De Correctione Rusticorum Da Instrução dos Rústicos

Tipo de documento:Monografia

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

O bispo estava preocupado em se opor aos cultos pagãos e, ao mesmo tempo, defender a fé do grande número de convertidos ao cristianismo. O alvo eram os rústicos, pagãos ou aqueles batizados que voltaram às práticas pagãs, como explicará Martinho em seus escritos. Seu conhecimento e vivência da filosofia greco-romana e da vida monástica dos Monges do Deserto, foram de grande influência na sua obra. Em sua instrução viaja no tempo apresentando a origem do mundo, do bem e do mal dos anjos e diabo, para mostrar numa linguagem que os destinatários pudessem compreender. Ele critica os que adoram mais ao diabo do que a Deus, os criminosos, os que praticam a injúria. A Correção aos rústicos suscitou e ainda suscita muita curiosidade seja pela obra como um todo, seja pela linguagem escolhida para chegar aos rústicos de uma forma que pudessem entender e mudar suas crenças infundadas por aquelas consideradas por ele como as verdadeiras.

Martinho de Dume Martinho de Dume, também conhecido como S. Martinho de Braga, figura marcante da cultura e da religião cristã nascente da zona da Galécia, é um dos Padres da Igreja da Península Ibérica Natural da Panónia (actual Hungria). Nasceu entre 518 e 525 e morreu em 579. Chegou à zona de Braga em 550. São Martinho de Dume, Opúsculos Morais - Coleção Pensamento Português, Imprensa Nacional, Casa da Moeda – Pag. As instruções aos rústicos A correcção dos rústicos, de Martinho, foi escrita por volta de 572-574, conforme Meirinhos: “A breve carta ocupa apenas o primeiro parágrafo do texto e permite também situar a sua composição após o segundo concílio Bracarense (572), promovido por Martinho e no qual participou Polémio”.

É bem provável que tenha se dado neste contexto o contato entre os dois, tendo como pando de fundo, os cânones do concílio. Trata-se, desta forma, de um curto opúsculo de 19 parágrafos. Segundo Meirinhos, citando Pio G. Feita a identificação, Martinho diz a Polémio que escreverá “algumas coisas sobre a origem dos ídolos e das suas perversidades ou pouco do muito que deveria dizer. Carta ou sermão ou ambos. Há que se destacar que a linguagem adotada por Martinho para atingir seu objetivo, ainda chama a atenção. Merino (1983), nos dizeres de Meirinhos: “contexta que o De correccione seja em sermo rusticus, apesar das palavras mesmas de Martinho”. Já Enza Colona (1991) entende que o sermo rusticus é caracterísco da obra e: “vê no seu uso não uma tradução de terminologia para língua vulgar ou bárbara, mas sim um recurso retórico para ganhar a atenção e a cumplicidade dos ouvintes usando uma linguagem a eles mais acessível”.

Quem são os rústicos? Ainda no primeiro parágrafo Martinho identifica os rústicos como “apegados ainda às antigas superstições dos pagãos”. Os que prestam culto e veneração mais aos demônios do que a Deus. Após identificar os destinatários da pregação, o autor aponta como fará isto, isto é, fazendo um breve relato: “uma breve notícia do que aconteceu desde o princípio do mundo. Ele fará isto com um resumo bíblico desde o princípio do mundo. Meirinho entende que os rústicos são os seguidores do politeísmo romano: “Os rústicos são, então, os que partilham as superstições e os cultos pagãos e por isso ignoram uma verdade sobre a natureza e sobre a história dos homens que está acima deles” (Meirinhos, pg 402).

E, Martinho fala em primeira pessoa, na primeira parte como carta, dirigindo-se a Polémio. A partir daí, assume a terceira pessoa em um sermão dirigido aos rústicos: “Desejamos, filhos caríssimos, anunciar-vos em nome do Senhor aquilo que não ouvistes ou se ouvistes já destes ao esquecimento. Suplicamos por isso o vosso amor (caritate), para que escuteis atentamente o que será dito para vossa salvação” (Martinho de Dume, §2). A des(construção) dos símbolos pagãos O sermão, vamos chamar assim, segue com um esforço de falar aos rústicos, de uma forma que entendam quais são os símbolos verdadeiros da fé para que possam substituir aqueles falsos e sem fundamentos. Nos primeiros itens, Martinho faz uma viagem teológica pelas Sagradas Escrituras exortando para que ouçam o que tem a dizer, pela própria salvação.

Assim, nos próximos parágrafos traz novamente a imagem do demônio que sabendo da fraqueza dos homens e de sua infidelidade, induzem esses de tal forma que se tornam adoradores de falsos Deuses. Enfim, sua narração chega ao Novo Testamento, com os relatos da vinda de Cristo, como mais uma tentativa de Deus para a salvação dos homens, mandando para a terra seu próprio filho para viver e morrer pelo pecado de todos. Os batizados devem permanecer na fé O antepenúltimo e último parágrafos da Instrução aos Rústicos versa sobre uma exortação aos batizados, lembrando-os das promessas que fizeram, renunciando a satanás e afirmando sua fé no Deus criador. Natalia Xavier em um estudo sobre Martinho, com foco no batismo afirma: “Martinho de Braga utiliza um discurso retórico que demarca o caráter contratual do batismo.

Ou seja, desobedecer aos desígnios de Deus pelo exercício de certas transgressões ou pela perpetuação dos símbolos e ritos “supersticiosos”, denotaria a quebra de um pacto e, consequentemente, uma aproximação com o Diabo e seus demônios, os mesmos que, segundo a argumentação pastoral do bispo, no sétimo capítulo, fingiram ser as divindades romanas”. E, este arrependimento, dirá o santo, deve vir acompanhado de mudança nas atitudes de vida ou, como dito antes, na forma de ser cristão. Ele conclama os convertidos a praticarem o bem, através de esmolas aos pobres, pão aos que têm fome, abrigo aos peregrinos cansados, fazendo aos irmãos o que gostaria que lhe fizessem e deixando de fazer aquilo que não gostaria que fizessem a si.

Em sua exortação final, Martinho roga aos rústicos, aos quais a eles se dirige como irmão, para que se preocupem com a sua salvação, tendo em vista que a vida neste mundo é passageira e o que importa é a “ressurreição da carne e a vida eterna”. E, mais uma vez, apresenta preceitos e práticas boas aos cristãos, contra aquelas que causam vergonha como a idolatria. Respeitar o domingo é uma destas práticas a serem observadas, como o dia em que Cristo ressuscitou dos mortos. Nesta obra, de intenção eminentemente evangelizadora, expõe o essencial da doutrina cristã acerca da criação do mundo e do homem, mas em fórmulas claras, tendo em vista o auditório a que se destinavam, transformando o pragmatismo e a simplicidade em caracteres gerais de doutrinação, em articulação com as exigências pastorais da época.

Pelo conjunto das suas obras de doutrinação moral, pela sua acção pastoral em prol da correcção dos rústicos, pela conversão do reino dos suevos e também pela acção cultural do mosteiro de Dume, por ele fundado, a qual se desenvolveu por toda a idade média, S. Martinho tem uma presença marcante nesta época remota da história cultural da Península. ” (Calafate, 1998-2000) Referências C. Codoñer Merino, «Rasgos configuradores de un estilo polpular», in Serta Philologica F. São Martinho de Dume. Instituto Camões. Retirado de http://cvc. instituto-camoes. pt/filosofia/m2. br/bitstream/10/3478/1/tese_4766_RAFAEL%20HYGINO. pdf Ver pág 16 a 18 - poderia fazer um curto texto, é interessante.

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