ASPECTOS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS RELACIONADOS À PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO E JEJUM: UMA REVISÃO DE LITERATURA
De modo geral, benefícios sobre a redução de gordura corporal e emagrecimento foram obtidos, especialmente por praticantes de jejum intermitente. Portanto, a prática combinada de atividade física em jejum compreende uma interessante temática em ascensão na contemporaneidade, em que a investigação acerca de um protocolo nutricional e esportivo, mais adequado ao perfil de cada indivíduo, representa uma abordagem bastante promissora sobre a potencialização dos resultados almejados. Palavras-chave: Alimentação. Emagrecimento. Esporte. Sport. Weight loss. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 5 2. METODOLOGIA 6 3. Assim, uma considerável parcela de indivíduos passou a buscar hábitos cotidianos mais saudáveis, incluindo alterações na alimentação e prática de atividades físicas. A partir de então, especialistas investigaram os efeitos e benefícios proporcionados pela realização de exercícios físicos sobre a saúde dos indivíduos praticantes (CLEMENTS et al.
Ip; Kirchhof, 2017). A prática de atividade física, assim, propicia inúmeros benefícios para a saúde da população em geral, representando uma considerável alternativa de melhoria da qualidade de vida. Quando aliada a prática de uma alimentação saudável, tais efeitos podem inclusive ser potencializados, sendo indicada para portadores de determinadas patologias crônicas contemporâneas, como a obesidade, síndrome metabólica e diabetes, por exemplo (FERREIRA; FERNANDES, 2009; SILVA; LIMA, 2002). Inicialmente, as publicações foram analisadas a partir dos respectivos título e resumo, de modo que aqueles trabalhos que divergiram do objetivo geral de pesquisa do presente trabalho foram excluídos da análise. Em seguida, cada publicação selecionada foi lida na íntegra e os relatos mais importantes foram apresentados nos tópicos a seguir.
DESENVOLVIMENTO 3. Panorama geral acerca das consequências da prática de jejum intermitente e atividade física A prática de atividade física tem sido demonstrada como bastante benéfica para a saúde global da população em geral, resultando em melhorias sobre o perfil glicêmico e lipídico, além de potencializar as capacidades cardiovasculares dos praticantes. Além disso, a associação da prática esportiva com hábitos alimentares saudáveis é responsável por consideráveis melhorias sobre tais resultados, sendo indicada para indivíduos de quaisquer faixas etárias, etnias e gêneros (FERREIRA; FERNANDES, 2009; SILVA; LIMA, 2002). Foi realizado, por conseguinte, um estudo de intervenção nutricional em 40 mulheres entre 21 e 47 anos, em um período de oito semanas. No trabalho, as autoras verificaram uma considerável perda de peso nas mulheres estudadas, tanto para participantes do grupo de dietas low carb quanto para participantes do grupo de jejum intermitente (VARGAS et al.
Entretanto, a partir da comparação de resultados entre os dois grupos, as mulheres praticantes de jejum intermitente obtiveram maior redução de circunferência de cintura e de percentual de gordura. As autoras atribuíram tais resultados ao fato de que o jejum intermitente proporcionou uma redução de apetite, ao passo que a dieta low carb implicou em um aumento na vontade de comer (VARGAS et al. No Brasil, a prática de jejum intermitente foi amplamente divulgada e destacada nos últimos anos, visto que resulta em rápidos e elevados índices de emagrecimento aos praticantes (MACHADO; SALOMON, 2018; VARGAS et al. A investigação acerca dos efeitos a longo prazo da realização de jejum intermitente, em combinação com a prática esportiva, também é constantemente destacada por especialistas.
Um dos protocolos de jejum intermitente mais empregados na contemporaneidade consiste na realização de duas refeições saudáveis ao longo do dia, jejuando-se nos demais intervalos (SILVA et al. VARGAS et al. Entretanto, estudos adicionais demonstraram nos últimos anos que a prática de atividade física em jejum é bastante benéfica, sendo prescrita inclusive por alguns profissionais em academias (PEREIRA et al. No estudo realizado por Bernardo (2017), foram avaliados frequentadores de uma academia no município de Florianópolis, praticantes da realização de exercício aeróbico em jejum. Outros relatos também alertaram acerca dos malefícios da adoção desenfreada de dietas da moda. Além da manifestação de prejuízos ao organismo, algumas alterações psicossociais também foram recentemente descritas. Estudos apontaram elevados índices de transtorno alimentar em indivíduos que adotam determinadas dietas, em que um acompanhamento de uma equipe profissional compreende uma etapa elementar para o sucesso dos resultados a serem alcançados (Costa, 2014; Souto; Ferro-Bucher, 2006).
Com relação aos cuidados necessárias à prática de jejum intermitente a longo prazo, Dantas (2017) afirmou que a realização de um planejamento adequado ao perfil e histórico clínico de cada paciente compreende uma medida desejável, minimizando potenciais prejuízos à saúde do indivíduo, sobretudo quando aliada ao exercício físico a longo prazo (DANTAS, 2017). Sendo assim, também foi reportado por diferentes estudos que a mídia exerce uma forte e impactante influência sobre os hábitos da população em geral, resultando em uma iminente ascensão nas taxas de adesão ao jejum intermitente. Como consequência. há também aumento na sensibilidade tecidual à ação da insulina, estímulo da lipólise e redução de pressão arterial (ANTON et al.
LONGO; MATTSON, 2014). Além disso, tanto o jejum quanto a atividade física induzem a uma maior secreção de insulina e de hormônio do crescimento. O hormônio do crescimento, também conhecido como GH, é fundamental para o metabolismo do fígado, uma vez que ativa uma série de cascatas e vias de sinalização relacionadas ao metabolismo hepático. Estudos atuais também detectaram que a combinação do exercício do jejum com a atividade física apresenta benefícios para a saúde cerebral, uma vez que afeta o gerenciamento do metabolismo energético e da plasticidade sináptica. Os mecanismos relacionados, por sua vez, envolvem vias de sinalização moleculares, com a participação do fator neurotrófico, derivado do cérebro, o qual compreende uma neurotrofina essencial na interface do metabolismo e da plasticidade (CHERIF et al.
Portanto, a prática combinada de atividade física em jejum pode se mostrar bastante vantajosa não somente para melhorias na saúde física do indivíduo, mas também sobre sua saúde mental (CHERIF et al. Cherif et al. salientaram que a restrição calórica deve ser diferenciada da prática de jejum, uma vez que podem resultar em efeitos contraditórios sobre o metabolismo de cada indivíduo. Sendo assim, a prática combinada de atividade física em jejum altera de modo considerável as vias de suprimento energético no organismo do indivíduo praticante, além de causar mudanças na saúde mental. Por isso, a avaliação dos efeitos a longo prazo é destacada por especialistas e compreende um relevante objeto de estudos futuros (MAUGHAN, 2010; MAUGHAN et al.
Desempenho esportivo em atletas praticantes de Ramadã A prática de jejum, também conhecida como restrição calórica, é considerada uma técnica milenar, a qual apresenta objetivos diversos, incluindo ainda a cura de doenças físicas e espirituais. Diante de tal perspectiva, as práticas mais antigas de jejum foram oriundas de religião, estendendo-se para os tempos atuais. Estudos evidenciaram, assim, os efeitos da prática de exercício físico por indivíduos praticantes do Ramadã islâmico, os quais devem jejuar desde o nascer até o período popularmente conhecido como pôr do sol (MACHADO; SALOMON, 2018; OPPERMANN, 2007). Ao avaliarem a influência do jejum do Ramadã no desempenho máximo de vinte homens jovens moderadamente treinados, usando vários testes de desempenho muscular, Bouhlel et al.
verificaram uma redução no poder anaeróbico máximo dos braços e pernas. Nesta perspectiva, os autores salientaram que os resultados sobre o desempenho esportivo foram minimizados em um momento inicial, sendo recuperados após a quarta semana de prática do Ramadã (BOUHLEL et al. Assim, observa-se que é necessário um período de adaptação fisiológica e metabólica do organismo ao novo protocolo de ingestão calórica. Tal fato pode ser justificado pela redução na ingestão total de energia durante o início do Ramadã, reduzindo os níveis de glicogênio intramuscular (ZARROUK et al. Deste modo, é possível ainda evitar-se os constantes relatos de fadiga muscular, reportados por atletas praticantes de Ramadã, reduzindo também os riscos de doenças e lesões subsequentes.
O momento e a intensidade do treinamento também podem exigir ajustes, a fim de se otimizar a resposta do treinamento, o qual pode variar entre esportes individuais. Neste sentido, a realização de treinamento no final do dia permite intervenções nutricionais após que promovam adaptações ao estímulo do treinamento, contribuindo para a recuperação e redução de danos musculares (Maughan et al. Em ambientes de maioria não muçulmana, especialmente em esportes coletivos, é recomendável também que treinadores e atletas sejam sensíveis às necessidades de seus companheiros de equipe que possam estar em jejum, em consequência à prática do Ramadã. Recomenda-se ainda que os organizadores do evento devem levar em consideração as necessidades dos atletas muçulmanos ao agendar as datas e horários das competições esportivas.
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