Diagnóstico da conservação e propostas para restauração de fragmentos florestais na área urbana
Os fragmentos florestais, podem assim ser definidos como qualquer área de vegetação natural reduzida, interrompida e dividida em dois ou mais fragmentos, pela ação de barreiras naturais (lagos, formações rochosas e vegetais, tipos de solos) ou antrópicas (pecuária, hidrelétricas, ocupações urbanas e/ou rurais, culturas agrícolas), apresentando uma paisagem modificada ou degradada (REDLING, 2007). Os eventos naturais como, por exemplo, a topografia do terreno, a heterogeneidade do solo e as flutuações climáticas, podem levar o habitat a se fragmentar por um processo dinâmico, contínuo e lento, provocando a evolução ou a extinção de espécies por meio da seleção natural. Enquanto que, os eventos antrópicos, ligados diretamente a exploração humana dos recursos naturais, podem devastar inúmeros biomas, promovendo praticamente os mesmos danos, porém com uma intensidade e velocidade maior (BAGLIANO, 2013).
Desta forma, a fragmentação envolve tanto a perda de habitat quanto a ruptura de sua continuidade, o que origina a formação de paisagens com pequenos ecossistemas nativos, isolados dos demais (LIMA, 2015). Sendo considerada, portanto, como a divisão em partes de uma dada unidade no ambiente, que passam a ter condições ambientais diferentes, principalmente, em seu entorno (MMA, 2003). Sobre os danos ocasionados, além da perda da biodiversidade, pode ocorrer também a diminuição dos biomas, a quebra de fluxos ecológicos, as alterações nos índices de mortalidade e natalidade de espécies locais, perda de variedade genética, bem como alteração na polinização e relações entre os organismos (competição, predação e mutualismo) (BAGLIANO, 2013). Efeitos sobre a biodiversidade A fragmentação representa uma das maiores ameaças relacionadas ao equilíbrio do meio ambiente, uma vez que, pode ser responsável por provocar, principalmente, a perda de biodiversidade.
Por meio das modificações físicas, químicas e biológicas, provenientes da destruição e redução do habitat original, que afetam diretamente as populações de animais e vegetais. E assim, promovem a inibição ou redução da imigração de espécies, alteração no microclima regional, extinção de espécies locais de fauna e flora, e aparecimento de exóticas (MILESKI, 2015). Além de afetar o equilíbrio ecológico, aumentar o risco de erosão, provocar mudanças nos fluxos físico-químicos dos sistemas e, comprometer a qualidade de vida nas cidades e áreas rurais (CALEGARI et al. Dentro dos fragmentos florestais, a vegetação está sujeita a deterioração genética das populações, decorrente de processos de autogamia, erosão de heterozigose e de perda de diversidade alélica (SAMPAIO, 2013).
Já em paisagens que apresentam alto grau de fragmentação e grande quantidade de manchas, as árvores e/ou arbustos pioneiros, tendem a dominar boa parte de sua estrutura, por se adaptarem aos impactos provenientes das ações antrópicas localizadas ao redor ou próximas destes locais (SAMPAIO, 2013). Sendo assim, a extinção de espécies endêmicas e frágeis, junto ao surgimento e a abundância de espécies pioneiras, podem resultar em uma grave redução da diversidade funcional da comunidade vegetal, que representa um vetor fundamental para o equilíbrio ecológico do meio e para a sustentação da vida de outros tipos de organismos (MANGUEIRA, 2012). Conservação e Restauração Florestal Para os ecossistemas urbanos, os fragmentos florestais constituem um recurso importante, capaz de atuar na melhoria da qualidade de vida dos municípios, uma vez que, o uso da vegetação reduz os impactos provenientes das ações antrópicas.
Além disso, podem servir para fins ecológicos, educativos e sociais, como: o fornecimento de abrigo para fauna, melhoria do micro-clima, geração de empregos e desenvolvimento de processos ecológicos (MELO et al. O deslocamento de espécies reduz o risco de extinção local, favorece processos de recolonizações, contribui para sustentação de populações, reduz os efeitos da fragmentação e promove o aumento da diversidade genética e conectividade da paisagem (BAGLIANO, 2013). Desta forma, os corredores possuem um papel fundamental, uma vez que, muitas espécies não conseguem cruzar áreas abertadas (criadas pela ação do homem), mesmo que muito estreitas, como por exemplo, as estradas. Porém, em alguns casos, não são considerados como uma alternativa totalmente eficaz, visto que, algumas espécies não se locomovem e ficam restritas ao local onde estão inseridas, submetidas a redução de sua população ou extinção de sua espécie (BAGLIANO, 2013).
Os benefícios dos corredores ecológicos podem estar relacionados com a sua largura, extensão, continuidade e sua qualidade. A largura representa o fator mais importante, de forma que os corredores devem apresentar valores mínimos superiores a 100m, mas, há espécies que necessitam de corredores com pelo menos 200 m de largura, como é o caso da maioria das fitofisionomias florestais ripárias, espécies mais estritamente florestais (SAMPAIO, 2013). A fitossociologia é definida como o estudo quantitativo da composição, dinâmica, estrutura, distribuição e funcionamento da comunidade vegetal. Sendo fundamental para fornecer informações características da área e servindo como base para as decisões de planejamento de atividades futuras que visem a preservação da estrutura florística do fragmento. Portanto, consiste em uma ferramenta que, se utilizada adequadamente, permite estabelecer as informações ideias sobre a presente comunidade (ARCHANJO, 2008).
Por meio destas informações florísticas, de dados voltados a situação atual da área, do seu fator de degradação, das condições da fauna nativa e de conhecimentos ecológicos, é que é possível elaborar ações, projetos, programas ou medidas de manejo que visem a conservação e restauração de um ecossistema, tornando-o autossustentável a um longo prazo, mesmo na presença de atividades antrópicas (MILESKI, 2015). Uma vez que, a ausência destas estratégias, pode transformar estas áreas fragmentadas em apenas pequenos aglomerados de árvores, de forma assim, a perderem seus papéis ecológicos (MELO et al. Porém, a maioria dos projetos voltados para este fim, muitas vezes, emprega um pequeno número de espécies, que por sua vez, representam apenas uma pequena fração da biodiversidade do ecossistema natural, e assim, acabam não restaurando aspectos importantes e completos das comunidades florestais, como a biodiversidade e sua estrutura (ARCHANJO, 2008).
O ecossistema considerado restaurado é aquele que possui recursos bióticos e abióticos suficientes para o desenvolvimento de suas espécies e, equilíbrio de seu meio, sem a necessidade de intervenções (GONZAGA, 2016). Regeneração Natural A regeneração natural representa um importante e essencial método de restauração da vegetação nativa, que garante a preservação do patrimônio genético e de uma elevada diversidade de espécies (RISSI, 2011). Buscando recompor as formas vegetativas características de uma determinada área e devolver suas funções no ecossistema (SCCOTI, 2009). A regeneração considerada natural ocorre pela atividade livre dos processos naturais, sem qualquer tipo de intervenção antrópica, apenas sobre a ação da fauna e de seu banco de sementes autóctone. Tais técnicas que devem visar a adubação, coroamento e limpeza periódica no entorno dos indivíduos regenerantes (plântulas e indivíduos jovens) e controlar espécies exóticas.
Também assim, se faz necessário a fertilização dos regenerantes, com o objetivo de promover um melhor desenvolvimento destes indivíduos arbóreos e o preenchimento da cobertura da área em um período de tempo menor (RODRIGUES et al. Após estes dois anos, a área passa a ser submetida a visitas de campo por profissionais especializados, que tem por finalidade avaliar e constatar se existe a presença ou não de vegetação regenerante. Através dos resultados, frutos desta avaliação, é constatado a necessidade ou não se de adotar metodologias diferentes de restauração ecológica (BIOFLORA, 2015). Quando o fragmento florestal não apresenta nenhum grau de regeneração e possui relevantes níveis de degradação, se estabelece a necessidade do recobrimento artificial, que dependerá da metodologia especifica e escolhida para determinado fim.
O reconhecimento dos tipos de vegetação ocorre por meio visitas técnicas na área em que se deseja realizar o levantamento florístico. Nesta área, o profissional caminha sobre a sua superfície, identificando e anotando cada tipo de espécie encontrada ao longo de sua extensão (PESAMOSCA; LUDTKE, 2012). Já a segunda etapa, pode ser considerada o complemento da primeira, visto que consiste na coleta das partes reprodutivas (flores e frutos) e do material vegetativo (ramos com folhas) das espécies encontradas. Em cada coleta, geralmente, são anotadas informações especificas dos vegetais, que podem ser resumidas em: porte; altura; presença ou ausência de folhas; presença de frutos maturos ou imaturos, bem como de suas colorações; presença de flores maturas e imaturas, e suas colorações; e odor.
Este material coletado é armazenado, muitas vezes, em sacos plásticos etiquetados e encaminhados para laboratórios, onde são submetidos ao processo de herborização, por meio de seus métodos usuais. Apesar do municipio conter algumas áreas desmatadas, ainda há ocorrência das seis principais formas: campo limpo, campo sujo, cerrado sensu strictu, cerrado ralo, cerrado denso e cerradão (SEER, 2003). De forma que, a vegetação característica da região do município de Araxá, é definida por espécies como: “Lobeira (Solanum lycocarpum), Sucupira (Bowdichia virgilioides), Barabatimão (Stryphnodendron adstringens), Peroba rosa (Aspidosperma pyrifolium), Ipê branco, amarelo e rosa (Tabebuia sp. Açoitacavalo (Lubea grandiflora), Pequi (Cariocar brasiliense), Quaresmeira (Tibouchina sp. Jequitibá (Cariniana estrellensis), Copaíba (Copaifera langsdorffii), Cagaita (Eugenia dysenterica), Cedro (Cedrela fissilis), Angico (Parapiptadenia rígida), Jenipapo (Genipa americana), Ingá (Inga edulis), paineira (Chorisia speciosa), Jatobá (Hymenea stilbocarpa), Embaúba (Cecropia pachystachya), Aroeirinha (Lythraea molleoides) e Marmelada (Alibertia sessilis), Mangaba, Araçá gabiroba, Assa-peixe, além de outras” (SEER, p.
De acordo com o Plano Diretor Estratégico de Araxá, de 2002, o municipio apresenta poucas áreas de cobertura vegetal não modificada, sendo notória a importancia das pastagens, uma vez que, representam 88% do total de sua área. BAGLIANO; R. V. Fragmentação Florestal retratado como perda da biodiversidade sobre os princípios científicos dos códigos florestais brasileiro. Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade, v. n. Restauração Florestal. São Paulo: Oficina de Texto, 2015, 432 p. CALEGARI, L. MARTINS, S. V. Disponível em: < https://dakirlarara. files. wordpress. com/2010/10/a-importancia-da-criacao-de-corredores-ecologicos-para-areas-de-fragmentos-florestais. pdf> Acesso em 15 de setembro de 2017. F. ROMAGNOLO, M. B. RODRIGUES, K. F. Piracicaba, 2007. GONZAGA, L. M. A sucessão ecológica em ambientes florestais em restauração: estrutura e dinâmica da regeneração natural. f. pdf> Acesso em 22 de setembro de 2017.
IPDSA. INSTITUTO DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE ARAXÁ. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável: Aspectos Físicos. f. Recife, 2011. LIMA, C. R. Aplicação da lógica fuzzy na identificação de fragmentos florestais com potencial para conservação. f. MANGUEIRA, J. R. S. A. A regeneração natural como indicadora de conservação, de sustentabilidade e como base do manejo adaptativo de fragmentos florestais remanescentes inseridos em diferentes matrizes agrícolas. C. MACHADO, E. L. M. Fragmentos Florestais Urbanos. D; CAMPELLO, E. F. C. FRANCO, A. A. f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal). Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007. NASCIMENTO, M. p. jun. OLIVEIRA, P. S. VIEIRA, F. Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Biologia. Pelotas, 2012. PASCHOINI, G. P. Indicação de conexões florestais e medidas de conservação do solo e biodiversidade: subsídios para formação de corredor ecológico entre as estações ecológicas de Itirapina e São Carlos.
Rio e Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. RISSI, M. N. Regeneração Natural de um Fragmento de Cerrado degradado com formação de pastagens de Braquiára. f. Alegre, 2007. RODRIGUES, R. R. GANDOLFI, S. NAVE, A. F. O processo de degradação e o estado de conservação da flora nos fragmentos florestais da área rural do município de Maringá. f. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade Estadual de Maringá. J. Projeto GeoBiota Araxá: estudo do sistema natural do município de Araxá. Araxá: PMA/IPDSA, 2003. SILVA, A. et al. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal). Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2009. SOUZA, S. M.
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