INCIDÊNCIA DO SUICÍDIO NO AMBIENTE DE TRABALHO NO BRASIL

Tipo de documento:Monografia

Área de estudo:Direito

Documento 1

Isto se dá, entre outros fatores, pela natureza da sua profissão, que muitas vezes envolve o risco de vida, desregulação do sono, privação de convívio familiar e etc. Por conta de fatores estressantes como os citados, ao longo dos anos, os policiais estão mais propensos ao cometimento do suicídio do que a maioria das demais profissões. O trabalho policial é permeado por riscos reais de morte. Há inúmeros fatores que contribuem para o recrudescimento de tais riscos, conforme mencionado acima. Contudo o aspecto mais letal é o suicídio, considerando que para o resultado morte basta apenas a conduta autodestrutiva do próprio indivíduo. Ainda sobre o estudo paulista, elencou-se oito fatores que, em conjunto, podem contribuir para esses casos. São eles: estresse inerente à função policial; falta de suporte de serviço de saúde mental; depressão; conflitos institucionais; conflitos familiares e problemas financeiros; isolamento social, rigidez e introspecção; subnotificação de tentativas de suicídio; e fácil acesso à arma.

Contribuindo com o tema, a doutrinadora Susana Maria6 também elencou os principais fatores organizacionais que percebeu que podem induzir policiais ao suicídio, sendo (I) a estrutura organizacional; (II) o papel de polícia e a cultura policial; (III) o isolamento social; (IV) a imagem pública negativa; (V) o stress e (VI) o acesso à arma. Os pesquisadores destacam que, corriqueiramente, os pensamentos suicidas estão associados a problemas da saúde mental, como depressão. Mas é o estresse inerente à função policial que é citado com destaque na lista de fatores. A atividade policial é manifestação da força estatal de cunho majoritariamente repressivo, por isso as experiências de contato da sociedade com os policiais frequentemente se dão por uma vertente negativa. Assim, a polícia vai perdendo legitimidade e os policiais passam a ser ordinariamente hostilizados pela população.

Em determinadas comunidades, os policiais são verdadeiramente tratados como inimigos, pois constituem a última barreira entre o cumprimento da lei e a consecução do ato delituoso pretendido pelos criminosos. Essa imagem negativa da polícia perante a sociedade é comumente reforçada pela mídia que enfatiza aspectos negativos da atuação policial. Inúmeros são os fatores ensejadores de stress na atividade policial, que é tida dentre as profissões mais estressoras em âmbito mundial9. Não é incomum ter havido uma série de ciclos de humor ao longo da vida do policial. Em particular, o abuso de álcool potencializa um quadro depressivo e aumenta o risco de suicídio, por duas razões: primeiro, o álcool prejudica o julgamento durante uma crise e aumenta o risco de comportamento impulsivo.

Em segundo lugar, uma história de abuso de álcool é frequentemente associada a uma história de transtornos de humor e comportamento impulsivo, errático e violento, tais como intimidações, abuso da força e violência doméstica. Variados estudos realizados ao redor do mundo constatam maiores taxas de suicídio dentre agentes da segurança pública quando comparadas com as taxas da população em geral. A este respeito, Miranda14 traz dados da PM do Estado do Rio de Janeiro: Quanto à relação entre o suicídio e as características ocupacionais, estudos anglo-saxônicos afirmam que policiais fazem parte do grupo de alto risco. policiais militares, concluíram que a taxa de sofrimento psíquico de policiais da PMERJ é 13,3% superior ao da Polícia Civil (33,6% x 20,3%).

Os policiais entrevistados de ambas as organizações declararam tristeza, tremores e um sentimento de inutilidade. O contexto acima apresentado se reproduz em todo território nacional, deixando evidente a necessidade de as corporações policiais, em especial as polícias militares, estudarem, compreenderem, e trabalharem o tema atinente ao suicídio em âmbito interno, conscientizando policiais acerca do problema. Nos Estados Unidos, a taxa de suicídio de policiais é uma vez e meia a taxa da encontrada na população em geral, e continua sendo a principal causa da morte de policiais, segundo um estudo divulgado por Kulbarsh15. No Brasil, segundo Botega16 Mesmo não havendo consistência entre os achados dos estudos, é provável que membros das forças policiais tenham risco mais elevado do que o encontrado na população geral.

Assim, muitos casos de suicídio refletem o impacto cumulativo de vários fatores estressantes, muitas vezes envolvendo uma combinação de problemas de relacionamento interpessoal e do próprio trabalho. Indivíduos com intenções suicidas costumam demonstrar seu intento em falas e gestos, os quais podem ser chamados de pistas. Importante entender que algumas pistas são apresentadas de maneira sutil, porém, outras, de forma muito clara18. Invariavelmente, após um suicídio consumado, pessoas próximas ao policial relatam que ele “não dava indícios que cometeria tal ato”, demonstrando assim, a dificuldade de interpretação dos sinais emitidos pelo indivíduo suicida. Logo a atenção por parte dos colegas às pistas pode promover condições objetivas para o apoio especializado ao companheiro de trabalho que sofre.

Verificou-se, também qual a relação causal entre o suicídio e o labor, perpassando pelas síndromes e doenças ocupacionais, as quais primeiramente são apresentadas e sofridas pelos empregados, e quando agravadas, acabam no suicídio. Além disso, o estudo buscou entender o posicionamento das Organizações Internacionais quanto ao suicídio, em especial a Organização Internacional do Trabalho – OIT e a Organização Mundial da Saúde, uma vez que são os órgãos principais e com maior interesse nas vítimas de depressão e suicídio. Tentou-se entender de quais formas estas organizações poderiam barrar o aumento de casos de suicídios. Igualmente foi abordada a responsabilidade do empregador, ou seja, o quão incisivo é a relação empregado x empregador, no que tange ao bom relacionamento, cobranças excessivas, cumprimento de metas, etc.

Por fim, buscou-se qual o trabalho com maior índice de suicídio no mundo, chegando-se aos policiais militares e civis. Ademais, deve-se restringir acesso a meios letais, sempre que possível. As pessoas não mudam simplesmente de um meio para o outro, elas repensam a decisão. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTEGA, Neury J. Crise suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015. Estudo da Sociologia. Tradução Mônica Sthael. ed. – São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. EXAME. police suicide statistics, 2016. Disponível em: <http://www. officer. com/article/12156622/2015-police-suicide-statistics>. MILLER, Laurence. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Preventing suicide: a global imperative. Genebra: WHO, 2014. Disponível em: <http://www. who.

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