PREVALENCIA DA SIFILIS NA MULHER EM FASE GESTACIONAL

Tipo de documento:Monografia

Área de estudo:Enfermagem

Documento 1

Por exemplo, estatísticas variam de acordo com a idade da mãe, de modo que 1,3 % encontram-se na idade entre 10 e 14 anos; entre 15 e 19 anos os dados são de 26%; entre 20 e 29 anos os dados são de 52%; entre 30 e 39 anos os dados são de 18,2%; para 40 anos ou mais os dados são de 2,2 %(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). Estes dados estão em consonância com relatos de que a faixa reprodutiva para a maioria das mulheres está entre 20 e 29 anos, visto que esta faixa etária está relacionada com maiores índices de fertilidade e condições biológicas apresentadas pela mulher para conceber e gestar o bebê, enquanto idades mais extremas representam maiores chances de complicações perinatais (SCHUPP, 2006). Em um estudo mais específico, Magalhães e colaboradores (2013) evidenciaram também que a média de idade de mulheres contaminadas pela bactéria causadora da sífilis é de 28 anos, sendo este fator associado também ao nível de escolaridade e condições socioeconômicas da portadora.

O Ministério da Saúde (2018) ainda relata que a prevalência da sífilis gestacional pode variar de acordo com o nível de escolaridade da portadora, em que a maioria dos casos estão associados a mulheres que apresentam até o Ensino Médio completo. Com o ingresso da mulher no Ensino Superior, as taxas são consideravelmente reduzidas para valores de até 3%, demonstrando que a aquisição de conhecimentos e informações relacionadas a epidemiologia e entendimento das complicações da doença, proporcionadas pelo estudo e uma maior instrução educacional, podem ser determinantes para a prevenção da sífilis em gestantes no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). MAGALHÃES et al. Brito et al. por exemplo, observaram que no município de Quixadá, a maioria das gestantes estudadas (80%) eram moradoras da zona rural, compreendendo localidades em que as formas de acesso rápido às unidades de saúde muitas vezes são dificultadas.

Tais mulheres ainda desconheciam informações básicas relacionadas a doenças, como seus respectivos métodos de transmissão e tratamento e a identificação de potenciais indivíduos portadores, confirmando evidências de que a alta prevalência da sífilis está relacionada com baixos níveis de escolaridade (BRITO et al. Os autores ainda indicam que, aliado ao nível de escolaridade, o desconhecimento de importantes aspectos da doença deve-se a falhas assistenciais, sobretudo durante o pré-natal e o parto (BRITO et al. Ainda mais, a ausência do pré-natal pode alavancar em até cinco vezes o risco de mortalidade perinatal em casos de sífilis gestacional, enfatizando a importância dessa abordagem para uma melhor qualidade e expectativa de vida da população brasileira, de modo que o pré-natal está associado a uma diminuição de até 26% da mortalidade materna em portadoras da doença (LIMA, 2004; MAGALHÃES et al.

Magalhães e colaboradores (2013), ao observarem 67 casos de sífilis gestacional no Distrito Federal, afirmaram também que mais de um terço dos casos necessitou de novo tratamento na maternidade por falta de documentação terapêutica no pré-natal. Além disso, a cobertura de pré-natal compreende um dos requisitos necessários para a solicitação de habilitação pelos municípios para a implementação de estratégias governamentais que visem a eliminação da transmissão vertical da sífilis, de modo que falhas de cobertura pré-natal podem refletir em um aumento no risco de mortalidade pela doença (MAGALHÃES et al. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2017). Interessantemente, Domingues e Leal (2016) documentaram que, globalmente, cerca de 80% das gestantes portadoras de sífilis recebem assistência pré-natal, porém 66% dos casos resultam em efeitos adversos, enfatizando os problemas advindos de falhas assistenciais.

Domingues e Leal (2016) reportaram em seu trabalho uma maior prevalência da sífilis gestacional, bem como de transmissão vertical nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. Concomitantemente, França e Lansky (2018) também relataram que estas regiões são responsáveis pelos maiores índices de mortalidade por sífilis congênita no Brasil. Logo, de acordo com Domingues e Leal (2016), ações mais amplas de prevenções da sífilis congênita, incluindo o tratamento do parceiro da mãe gestante são essenciais para a erradicação da doença nas diversas macrorregiões do Brasil. Uma proposta utilizando abordagem semelhante foi realizada por Brito et al. que elaboraram uma cartilha informativa empregada na Unidade Básica de Saúde Everardo Silveira, no município de Quixadá, auxiliando aos usuários um melhor entendimento acerca da doença e promovendo uma educação em saúde de parturientes, sendo apresentada com sucesso.

Acredita-se que no Brasil exista notificação de apenas 32% dos casos de sífilis gestacional, ao passo que 17,4% de sífilis congênita são notificados, enfatizando elevadas taxas de subnotificação da sífilis no país (CAMPOS et al. Secretaria de Vigilância em Saúde, 2007; VALDERRAMA et al. Donalísio e colaboradores (2007) também apontam que, embora a sífilis gestacional seja de notificação compulsória no Brasil, a precariedade do sistema de notificação e a baixa qualidade dos serviços prestados nas unidades regionais de saúde, tornam o serviço de notificação pouco confiável, resultando em constantes casos subnotificados. Partos inesperados em vias públicos e partos que ocorrem em domicílio também representam potenciais fontes de subnoticações, o que pode omitir informações relevantes acerca do quadro epidemiológico da prevalência da sífilis no Brasil (DOMINGUES; LEAL, 2016).

A subnotificação por ocasião do parto também reflete na falta de acompanhamento da criança, prejudicando a elaboração de um panorama epidemiológico mais próximo dos eventos cotidianos reais (DONALÍSIO et al. Assim, os sintomas da sífilis são classificados em sífilis primária, como a manifestação de cancro duro e, subsequentemente, a sífilis secundária, na qual são evidenciadas lesões, em decorrência da sua evolução atípica, relacionada a períodos de atividade que apresentam especialidades clínicas distintas (BRITO et al. LUPPI et al. Nesse contexto, também são evidenciados períodos de latência, denominados sífilis latente, e casos de sífilis terciária (BRITO et al. Anos após a ocorrência das lesões primárias, também pode ocorrer a reincidência da doença (CAMPOS et al.

As alterações de manifestação dos estágios da doença devem-se sobretudo a divisão dos períodos clínicos pelo Treponema pallidum, seu respectivo agente causador (BRITO et al. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2005). Diversos trabalhos demonstram que as complicações do quadro clínico da sífilis gestacional são maiores quando ocorre coinfecção por HIV, sendo mais evidentes em gestantes mais vulneráveis socialmente e com maiores fatores de risco para prematuridade (DOMINGUES; LEAL, 2016; LUPPI et al. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2007; Signorini et al. Portadoras de sífilis gestacional nessas condições também estão mais susceptíveis a ocorrência de transmissão vertical (DOMINGUES; LEAL, 2016). Dentre os fatores de risco observados para a prevalência da transmissão vertical, destacam-se a ocorrência de partos prematuros anteriores, inclusive aqueles resultantes da própria sífilis, assim como o fato de a mãe ter fumado durante o período gestacional, visto que essa prática apresenta consideráveis efeitos sobre a barreira placentária e, como consequência, pode aumentar a transmissão vertical da doença (DOMINGUES; LEAL, 2016).

também afirmam que falhas de assistência pelas unidades de saúde são as principais responsáveis pelas taxas de coinfecção entre HIV e sífilis gestacional, de modo que a implementação de notificações e um sistema de vigilância epidemiológica mais eficiente é de grande valia como uma tentativa de melhorar os agravos observados ao longo da progressão do quadro clínico da doença no Brasil. Por consequência, na minha opinião, a avaliação de complicações relacionados a casos de coinfecção constitui um campo de enorme potencial para estudos futuros e muito tem a contribuir para o entendimento da epidemiologia da sífilis gestacional e congênita no Brasil, visto que, , muitas gestantes brasileiras ainda desconhecem acerca da sífilis e suas consequências tanto para a mãe quanto para o feto.

CAPÍTULO 3: MÉTODOS DIAGNÓSTICOS, PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA SÍFILIS GESTACIONAL Considerando a gravidade da prevalência da sífilis gestacional no Brasil, o presente capítulo mostra algumas soluções que considerei relevante durante a pesquisa bibliográfica que realizei neste trabalho. Em 1993, o Ministério de Saúde do Brasil lançou um projeto de eliminação da sífilis congênita, estabelecendo metas de redução de casos notificados sobretudo com relação a ocorrência de natimortos, as quais deveriam ser alcançadas até o ano 2000 (DONALÍSIO et al. MAGALHÃES et al. Ademais, o Ministério da Saúde recomenda a meta de até 0,5 casos de sífilis congênita para cada mil nascidos vivos (DOMINGUES; LEAL, 2016). Entretanto, conforme relatado pelo estudo de Domingues e Leal (2016), as estatísticas brasileiras ultrapassaram mais de seis vezes o valor almejado para a meta somente no ano de 2015, de modo que a implementação de novas medidas se tornou fundamental.

O diagnóstico compreende uma das etapas essenciais para o enfrentamento da sífilis gestacional, visto que muitas mulheres, bem como os filhos que apresentam sífilis congênita, são considerados assintomáticos, fato que pode retardar a implementação de processos de intervenção (MAGALHÃES et al. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2017). Nesse sentido, uma série de rotinas diagnósticas e protocolos de atendimento são sugeridas pelo Ministério da Saúde, propiciando a observação especialmente de crianças nascidas de mães que tiveram diagnóstico de sífilis na gestação, parto ou puerpério, além da necessidade de intervenção na mulher portadora (MAGALHÃES et al. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2007). O tratamento por penicilina é considerado adequado para a sífilis gestacional, uma vez que a mulher geralmente não apresenta reincidência, bem como dificilmente são relatados casos de sífilis congênita após o tratamento da mãe (MAGALHÃES et al.

Ademais, a aplicação da dose única de penicilina tem se mostrado bastante eficaz para a prevenção da transmissão vertical da sífilis, bem como para o desfecho de perinatais negativos decorrentes de sífilis materna (DOMINGUES; LEAL, 2016; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2007; 2014). Por outro lado, o tratamento utilizando-se dose única de penicilina não é considerado adequado para gestantes com formas terciária ou latente tardia da doença, apesar de ser crucial para a minimização e até mesmo para a exclusão de possíveis efeitos perinatais adversos (DOMINGUES; LEAL, 2016). O tratamento do parceiro é um procedimento bastante, o qual encontra-se em constante revisão pelas comunidades médicas e científica. LUPPI et al. Por sua vez, a falta de um tratamento adequado pode ser um fator agravante ainda mais prejudicial para a saúde da portadora, bem como para a obtenção de uma gestação de qualidade (CAMPOS et al.

Ainda mais, dentre os fatores limitantes, destacam-se redução do uso de preservativo, resistência dos profissionais de saúde à administração da penicilina na Atenção Básica e desabastecimento mundial de penicilina (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2017). Portanto, estratégias eficazes tanto no diagnóstico, bem como na prevenção e tratamento da sífilis gestacional podem representar uma minimização em diversos problemas de saúde pública no Brasil, como danos sociais, econômicos e sanitários de grande repercussão às populações, sobretudo relacionados a mulheres e crianças (MAGALHÃES et al. Além disso, a falta de tratamento ou um tratamento inadequado são extremamente prejudiciais, pois podem resultar em problemas para o concepto e diversos riscos perinatais, tais quais abortamento, prematuridade e/ou óbito, possivelmente devido a contaminação do tecido fetal e da placenta pela bactéria Treponema pallidum, o agente causador da sífilis (DOMINGUES; LEAL, 2016; MAGALHÃES et al.

Portanto, considero que a formação e atuação adequada dos profissionais de saúde podem contribuir enormemente para uma melhora no quadro clínico e epidemiológico da patologia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Amaral, E. Sífilis na gravidez e óbito fetal: de volta para o futuro. Rev Bras Ginecol Obstet. v. BRITO, A. S. DE MORAES, M. H. M. p. CAMPOS, A. L. A. ARAÚJO, M. v. n. p. Chesson, H. W. FREIRE, J. B. MENDES, E. T. Investigação da sífilis congênita na microrregião de Sumaré, Estado de São Paulo, Brasil – desvelando a fragilidade do cuidado à mulher gestante e ao recém-nascido. C. Incidência de sífilis congênita e fatores associados à transmissão vertical da sífilis: dados do estudo Nascer no Brasil.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro. v. C. Sífilis congênita: evento sentinela da qualidade da assistência pré-natal. Rev Saúde Pública. v. p. LANSKY, S. Mortalidade Infantil Neonatal no Brasil: Situação, Tendências e Perspectivas. Disponível em < http://www. abep. org. Cad Saúde Pública v. p. Lima, B. G. C. J. C. UENO, A. M. DOS SANTOS, A. p. MAGALHÃES, D. M. S. KAWAGUCHI, I. n. p. Ministério da Saúde. Sífilis em gestantes. Disponível em <http://indicadoressifilis. Pereira, S. M. Dourado, I. Teixeira, M. G. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Investment case for eliminating mother-to-child transmission of syphilis: promoting better maternal and child health and stronger health systems. Geneva: World Health Organization; 2012. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS).

The global elimination of congenital syphilis: rationale and strategy for action. A. Rocha, G. P. G. Giordano, E. Guimarães, M. H. F. S. Theme Filha, M. Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. Protocolo para a prevenção de transmissão vertical de HIV e sífilis – manual de bolso. Brasília: Ministério da Saúde; 2007. Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico – Sífilis 2017. SIGNORINI, D. J. H. P. MONTEIRO, M. P. MACHADO, J. D. C. Prevalência da co-infecção HIV-sífilis em um hospital universitário da cidade do Rio de Janeiro no ano de 2005. S. Preventive Services Task Force Reaffirmation recommendation statement. Ann Intern Med. v. p.

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