COMUNICAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL SOB A ÓTICA DO PARADIGMA DA COMPLEXIDADE
Tipo de documento:Dissertação de Mestrado
Área de estudo:Administração
No corpo do trabalho foram esclarecidos os significados e algumas referências históricas sobre comunicação e cultura organizacional e também o paradigma da complexidade para maior entendimento antes da leitura sobre a possibilidade do estágio de um civil na polícia militar, desafio para ambas as partes, por sua cultura anterior no campo profissional. BREVE ENTENDIMENTO DOS CONCEITOS A discussão do tema se inicia na década de 1960 com o questionamento sobre a interdependência gerada entre a organização e a comunidade, criando-se a discussão sobre o embate capital contra o trabalho. Este movimento surge com a exigência, por parte dos cidadãos, de que seus direitos sejam respeitados como grupos organizados, ou seja, como parte integrante da sociedade, mas simultaneamente ainda há falta de liberdade de expressão nas empresas (cultura que impedia a comunicação de “baixo para cima”), principalmente no período do Regime Militar (1964-1985).
BALDISSERA; SÓLIO, 2004) É fundamental, também, apontar a crise no modelo de desenvolvimento ancorado em um Estado poderoso, quadro característico do final dos anos de 1970 e início dos de 1980, quando se delineia uma nova postura de empresários e organizações, rumo ao modelo neoliberal, que neutraliza a preponderância do intervencionismo estatal. …] Esse modelo inibe a participação e a criatividade dos indivíduos, tanto em termos de gerenciamento de processos quanto no de gerenciamento de pessoas, o que é incompatível com os desejos de participação da sociedade que afloram a partir da década de 1960. E colocando junto todas as transformações em que comportamento institucional das organizações tem passado, a sua comunicação (âmbito interno e externo) passou a ter uma nova concepção, principalmente no sentido corporativo, tendo como fundamental para as diversas realidades institucionais e estratégica no sentido da competitividade no mundo globalizado contemporâneo.
As ações isoladas de comunicação de marketing e de relações públicas são insuficientes para fazer frente aos novos mercados competitivos e para os relacionamentos com os públicos e ou interlocutores dos diversos segmentos. Estes são cada vez mais exigentes e cobram das organizações responsabilidade social, atitudes transparentes, comportamentos éticos, respeito à preservação do planeta etc. graças a uma sociedade mais consciente e uma opinião pública sempre vigilante. E, neste contexto, a comunicação passa a ser estratégica e a sua gestão tem que ser vista sob uma nova visão de mundo e numa perspectiva interdisciplinar. Pode se concluir que neste caso, a cultura organizacional é formada pela descrição minuciosa da rotina de cada atividade (serviço ou produção) e suas operações para os agentes executores, que apesar de serem específicas, possuem vínculo entre si.
Logo, o estudo da cultura organizacional torna-se, então, essencial para viabilizar as estratégias organizacionais e os processos de mudança, uma vez que a cultura de uma organização serve como uma referência para seus membros. A difusão ampla e intensa da cultura organizacional pelos servidores pode contribuir para que ajam em prol dos objetivos organizacionais. SILVA; TSUKAHARA; NUNES, 2017, p. Kröhling Kunsch (2007) preconiza que a cultura organizacional é a base para que a comunicação organizacional se fundamente e possa ter efeito e esta realidade se apresenta no nível micro (contexto multicultural) ou no macro e traz importantes subsídios para o sucesso da comunicação com todos os públicos da organização. Níveis de cultura A cultura quando decodificada precisa estar inserida no momento histórico, social, sua origem e a parte que advém do inconsciente coletivo, seja de uma população, seja de um grupo, no ambiente organizacional, isso não é diferente, e por isso é preciso entender a base da cultura e seus níveis para entender uma população como tal.
São as culturas que se tornam evolutivas, por inovações, absorção do aprendizado, reorganizações; são as técnicas que se desenvolvem; são as crenças e os mitos que mudam; foram as sociedades que, a partir de pequenas comunidades arcaicas, se metamorfosearam em cidades, nações e impérios gigantes. No seio das culturas e das sociedades, os indivíduos evoluirão mental, psicológica, afetivamente. MORIN, 2002 p. De acordo com Schein (2001), ao compartilhar experiências entre membros de um grupo estes promovem a cultura, e cada indivíduo torna-se uma um ser multicultural de acordo com os contatos que tem com diferentes comunidades e pode também ser multifacetado culturalmente para reagir a determinadas situações. Paradigma da Complexidade A palavra paradigma tem origem no idioma grego, parádeigma (parádeigma) e significa exemplo ou padrão, sua derivação vem do verbo paradeiknumi (paradeiknumi) que pode ser traduzido como demonstrar.
Assim sendo, podem ser entendidos como normas ou procedimentos de um grupo, em que são delimitadas as atitudes individuais para que o grupo possa ter melhor convivência entre seus membros. SIGNIFICADO DE PARADIGMA, 2019) Complexus significa o que foi feito tecido junto; de fato, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico), e há um tecido interdependente, interativo, e inter-retroativo entre o objeto do conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre si. Por isto, a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade (Morin, 2011 P. Os termos a serem utilizados se diversificam, entre eles estão complexidade, paradigma da complexidade (que será utilizado neste estudo), teoria da complexidade, paradigma emergente e até mesmo ciência nova ou a nova aliança, mas todos levam a uma mesma questão, como fundamentar corretamente esta nova teoria, paradigma ou ainda haverá uma nova denominação? Empregar conceitos como autopoiese, auto-organização, evento, ordem-desordem, dentre outros e, principalmente, empregar a lógica dialética do paradigma da complexidade (numa visão crítica) sem descartar totalmente os aspectos do paradigma funcionalista implica um enorme desafio intelectual para os pesquisadores.
Os sistemas não lineares alternam períodos de comportamento previsível com períodos de flutuações randômicas, com perturbações internas e externas, que amplificam as interações não lineares. Baldissera (2009) o paradigma da complexidade permita que se amplie a reflexão sobre os processos que envolvem a comunicação organizacional e as tomadas de decisão, uma vez que mais elementos podem sem inseridos na informação a ser analisada, sendo que não só dados técnicos e precisos, mas também estarão presentes as emoções individuais, os conflitos e as reações aos processos desenvolvidos. Sua fertilidade está, também, na possibilidade de se realizarem articulações teóricas, bem como no fato de ele não propor a busca de respostas finais, universais e/ou verdades absolutas, mas a compreensão/explicação do real complexo (BALDISSSERA, 2009, P.
Para o administrador o paradigma da complexidade se encaixa perfeitamente no tocante a lidar com recursos humanos, porque o que aparentemente pode estar em desordem no momento, também poderá ser o gatilho para a implantação da ordem ou é preciso estar atento à ameaça de uma possível desintegração organizacional por fatores externos ou externos. De acordo com Serva, Dias e Dias Alpersted (2010) ao se referir ao tema existe a possibilidade de se deduzir que a organização acontecerá por si só, ou seja, conceituar de forma definitiva é um trabalho desafiador que estará ainda no emaranhado da complexidade do assunto e suas ramificações. A única maneira de lidar contra a degenerescência está na regeneração permanente, melhor dizendo, na atitude do conjunto da organização a se regenerar e a se reorganizar fazendo frente a todos os processos de desintegração.
MORIN, 2011, p. A desordem ou conflitos aqui mencionados não devem ser remetidos à condições ou aspectos negativos, mas sim, uma caminho para que a organização esteja sempre alerta em relação a uma possível estagnação e consequente perda de seu mercado ou mesmo de seus colaboradores. Sem perspectiva de desafios a possibilidade de desestímulo se torna uma realidade. Por isso a necessidade da complexidade nas relações empresariais quando se remete a paradigmas. Podemos compreender que assim como o discurso normativo, o discurso do contexto organizacional é um forte limitador da compreensão da comunicação organizacional. Porém, tal limitação não ocorre ao focar a prática, mas ao reduzir a comunicação organizacional ao seu ‘espaço’. CASTRO, 2014, p. A abordagem de cultura e comunicação organizacional, junto ao paradigma da complexidade faz entender que em uma organização todos os aspectos são importantes para que se possa fazê-la funcionar e a sua comunicação obter sucesso, a abordagem, assim como as próprias características estão muito além de um simples comunicado, o que vem antes e o que pode vir depois trazem implicações para o todo, muitas vezes de forma definitiva.
CASTRO, 2014) CIVIS EM UMA ORGANIZAÇÃO MILITAR Como exemplo para o paradigma complexidade envolvendo a cultura e a comunicação organizacional, aqui será descrito o processo de inserção de estagiários civis em uma organização militar, como acontece, as diferenças, as adequações, e as mudanças possíveis em ambos os lados. Portanto, a comunicação interna corre paralelamente com a circulação normal da comunicação que perpassa todos os setores de organização, permitindo seu pleno funcionamento. A comunicação institucional está intrinsecamente ligada aos aspectos corporativos institucionais que explicitam o lado público das organizações, constrói uma personalidade creditiva organizacional e tem como proposta básica a influência político-social na sociedade onde está inserta. KUNSCH, 2003, p. Quadro 3 – Inserção dos estagiários no ambiente militar Fonte: Elaborado pela autora O próximo passo será a mudança de cultura para a recepção dos estagiários, que além da inexperiência profissional também são formados em uma cultura totalmente diferente daquela em que os militares estão usualmente acostumados a vivenciar em seu dia a dia no serviço burocrático.
Será um aprendizado mútuo em que o que chegam aprenderão sobre a realidade local, mas os que já estão poderão experienciar um novo tipo de desempenho profissional, sem os limites da farda, podendo manter um proveitoso intercâmbio com o universo civil em um campo ainda não vivenciado. Schein, 2009, p. CONSIDERAÇÕES FINAIS O paradigma da complexidade que a certo modo parece que vai complicar os estudos em relação à comunicação e cultura organizacional mostra, que quando bem estudado, pode trazer muitas referências e informações sobre a organização, seus indivíduos e também sobre como proceder frente aos desafios organizacionais, já que obriga a uma coleta muito maior de informações, sejam elas objetivas ou subjetivas, mas todas pertinentes a realidade ali apresentada.
Ao utilizar o contraste civil com militar para ilustrar este trabalho, buscou-se ir a extremo do choque de cultura organizacional para assim demonstrar que uma perfeita análise baseada no paradigma da complexidade, pode impulsionar para uma comunicação mais efetiva e um entendimento maior da cultura de ambas das partes. Compreende-se que os objetivos do trabalho foram plenamente satisfeitos, mas há ciência de que este tema não se encerra com esta conclusão, o paradigma da complexidade, em constante mutação precisa ser estudado permanentemente para que a estagnação da informação não se apresente e prejudique tanto os resultados da comunicação quanto a percepção da cultura organizacionais. REFERÊNCIAS BALDISSERA, Rudimar; SÓLIO, Marlene Branca. Comunicação Organizacional: histórico, fundamentos e processos.
São Paulo: Saraiva, 2009. Cap. p. CASTRO, Felipe Bergmann de. Culture’s Consequence, 2nd ed. Sage, Beverly Hills, CA. KRÖHLING KUNSCH, Margarida M. Comunicação organizacional na era digital: contextos, percursos e possibilidades Signo y Pensamiento, vol. XXVI, núm. Os sete saberes necessários à educação do futuro. ed. rev. São Paulo: Cortez, Brasília: Unesco, 2011. Introdução ao pensamento complexo. São Paulo, Edusp, 2000. SCHEIN, Edgar H. Cultura organizacional e liderança. São Paulo: Editora Atlas SA, 2009. Guia de Sobrevivência da Cultura Corporativa. núm. julio-septiembre, 2010, pp. Fundação Getulio Vargas, São Paulo, Brasil SIGNIFICADO de Paradigma. Disponível em: <https://www. meusdicionarios. Mudança Organizacional. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.
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