EFEITOS DA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NA FUNÇÃO PULMONAR DE RECÉM-NASCIDOS
Tipo de documento:Monografia
Área de estudo:Enfermagem
com Ana Maria Gonçalves Carr2 Faculdade Inspirar São Paulo/Docente (Faculdade Inspirar/São Paulo/ Brasil) anamgcarr@gmail. com SÃO PAULO/2018 RESUMO Ao longo do tempo, o fisioterapeuta tornou-se um profissional no qual a presença é indispensável nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTINs). A UTIN constitui uma ala do hospital que é restrita e possui recursos tecnológicos para a monitoração contínua do Recém Nascido (RN) que pode receber cuidados intensivos durante dias ou meses de internação. Os RN podem apresentar diversas situações de risco sendo a prematuridade e o baixo peso os principais fatores. Neste contexto, os prematuros apresentam uma maior vulnerabilidade por não possuírem uma função pulmonar adequada, apresentam altos riscos de desenvolver complicações respiratórias necessitando frequentemente do uso da oxigenoterapia, visando assegurar as trocas gasosas necessárias à vida.
In this context, premature infants are more vulnerable because they do not have adequate lung function, they present high risks of developing respiratory complications, often requiring the use of oxygen therapy, in order to ensure the necessary gas exchange for life. Respiratory physiotherapy encompasses several techniques based on the physiology of the airways and are performed with the objective of improving the lung function of the newborn presenting a respiratory disorder. This study aims to evaluate the main effects of respiratory physiotherapy on the lung function of newborns described in the literature. For data collection a systematic literature search was carried out through the main electronic data platforms. Ten articles that corresponded to the objectives and criteria of the research were included in the study. Assim, a melhora da qualidade dos serviços prestados ao recém-nascido (RN) tem refletido na redução da mortalidade infantil no Brasil, sendo indispensáveis quando se trata da promoção a saúde neonatal e promovendo o aumento da sobrevida dos mesmos devido ao avanço tecnológico, farmacológico e da assistência a criança (BITTENCOURT, 2017).
A UTIN constitui uma ala do hospital que é restrita e possui recursos tecnológicos para a monitoração contínua do RN que pode receber cuidados intensivos durante dias ou meses de internação. Trata-se de um ambiente completamente distinto do útero materno que lhes proporciona segurança e conforto. Uma vez que na UTIN permanecem em incubadoras, em posições nem sempre confortáveis e sendo constantemente manipulados. Neste contexto, são submetidos a diversos procedimentos e intervenções realizadas por uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, entre outros profissionais como os fisioterapeutas, todos focados para os cuidados e tratamento dos RN de alto risco. O RN, nas UTIs neonatais, pode tornar-se instável pela própria doença de base ou em função do tratamento a que ele é exposto.
O impacto do ambiente das UTIs neonatais gera preocupação quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor do RN pois o estresse, a dor, a estimulação sensorial inadequada e os procedimentos invasivos são rotinas neste período de internação. Isso gera uma necessidade de atendimento especializado, de modo que amenize as sequelas do tempo de hospitalização deste bebê. THEIS et al, 2016; MAIA, 2016, MARTINS et al, 2013). Após o nascimento, o ambiente extrauterino condiciona o neonato a uma série de adaptações à vida, que incluem a maturação morfofisiológica e bioquímica do parênquima pulmonar e suas estruturas correlacionadas. A dinâmica de terapia, pela escolha da técnica ou de uma combinação de técnicas, depende da avaliação especifica do fisioterapeuta, que deverá ser capaz de identificar o tipo de distúrbio que o RN apresenta e qual a técnica de maior evidência para cada caso (MARTINS et al, 2013).
As técnicas podem ser classificadas em dois grupos de acordo com o seu objetivo. Um dos grupos é composto pelas técnicas de desobstrução brônquica e o outro as de reexpansão pulmonar (EBSERH, 2015). Neste contexto, este trabalho se propõe a avaliar de forma crítica os efeitos das técnicas de fisioterapia respiratória na função pulmonar desta população levando em consideração o que tem sido descrito na literatura. Desta forma, pode-se mensurar os benefícios da fisioterapia respiratória neonatal e estimular a prestação da assistência fisioterapêutica de qualidade ao RN. FIGURA 1. Fluxograma explicativo sobre a seleção dos artigos. A Tabela 2 descreve os principais pontos dos artigos selecionados como objetivos, métodos e os desfechos. TABELA 2. Resumo dos principais pontos dos artigos selecionados.
NICOLAU & FALCÃO, 2010 Analisar criticamente a literatura a respeito dos efeitos da fisioterapia respiratória em recém-nascidos. Revisão sistemática da literatura distribuindo em categorias de função pulmonar e outros efeitos. Conclui que são necessários para avaliar o risco benefício da fisioterapia respiratória em recém-nascidos, tendo em vista que as evidências são restritas, pois os estudos analisados não são bem descritos metodologicamente. ROUSSENQ et al, 2013 Avaliar o efeito de manuseios do método fisioterapêutico de Reequilíbrio Tóraco-Abdominal (RTA) em parâmetros cardiorrespiratórios, em sinais clínicos de RN prematuros com baixo peso internados em UTI. Ensaio clínico controlado, randomizado com avaliador cego. A pesquisa foi realizada por análise de prontuários no sistema de arquivos médicos e estatísticos (Same) para adquirir informações sobre os RNs internados na UTIN no ano de 2005 e 2007.
Os resultados evidenciaram uma interferência positiva da mudança de regime dos profissionais de fisioterapia no HAM, com maior permanência do fisioterapeuta na UTIN no ano de 2007, tendo repercussões benéficas, em que se observou: tempo similar de internação, tempo similar de AVM, VNI e CPAP, comparando-se com o ano de 2005; menor FiO₂ (em AVM, VNI, CPAP e Halo), comparando-se ao ano de 2005. DISCUSSÃO De acordo com os estudos incluídos neste artigo destacaram-se algumas das principais técnicas de fisioterapia respiratória utilizadas nas UTIN. A bag-squeezing é uma técnica que se utiliza do ambú, uma estrutura em forma de T que se conecta a cânula de intubação e realiza uma insuflação que gera um fluxo de ar turbulento e consequentemente o reflexo de tosse, propiciando melhor mobilização da secreção.
É possível antes se instilar 5 a 10mL de soro fisiológico, 2mL de cada vez (SANTOS & MEIJA, 2015; MARTINS et al, 2013; ROUSSENQ et al, 2013; VASCONCELOS et al, 2011; NICOLAU & FALCÃO, 2010; SELESTRIN et al, 2017). A vibração é um movimento oscilatório rápido com as mãos durante o tempo expiratório e que pode ser associado à compressão torácica e se apresenta como boa alternativa a pacientes com dificuldade de mobilização de secreção que não suportam a tapotagem (também chamada percussão torácica), e é mais indicada a crianças, exceto em casos de grande instabilidade torácica ou enfisema subcutâneo (SANTOS & MEIJA, 2015; MARTINS et al, 2013; ROUSSENQ et al, 2013; VASCONCELOS et al, 2011; NICOLAU & FALCÃO, 2010; SELESTRIN et al, 2017). A compressão torácica consiste numa pressão aplicada no momento da expiração na superfície torácica, acelerando o fluxo expiratório, agilizando o deslocamento da secreção a vias mais calibrosas, onde há aspiração mais efetiva.
A vibração e a compressão são aplicadas em conjunto, formando a manobra que é mais adequadamente chamada de vibrocompressão. Está indicada ao lactente muito pequeno, segundo trabalhos de Comaru e Silva (2017), lactente portador de dreno pleural, lactente de pele extremamente delicada e frágil ou que não tolere a percussão (SANTOS & MEIJA, 2015; MARTINS et al, 2013; ROUSSENQ et al, 2013; VASCONCELOS et al, 2011; NICOLAU & FALCÃO, 2010; SELESTRIN et al, 2017). Outra técnica que pode ser empregada é o método do Reequilíbrio Toracoabdominal (RTA), que objetiva recuperar o sinergismo entre tórax e abdome, melhorando a justaposição entre o diafragma e as costelas e aumentando o tônus e a força dos músculos respiratórios. Além disso, os autores afirmam que a pela análise dos estudos a fisioterapia respiratória está indicada e tem eficácia comprovada nos casos de hipersecreção brônquica, situação na qual as manobras de higiene brônquica parecem auxiliar a depuração de secreção das vias aéreas, reduzindo também os episódios de atelectasia pós-extubação.
Porém alguns estudos SANTOS & MEIJA (2015) apontam que a indicação da fisioterapia pode ser controversa e novos estudos são necessários para comprovar os benefícios e o pequeno risco associados às manobras empregadas. O estudo realizado por Nicolau & Falcão (2010) concorda com os achados encontrados por Martins et al (2013) que realizou um ensaio clínico randomizado e cego (n= 60) para verificar os efeitos de técnicas de fisioterapia respiratória (TFR) na dor e na função cardiorrespiratória de RN clinicamente estáveis com prescrição de TFR e internados em UTIN. Os autores relatam que embora as técnicas utilizadas, não tenham repercutido em melhora estatística significativa dos parâmetros avaliados não foi observado nenhum efeito prejudicial com as técnicas aplicadas, apesar da maioria da população estudada ser RN prematuros considerados vulneráveis clinicamente.
Os outros artigos, no entanto, concordam entre si e apontaram destaque positivo das variáveis analisadas após intervenção fisioterapêutica. Um programa de tratamento fisioterapêutico bem elaborado, respeitando a fisiologia do recém-nascido pré-termo e a fisiopatologia das doenças que o acometem, pode prevenir ou tratar complicações pulmonares, contribuindo, assim, para diminuir a morbidade neonatal e as sequelas posteriores. Por outro lado, a utilização de técnicas fisioterapêuticas inadequadas e a sua consequente influência na estabilidade clínica podem aumentar a vulnerabilidade do neonato de alto risco a condições adversas (SANTOS & MEIJA, 2015). CONCLUSÃO A partir deste estudo foi possível concluir que a literatura apresenta efeitos benéficos da fisioterapia respiratória em RN em condições de risco. Dentre o conjunto de técnicas fisioterapêuticas utilizadas destacaram-se a combinação da aspiração, drenagem postural e vibração/compressão bem como isoladamente o método de equilíbrio toracoabdominal.
Os efeitos mais observados estavam relacionados com a melhora ou manutenção de variáveis fisiológicas como diminuição da FC e FR, aumento da SpO₂% e manutenção da PAS. edu. br/revista/index. php/saude/index CATENACCI, Kátia Michele; OLIVEIRA, Marlice Oliveira; SANTOS, Mara Lisiane de Moraes. Repercussões da intervenção fisioterapêutica na mecânica ventilatória do recém-nascido. MAIA, Francisco Eudison da Silva. pp. NICOLAU, Carla Marques; FALCÃO, Mário Cícero. Efeitos da fisioterapia respiratória em recém-nascidos: análise crítica da literatura. Rev Paul Pediatria 2007;25(1):72-5. NICOLAU, Carla Marques; FALCÃO, Mário Cícero. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. THEIS, Rita Casciane Simão Reis; GERZSON, Laís Rodrigues; ALMEIDA, Carla Skilhan. A atuação do profissional fisioterapeuta em unidades de terapia intensiva neonatal.
Revista do Departamento de Educação Física e Saúde e do Mestrado em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul / Unisc. CINERGIS Ano 17 - Volume 17 - Número 2 - Abril/junho 2016.
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