A PROPOSTA DO ENSINO DE GÊNEROS DO DISCURSO MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA

Tipo de documento:Dissertação de Mestrado

Área de estudo:Linguística

Documento 1

a) Dr (a) RESUMO Esta pesquisa discorre sobre a abordagem dos gêneros discursivos em uma coleção de livros didáticos de língua portuguesa do Ensino Médio, integrante do PNLD 2018, à luz da concepção bakhtiniana de gênero discursivo e do enunciado, identificando se essa coleção cumpre o que estabelecem os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs e a Base Nacional Comum Curricular - BNCC. É importante destacar, porém, que existe uma variedade de gêneros, ressaltada por Bakhtin e por essa razão, foi necessário delimitar a pesquisa, dando o foco no gênero jornalístico que é um conjunto de gêneros, do qual selecionei os gêneros artigo de opinião, a charge e a notícia. Há muito a questionar se o livro didático é a principal ferramenta para ensinar gênero.

Ainda assim, a tese considera que o livro didático é a principal ferramenta de que o professor dispõe para ensinar os gêneros do discurso, por possuir sequências didáticas, que facilitam o ensino-aprendizagem dos textos discursivos. Essa percepção gerou o questionamento: as propostas dos livros didáticos da coleção analisada promovem reflexões capazes de possibilitar ao estudante a compreensão e/ou vivência com relação aos gêneros discursivos tratados? Os objetivos que buscam elucidar esta pergunta são, o geral é investigar a abordagem do gênero na coleção “Viva Português” em relação às propostas curriculares nacionais, para o ensino de língua portuguesa quanto ao gênero textual/discursivo, verificando se esta favorece não só o conhecimento sobre o gênero, mas se possibilita também vivenciá-lo.

The specific objectives are to list and point out the incidence of oral genres prioritized in each collection; to identify the proposals of reflection for each gender, verifying if there is difference in the activity of reflection for the different modalities of gender (oral and written); describe how the textbooks address the theme of discourse genres and what aspects of the genre are most prominent in the activities and which are less explored; to question whether the activities proposed by the collection are sufficiently relevant for the enhancement of the student's discursive competences; analyze the conceptions about gender of the discourse and verify the adopted ones in the didactic books of the collection, described and analyzed; identify and study possible norms regarding the preparation of textbooks regarding the approach of discourse genres.

The research is based on the studies on discursive genres developed by Bakhtin (1988, 1997, 2002 and 2003) and other authors that approach subjects that guide the object of study. Key-words: Teaching. Discursive Genres. Portuguese Language. Figura 10 – Charge Economia. Figura 11 – Charge Tempo. Figura 12 – Conceito de Charge. Figura 13 – Conceito de Charge Ilustração 1. Figura 14 – Conceito de Charge Ilustração 2. Figura 25 – Retratos da Leitura no Brasil. Figura 26 – Cai números de leitores. Figura 27 – Sob o feitiço dos livros. Figura 28 – Sob o feitiço dos livros – atividades. Figura 29 – Gramática Contextualizada. Figura 40 – Nacionalismo e problemas sociais. Figura 41 – Escolha de tema para agenda. Figura 42 – Artigo de Opinião. Figura 43 – Interpretação do Texto. Figura 43 – Interpretação do Texto. Gráfico 3 – Gêneros Textuais Livro 2. Gráfico 4 – Gêneros Textuais Livro 3. LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Articulação de conteúdos e disciplinas – Volume 1.

Quadro 2 - Articulação de conteúdos e disciplinas – Volume 2. Quadro 3 - Articulação de conteúdos e disciplinas – Volume 3. Pressuposto Teórico 16 1. Estrutura da Tese 18 2 METODOLOGIA 20 2. Procedimentos Metodológicos 22 3 A CONCEPÇÃO BAKHTINIANA DE GÊNERO DISCURSIVO 25 4 O LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL: PLANO NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO 33 4. Breve Histórico do Programa Nacional do Livro Didático 35 4. O Programa Nacional do Livro Didático de Língua Portuguesa 37 4. Charges no livro 2 85 6. Charges no livro 3 90 6. Análise dos Textos Jornalísticos da Coleção 92 6. Gênero Notícia 92 6. Notícias no Livro 1 92 6. Por essa razão, este estudo investiga a coleção “Viva Português” do EM, utilizada em escolas públicas. O meu interesse por esse objeto de pesquisa tem origem em minha tese de que a principal ferramenta para ensinar gênero é o livro didático, uma vez que ele apresenta textos pertencentes a diversos gêneros do discurso em sequências didáticas que facilitam o ensino-aprendizagem desses textos.

Essa percepção gerou o questionamento: as propostas dos livros didáticos da coleção analisada promovem reflexões capazes de possibilitar ao estudante compreensão e/ou vivência com relação ao gênero discursivo trabalhado? 1. Hipóteses As hipóteses com relação a essa situação são as seguintes: • Se o LD foi aprovado pelo PNLD, infere-se que ele possa atender às orientações dos PCNs, trazendo abordagens que permitam ao estudante não apenas tomar conhecimento do gênero, mas vivenciá-lo, • Se a coleção foi aprovada pelo PNLD, a diferença de abordagem do gênero entre ela é mínima ou inexiste em relação às outras coleções, entretanto faz-se necessário verificar se esse material atende as regras do programa. Objetivos Todas essas considerações resultam em objetivos a serem alcançados com a pesquisa.

Assim, um gênero pode não ter uma determinada propriedade e ainda continuar sendo aquele gênero. Por exemplo, uma carta pessoal ainda é uma carta, mesmo que a autora tenha esquecido de assinar o nome no final e só tenha dito no início: ‘querida mamãe’ (MARCUSCHI, 2002, p. Tendo em vistas todas essas considerações, para saber como o livro didático aborda os gêneros discursivos, faz-se necessário analisar seus diversos aspectos, e desse modo, lançar um olhar crítico-pedagógico para ver as propostas contidas nesse material de ensino. Por essa razão, a coleção selecionada para realizar essa pesquisa foi examinada com antecedência por apresentar em sua proposta que possui o foco no gênero discursivo sem deixar de trabalhar as outras áreas referentes à linguística tais como gramática, variação, sociolinguística e o gênero literário, porém o foco dessa pesquisa é o gênero discursivo, voltado para as ações pedagógicas.

Pressuposto Teórico Essa pesquisa tem como pressuposto a concepção de linguagem bakhtiniana que vem sendo muito discutida e pode apoiar pesquisas de diversas áreas do conhecimento, mas existem poucas áreas que aprofundam essa conceituação, mesmo a linguística explora muito pouco essa concepção como viés para entender o processo discursivo (DI FANTI, 2004). A palavra é capaz de registrar as fases transitórias mais íntimas, mas efêmeras das mudanças sociais (BAKHTIN, 1988, p. Essa abordagem sustenta a possibilidade de produzir sentido ideológico, considerando somente o contexto. Nessa perspectiva entende-se que : A linguagem é um instrumento eficaz para atingir objetivos em um mundo marcado pela complexidade de relações humanas. Ela nos permite entrar em relação com outras pessoas, trocar informações, expressar afetos e emoções, solicitar o auxílio do outro, levar o outro a agir, influenciá-lo em suas decisões e ações.

É através da linguagem que materializamos nossas intenções em relação ao outro (EMEDIATO, 2004, p. Com relação à importância da metodologia Demo (1985, p. afirma que: A falta de reflexão metodológica traduz também, imediatamente, um tipo de mediocridade científica que é a crença em evidências dadas. A ciência começa precisamente aí, quando não se reconhecem evidências dadas. Problematizar as vias do conhecimento é ir em busca de outras, com vistas a um conhecimento mais realista e profundo. O referido autor acrescenta ainda que a metodologia é de suma importância por ressaltar os caminhos que os autores precisam seguir para organizar suas pesquisas, indicando qual o tipo de pesquisa e os passos que foram seguidos para a realização do estudo e como foi o processo de construção teórica (DEMO, 1985).

a pesquisa descritiva analisa fenômenos, detalhando a forma como eles se apresentam. Trata-se de uma análise em profundidade do que ocorre na realidade com esses fenômenos. Este estudo se iniciou por meio da revisão bibliográfica para dar suporte aos fundamentos e discussões sobre os pressupostos teóricos associados aos gêneros discursivos da língua portuguesa no Ensino Médio, com vistas a perceber como esses gêneros são tratados nos livros didáticos dessa modalidade de ensino e se eles conseguem atender ao que estabelecem os documentos que direcionam o currículo no Brasil. Por utilizar alguns documentos que direcionam os currículos nacionais para fundamentar o objeto de estudo, a pesquisa tem o caráter documental que segundo André (1995) se embasa em documentos para contextualizar o fenômeno, explicitar as suas vinculações, de modo a completar as informações coletadas por meio de outras fontes.

Por outro lado, Oliveira (2012, p. Na construção da tese tomei conhecimento de que a realização de uma pesquisa requer atitude científica que deve ser compreendida “como princípio do pensamento e da reflexão que norteia a compreensão e a construção da ciência; bem como o sentido profundo para o qual a ciência deve apontar” (TURATO, p. Além disso, esta atitude precisa ser isenta de preconceitos e juízos pré-concebidos, uma vez que, a construção de um conhecimento novo exige atitude de aprendizagem, para desvendar novidades sobre o objeto de pesquisa. A) Descrição dos Documentos Utilizados (i) Documentos oficiais: PCN, BNCC e PNLD que foram estudados para constatar se os livros didáticos seguem as determinações oficiais brasileiras para o ensino; (ii) Coleção livros didáticos “Viva Português” do ensino de língua portuguesa utilizados no Ensino Médio, autoria de Elizabeth Campos, Paula Marques Cardoso e Silvia Letícia de Andrade, aprovados pelo PNLD para adoção em 2018 com vistas a verificar como os gêneros discursivos são trabalhados dentro do proposto pelos documentos oficiais.

B) Estrutura da Coleção A coleção possui três volumes que se subdividem em: • Livro 1 – Este livro contém 6 unidades, sendo a Unidade 1 de Abertura, com os tópicos Linguagem e Língua, Literatura e Projeto Antologia. As demais unidades contêm Língua e Produção de Texto e Literatura. A CONCEPÇÃO BAKHTINIANA DE GÊNERO DISCURSIVO Este capítulo contextualiza e define os gêneros discursivos, que são vários e circulam nas interações sociais cotidianas com características sócio comunicativas que são definidas em função e conteúdo, materializadas por meio da linguagem oral e escrita. O fundamento da interação social parte da constatação de que todas as atividades humanas envolvem a utilização da língua, em todas as esferas sociais, desde as populares às formais, sendo justamente as estruturas sociais que: determinam todos os contatos verbais possíveis entre os indivíduos, todas as formas e os meios de comunicação verbal: no trabalho, na vida política, na criação ideológica.

Por sua vez, das condições, formas e tipos de comunicação verbal derivam tanto as formas quanto os temas dos atos de fala (BAKHTIN, 1988, p. O exposto mostra que a interação verbo-social ocorre por meio de atos de fala que se amoldam a determinadas formas-padrão relativamente estáveis de um enunciado, determinadas social e historicamente, os gêneros do discurso. O gênero se refere a tipos de enunciados de certa forma estáveis que são elaborados em diferentes esferas sociais de uso da língua. Segundo Bakhtin (1999), para ocorrer a interação verbal são necessárias, além das formas de uma língua (léxico, gramática), as formas do discurso, os gêneros, que constituem formas relativamente estáveis, flexíveis, combináveis e mais ágeis face às mudanças sociais que as próprias formas da língua.

De acordo com Pedrosa (2016, p. Bakhtin rejeita a noção de língua sustentada no objetivismo ou no subjetivismo. Bakhtin critica o objetivismo abstrato de Saussure e o subjetivismo idealista de Humboldt nos estudos linguísticos, na medida em que não aceita a língua como simples código nem a primazia do sujeito como indivíduo, pois argumenta, sempre falamos ou escrevemos para alguém em alguma circunstância social mais ampla, de caráter comunicativo. Este autor sustenta que a palavra “está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial” (BAKHTIN, 1997, p. Toda atividade do discurso se realiza por meio dos gêneros discursivos, relacionados às demandas do dia-a-dia, pertencentes a vários tipos de discursos, associados aos setores de atividade social, que envolvem lugar institucional, estatuto dos parceiros e natureza ideológica.

A importância da linguagem, como espaço de interação social, está no seu caráter dialógico, quer dizer, um enunciado será sempre de um locutor para um interlocutor, que poderá reagir acerca desse enunciado (texto responsivo). Esse dialogismo se materializa e possui duas características postas por Bakhtin (1997) e que merecem menção. Ao escrever o autor dá forma estética à sua produção e atribui a ela, valores significativos sobre o assunto que aborda, passa por um processo de construção estética, que em sua forma acontece uma corporificação de seus valores, sejam eles cognitivos e éticos. Eu devo experimentar a forma como minha relação axiológica ativa com o conteúdo, para prová-la esteticamente: é na forma e pela forma que eu canto, narro, represento, por meio da forma eu expresso meu amor, minha certeza, minha adesão (BAKHTIN, 2002, p.

Em outras palavras, a dimensão social, o aspecto social, deixa de ser um elemento externo (contextual), para as teorias precedentes, e passa a ser, em Bakhtin (2003), integrante do enunciado, de modo a determinar o seu sentido. Bakhtin (2003) esclarece que o enunciado se difere da palavra, da oração e do texto. O enunciado é uma “unidade do discurso”, é concreto, ao passo que a oração (sistema) é um “elemento abstrato” (RODRIGUES, 2010, p. Além disso, tanto a palavra quanto a oração pura e simples não requerem ato comunicativo, não suscitam uma atitude responsiva, ao passo que o enunciado é uma unidade de sentido diante da qual se pode tomar uma atitude responsiva e se relaciona com a realidade extra verbal, consistente na situação de interação social (BAKHTIN, 2003). Portanto, a oração não tem uma plenitude de sentido, pois não se relaciona com a realidade extra verbal, apenas com outras orações no contexto verbal.

Desse modo, ao usar a linguagem em situações em que ela se produz e concretiza a comunicação verbal, como acontece nas redes sociais, onde os participantes podem simular os acontecimentos no pretérito ou no futuro. Outra característica é que cada enunciado é “apenas um elo na cadeia complexa e contínua da comunicação discursiva, mantendo relações dialógicas com outros enunciados” (RODRIGUES, 2010, p. Significa que cada enunciado já nasce como resposta a outros enunciados (anteriores) e será respondido por enunciados posteriores, como uma espécie de memória discursiva. É o que chamou de dialogismo, de modo que todo enunciado está orientado para a reação-resposta ativa dos demais participantes da interação verbo-social. Dessa relação dialógica, observa-se a alternância dos atos de fala. O enunciado, assim, busca uma atitude responsiva do outro interlocutor, com o fim de convencê-lo, influenciá-lo.

Outro conceito relevante para a compreensão de enunciado é o de polifonia. Significa que, para Bakhtin (2003), cada ato de fala compreende assimilações e reestruturações de diversas vozes, as quais dialogam entre si dentro do discurso. São discursos dentro de discursos. Segundo ele, esse diálogo é construído histórica e socialmente e é a partir dele que se dá a construção da consciência individual do falante (BAKHTIN, 2003). Bakhtin não elabora uma tipologia ou classificação dos gêneros. Mesmo porque estes variam de acordo com as condições históricas e sociais. Por outro lado, ele faz uma divisão entre o que chamou de gêneros primários e gêneros secundários. Os gêneros primários são aqueles que se formam e que são utilizados na comunicação discursiva imediata, no âmbito da ideologia do cotidiano, domínio das ideologias não formalizadas e não sistematizadas (conversas entre parentes ou amigos, bilhete, carta, entre outros).

Por sua vez, os gêneros secundários, que são formados a partir dos primários, constituem-se e são utilizados nas comunicações culturais realizadas nas esferas sociais mais complexas, no âmbito das ideologias formalizadas e sistematizadas (esferas científica, artística, política, jurídica, religiosa, entre outros, em que podemos encontrar gêneros como artigo, teatro, tese, romance, sermão, entre outros). Os gêneros são práticas sociais à disposição do ser social e que funcionam como referência para serem usados nas interações. No entanto, os gêneros somente se cumprem de modo efetivo seu papel de instrumento de interação social, quando ocorre sua apropriação por parte do sujeito social, de modo que ele possa utilizá-lo em suas diversas situações de interação social.

Nesse sentido, são relevantes os ensinamentos de Cristóvão (2009, p. para quem “enquanto os gêneros mais informais vão sendo apropriados no decorrer das atividades cotidianas, sem necessidade de ensino formal, os gêneros mais formais, orais ou escritos, necessitam ser aprendidos mais sistematicamente”. Isso acontece porque os gêneros informais são menos complexos e os mais recorrentes na vida cotidiana. Entretanto, essas funções do livro didático podem não acontecer, se utilizadas fora contexto de uso. Essas funções podem ser limitadas pela demanda ou por questões contraditórias. Cabe ao professor em suas ações pedagógicas, observar e fazer as adequações ou adaptações necessárias com relação a esse recurso didático. Ao contrário do que se pode pensar, a evolução tecnológica favoreceu a indústria do livro didático, devido aos recursos informáticos que possibilitaram o uso cada vez maior das cores, fotos e desenhos, favorecendo a ampliação das formas de representação do conhecimento, e no caso da Língua Portuguesa, possibilitando apresentar os mais variados gêneros do discurso.

Os livros didáticos são importantes ferramentas pedagógicas do professor. Há um guia para cada área da educação constando a relação de livros, com resenhas e os critérios utilizados na avaliação dos livros para que eles fossem incluídos no PNLD. Esses livros são analisados e recomendados pelo PNLD, e ainda que possuam diferenças entre eles, os livros passam pelos mesmos critérios (ARRUDA; MORETTI, 2002). Desse modo, os livros didáticos recebidos pelas escolas públicas, foram submetidos por um processo de análise em comissões de avaliadores com critérios de eliminação comuns a todos os títulos. Além de passar pelos critérios avaliativos, os livros didáticos devem ter um conteúdo acessível, estar em conformidade com a faixa etária dos estudantes, ainda estimular e valorizar a participação do estudante e estar em consonância com as propostas curriculares de estados e municípios e dos PCNs.

Somado a isso, o livro deve facilitar a integração entre os temas tratados, levar em conta os conhecimentos prévios do estudante, contendo ilustrações corretas e atualizadas (ARRUDA; MORETTI, 2002). As obras são avaliadas, após o que o órgão publica no Guia de Livros Didáticos, com resenhas das coleções consideradas aprovadas, e encaminha às escolas, que, por sua vez, escolhem, entre os títulos disponíveis, aqueles que melhor atendem ao seu projeto político pedagógico. O PNLD é realizado em ciclos trienais alternados, da seguinte maneira: a cada ano, são selecionados, adquiridos e distribuídos livros didáticos para os anos iniciais do ensino fundamental, para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio, respectivamente. O processo de seleção inicia-se com a publicação do edital de convocação para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas.

O edital estabelece as características técnicas das obras e os critérios de avaliação pedagógica. O Edital de Convocação 01/2013 – CGPLI convocou os editores de livros para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas para o Programa Nacional do Livro Didático PNLD de 20151. Diante disso, torna-se essencialmente necessário apropriar-se da língua escrita e oral, considerando suas construções em seus diversos usos, sobretudo os mais for­mais. Pelo exposto, os estudantes precisam ser bons leitores para conseguir exercer com plenitude as interações sustentadas pelas práticas discursivas. Por essa razão, eles precisam desenvolver a capacidade para construir sentidos, valendo-se das múltiplas linguagens que compõem os textos na sociedade tecnológica (BRASIL, 2017). Depois dessas reflexões há explicações sobre os critérios de avaliação, levando em consideração os parâmetros que nortearam a seleção dos livros pelo PNLD 2018.

Os livros didáticos do EM devem dar prosseguimento às bases que foram fundadas durante o processo de aprendizagem desenvolvido ao longo do Ensino Fundamental. O livro didático deve ainda promover a reflexão sobre a língua e a linguagem, “tomar a enunciação e o discurso como objetos de reflexão sistemática, não restringindo o estudo da língua, portanto, à perspectiva gramatical” (BRASIL, 2013, p. e “abordar os fatores socioculturais e políticos que entram em jogo no estabelecimento e difusão de ideais e padrões linguísticos” (BRASIL, 2013, p. Portanto, exige-se que os gêneros sejam trabalhados em sua inteireza, como realidade viva, considerando-se as intenções comunicativas do interlocutor e as condições de produção, em que se inclui o tempo e o espaço histórico, os participantes sociais da interação e sua orientação valorativa, os meios de circulação, as tecnologias utilizadas, as posições ocupadas pelos participantes na esfera social em de interação.

Neste ponto, é relevante destacar que o PNLD está voltado para a distribuição de livros didáticos a estudantes de escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio, que muitas vezes estão inseridos em contextos sociais, culturais e econômicos nos quais eles não têm acesso aos gêneros discursivos formalizados. Por isso, a importância do papel que deve ser desenvolvido pelo livro didático, enquanto meio que possibilite ao aluno acesso aos gêneros discursivos relevantes para o seu desenvolvimento social, econômico e cultural. Trata-se de um recurso que possui a finalidade de ajudar o estudante a seguir passos para melhor entender um gênero discursivo, facilitando a sua apropriação da escrita e oralidade mais adequada nas práticas discursivas. O saber-escrever, em todas as suas dimensões, se desenvolve progressivamente em todos os níveis da escola obrigatória e é constituinte do êxito escolar de todos os alunos, sem falar no importante papel que desempenha na sua socialização.

Aprender a produzir uma diversidade de textos, respeitando as convenções da língua e da comunicação, é uma condição para a integração na vida social e profissional (DOLZ, 2010, p. A sequência didática possui uma estrutura básica que é a apresentação da situação, produção inicial e módulos necessários para completar a aprendizagem e produção final. Desse modo, há ma exposição bem definida de um projeto de comunicação aos estudantes, voltado para um gênero discursivo com uma temática relevante, associado ao uso social. Os projetos de pesquisa propostos na coleção ampliam as práticas de leitura, favorecendo em um conjunto de ações que aproveitam o potencial do leitor, desenvolvendo a análise crítica do estudante.

No volume 1, o projeto é a criação de uma antologia a ser publicada no final do ano e divulgada em evento da escola, familiares e comunidade. No volume 2, propõe-se exibir os materiais produzidos em festival de cultura e informação, sendo organizado pelos estudantes para o final do ano letivo. No volume 3, o projeto é uma revista eletrônica a ser criada pela turma do 3º ano A BNCC orienta que o livro didático ofereça as condições necessárias para que o estudante possa realizar projetos, com vistas a formar o estudante pesquisador. O livro Viva Português propicia que os estudantes discutam temas e produzam textos para inserir em um projeto que tem sua culminância em algum evento cultural da escola para socializar com toda a comunidade escolar.

Para facilitar as práticas discursivas, é importante que o livro didático possibilite a interdisciplinaridade e contextualização dos temas discutidos. No entanto, a interdisciplinaridade depende de uma organização da escola e dos professores de outras disciplinas. Com a interdisciplinaridade a escola mantém um diálogo entre os vários saberes que circulam no ambiente escolar, sendo uma forma de complementação para desenvolver a capacidade de analisar, explicar, antever e reagir para realizar mudanças, motivando o jovem a resolver problemas e desenvolver projetos investigativos. Em cada capítulo, os livros sugerem atividades interdisciplinares, como por exemplo2: Quadro 1 - Articulação de conteúdos e disciplinas – Volume 1 Língua e produção de texto Linguagem e língua em uso Livro 1 - p. v. PCN+: informar e informar-se; comunicar-se; expressar-se.

Breve apresentação da atividade O aluno deverá elaborar uma reportagem com base em uma pesquisa que ele próprio realizará Interação com Interação com outras disciplinas Interação com outras disciplinas Dependendo do assunto que o aluno optar por investigar, a atividade poderá reunir conteúdos de diversas disciplinas, os quais poderão ser mobilizados e ampliados por ele por meio das práticas de pesquisa, da identificação das informações relevantes e de sua organização para a produção da reportagem. Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016) Adaptado Quadro 3 - Articulação de conteúdos e disciplinas – Volume 3 Língua e produção de texto Interpretação dos textos 1 e 2 p. História, Geografia, Sociologia, Filosofia PCNEM: contextualizar social ou historicamente os conhecimentos. PCN+: informar-se; aceitar ou rejeitar argumentos; argumentar logicamente; compreender processos sociais; diagnosticar e enfrentar problemas pessoais e coletivos.

No que tange as práticas orais há uma abordagem consistente metodologicamente, ajustada a uma perspectiva comunicativa. As propostas de atividades especificam a situação de comunicação a ser levada em consideração e o papel do interlocutor, do suporte e dos objetivos da produção oral. As leituras expressivas, orienta a produção adequadamente. Há atividades de apresentação em que os estudantes são convidados a ouvir com atenção, praticando a escuta, destacando os elementos que ampliem a compreensão (BRASIL, 2017). O manual do professor vem com as respostas das atividades, orientações didáticas e possui um Caderno de Apoio Pedagógico com apresentação da proposta pedagógica e esclarecimentos sobre os pressupostos teóricos e metodológicos, explicando os eixos estruturantes dos conteúdos e formas de abordar a interdisciplinaridade, além de abordar as competências requeridas no Enem, expondo a concepção de avaliação e coloca indicações e fragmentos de textos teóricos sobre vários tópicos de ensino e aprendizagem do Ensino Médio.

Os PCNs indicam inovações para o currículo, levando em conta as competências básicas para a inserção dos jovens na vida adulta; orientando os professores para o significado da contextualização do conhecimento escolar no que se refere à interdisciplinaridade, motivação do raciocínio e a capacidade de aprender. A perspectiva dos PCNs cabe à disciplina de Língua Portuguesa desenvolver a capacidade de compreensão e expressão dos alunos em situações reais de comunicação. Reconhece-se que as estruturas sociais e as esferas sociais influenciam e são influenciadas pela linguagem, conforme se pode notar a partir da seguinte passagem dos PCNs: A organização do espaço social, as ações dos agentes coletivos, normas, os costumes, rituais e comportamentos institucionais influem e são influenciados na e pela linguagem, que se mostra produto e produtora da cultura e da comunicação social (BRASIL, 2000, p.

Há ainda o reconhecimento de que o ato de fala requer competências para utilizar a língua no seio social de acordo com as expectativas em jogo nas arenas de lutas sociais. Parte-se da concepção de que o ato de fala não é somente o aspecto verbal, mas também o extra verbal. • Entender o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida, nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. • Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para a sua vida. BRASIL, 2000, p. Podemos dizer que a primeira finalidade busca desenvolver no aluno a capacidade de compreender os recursos linguísticos que caracterizam os gêneros discursivos estudados e como utilizá-los para atingir a finalidade almejada pela comunicação estabelecida.

A segunda visa que o aluno entenda a função exercida pelas tecnologias de comunicação e de informação nos âmbitos dos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento em geral e na vida social como um todo. Considerado esse objetivo, podem ser propostas, na sequência das atividades de escuta, ações de sumarização, materializadas em textos orais ou escritos. • Atividades de retextualização: produção escrita de textos a partir de outros textos, orais ou escritos, tomados como base ou fonte Como tais atividades se caracterizam pela produção de um novo texto a partir de outro, ocorre mudança de propósito em relação ao texto que se toma como base ou fonte. Isso pode ser realizado, por exemplo, em tarefas de produção de resumos, resenhas e pesquisas bibliográficas.

• Atividades de reflexão sobre textos, orais e escritos, produzidos pelo próprio aluno ou não Em se tratando de textos produzidos pelo próprio aluno, essas atividades podem envolver a reelaboração (revisão/reescrita) de texto com o objetivo de torná-lo (mais) adequado ao quadro previsto para seu funcionamento. Nesse caso, a ação de reflexão, tomada individualmente ou em grupo, terá como meta a avaliação do texto e, quando for o caso, sua alteração. e de elementos tipográficos essenciais à produção de sentidos (o que diz respeito à pontuação, com especial atenção para o uso de aspas, parênteses e travessões). Fonte: (BRASIL, 2006, p. Base Nacional Comum Curricular – BNCC Por ser uma extensão dos PCNs, a BNCC preserva a coerência com estes.

Esses parâmetros permitiram adotar a concepção de linguagem definida como forma de ação e interação no mundo, chamada linguística da enunciação, nas concepções enunciativas bakhtinianas. A BNCC mantém muitos dos princípios adotados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). BRASIL, 2015, p. Diante do exposto, compreende-se que as interações verbais praticadas ocorrem através da atuação do sujeito em suas práticas, ações de linguagem. Nesse contexto, pode-se incluir os gêneros do discurso que são estudados, considerando os enunciados em sua forma de uso social, em uma linguagem viva e concreta. O BNCC surgiu da necessidade de melhorar as práticas de linguagem de forma, focalizando o ensino-aprendizagem de recursos discursivos já registrados nos PCNs tanto no que tange aos usos da linguagem tanto na modalidade oral quanto da escrita com a finalidade de compreender, produzir textos, realizando reflexões relativas a esses usos na prática social, visto que o princípio metodológico da proposta curricular de língua portuguesa orienta usar a linguagem, refletir sobre esse uso, no sentido de reorganizar os próximos usos.

No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações. A BNCC é uma proposta que visa acabar, com a fragmentação disciplinar do conhecimento, desenvolvendo habilidades para aplicar na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao aos objetos de aprendizagem do estudante facilitando a construção de seu projeto de vida. Assim o estudante pode ver sentido naquilo que está aprendendo. Na área de linguagens, a BNCC mantém coerência com os PCN, de que é uma extensão. Desde a publicação desses parâmetros, assumimos oficialmente uma concepção de linguagem: uma forma de ação e interação no mundo.

Essa concepção é tributária dos estudos procedentes do que se convencionou chamar de Linguística da Enunciação (atravessada por algumas posições teóricas procedentes da Análise do Discurso). No entanto, a identidade desses gêneros é preservada, ainda que a função deles sejam diferentes, que supostamente, Bakhtin caracterizaria esse suporte como um conjunto de gêneros, utilizado no discurso pedagógico contendo explicações, atividades, redação, instruções de leitura e produção textual, entre outros enfoques. Essa forma de direcionar o currículo básico comum no ensino da língua portuguesa permite o estabelecimento de certo padrão nacional, o que torna viável analisar como o livro didático aborda alguns aspectos relativos aos gêneros textuais, é imprescindível nos atentarmos para alguns aspectos.

Depois que os Parâmetros Curriculares Nacionais estabeleceram que o ensino de Português fosse feito com base nos gêneros, apareceram muitos livros didáticos que veem o gênero como um conjunto de propriedades formais a que o texto deve obedecer. O gênero é, assim, um produto, e seu ensino torna-se, então, normativo (FIORIN, 2006, p. Dell‟Isola (2007) chama a atenção para o perigo da categorização dos gêneros, normatizando-os de modo que eles se tomem uma configuração fixa para cada gênero textual. A definição de Fairclough (2001) para o discurso se assemelha à bakhtiniana, como uma forma de prática social, afirmando que isso pode causar algumas implicações: Ao usar o termo "discurso", proponho considerar o uso da linguagem como forma de prática social e não como atividade puramente individual ou reflexo de variáveis institucionais.

Isso tem várias implicações. Primeiro, implica ser o discurso um modo de ação, uma forma em que as pessoas podem agir sobre o mundo e especialmente sobre os outros, como também um modo de representação. Segundo, implica uma relação dialética entre o discurso e a estrutura social, existindo mais geralmente tal relação entre a prática social e a estrutura social: a última é tanto uma condição como um efeito da primeira. FAIRCLOUGH, 2001, p. Eles devem ser claros, simples, imparciais e objetivos para focar as principais informações sobre o assunto tratado. Além disso, sua estrutura linguística possui frases curtas e ideias bem sucintas, para que o texto seja objetivo. Ao se discutir gênero jornalístico há dois pontos de jornalismo: • Funcional – formado pelos gêneros informativo e opinativo, muito utilizado na comunicação, associado na orientação que o emissor dá a sua fala.

• Textual – quando emoldura os gêneros, subgêneros ou formatos de notícia, reportagem, entrevista, crítica e editorial, entre outros textos possíveis. Os gêneros discursivos de um jornal são de diversos tipos, entre os quais podem ser encontrados, textos narrativos, descritivos, dissertativo-opinativos, injuntivos e expositivos. A notícia possui características relacionadas com a concepção bakhtiniana, uma vez que possui características discursivas com diversidade e riqueza em sua produção que ultrapassam os fatores linguísticos. Nessa perspectiva, a produção dos gêneros discursivos se relaciona diretamente ao meio social, às condições de produção, aos interlocutores sociais e às esferas de circulação social dos discursos escritos. A notícia é um gênero textual que narra fatos de interesse público de modo objetivo e claro.

A notícia transmite informações sobre fatos que acontecem e circula em veículos de comunicação (ARCOVERDE; ACOVERDE, 2007, p. A função principal da notícia é mencionar os acontecimentos que sejam mais relevantes, para atrair o interesse de seu público-alvo, em outras palavras o destinatário. A palavra vem do francês charger que significa carregar, exagerar, sendo um texto visual desenhado, com o olhar sobre uma determinada realidade, principalmente política, fazendo uma síntese do fato. A interpretação da mensagem desse gênero discursivo deve levar em conta o contexto de produção, uma vez que a charge menciona aos fatos e acontecimentos do momento, por essa razão ela é efêmera. É importante destacar que a charge, além do seu caráter humorístico, e, embora pareça ser um texto ingênuo e despretensioso, constitui uma ferramenta de conscientização, pois ao mesmo tempo em que diverte, informa, denuncia e critica, constitui-se um recurso discursivo e ideológico (MOUCO, 2009, p.

A autora prossegue mostrando que devido ao seu caráter eclético, a charge possibilita a interdisciplinaridade, por isso pode ser um excelente recurso para formar os estudantes para a cidadania. Razão pela qual, ela deveria ser bem explorada nos livros didáticos, visto que a charge permite uma leitura que vai além do que parece ser, pois ela possui sentidos implícitos, exigindo uma análise criteriosa. A charge a seguir se encontra no volume 2 do livro didático pesquisado mostra a interação histórico-social, pois relaciona duas épocas. Esta charge se constitui em um texto, no qual o chargista Angeli, por meio da intertextualidade, percorre textos e discursos, que aparentemente não estão visíveis e somente uma leitura atenta, faz com que a percepção o leitor vai encontrando sentido para o assunto abordado, porque “Lendo a palavra do outro, posso descobrir nela outras formas de pensar que, contrapondo às minhas, poderão me levar à construção de novas formas, e assim sucessivamente” (GERALDI, 1987, p.

Devidos às suas imagens, a charge é um recurso potente na construção de sentido, uma vez que ela é composta de textos visuais que circulam na sociedade, possibilitando não só a compreensão do tema tratado, como ressalta um problema social que está incomodando os leitores para os quais ela foi produzida. Esse texto imagético propicia um recurso que desenvolve a visão crítica e reflexiva do estudante. Figura 4 – Charge Antes e Depois Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. A charge cria conexões para o leitor interagir com as ideias apresentadas por esse gênero discursivo (SILVA, 2008). Ainda Silva (2008), chama a atenção que as charges exageram em alguns aspectos que são marcantes para destacar o que precisa ser retratado. Esse exagero pode provocar uma distorção da realidade, no entanto conseguir uma estreita aproximação da verdade.

Concomitantemente, esse exagero é responsável por exaltar a comicidade desse gênero discursivo, o que provoca o leitor a dialogar com as ideias, produzindo sentido com humor, pois a charge tem um caráter cômico e pode provocar o riso do leitor. Há várias charges com enunciadores distintos, dialogando para produzir o sentido intencional do autor informar a leitor. Esse gênero não é de leitura fácil por conter imagens, pois ela tem um caráter intertextual que exige conhecimentos prévios do leitor. Artigo de Opinião Para Bräkling (2000), o artigo de opinião é um gênero discursivo que tem como meta persuadir o público-alvo a respeito de determinada ideia, com vistas a modificar sua opinião, sendo produzido através do texto dissertativo uma vez que há argumentação a favor ou contra um posicionamento, contestando as possibilidades de opiniões contrárias.

Ao elaborar o artigo, o emissor sustenta suas afirmações por meio de argumentos, apresentando dados consistentes. Para isso, geralmente o artigo, precisa ser fundamentado com o ponto de vista de outros autores como vozes para convencer o destinatário. Não existe enunciado fora das relações dialógicas discursivas por ele ser constituído de diálogo, ele sempre faz analogias a outros enunciados. O artigo de opinião pode conter uma “situação-problema, discussão e solução-avaliação” (KÖCHE, 2014, p. a) A situação-problema determina a tese a ser elaborada para dar um norte ao leitor, contextualizando a informação que o artigo vai tratar, bem como as demais partes do texto, em outras palavras, refere-se ao assunto a ser discutido. É nessa fase que o autor pode esclarecer o objetivo dos argumentos que será feita ao longo do artigo, por meio da relevância de se compreender o tema.

b) A discussão destaca de modo preciso dos argumentos e cria opiniões a respeito do problema apresentado. Por meio dessa argumentação, apresenta comprovações associadas à posição assumida, oferecendo provas para constatar que a posição oposta está equivocada. A introdução de uma redação que integra a construção textual e a partir dela o leitor permanece ou não no texto, pois ela é um convite à leitura. Independente do gênero textual, é na introdução que o leitor é apresentado a todo o conteúdo que será depositado no desenvolvimento e na conclusão. É importante prever de que maneira introduzir aos elementos da redação considerando, já na primeira frase, o tema a ser discorrido. • Desenvolvimento: É a parte em que se realiza a opinião e a argumentação que são os principais recursos utilizados.

O artigo de opinião pode ser narrativo, descritivo, dissertativo, dissertativo-argumentativo, explicativo; injuntivo; institucional ou publicitário. Este esquema é um exemplo de discurso político que devido a sua complexidade, vai além das duas instancias de intencionalidade, possui a instância que se opõe e a que faz a mediação. Segundo Charaudeau (2006), cada instância estabelece trocas com outras na interação, além de cada instância promover suas próprias trocas na prática discursiva. O autor apresenta a noção de instância enunciativa: A noção de instância enunciativa possui duas faces: uma constituída do sujeito como sujeito de seu discurso, e outra, deste como assujeitado. A instância submete o enunciador e suas regras e, ao mesmo tempo, ela também o legitima, atribuindo-lhe o poder de dizer e fazer em nome do outro.

Isso ocorre porque a instância carrega em si certos imaginários, crenças e saberes autorizados (CHARAUDEAU, 2008, p. A exibição desses dados pode ser em forma de figuras (gráficos, esquemas, fotos, desenhos), tabelas e a descrição textual. Não se deve apresentar o mesmo dado em mais de uma forma de apresentação. Quando a informação figurar na tabela, não necessita descrever em forma de texto e vice-versa. Na discussão, o pesquisador deve interpretar os resultados encontrados e redigir um texto argumentativo que sustente a validade desses dados, indicando qual é a relação de suas conclusões com o conhecimento fundamentado pelo referencial teórico, isto é, pela literatura que aborda o objeto de pesquisa (FRANÇA; VASCONCELLOS, 2007). A forma como esses dados são tratados na tese é muito importante por ela ser utilizada como modelo por outros pesquisadores, ajudando-os a perceber como podem apresentar os dados de suas pesquisas de modo parecido, igual ou melhorado.

Gráfico 2 – Gêneros Textuais Livro 1 Fonte: Dados da pesquisa Como pode ser visto no gráfico referente ao livro 1, há uma variedade de poesia, elas estão presentes em cada capítulo, os textos imagéticos e jornalísticos vêm em seguida, depois os relatos, as peças teatrais e as histórias em quadrinho. Aqueles gêneros com apenas uma ocorrência foram agrupados em outros como no gráfico referente à coleção completa. Como se pode ver, o livro 1 apresenta uma diversidade de gêneros, podendo dar uma noção geral aos estudantes. Cabendo ao professor complementar se for necessário. Gráfico 3 – Gêneros Textuais Livro 2 Fonte: Dados da pesquisa O gráfico 3 apresenta os gêneros textuais presentes no livro 2 da coleção Viva Português e pode-se perceber que neste livro também prevalece maior presença de poesia, fragmentos de livros, textos imagéticos, jornalísticos, contos, tendo como novidade os anúncios.

O projeto é um gênero, pois reúne todas as condições para ser, e ainda, serve de suporte para receber vários outros gêneros, sendo um dos mais importantes apresentados na obra e segundo Fiorin (2016, p. “fala-se e escreve-se sempre por gêneros e, portanto, aprender a falar e a escrever é, antes de mais nada, aprender gêneros”. Cada capítulo começa com um projeto para ser apresentado no final do ano letivo e ao longo dos capítulos há atividades de autoria voltadas para o projeto. Essa pesquisa considera essas atividades como projeto. O interessante é que as autoras as propuseram com a mesma dose, em outras palavras, com intencionalidade. No meu entendimento o estudo dos gêneros discursivos deve levar o estudante a compreender suas características, o seu funcionamento nas esferas sociais e nas situações concretas de comunicação e as intenções comunicativas dos escritores, aprendendo a reconhecer as valorações do escritor (locutor) em relação ao conteúdo dos enunciados e ao leitor (interlocutor), não olvidando que cada gênero tem sua própria concepção de autor e de destinatário.

Isso porque os gêneros são enunciados de natureza histórica, sócio interacional, ideológica e linguística relativamente estáveis, sendo eles o que as pessoas de um determinado momento histórico e em certo contexto social e cultural reconhecem como gênero (KRAEMER, 2009, p. Assim, as dimensões utilizadas para sua identificação e análise são sócio comunicativas, dizendo respeito à função e à organização do gênero, ao seu conteúdo e meio de circulação (suporte), aos atores sociais envolvidos e atividades discursivas implicadas. Os gêneros discursivos se tornaram uma ferramenta essencial para a aprendizagem, sendo abordados nos PCNs da seguinte forma: Os textos organizam-se sempre dentro de certas restrições de natureza temática, composicional e estilística, que os caracterizam como pertencentes a este ou aquele gênero.

Desse modo, a noção de gênero, constitutiva do texto, precisa ser tomada como objeto de ensino. Não bastando dizer que o texto é um artigo, uma crônica ou outros tipos, pois o discurso é uma ação social, fazendo com que os gêneros mudem constantemente por meio de adaptações associadas aos diversos movimentos da sociedade. Um exemplo são as conversas a distância que antes eram feitas somente por telefone, sendo hoje substituídas pelos textos escritos em celular e computador, implicando em uma mudança radical na organização das conversas. Antes de classificar um texto, é preciso compreender os diferentes aspectos da produção textual. Análise das Charges Contidas na Coleção São poucas as charges apresentadas na coleção e estas não são abordadas com profundidade em termos de interpretação, o que pode dificultar que o estudante desenvolva a capacidade de questionar e denunciar problemas sociais da realidade.

Inclusive, este gênero discursivo deixou de tratar de questões sociais, tais como a situação das mulheres, a cultura afrodescendente, entre outras questões. No Manual do Professor, as autoras afirmam que as charges são menos importantes que o romance e eram consideradas arte pela literatura. Charges no livro 2 O gênero charge não foi definida inicialmente como charge na atividade inicial. Acredito que a intenção é fazer com que o próprio estudante o faça. Entretanto, acredito o docente diga que a charge é definida na próxima atividade e que ele pode consultar e tirar dúvidas com o professor. Pode ser necessário que o professor faça isso, pois a definição vem muito depois dos textos que vão ser utilizados na mesma atividade 1, ficando fora de contexto para o estudante aproveitar com maior propriedade o verbete do dicionário que faz tal definição.

Figura 13 – Conceito de Charge Ilustração 1 Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. As atividades suscitam a reflexão sobre problemas brasileiros que merecem ser denunciados e discutidos com vistas a formar um cidadão que busque mudanças ou soluções para os a situações que precisam ser melhoradas ou extirpadas para o bem da sociedade. Por isso, o docente precisa consultar jornais e revistas para levar charges relacionadas à atualidade para a sala de aula e pedir aos estudantes que as levem para discutir ou mesmo expor no mural para estar sempre denunciando problemas que prejudicam o povo de um lugar. Figura 14 – Conceito de Charge Ilustração 2 Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. Os estudantes precisam aprender que ao se denunciar os problemas, pode-se mudar a realidade de uma sociedade inteira.

A atividade usa a charge como um texto qualquer. A BNCC amplia o campo de análise linguística e da semiótica, porque inclui a interpretação de textos imagéticos, links e outros recursos dos quais eles produzidos. O documento traz a proposta pra a utilização de textos variados, inclusive aqueles que são veiculados nos meios digitais, para que o estudante compreenda a diagramação do conteúdo apresentado pelo texto, uma vez que a formatação do conteúdo possui sentido. Com as fotos o estudante consegue perceber a intencionalidade por detrás da imagem (BRASIL, 2017). Figura 15 – Charge sobre Idosos Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. Também o uso dos recursos linguísticos em relação ao contexto em que o texto é construído (elementos de referência pessoal, temporal, espacial, registro linguístico, grau de formalidade, seleção lexical, tempos e modos verbais) (BRASIL, 2006, p.

Esta atividade facilita o entendimento do estudante que os mesmos temas podem ocorrer em qualquer época, a diferença está no modo como acontecem e nos atores do acontecimento. A seguir há uma atividade que possibilita comparar textos com o mesmo tema, relacionado a fato que aconteceram em épocas diferentes. Esse é um tipo de atividade que possibilita trabalhar a percepção de formas de escrita, mostrando questões que envolvem a ética e o modo de cada sociedade negociar com o criminoso, também que a criminalidade não é um problema social em outra época. Figura 17 – Texto Furtarão o anelão Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. Essa explicação dada ao estudante concebe que a comunicação ocorre através da língua e dos gestos, sendo a linguagem um caminho para o contato com os pensamentos e conhecimentos, sustentando as práticas sociais.

O fragmento de uma notícia trabalhada no livro, aparece com vistas trabalhar a polêmica e argumentos na defesa do ponto de vista. Não trata sobre formas e conceitos de gênero ou textuais. Vem apenas com a finalidade mencionada. Conforme as diretrizes do BNCC, trabalhar a notícia na sala de aula propicia: Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva. Entretanto, o professor precisa fazer um acompanhamento contínuo para mediar dando apoio relacionado ao assunto tratado, como também afastar situações de insatisfação, desmotivação e abandono das atividades para fazer outras coisas como, usar ambientes mais atraentes que o da sala de aula, como por exemplo, as redes sociais sem que tenha relação com a atividade que está em andamento.

A propósito a próxima atividade trata de um assunto muito polêmico que precisa da mediação do professor, pois o tema pode gerar grupos a favor e contra, sendo uma atividade para trabalhar a argumentação, desenvolvendo discussões entre opiniões contrárias. Figura 19 – Polêmica sobre Aborto Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. Este texto é uma notícia que por seu conteúdo pode motivar discussões polêmicas, sendo uma fonte importante para as práticas sociais. Nesse sentido, a BNCC destaca que os debates de questões polêmicas são de relevância social, por isso é importante analisar propostas diferentes, que possuam argumentos e opiniões manifestados, motivados por textos que permitam negociar, sustentar posições, formular propostas, intervir e tomar decisões que possam ser sustentadas de forma democrática e que tenham sustentabilidade, levando em conta o bem comum e os Direitos Humanos, em uma consciência socioambiental e o consumo responsável no espaço local, regional e global.

Vale ressaltar que o texto literário é composto de gênero discursivo. O que remete ao esquema que as autoras fizeram na página 15 do livro didático, apresentado no capítulo 6 dessa pesquisa, o gênero discursivo é um conjunto onde está contido o discurso literário. Esta atividade é muito importante porque orienta os estudantes para a realização de trabalhos em grupo, planejando cada passo que eles precisam seguir, facilitando o projeto final do livro, porque cada trabalho em grupo no final do capítulo, fica guardado para usar no final do ano, quando também se encerra o uso do livro. Figura 23 – Charge para a discussão 6 Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. Ao realizar uma atividade como essa, os estudantes exercitam todas as habilidades linguísticas e discursivas, consolidando o que foi aprendido no capítulo, sem a necessidade de memorizar.

Outros colegas do grupo que quiserem podem também explicar. Desse modo, atividade desse tipo é muito rica, pois o estudante pode aprender e praticar o que aprendeu em interação com seus pares e com a mediação do docente, em uma forma de aprender muito significativa. Por isso, foi relevante trazer essa atividade para essa tese, pois ela pode evocar reflexões a respeito do uso das atividades, entendendo que elas são postas por algum motivo, as autoras mostraram como os gêneros discursivos transitam em textos de qualquer área, inclusive de uma, cujos textos são de outro gênero como o literário. É importante deixar a contribuição de Costa Val para fundamentar o que foi dito aqui:. “antes de mais nada, um texto é uma unidade de linguagem em uso, cumprindo uma função identificável num dado jogo de atuação sócio comunicativa” (COSTAVAL, 2006, p.

Reflita sobre esse assunto, pensando em suas próprias experiências de leitura. Figura 27 – Sob o feitiço dos livros [. Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. A comparação de textos possibilita a percepção da diferença entre os gêneros que podem confundir o leitor. Mesmo que este não os produza, aprende a identificar a qual gênero o texto pertence. O exercício das atividades discursivas propicia a produção de sentidos, pois a linguagem constitui-se a capacidade humana de interação que permitem a prática discursiva nos meios sociais. A área da linguagem trata dos conhecimentos relativos à atuação dos sujeitos em práticas de linguagem, em variadas esferas da comunicação humana, das mais cotidianas às mais formais e elaboradas. Esses conhecimentos permitem mobilizar e ampliar recursos expressivos, para construir sentidos com o outro em diferentes campos de atuação.

Propiciam, ainda, compreender como o ser humano se constitui como sujeito e como age no mundo social em interações mediadas por palavras, imagens, sons, gestos e movimentos (BRASIL, 2015, p. Na perspectiva de Bakhtin (2002), é por meio da interação que o sujeito organiza seu discurso. No entanto, ensinar as questões que envolvem a configuração dos textos como coesão, coerência, informação, intertextualidade e muitas outras fórmulas de se produzir e interpretar textos não é o suficiente. É preciso que a escola instaure regularmente a prática uma prática real dessas questões que fazem parte dos textos orais ou escritos, “que circulam ou circularam em nossas atividades sociais” (ANTUNES, 2010, p. Para possibilitar isso, de acordo com Antunes (2004), o ensino da língua deve ir além da abordagem gramatical normativa, fazendo-me inferir que a escola sob responsabilidade do professor de português precisa despertar a visão crítica do estudante, e simultaneamente, dando a possibilidade de ele saber que há recursos linguísticos variáveis em decorrência do contexto em que são usados.

Quando a autora atribui essa responsabilidade ao professor de trabalhar o desenvolvimento de habilidades discursivas, ela questiona o ensino de frases soltas e fora contexto e defende que que é preciso estimular o estudante a refletir sobre a linguagem para uma educação linguística voltada para a leitura e escuta. Pensando nessas considerações da autora, entendo que as atividades de estrutura linguística, a atividade proposta cumpriu a função de contextualizar a gramática. As imagens estão presentes em todos os espaços sociais o tempo todo no cotidiano. As pessoas dizem um ditado popular que mostra como a imagem é importante: “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Uma das primeiras formas de o homem se comunicar ocorreu por meio das pinturas e desenhos rupestres criados nas pedras das cavernas.

Essas imagens são tão importantes que elas servem para estudos sobre a vida pré-histórica. Por isso, textos com imagem ajudam a contextualizar o assunto do texto, funcionando como pista para antever o assunto. A questão 1 pede ao estudante que reflita e responda qual é o assunto principal de cada um dos textos e deve justificar a resposta. Já na questão 2, explica que hoje em dia é muito comum os órgãos da mídia funcionarem como veículo de denúncia de problemas políticos em vários lugares do mundo e lança a pergunta: Você acredita que a literatura também possa exercer esse papel social no meio em que se insere, ou seja, que também possa ser uma forma de denúncia dos problemas de um país? Esta atividade leva em conta que o estudante nessa etapa já tenha conhecimento do que seja uma notícia e reforça a ideia do livro anterior sobre a possibilidade de as notícias provocarem a produção de textos de outros gêneros, como a crônica, por exemplo.

A atividade 2 trabalha a percepção da possibilidade de a literatura também incitarem a reflexão crítica da realidade, no tempo e lugar onde ela foi produzida, lembrando da ideia das condições de produção e os conhecimentos prévios do estudante. As notícias colocam em destaque um lugar, e dependendo do fato, esse destaque circula o mundo. Um exemplo disso é que, fiquei sabendo a respeito da cidade de Brumadinho através da notícia, a cidade que era desconhecida até por pessoas do país, hoje é conhecida no mundo inteiro, pena que isso aconteceu pela consequência de falhas. Figura 36 – Produção de Autoria Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. Segundo BAKHTIN os gêneros possuem riqueza e a diversidade discursiva que são infinitas, pois existe uma variedade virtual de interação humana que é inesgotável, em que casa esfera comporta grande repertório de gêneros discursivos que vão se transformando e ampliam-se com a própria modificação que em cada esfera se desenvolve, o que a torna ainda mis complexa.

Assim, é fundamental que, nas atividades da sala de aula, os estudantes sejam estimulados a não apenas ler e compreender os textos, mas a verificar quem os produz, para quem, com que finalidade. São as respostas a todas essas questões que contribuem para uma leitura mais produtiva (BAKHTIN, 2000, p. A produção de autoria consolida a aprendizagem da crônica, por meio de uma atividade que atribui significado ao texto criado. Após analisar o maior número possível de informações dessa seção, indique se ela é dirigida para conhecedores de ciência ou para o público leigo (não especializado no assunto). • Que elementos da página comprovam sua resposta? • Em sua opinião, há diferença entre escrever artigos de divulgação científica para cientistas e escrever textos de divulgação científica para pessoas que desconhecem o assunto? Se houver, qual seria essa diferença? Em seguida, chama a atenção do estudante para o próximo texto que é jornalístico de divulgação científica de Marcelo Gleiser, pedindo para o estudante fazer uma primeira leitura e identificar as características do leitor ao qual o texto se dirige e refletir sobre a forma como o autor organizou seu texto para alcançar o leitor: Figura 38 – O céu de Ulisses [.

Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. No que tange às atividades, a primeira solicita que o estudante compare o parágrafo inicial do texto de Gleiser com o fragmento da tese de Aquino. Nesta atividade o estudante tem a oportunidade de perceber os parágrafos em um texto de um modo instrumental, porque ele não escreve, apenas reconhece essa ferramenta que desenvolve a percepção dessa ferramenta muito importante para entender e produzir textos. As formas dessa autoria real podem ser muito diversas. Uma obra qualquer pode ser produto de um trabalho em equipe, pode ser interpretada como trabalho hereditário de várias gerações, etc. e apesar de tudo, sentimos nela uma vontade criativa única, uma posição determinada diante da qual se pode reagir dialogicamente. A reação dialógica personifica toda enunciação à qual ela reage (BAKHTIN, 2003, p.

Para Bakhtin a comunicação pode ser entendida como uma relação de alteridade, em que o “eu” só existe devido ao “tu” reconhecer isso, em quase todos os saberes que desenvolvem algum tipo de reflexão em que a teoria do conhecimento, pode ser vista através da noção de intertextualidade; da teoria do romance, do conceito de polifonia e da filosofia da linguagem, em uma dada enunciação. A notícia pode ser um dos gêneros que podem ser utilizados para isso. Os estudantes podem ser solicitados a pesquisar as notícias do momento. Segundo os PCNs, esses textos são utilizados para se contextualizar com o meio ou para simplesmente apreciar. A BNCC propõe ações pedagógicas que tratem das diferentes relações intertextuais com a mesma configuração formal similar, que circulem em um mesmo veículo ou em veículos diferentes, com um mesmo ponto de vista no tratamento relacionado a um mesmo tema (BRASIL, 2015).

O livro apresenta o texto jornalístico de divulgação científica mostrando que, embora seja semelhante à de expor os resultados de uma pesquisa, esses textos jornalísticos são produzidos em situações diferentes e com objetivos diferentes. É importante que o aluno questione a origem da informação que chega até ele e que conheça recursos dos quais pode lançar mão para qualificar esses dados, antes de aceitá-los como referência segura (BRASIL, 2015, p. Além desse cuidado com a linguagem, a estrutura do texto jornalístico de divulgação científica, é outro ponto que merece atenção. Em um conto, por exemplo, deixa a informação essencial para o final de uma estratégia interessante; já no texto de divulgação científica esse talvez não seja um dos melhores caminhos.

É necessário que se conquiste a atenção do leitor logo no início do texto e, para isso. o ideal é que o produtor comece com uma informação impactante (Paladar ou intestino? Ninguém merece!), que, nesse caso, é uma pergunta e uma exclamação que acabam chamando ainda mais atenção do leitor para a interlocução para o diálogo (CAMPOS; CARDOSO; ANDRADE, 2016, p. Além disso, considera a necessidade de promover a reflexão sobre língua e linguagem, introduzindo os conhecimentos linguísticos e literários como objetos de ensino-aprendizagem por meio do uso concreto, não somente como ferramentas para comunicar. Isso deve ser realizado por meio de uma sistematização progressiva através de conhecimentos metalinguísticos provenientes dessa reflexão. Nessa visão, favorecer a construção de uma representação da língua em uma contextualização seja da estética literária com o foco na brasileira (BRASIL, 2013).

O exposto mostra que o PNLD exige que os livros didáticos busquem desenvolver o processo de apropriação da linguagem escrita pelo estudante como práticas discursiva da oralidade, em uma variedade viável, por meio da compreensão e produção oral e escrita. Também, desenvolver no estudante a proficiência na língua-padrão, especialmente em sua modalidade escrita bem como em situações orais públicas em uso é socialmente necessário. O livro não trabalha definição de artigo, acredito que considerando que foi bem trabalhado no livro 1, mas acredito que deveria aparecer uma revisão. Por isso, aqui entra o trabalho do professor que precisa verificar se existem demandas para que ele mesmo revise. Esta atividade é muito significativa, porque trabalha com um tema que é de interesse dos adolescentes, pois há um contexto em que esses jovens podem se ver nele inseridos.

Além disso, a atividade possibilita que eles utilizem os vários gêneros textuais, inclusive os imagéticos. Figura 41 – Escolha de tema para agenda Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. Ele pode perceber que existe uma estrutura que ajuda a descobrir onde fica cada peça desse quebra-cabeças. Um leitor experiente pode perceber que onde fica cada parte apenas por ver o início do parágrafo, sem ter que lê-lo por completo. Ao ver a palavra “afinal’, ele sabe que o parágrafo 1 tem um marcador que indica finalização, o 2 também não pode ser o primeiro porque se inicia com um verbo que faz referência a algo que aconteceu antes. As autoras comentam essa atividade no Manual dos Professores: O que se pode afirmar com certa segurança é que a sequência dos enunciados num texto não pode ser aleatória do ponto de vista linguístico, discursivo ou cognitivo.

Isso equivale a dizer que, se, por um lado, as operações tipicamente linguísticas como a sintaxe, a morfologia e a fonologia são imprescindíveis e inevitáveis, a análise textual não deve parar nesses aspectos, pois até eles mesmos podem ser comandados por orientações discursivas, como no caso de muitas anáforas e até mesmo de ceras concordâncias sintáticas (CAMPOS; CARDOSO; ANDRADE, 2016, p. Ademais, há reflexões sobre a variação linguística, as temáticas, são sempre de interesse de jovens e a respeito da vivência deles em sociedade, sintonizando-os com os problemas sociais. As atividades de produção escrita são das tipologias textuais: narração, des­crição, exposição, argumentação e, no último capítulo do volume 3, associando produção dissertativa que se encontra entre expo­sição e argumentação, a fim de tratar da redação típica do ENEM.

No decorrer da coleção há vários gêneros propostos para análise e prática, tais como reportagem, biogra­fia conto, relatório, anúncio, notícia, reportagem, editorial e redação escolar (texto dissertativo-ar­gumentativo), entre outros. Figura 48 – Maior de 60 e economia Fonte: Campos, Cardoso e Andrade (2016, p. Primeiramente, o estudante toma conhecimento de qual é o tema de sua produção textual, em seguida é convidado a ler dois textos que estão completos no livro. Quem escreve pode deixar de colocar algum conectivo, artigo e mesmo palavras ou ainda, deixa em um texto formal uma palavra informal. Por essa razão faz-se necessário revisar a escrita, depois de terminar uma redação ou um trabalho menor ou maior. Por isso o estudante precisa saber que ele próprio precisa fazer uma revisão de seu texto antes de passá-lo para o leitor, no caso deles, o professor.

É preciso ajudar os estudantes “a internalizar que que a revisão textual é parte integrante do processo de produção” (BRANDÃO, 2007, p. RESULTADOS ENCONTRADOS Após apresentar os dados e analisá-los à luz da concepção de linguagem bakhtiniana e dos documentos oficiais que direcionam o currículo do EM, chequei a um resultado, levando em conta a problematização, as hipóteses e os objetivos geral e específicos que apresentei ao introduzir a tese. Os textos poéticos são os mais presentes na coleção devido ao conteúdo de literatura, sendo muito valorizados pela coleção e são usados, ora como literários ora texto textos para interpretação rotineira. Não escolhi trabalhar com eles porque seria necessário transitar pela literatura e delimitar a pesquisa dentro desse gênero, pois esses textos também transitam nas tipologias e minha preferência é mais voltada para os gêneros discursivos que possuem a natureza ativa e contemporânea.

Os objetivos específicos que elaborei para nortear a pesquisa foram fundamentais e permitiram meu entendimento de que a concretização destes objetivos se transformou também em resultado. Acredito que consegui alcançar todos esses objetivos com vistas a encontrar a resposta para o objeto de pesquisa, e como eles são muitos, torna-se mais viável enumerá-los: • Foi possível listar e apontar a incidência de gêneros orais com bastante recorrência na coleção. • As propostas para reflexão de gênero selecionado permitiram compreender que as modalidades de gênero oral e escrito foram tratadas com igualdade de importância. A leitura nessa concepção, implica na multiplicação de outras interações que ultrapassam os muros da escola, podendo ir além da realidade concreta, pois as interações podem ser virtuais, e para participar desta prática discursiva em um processo interativo, o sujeito vai produzir enunciados orais e escritos por meio dos gêneros discursivos que vão tomar formas diversas conforme o suporte.

Essa conclusão faz com que eu retome o livro didático que possui grande quantidade de gêneros discursivos. O livro didático possui uma autoria e que, se não bem elaborado e utilizado em um diálogo interativo entre autor e leitores que são os estudantes e os professores. A falta dessa interação com o livro, pode torná-lo em um guarda textos a espera de quem leia e não basta somente usar o livro como algo que se encerra nas paredes da sala de aula. O livro didático deve ser um pretexto para o estudante se apropriar dos conhecimentos e informações para que ele seja um sujeito dialógico, em seu meio social. Dessa forma, minha defesa afinal ficou assim: o livro didático tende a ser o melhor material que o professor possui à sua disposição para ensinar os gêneros discursivos, porque eles são organizados com uma sequência didática que delineia o trabalho pedagógico.

Acredito que para ensinar gênero é preciso de uma sequência didática para facilitar o processo de ensino-aprendizagem por alguns motivos. O livro garante espaço para trabalhar os gêneros transitando pelas estruturas linguísticas e pela literatura, se bem escolhido, ele é um planejamento que garante que o estudante seja exposto, no mínimo, a um currículo orientado pelos documentos oficiais sobre orientações curriculares, os PCNs, o BNCC e o PNLD. Ao realizar a pesquisa compreendi que o uso de gêneros discursivos em sala de aula não pode se efetivar de forma tradicional tão somente, como pretexto para leitura ou para a resolução de questões, muitas vezes, relacionadas à superfície textual. Faz-se necessária uma compreensão voltada para a inferência, estabelecendo analogias e outros tipos de associação na realização das práticas discursivas.

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