Influência de medicamentos fitoterápicos contendo salicilatos na síndrome de reye
Foi constatado que o consumo de salicilatos, como uma abordagem terapêutica ao tratamento de infecções virais, apresenta-se como o principal fator de risco para a prevalência da síndrome de Reye. Em consequência, diversos danos teciduais e sistêmicos podem ser observados, especialmente no fígado e no cérebro. Uma vez que a síndrome de Reye frequentemente resulta em casos letais, um rápido diagnóstico pode contribuir para a elaboração de medidas de intervenção mais eficazes. Desse modo, o presente trabalho contribui para o fortalecimento de uma divulgação mais ampla acerca dos fatores relacionados à síndrome de Reye, enfatizando a necessidade e relevância de se restringir o consumo de salicilatos, sobretudo por crianças, adolescentes e lactantes. Descritores: Ácido acetilsalicílico; Influenza A; Síndrome de Reye; Terapia; Varicela.
INTRODUÇÃO A síndrome de Reye consiste em uma encefalopatia não inflamatória aguda, apresentando complicações clínicas bastante graves e alarmantes. O quadro clínico relacionado à síndrome de Reye é caracterizado pela manifestação de infiltrações lipídicas nos órgãos do indivíduo acometido, dentre vários outros sintomas. Como consequência, observa-se uma degeneração tecidual, acompanhada de danos neurológicos, que podem ser letais em alguns casos (1, 2, 3). Foi inicialmente descrita por Reye, Morgan e Baral, em 1963, sendo mais comumente observada na prática clínica, desde então. Entretanto, ainda é considerada uma patologia pouco conhecida e relativamente rara, possivelmente em virtude da elevada complexidade relacionada a etiologia, progressão do quadro clínico e potencial manifestação de comorbidades e mortalidades (1, 2). O uso de fitoterápicos, assim, é incentivado por muitos especialistas, uma vez que são originados de produtos naturais e podem apresentam efeitos colaterais mínimo.
Entretanto, crianças com infecção viral, tratadas por fitoterápicos contendo salicilatos, podem estar mais propensas à manifestação da síndrome de Reye (3, 4). Desse modo, o presente trabalho investigou, por meio de uma revisão bibliográfica, os efeitos de fitoterápicos sobre a etiologia e progressão da síndrome de Reye, com uma ênfase sobre medicamentos contendo salicilatos. METODOLOGIA O presente trabalho foi baseado na confecção de uma revisão de literatura qualitativa, de caráter descritivo narrativo. Foram feitas buscas digitais bancos de dados, a fim de se reunir informações e debater sobre a principal relação existente entre o consumo de fitoterápicos contendo salicilatos e a síndrome de Reye. Assim, diversos trabalhos investigaram recentemente a relação entre tais medicamentos sobre a progressão da síndrome de Reye (3, 4, 8).
As buscas digitais realizadas pelo presente trabalho evidenciaram um número considerável de publicações nacionais e internacionais acerca da temática na última década. O número total de publicações encontradas foi apresentado na Tabela 1. Tabela 1: Número total de publicações relacionadas à temática deste trabalho, publicados entre 2010 e 2020. Descritores de pesquisa Quantidade total de publicações Pubmed Scielo Reye syndrome/ Síndrome de Reye 103 73 Herbal medicine/ Fitoterápicos 30. Ou seja, indivíduos expostos a agentes virais podem se mostrar mais susceptíveis à síndrome de Reye, uma vez que os fármacos convencionalmente empregados na terapia da doença acarretam a manifestação da síndrome de Reye. Tal evidência clínica tem sido observada sobretudo em casos de infecção por vírus Influenza e Varicela, quando a síndrome de Reye se apresenta como uma manifestação clínica secundária à infecção viral (4, 7, 9).
Mais especificamente, tem sido sugerido que tais pacientes relataram uma resposta incomum à infecção viral, a qual foi determinante para o desencadeamento da sindrome de Reye. Ou seja, o consumo de medicamenos contendo salicilatos, para o tratamento de infecções virais, é considerado um fator de risco relevante para a susceptibilidade de ocorrência da síndrome de Reye. Diante disso, a síndrome de Reye é comumente descrita em crianças e adolescentes, sendo clinicamente caracterizada pela manifestação de efeitos letais, incluindo encefalopatia tóxica e/ou disfunção hepática (7, 10). Por sua vez, uma das formas de ingestão do fármaco seria o leite materno, por meio de mulheres que consumiram medicamentos relacionados, como a aspirina. Assim, uma maior susceptibilidade ao desencadeamento de síndrome de Reye tem sido relatado (12).
Como consequência ao quadro relativo à manifestação da síndrome de Reye, observa-se um aumento nos níveis enzimáticos de transaminases séricas, como a alanina aminotransferase, bem como nos níveis plasmáticos de amônia e de glutationa transferase, um relevante marcador de estresse oxidativo. Observa-se também, ao longo da evolução do quadro clínico, um aumento no tempo de protrombina e diminuição nas concentrações plasmáticas de albumina (8, 9). Outras alterações fisiológicas, características da síndrome de Reye, também incluem hipoglicemia e concentrações acentuadas de creatinina sérica. Vale ressaltar que algumas formas de ciclooxigenases (COXs) atuam na proteção fisiológica de determinados órgãos e tecidos, tais como na redução do suco gástrico e sobre o aumento do fluxo sanguíneo, por exemplo.
Ainda mais, a COX tipo 1 é encontrada em uma rica diversidade de neurônios, especialmente no cérebro. Portanto, pode-se sugerir que a inibição da atividade de COX-1, por salicilatos, pode desencadear devastadores danos à estrutura e funções cerebrais (15, 16, 19). Além disso, estudos recentes indicaram que o uso de fármacos que atuem como protetores da função hepática, como o resveratrol, pode ser bastante promissor sobre a atenuação da prevalência e das complicações relativas à síndrome de Reye. Em geral, tem sido sugerido que a inibição das vias de estresse oxidativo representa uma medida preventiva desejável para o combate ao agravamento clínico da síndrome de Reye (8, 20). Todavia, concentrações exacerbadas desses fármacos no organismo infantil podem acarretar o desencadeamento de síndrome de Reye (4, 7, 21).
Dinakaran e Sergi (21) reportaram que salicilatos, tais como a aspirina, podem apresentar toxicidade a população pediátrica, a qual constitui relevantes portadores da doença. Os autores também alertaram para os riscos de uma possível interação medicamentosa, relacionada a tal terapia. Isso pode ser evidenciado, por exemplo, em casos de terapia combinada de aspirina e acetaminofeno. Trata-se de m sinergismo ainda sob investigação, embora os relatos de casos sugeriram que tais co-toxicidades, com baixos níveis de aspirina e outros compostos possam existir (21). Possivelmente, um dos maiores entraves associados à problemática da síndrome de Reye é sua taxa de incidência considerada relativamente baixa sobre a população em geral. Desse modo, observa-se um desconhecimento popular acerca do assunto, sobretudo com relação aos riscos de complicações e mortalidades oriundas da progressão de um quadro de síndrome de Reye.
Por isso, uma divulgação mais disseminada acerca da relação entre o consumo de salicilatos e o desenvolvimento dessa síndrome deve ser realizada (9, 14). A adoção em larga escala do uso de medicamentos fitoterápicos é justificada pela crença popular de que produtos, considerados como “naturais”, seriam desprovidos de efeitos colaterais prejudiciais ao organismo humano. No Brasil, por exemplo, relatos de consumo de fitoterápicos são bastante comuns, especialmente para casos de automedicação (10, 27, 28). Similarmente, uma vez que salicilatos caem na corrente sanguínea e chegam ao leite materno, o consumo de fitoterápicos relacionados também é contraindicado para mulheres em amamentação. Tal medida se mostra necessária para a prevenção de danos à saúde do lactente (12). A execução de tais estudos pode contribuir também para a seleção de estratégias de intervenção mais eficazes para o tratamento da síndrome de Reye, observando-se as especificidades clínicas apresentadas por cada indivíduo (11, 21, 29, 30).
CONCLUSÕES A revisão bibliográfica conduzida por este trabalho corroborou que o consumo de fitoterápicos contendo salicilatos representa o principal fator de risco sobre a etiologia da síndrome de Reye. Mais especificamente, a doença se apresenta como uma manifestação secundária de infecções virais, tratadas por tais fármacos. The Reye Syndrome. J Pharm Belg. Schör K. Aspirin and Reye Syndrome: A Review of the Evidence. Paediatr Drugs. Resveratrol protects against experimental induced Reye’s syndrome by prohibition of oxidative stress and restoration of complex I activity. Can. J. Physiol. Pharmacol. In: Drugs and Lactation Database (LactMed) [Internet]. Bethesda (MD): National Library of Medicine (US); 2006. Qi Y, Liu X, Xu W, Ruan Q. Case of Reye’s syndrome accompanied by hemolytic anemia and cardiac injury after cytomegalovirus infection.
J Med Virol. Porth CM. Fisiopatologia. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. Wannmacher L. Dinakaran D, Sergi CM. Co-ingestion of aspirin and acetaminophen promoting fulminant liver failure: A critical review of Reye syndrome in the current perspective at the dawn of the 21st century. Clin Exp Pharmacol Physiol. Glasgow JF, Middleton B, Moore R, Gray A, Hill J. The mechanism of inhibition of beta-oxidation by aspirin metabolites in skin fibroblasts from Reye’s syndrome patients and controls. Grosser N, Schroder H. Aspirin protects endothelial cells from oxidant damage via the nitric oxide-cGMP pathway. Arterioscler Thrombos Vasc Biol. Raza H, John A. Implications of altered glutathione metabolism in aspirin-induced oxidative stress and mitochondrial dysfunction in HepG2 cells. Publishing LLC. Treasure Island (FL): 2020. Kamienski MC. Emergency: Reye syndrome. Am J Nurs.
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