EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS: UMA REALIDADE CURRICULAR

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Biologia

Documento 1

Para que esses objetivos fossem atingidos, realizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa e procedimento bibliográfico, cujas fontes se encontram tanto virtualmente quanto fisicamente. Através da consulta a diversos autores e estudiosos, chegou-se à conclusão de que a educação ambiental foi inserida lentamente no sistema educacional do Brasil e, atualmente, encontra-se estagnada em conceitos puramente biológicos do meio ambiente, precisando de uma transformação em seu objeto e na forma como ocorre a capacitação dos professores, os quais, em sua maioria, não estão preparados para trabalhar a educação ambiental devidamente em suas disciplinas. Palavras-chave: Currículo escolar. Educação ambiental. Meio ambiente. Ele aponta que o seu início se deu juntamente com a origem humana, sediado na consciência do relacionamento do homem com o meio ambiente e nos conhecimentos que o primeiro precisava obter para sobreviver na natureza (BRASIL, 1998a).

É claro que essa é uma visão abrangente da EA, relacionada estritamente aos primórdios da raça humana, quando o único ambiente conhecido e, por isso mesmo, a única forma de alimentação e moradia era a natureza. Diante dessa importância, obviamente os primeiros seres humanos precisavam protegê-la e causar-lhe o menor dano possível. No entanto, a humanidade evoluiu e, com a urbanização, o relacionamento entre homem e natureza se modificou. Citando Donella, o MEC afirma que “a natureza passou a ser entendida como ‘algo separado e inferior à sociedade humana’ e ‘o estudo do meio ambiente tornou-se, ou uma ciência prática de extração de recursos, ou um estudo do mundo natural - catálogos e descrições das maravilhas naturais’” (BRASIL, 1998a, p. “Foi deste encontro que saíram as definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação Ambiental, que até hoje são adotados em todo o mundo” (BRASIL, 1998a, p.

Esse programa é de vultuosa importância, pois foi a partir dele que alguns países passaram a efetivamente implementar a educação ambiental em seus sistemas educacionais. Contudo, o Brasil não participou desse evento, porque não “mantinha relações diplomáticas com o bloco soviético, o que impediu a participação” (BRASIL, 1998a, p. Apesar disso, os documentos originados foram acessados pelos brasileiros a partir de 1997 (BRASIL, 1998a). Entre as principais propostas constantes desses documentos, o MEC cita três que se destacam por, além de se manterem atuais, servirem como dicas para os profissionais da área de EA, como é o caso da seguinte: Além de propor os princípios da Educação Ambiental, a Recomendação n° 2 indica cinco objetivos que "quem é do ramo" logo identificará com cinco níveis nos quais o educador deve atuar: o do conhecimento (que inclui compreensão de problemas e propostas de experiências práticas); o da consciência (no caso, relacionado à sensibilização); o do comportamento (ligado à atitude e motivação para a ação); o das aptidões (ou desenvolvimento de habilidades); e o da participação (que deve ser incentivada) (BRASIL, 1998a, p.

e ignorando todas as premissas que afirmavam a necessidade de que a EA seja abordada também do ponto de vista social, econômico, cultural, político etc. Um pouco depois, em 1981, no então regime militar, houve o primeiro avanço efetivo no movimento ambientalista brasileiro. A Lei n° 6. a qual dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, foi promulgada, consolidando a política ambiental brasileira. Apesar disso, como afirma Dias (1991a, p. Além do encarte, segundo o autor citado (1991a) informa, havia um questionário cujas respostas remetidas via correio possibilitaram diagnosticar que aquelas informações eram as primeiras sobre a educação ambiental com as quais 85% dos respondentes tinha contato, o que nega toda a efetividade das iniciativas tomadas até então. Seis anos após, ocorreu a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), cujo objetivo era, por meio de visitas às casas situadas em todas as regiões do país, “conhecer as percepções, os sentimentos e as atitudes de brasileiros em relação ao meio ambiente” (BRASIL, 1998a, p.

Foi a partir dos dados coletados nessa pesquisa que a primeira Teleconferência Nacional de Educação Ambiental, de promoção do Ministério da Educação e do Desporto (MEC), divulgou que a imensa maioria (95%) dos brasileiros defende a obrigatoriedade da EA no ensino. Nessa mesma pesquisa, outro dado que chamou atenção foi que “mais da metade dos brasileiros (55%) acredita que se o uso da água não for controlado, em pouco tempo não teremos mais água para beber” (BRASIL, 1998a, p. Esse pensamento é interessante e essencial para a EA porque, como o próprio Ministério da Educação afirma, “até há pouco tempo, aprendia-se que água é um recurso renovável, dando-se a entender que por isso ela seria infindável e sempre disponível para consumo humano.

É esse intento que o capítulo seguinte busca realizar. A ATUAL PRESENÇA DA EA NO CURRÍCULO ESCOLAR Inicia-se este capítulo lembrando que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) abordam o meio ambiente como um tema a ser inserido no currículo escolar de maneira integrada, interdisciplinar e transversal. Isso quer dizer que, no currículo das diversas escolas do país, não há e nem deve haver uma disciplina intitulada “educação ambiental”, e sim conhecimentos teóricos, procedimentais, emocionais e culturais diluídos no programa das diversas disciplinas que compõem o currículo. Essa transversalidade da EA defendida pelos PCN é alvo de críticas, principalmente voltadas à sua eficiência de abordagem no ensino brasileiro, como a que Carvalho (2001, p. lança: Ao diferenciar-se da educação tradicional e apresentar-se como um saber transversal, a EA arca com todas as dificuldades de sua assimilação pela educação formal, estruturada disciplinarmente.

Ainda de acordo com as estudiosas, as disciplinas afins são três: Geografia, Ciências e Biologia. O fato de serem apenas essas três as disciplinas nas quais é abordada a EA coaduna-se com o seu pequeno percentual de inserção interdisciplinar (7,9%). Se for lembrado que os PCN tomam a transversalidade do tema ambiental como uma forma de os conhecimentos impregnarem toda a prática educativa, criando uma visão global e abrangente sobre a relação entre o homem e o meio ambiente, incluindo-se os aspectos físicos, históricos e sociais e a articulação entre o local e o planetário (BRASIL, 1998b), pode-se dizer que, na realidade, esse princípio não está sendo seguido. Pelo contrário, a EA está sendo abordada num mesmo conjunto de disciplinas que dialogam entre si, formando uma “bolha” curricular que nada tem de transversal ou interdisciplinar.

Ainda de acordo com o que descobrem Santos e Santos (2016) em seu estudo, são os professores os maiores responsáveis pela inserção da educação ambiental nos currículos, “o que é um dado preocupante, pois revela que as escolas não têm demonstrado preocupação com a temática ambiental e ainda delegam toda a responsabilidade do tema aos professores” (SANTOS; SANTOS, 2016, p. E, dessa forma, a aprendizagem será construída, em meio a uma identificação mútua do educador capacitado em EA e o aluno, mediada pelo sentimento de pertencimento ambiental de ambos. Para arrematar este capítulo, recorrer-se-á, mais uma vez, às palavras de Dias (2001b), as quais, apesar de publicadas há 17 anos, mostram-se atuais: A velocidade com a qual se devasta e se desequilibra os sistemas que asseguram a sustentabilidade humana na Terra continua infinitamente superior à nossa capacidade de gerar respostas adaptativas culturais, principalmente em nível educacional.

A Educação Ambiental ainda não representa uma força suficiente para interferir na inércia daquele movimento e modificar a sua trajetória de desestabilização (DIAS, 2001b, p. Portanto, urge que ocorra, de modo profundo, uma transformação total, “o que exige uma reestruturação político-econômica global, baseada na democracia (ou talvez meritocracia), na eqüidade, na dignidade, na promoção humana e na sustentabilidade ecológica e socioeconômica da Terra, fundamentada no Estado de direito” (DIAS, 2001b, p. Tal reestruturação será inviável se a educação prosseguir da forma como se encontra atualmente, estagnada há muitos anos nos mesmos conceitos compartimentados e aquém de toda a complexidade que envolve as questões ambientais no Brasil e no mundo. ” (DIAS, 2001b, p.

O próprio Ministério da Educação afirma essa deficiência, ao citar pesquisas realizadas que denunciaram o desconhecimento da população sobre a relação entre o estilo de desenvolvimento brasileiro e a degradação ambiental, além de comprovarem que na educação escolar, a introdução da dimensão ambiental nos currículos, de forma geral, é incipiente. A Educação Ambiental apresenta, ainda, uma grande diversidade de concepções e formas de tratamento. Vista em geral como conteúdo integrado das Ciências Físicas e Biológicas, com enfoque essencialmente naturalístico, seus objetivos educacionais não incorporam as dimensões social, cultural e econômica. A prática docente é limitada pela reduzida pesquisa em Educação Ambiental” (BRASIL, 1994 apud BRASIL, 1998a, p. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de toda a calamidade ambiental vivida desde muito tempo, a despeito dos esforços conjuntos em prol da efetivação de uma educação cujos início e fim sejam o melhor relacionamento entre homem e meio ambiente, no qual o primeiro entenda, de uma vez por todas, o grau e a extensão de suas ações, tendo em vista que ele próprio é elemento constituidor da natureza, o Brasil prossegue fingindo que abordar, nas aulas de ciências, geografia e biologia, conceitos de poluição e seus tipos, aquecimento global, ciclo da água e outros é suficiente para formar cidadãos conscientes.

Foi visto aqui que há muito mais a se abordar na EA dentro do sistema educacional brasileiro, uma gama de conhecimentos essenciais para que os alunos e os professores ajam de acordo com a postura tão almejada quando se fala na relação entre homem e meio ambiente. Para que os pensamentos mesquinhos e egoístas, centrados no próprio bem-estar mesmo que para a sua manutenção a natureza sofra, sejam dirimidos, e para que as atitudes de toda a população mudem de fato, passando da destruição à preservação, é necessário que todas as implicações diretas e indiretas, sedimentadas e fluidas, cheguem até as pessoas, principalmente os jovens, pois é da ação deles que depende o futuro da humanidade e do planeta. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n° 6.

Brasília, 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www. planalto. gov. br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao>. de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: < www. planalto. gov. Em Aberto, Brasília, v. n. jan. mar. Disponível em: < https://pt. Declaração da Conferência de ONU no Ambiente Humano. Estocolmo, 5-16 de junho de 1972. Disponível em: < www. mma. gov. scielo. br/pdf/ep/v36n2/a08v36n2. pdf>. Acesso em: 16 maio 2018. SANTOS, Aline Gomes dos; SANTOS, Crisliane Aparecida Pereira. Disponível em: < http://www2. fct. unesp. br/pos/geo/dis_teses/09/alinepereira. pdf>.

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