A Historiografia sobre a transição da Antiguidade para a Idade Média

Tipo de documento:Produção de Conteúdo

Área de estudo:História

Documento 1

Tradicionalmente a história era dividida entre Antiguidade Clássica e Idade Média marcando claramente uma ruptura entre os dois períodos, onde se leva em conta a queda do Império Romano em 476 d. C. como o fim do período clássico. Essa concepção é fruto de uma historiografia positivista que dava importância aos acontecimentos políticos para desenvolver suas pesquisas, deixando de lado os outros aspectos que contribuem atualmente para a construção do saber histórico. Outro fator que permeia a ideia de ruptura entre a Antiguidade Clássica e Idade Média é que quando analisavam os dois períodos, os historiadores viam o medievo como um período de estagnação de desenvolvimento se comparado ao clássico. Mas ainda analisando Peter Brown a principal característica que permaneceu foi a diferença entre os ricos e pobres.

Para o historiador Franco Junior o termo mais coerente seria “Primeira Idade Média” durando do século IV a VIII, já que apresenta características tipicamente medievais, podendo ser observada no vestuário, na escrita e na religiosidade. Atualmente as publicações sobre o tema, tendem a seguir a linha de raciocínio da permanência, da continuidade e fazem uso do termo Antiguidade Tardia, valorizando a ideia de mudanças lentas e duradouras entre o período clássico e o medievo, fazendo da Antiguidade Tardia um caso a ser estudado a parte. Mas a indefinição utilizada para caracterizar essa periodização faz com que opositores apareçam e a contestem, evidenciando as mudanças proporcionadas nesse momento histórico, questionando se esse é um momento apenas de transição, e se for esse o caso por que deveria ser foco de um estudo específico.

Diante dessas diversas abordagens, para especificar o mesmo período, podemos analisar que de fato a escolha do termo a ser usado depende de quem realizara a obra e suas tendências teóricas e área de estudo, para exemplificar melhor essa questão os estudiosos cristãos podem ser lembrados por tentarem explicar o fim do apogeu do Império Romano após ele se tornar cristão de maneira que o cristianismo não seja visto como umas das prováveis causas da derrocada imperial, ou os escritores marxistas colocando o sistema escravista como causador de um fim inevitável, tentando construir assim uma relação com o capitalismo, além da visão eurocêntrica, que não leva em conta outras regiões fora do continente europeu.

Para essa transição pudesse ocorrer o autor destaca o declínio produtivo que o Império passou nos seus anos final. Nesse novo momento a produção se torna servil, mas assim como no período anterior os indivíduos mais poderosos se mantinham unidos para suprimir aqueles menos afortunados, mostrando continuidade, mesmo que as relações produtivas tenham se modificado. Em seu texto Marx usa termos que passam a ideia de continuidade, de evolução, desenvolvimento e não de rupturas bruscas, apesar de pontuar mudanças. Assim como os estudos de Marx refletem seu materialismo o de Hilário Franco Júnior tende a valorizar a Idade Média, já que se trata de um medievalista. Diante disto, ele não faz uso do termo antiguidade tardia e sim “Primeira Idade Média”, por considerar as características desse momento, entre a Antiguidade Clássica e a Idade Média muito mais próxima do medievo e elas são: o cristianismo, a herança romana e a germânica Para ele a história é um processo, e não se deve buscar um ponto específico como começo ou fim de determinado período.

São Paulo: Brasiliense, 1991. • FRANCO JUNIOR, Hilário. Idade Média, nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001. • MARX, Karl; ENGELS, Fredrich. A Antiguidade Tardia, a queda do Império Romano e o debate sobre o “fim do mundo antigo”. In: Revista História (São Paulo), n. p. jul. dez. pp-15-40, 2009. Disponível em: <http://ppg. revistas. uema. br/index.

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