ela é muito chata. Sons de papéis sendo mexidos, cliques de mouse e digitação) Cida: Sei lá. Acho que nada. Risos) O Marcos, e esse meu patrão, né. Olha aqui minha irmã, ó (mostra foto), minha irmã e os dois filhos dela. Cida: (continua falando da foto). Esse é o vagabundo do marido dela. Teve um filho antes, o safado. É, minha filha, minha vida foi. se eu for falar as coisas boas, vai ter mais coisa ruim que boa na minha vida. Eu acho que agora que as coisas têm que começar a se encaixar, (se não, daqui a pouco a idade chega) e não aproveitei nada.

Cida: Pois é, mas é por isso que tenho dó, porque o bichinho é uma criança e não tem nada, a mãe dele é um. Cida: É, mas eu nunca viajei assim, pra passear. não me lembro do nome desse outro lá. Eu não sei direito o que é aquilo. É uma aberração. Que eu nunca vi um homem com uma rola no meio das pernas e tomando remédio pra nascer peito e o diabo da “biga”, vai pra onde? (Meninas comentam que é um transgênero e perguntam se essa pessoa vai fazer cirurgia de mudança de sexo) É um pecado, tanta gente que é necessitada (Risos). Cida: Eu não me conformo com isso. E eu: “Mas como não é Vivi?!” E na verdade, Vivi era João, é que Vivi era um homem e agora tá se transformando numa mulher.

E eu “Ah, tá bom”. Cida: Não. Com uns seis meses ele ‘tava andando com um carro cheio de mulher. ‘Tava era brigando pelo seguro, sabia? Até ficou ameaçando minha mãe, que no começo, ficou morrendo de dó, que não queria. Aquele negócio pra não dar sono. Eles saíram de lá depois do almoço e ele queria chegar aqui antes do amanhecer, imagina? Quase três dias de lá até aqui. Ele não ‘tava correndo, ‘tava voando, queria chegar primeiro que um avião. Cida: Aí o patrão dele ficou mentindo, falou que ele já tinha feito a cirurgia, que ele ‘tava muito mal, que ele tinha quebrado a bacia, tinha quebrado o punho, tinha quebrado não sei o quê.

Só que olhando pro patrão dele, eu falei “É mentira”. Eu levei ele pra comemorar o aniversário dela e não conseguia. Cida: Depende! Mas é assim, mais quando vai acontecer alguma coisa. E sonho! Eu tenho muito sonho. Eu vejo as coisas muito em sonho. Sim, mas eu sonho! Quando eu ‘tava pra mudar de lá, eu sonhava direto. Eu vi minha mãe sufocando e morrendo. Só que na hora eu ‘tava orando, eu ‘tava de joelho, era meia noite e pouco. Eu vi elas tirando o aparelho da boca de mãe, eu vi a cor do quarto. Aí eu falei pra minha nora a cor do quarto pelo telefone e ela falou que era. Cida: E esse daí que apareceu, esse seu amigo aí? Cida: Mas não é a pessoa que você quer.

Só que esse sonho que eu tive ainda tá meio confuso na minha cabeça; não consegui entender direito, até agora, mas vai. Com o tempo vou encaixando as coisas e vai dar certo! Porque, logo quando Juvenal foi embora de casa, não demorou muito. Quando ele foi embora de casa, espera, deixa eu voltar um pouquinho atrás. Cida: Na quinta-feira, eu ‘tava falando com a Clara, uma das meninas que mora lá, né; ela falou “Nossa, Cida, o senhor Perônio veio me trazer em Pinheiros. ” Então ela chegou do teatro, ela já ‘tava terminando, aí não deu tempo de nós passar, aí eu ‘tava vindo embora e ela falou “Ah, eu tô de carro aí, e eu vou te levar lá em Pinheiros, então a gente conversa”.

” E ela: “Mas. você separou? ”. Eu falei: “Foi, mas tudo isso aconteceu depois que eu separei, porque no tempo que (a gente) vivia junto, minha filha, nunca aconteceu nada. Eu só trabalhava. ” E ela falou: “Se você quer saber, vou te falar uma coisa: esse homem ‘tava bloqueando a tua energia. E diz que eu falava assim “Ah, meu Deus, e agora? Como é que eu vou fazer pra sair daqui? ” Aí eu ouvia a voz de mãe, falando pra mim “amarra uma corda, tem que descer”; porque aquele apartamento, com o passar das horas, ele ia meio que emborcar, ele ia tipo cair! E aí nisso eu conseguia amarrar uma corda e descia. Cida: Quando eu chegava lá embaixo, tinha um rio, ‘tava muito limpo, tinha muita pedra. Muita pedra, pedra grande, pedra pequena.

Ainda eu sentia uns pés de pau aqui no canto, não sei; eu me lembro muito desses pés de pau. E eu descia; quando cheguei lá embaixo, que eu saí do pau assim, encostado no prédio, e eu vi a mãe de Juvenal. Com a graça de Deus, eu e a minha filha! E aí, acabou a minha esperança, e o meu desespero mais foi esse; a gente ‘tava vendo de comprar com o fundo de garantia dele. Eu não trabalhava registrada. Eu não tenho dinheiro. Então eu falei: “Meu Deus, pronto, acabou, eu vou morrer aqui dentro. Não tenho mais. E tem a pedra que você tropeça, né? E aí eu não sei se as pedras foram as coisas que nós passamos.

Muita coisa, porque, pra chegar aqui, viu, filha? Fez quatro anos. A luta que nós passamos. Principalmente eu, assim, que fiz bastante coisa. E ele (Juvenal), em menos de um ano, começou a postar foto com uma vagabunda que ele arrumou pra lá. Um amigo dele me parou na rua, e falou assim: “Você sabe que esse final de semana fui jantar com Juvenal e a mulher dele, a namorada dele? ” Falei: “Que bom, né? Pelo menos você conheceu ela” “É, mas ela não tem nada a ver com você, mulher feia, viu. Como que um cara, que é meu amigo, largou uma mulher bonita como você pra pegar um trombone daquele? A mulher com maquiagem até poderia notar, mas sem maquiagem. ” Cida: Mas aí ele foi falar que era espírita pra mãe dele gostar dele.

Ele falou “A gente foi jantar numa pizzaria, ela pediu logo pizza de camarão. Pagou setenta reais numa pizza de camarão. Ele tá se achando adolescente, né? Cida: E aí, Yohana. eu falei pra ele “Eu só queria que você me explicasse porque que você foi embora de casa, porque eu morro de vergonha, as pessoas perguntam. E eu ainda não sei porque você foi embora de casa. E eu tenho vergonha, porque as pessoas acham que eu que te traía. Porque é uma coisa, né; um casamento de vinte e um anos, sem ter explicação?” Aí ele ficou rindo, e falou assim: “Cida, você sabe porque eu fui embora de casa?”, e eu falei “Não”. Porque você tá procurando uma vagabunda, uma mulher errada, e eu não sou uma vagabunda, você não me achou numa porta de bar.

Naquele tempo eu podia até sair, ia pra balada e bebia, mas ‘cê nunca me encontrou em porta de um bar. ‘Cê nunca me viu em porta de bar. Sabe por quê? Porque minha mãe me criou sem pai. Minha mãe ensinou nós a ser gente, ser mulher de verdade, a ter vergonha na cara. Porque eu fiquei revoltada com aquilo, por causa da Isabela, caso da Isabela Nardoni, sabe? E a irmã dele mais velha tinha dois meninos, e neste tempo, ela abandonou o marido e deu os filhos pro marido – tem os filhos e dão assim, sabe? Cida: E aí ele falou assim “Ah, eu falei com Lu e ela falou que o pai pegou os meninos e nem sabe por onde os meninos andam, sumiram e foram pra Pernambuco.

” E eu já ‘tava revoltada ouvindo aquilo e falei “Juvenal, pra mim essas tuas irmãs são tudo umas cachorras. ” “Por que que você tá falando isso das minhas irmãs? ” “Começando pela tua mãe. Porque a pessoa que tem um filho e dar com a própria mão, pra mim uma pessoa dessas é uma cachorra, porque o cachorro quando tira deles, eles não sente. E ela ainda consegue dormir pensando nesses filhos? ” “Ah! Essa aí dorme que nem lembra”. Cida: Aí, Yohana, ele já voltou assim, meio diferente. Ele voltou que, a gente olhava pra ele, ele perguntou o que a gente ‘tava vendo. Tudo nós discutíamos: eu com ele, ele com as meninas. qualquer coisa. Eu até achei que era safadeza dele; por isso eu tenho dó dele, quando ele vem aqui às vezes eu faço comida, eu tenho dó dele.

” Quer dizer, varrer a casa significa o que, tirando as coisas ruins, né? E aí, o pai dela encostado na geladeira, mas o pai transformado num demônio. E aquele demônio veio pra pegar o Pablo. Cida: E aí Helen diz que correu pra falar que “com ele você não vai mexer não! ” Aí diz que aquele demônio vinha pro meu lado, diz que eu crescia e não passava da porta. E aí, nisso ela diz que ela voltou e ela ‘tava deitada na cama, e o bicho disse que ia pegar ela. E minha alma saiu do meu corpo. E aí fui colocar essa colcha, e ele vai ver que eu gostei, e quem sabe pelo menos amanhã a gente passa o dia melhor, né? Minha filha, quando eu pus essa colcha às três horas da manhã – coloquei a colcha, fui tomar um banho e fui deitar.

Eu comecei a ver tudo o que ela fez. Tudo, tudo, tudo, até as coisas que ela ofereceu pro demo. Tudo, Helinha, tudo. É que a colcha era pra acabar de separar nós! E aí, minha filha. É um negócio que tem umas unhas muito grandes! Porque a colcha era tipo um tergal de pano. tipo um tergal, não sei se vocês sabem. conforme ele ia subindo, ele fazia (faz ruído com o fundo da garganta); só que ele pegava e escorregava, sabe, com as unhas? Aí eu fiquei com tanto medo que eu tremia, eu tremia, e quando eu fui achar a luz, parava, aquele barulho parava. Aí pensei: “É um rato” e eu morro de medo de rato. Não é que eu tenho medo – eu tenho pavor.

Cida: Aí eu peguei aquele óleo – eu nem lembrei da colcha na hora – peguei aquele óleo e saí ungindo tudo; aí eu lembrei do sonho da Helen, que eu cresci, cresci. Foi na hora que Deus me deu autoridade pra repreender aquele mal, por isso que não pegou em mim. Eu ungi tudo, eu voltei e deitei. De novo, nem no colchão, deitei por cima da colcha mesmo. Nem lembrei da colcha. ” “Tá bom, não vamos brigar por causa disso. ” Cida: Na hora, lembrei da colcha. Aquela desgraçada deu a colcha, se tiver na colcha. E guardei de novo. Guardei a colcha num canto e esqueci da colcha. Falei: “Faço, Nalva”, e fiz, e ela olhava pra mim e “Não, Cida, eu vou te falar.

Sei que você não vai acreditar, mas quatro e meia da manhã eu passei aqui, ‘tava um quebra-quebra! Tinha demônio escapando pela janela porque pela porta não ‘tava dando pra passar. Tua casa ‘tava toda cheia de demônio. ” E eu falei: “Mas eu sei, porque na hora eu ‘tava ungindo, quatro e meia da manhã eu ‘tava ungindo na minha casa. Deus me mostrou e eu ungi”. Cida: Ele ficou foi rindo. Porque, na verdade, acho que ele sabe que elas fizeram, mas ele não quer acreditar. Aí ele começou a ficar ruim, ruim, ruim; e quando descobriu, foi fazer a cirurgia. Na cirurgia, ele cismou que queria que a irmã viesse. E eu acho que ela, na cabeça dele também, né, que eu fiz mal pra ele, que não sei o que, “pra cuidar de mim, porque você trabalha, pra ajudar você a cuidar de mim”.

Paguei carro, fui buscar ela no aeroporto, eu levei pra casa, dormia na cama comigo. Passava no mercado, comprava as coisas, mas até então não ‘tava desconfiando dela, porque ela era uma pessoa que era crente antes; e era a cunhada que eu mais gostava, eu amava ela. Só que eu comecei a achar estranho; porque no dia que eu ia visitar ele, ele não falava mais comigo! Ele pegava na bunda dela, batia na bunda dela “Eita, nega, que bundona que tu tá! Olha os peitos da Nega, uns peitões! Tá com um rabão! ” Cida: Comecei a ficar assim. Aí tinha um colega de quarto, ele falou assim “Ô rapaz, ela que é tua mulher? ” “Não, é minha irmã, minha mulher é aquela ali, ó” E não falava comigo, eu chegava lá e parecia que era um nada, parecia que eu era cachorro.

Aí eu comecei a achar estranho – esse bicho pegou alguma coisa. E a mulher falou “Senhora, acabou o horário de visita” e eu: “Minha filha, o problema é de vocês, porque horário de visita não é horário de levar paciente pra fazer exame, nem nada, principalmente ele que fez cirurgia. Eu quero saber como ele tá. E daqui eu não saio. ” “Ah, eu vou ter que chamar o segurança” “Pode chamar o segurança, pode chamar o cão, pode chamar o diabo, pode chamar quem você quiser, daqui eu não saio enquanto eu não vir o meu marido! Não vou sair, não sei o que aconteceu com ele! E se ele morreu, e se ele tiver passado mal e vocês não me falaram? ”.

E ela (Vadinha) ficava “Não, Cida, vamos embora, amanhã eu venho e vejo o Jó” e no dia eu não podia que eu tinha que trabalhar! Esse homem tinha trinta dias que ‘tava internado, eu trabalhando pra pagar conta, pra pagar a faculdade da Emily, pra comprar comida; pagar condução minha, dela e da Emily – pra tudo era eu. ” “Não, tudo bem, você tem razão; ele já tá vindo, mas você não pode demorar muito. Você fica um pouquinho” E mesmo a mulher falando isso, ela (Vadinha) ficou insistindo pra eu ir embora. Acho que ela queria que, no outro dia, quando chegasse lá, falasse que “a Cida nem vinha. Ela nem se importou”: meu pensamento era isso. Cida: E ela ficou toda emburrada, sentou um minuto no sofá e ficou, e eu fiquei mais desconfiada ainda, falei: “Essa bicha tá aprontando”.

Eu tomei um susto. “Juvenal, mas tu aí? O que houve? ” “Eu cheguei agora há pouco” “Nossa, graças a Deus que você tá em casa, tá bem, né? E porque que você não me ligou? ” “Não, porque eu liguei pra Vadinha, e pedi pra ela vir me buscar” “Engraçado, porque a tua mulher sou eu. ‘Cê tinha que ter me ligado, mesmo pra me falar ‘tô de alta’, né? ”. Aí entrei, lavei as frutas, peguei uma ameixa e perguntei “Você já jantou? ” “Não. ” Cadê que ela foi fazer comida pra ele comer? Cida: Tava esperando eu chegar. Agora, fiz o prato, fiz o troço e tu não pegou, ela foi lá, pegou e te deu e tu tá comendo. Por quê? ‘Cê pode ficar com a sua frescura, com a sua viadagem, mas ‘cê para porque eu já tô por aqui, você já tá me enchendo o saco.

Se não parar com a sua palhaçada, eu arranco esse corpo desse seu pescoço e abro com as minhas unhas. Deixo você sangrar até morrer e quero ver a sua irmã pôr a mão”. Risos) Ele ficou assim, assustado, sabe? “A mulher tá com o cão” (Risos) “Você pare com essa sua viadagem porque se tem uma coisa que eu não gosto é viadagem, você sabe muito bem, para com essas suas palhaçadas, porque agora que eu tô percebendo essa sua viadagem. Aí, Emily ‘tava com quinze anos. Cida: Daí, depois quando ela foi embora, acho que não fez uns dois meses, ele não tinha nem ficado bom ainda, ele juntou as coisas e, ó, foi embora. Foi embora. Fui achando cinco alianças dentro de casa, que ela deixou, deixou a bruxaria para nós se separar.

Aí quando peguei lá as alianças; duas ‘tavam na área, duas eu achei no meu guarda-roupa, e um Helinha achou no guarda-roupa dela. ” Ele esqueceu de colocar, ‘tava na carteira dele. Peguei e eu amassei a minha depois eu amassei a dele, e falei “Agora você não se preocupe, que eu não uso aliança nem você usa aliança. Você não é obrigado a usar aliança. Primeiro que nem fui eu que comprei a aliança pra você, você que comprou a aliança pra mim. Então se você queria usar aliança e tirar na hora que você quisesse espairecer, você não tinha comprado, porque pra mim nunca me fez falta. E aí, minha filha, essa mulher é da igreja, e quando faltava um ponto pra ela descer, ela falou “O que fez você separar do seu marido foi o mal, foi uma bruxaria.

E ainda tem algo na tua casa que tu precisa queimar. ” “Mas o quê? ” “Eu não sei. Você vai ver, Deus vai te mostrar. ” Cida: Duas eram douradas, duas eram pratas. Aí ela chegou e me mostrou. Essa aí eu guardei e falei pro pastor, o pastor foi lá orar, e aí ele falou “Deve ter mais coisa aí com bruxaria, e é só Deus, tem que orar muito que essa bruxaria tem que ser quebrada”. Porque bruxaria de aliança costuma ser certa. E aí quando ela fez, pegou pra mim. Aí chegou um dia, e eu ia subindo a rua e do nada – já tinha tempo que a mulher tinha feito isso pra mim, tinha uns seis meses – e na hora veio na minha mente, como se tivesse vendo aquela mulher falando comigo.

Cida: Não. Depois tive que cortar em pedaços e jogar no lixo. Quando ele foi embora de casa, quem avisou foi a minha irmã e eu não sabia que ele tinha ido pra Bahia. Foi na sexta-feira da Paixão, que ela passou lá. E ela ainda falou pra filha “Poli, dona Joilma e eu vamos pro centro da Bahia ver a Cida. ” Aí do nada ela levantou assim, falou “Olha, Cida, eu não ia passar aqui não. Porque eu ia passar na casa de (incompreensível) e depois ia passar na igreja. Mas essa tosse. Eu não tô com tosse. Essa tosse foi só pra eu vir aqui. Enquanto isso, até lá, ele vai passar muita coisa, ele vai sofrer muito, vai passar por muita humilhação.

Mas pra ele vai ser normal, vai ser como se estivesse dormindo, porque é da macumba, é como se ele tivesse hipnotizado. Mas quando Deus vier falar com ele, essa macumba vai ser quebrada. E aí ele vai voltar pra casa, e aí vocês vão começar a viver, porque até hoje vocês nunca viveram. Até hoje, quem viveu foi ele e a família dele. Mas quem lhe disse que eu ‘tava indo pra Bahia? ” Um dia e uma noite. Dirigiu dois dias assim, sem parar. Cida: O certo é dia, ou parar a noite, e quando ele chegou lá tava sem ar. E, pra você ver, ele saiu de tarde dirigindo e quando chegou, tava lá. Não parou em lugar nenhum.

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