Abordagem Osteopática em neonatologia/ Revisão Bibliográfica
como requisito para obtenção de titulo de Especialista em Osteopatia Clínica. Orientadora: Prof. ª Ms. Nome completo CIDADE - ESTADO 2017 SOBRENOME, I. N. Contudo, ainda são poucos os estudos sobre sua eficácia, principalmente no Brasil. Esse trabalho se constitui de uma revisão de literatura que objetivou identificar estudos sobre a aplicação da abordagem osteopática em neonatos (prematuros ou não) e apresentar os resultados documentados nos estudos da revisão, fossem benéficos ou não. Os resultados mostraram que a osteopatia é um método emergente e complementar utilizado na neonatologia com obtenção de resultados positivos. De acordo com os resultados desta revisão, foi possível identificar que há eficácia clínica com aplicação de OMT para reduzir o tempo de permanência hospitalar e economizar nos custos de internação de recém-nascidos prematuros.
Quanto mais cedo há aplicação de OMT menor tenderá a ser a permanência hospitalar. The field of studies on osteopathy for neonates still lacks studies to increase the credibility of this type of treatment. Key words: Alternative and Complementary Medicine; Integrated Medicine; Neonatal Intensive Care Unit (NICU); Newborns; Osteopathic Manipulative Treatment (OMT). Introdução A Osteopatia é um método de tratamento manual e natural criado no fim do século XIX por Andrew Taylor Still, um médico norte-americano que acreditava que o bom equilíbrio das estruturas (osteon do grego ὀστέον = osso) era decisivo para evitar o aparecimento de disfunções e de doenças (pathos do grego -πάθὀσ = doença)1. A partir de então, a osteopatia evoluiu para abranger duas profissões distintas: osteopatas não médicos e médicos osteopatas.
Os primeiros geralmente são considerados praticantes da medicina alternativa, enquanto os médicos osteopatas existem apenas nos Estados Unidos, tendo o mesmo status, treinamento e regulação dos médicos convencionais2. No Brasil, a mortalidade neonatal responde por aproximadamente 70% das mortes no primeiro ano de vida, em face disso, o cuidado apropriado para o recém-nascido é um dos desafios enfrentados para reduzir os índices de mortalidade infantil11. O parto prematuro se apresenta como um dos principais determinantes das morbidades neonatais10, e os efeitos de nascimentos prematuros em longo prazo são frequentemente associados a complicações físicas e psicológicas, bem como a custos econômicos mais elevados12. Um dos principais fatores que contribuem para os custos é o tempo de permanência hospitalar. Quando o bebê nasce prematuramente o seu desenvolvimento é interrompido, requerendo a necessidade de tratá-lo em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-NEO).
Apesar da necessidade de ainda se utilizar as internações nas caras UTIs-NEO, as mudanças estruturais no sistema de saúde levaram à criação de diretrizes baseadas em evidências que reduzem a hospitalização e os óbitos dos prematuros13. Essas áreas são caracterizadas por um estado pró-inflamatório, além de terem o controle autônomo alterado. Embora amplamente aplicada no contexto dos cuidados de saúde, em particular, nos problemas musculoesqueléticos, poucos ensaios clínicos osteopáticos foram conduzidos para investigar o papel e o impacto do OMT no tratamento de neonatos prematuros17. Alguns estudos documentam os efeitos do OMT em pacientes pediátricos18-20, mas a literatura médica não possui informações sobre os benefícios potenciais do uso de OMT em neonatos prematuros13.
No contexto brasileiro, somente foi encontrada uma pesquisa com a temática em questão, que objetivou “desenvolver um protocolo osteopático de tratamento (POT) para refluxo gastroesofágico em bebês de zero a um ano de idade”21. Diante do que foi exposto, justifica-se o interesse e emergência de pesquisas que subsidiem o tratamento de neonatos com a aplicação de OMT. Não foram impostas restrições de data ou de idioma. Foram excluídos os estudos envolvendo o uso de osteopatia em conjunto com outros tratamentos. Estudos de manipulações quiropráticas também foram excluídos. FIGURA 1– Critérios da busca Fonte: elaborado pela autora. A busca inicial nas bases retornou 22 artigos no total, conforme dados do quadro a seguir, e foram excluídos os artigos em duplicidade ou que não fizessem parte dos objetivos da pesquisa.
As buscas incluíram estudos realizados até maio de 2015. Os resultados dessa meta-análise foram sintetizados 5 estudos envolvendo 1. bebês, que preencheram os critérios de inclusão25. Embora a heterogeneidade tenha sido moderada (I2 = 61%, p = 0,03), a meta-análise de todos os cinco estudos mostrou que os recém-nascidos prematuros tratados com OMT apresentaram redução significativa de tempo de permanência em 2,71 dias (ICi 95% –3. p<0,001). Os resultados medidos ao final do estudo incluíam a comparação do tempo de permanência e diferenças na perda ou ganho diário de peso entre os grupos de estudo e de controle. Os resultados mostraram uma associação significativa entre aplicação de OMT e redução do tempo de permanência. A redução no tempo de internação entre o grupo tratado foi altamente significativa em relação ao grupo de controle que recebeu os cuidados padrão (26,1 versus 31,3 dias), indicando que o OMT pode encurtar o período de hospitalização em quase seis dias, abrindo várias considerações para um prospecto de cuidados de saúde.
Mas OMT não foi associado a qualquer alteração no ganho de peso diário. Portanto, a conclusão desse estudo foi de que OMT pode reduzir o tempo de permanência, mas não influi no ganho de peso de bebês prematuros26. Em outro estudo que procurou verificar se o cuidado osteopático é eficaz para a redução do tempo de internação e se a aplicação do OMT na fase inicial de internação produz benefícios mais pronunciados, comparado à aplicação de OMT em fase moderadamente inicial ou tardia27. Um resultado secundário foi estimar a economia de custos hospitalares com a aplicação de OMT. A pesquisa foi realizada em uma amostra de 110 RN prematuros com 32 a 37 semanas de gestação que foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebeu OMT e o outro grupo teve os cuidados pediátricos habituais.
As definições para fase inicial, moderadamente inicial e tardia foram acima de 4, 9 e 14 dias a partir do nascimento, respectivamente para o grupo que recebeu o OMT. O tempo de permanência foi menor nos bebês que receberam OMT tardia (–2,03; IC 95%: –3,15, –0,91; p <0,01) do que nos bebês do grupo de controle. Com base nos resultados desse ensaio, não é possível recomendar técnicas de osteopatia visceral em bebês com muito baixo peso ao nascer28. Em contrapartida, a aplicação de OMT craniossacral parece ser segura em recém-nascidos prematuros, conforme a investigação sobre os efeitos neurológicos em curto prazo da terapia craniossacral como forma ideal de tratamento manipulador osteopático devido à estimulação cinestésica suave, aplicada em uma amostra de 30 bebês prematuros com idade gestacional entre 25 e 33 semanas29.
Esse estudo ocorreu com prematuros internados em uma UTI-NEO do Hospital Universitário de Graz, na Áustria. Foi realizado um estudo também aleatório com dois grupos: grupo de intervenção (GI) que recebeu terapia craniossacral padronizada ou o grupo de controle (GC) que recebeu os cuidados padrão de internação. Para garantir que apenas prematuros com neurodesenvolvimento normal subsequente fossem incluídos, o acompanhamento foi feito regularmente na idade corrigida durante dois anos, sendo que idade real foi contada em semanas menos as semanas de nascimento prematuro (12 e 24 meses). O caso relata sobre um recém-nascido com 12 dias de idade que tinha pé torto equinovaro congênito grave e recebeu tratamento ortopédico na Universidade de Chieti, na Itália. O cirurgião pediatra ortopedista aplicou duas séries individuais de moldes de pernas curtas, aos 12 e 20 dias de idade e o osteopata aplicou 4 sessões de técnicas de lançamento miofascial indiretas, sendo que no trigésimo-terceiro dia, o recém-nascido obteve uma correção completa da deformidade equinovara congênita dos pés e não houve a necessidade de aplicar uma terceira série de moldes.
Assim, os resultados deste relato de caso único criam um precedente interessante para considerar OMT em futuros ensaios clínicos31. O segundo relato de caso a entrar nesta revisão de literatura descreve o uso de OMT para ajudar a aliviar as dificuldades com a respiração, trava e amamentação em um recém-nascido de 15 dias com Pierre Robin sequence (PRS)32. A sequência de Pierre Robin (PRS) é uma combinação de micrognatia (deformação da mandíbula inferior, muito pequena e queixo recuado) e glossoptose (retração da língua) que leva a obstrução das vias aéreas, problemas de alimentação e outras sequelas que podem complicar o início da vida do bebê. Assim, o tratamento osteopático pode reduzir significativamente o número de dias de hospitalização ser rentável para uma grande quantidade de prematuros.
Também ficou evidente que quanto mais cedo há aplicação de OMT menor poderá ser permanência hospitalar em UTI-NEO. Também há uma redução geral no custo dos atendimentos. Mas a aplicação de OMT deve ser cautelosa e não produz nenhum efeito placebo em recém-nascidos, sendo necessário determinar com qual idade o efeito placebo é iniciado. Mas apesar dos resultados positivos encontrados nesta revisão, mais pesquisas são necessárias para definir possíveis limitações sobre o tipo de pacientes para os quais a medicina osteopática é apropriada e para determinar o cenário clínico e de pesquisa ideal para intervir no tratamento osteopático. Disponível em: <http://docgo. org/embed/a-cinesioterapia-atraves-da-tecnica-de-osteopatia>. Acesso em: 10 set. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Benchmarks for training in traditional / complementary and alternative medicine: benchmarks for training in osteopathy.
Journal of the American Osteopathic Association, v. n. p. –608, Oct. Disponível em: <http://jaoa. Disponível em: <http://jaoa. org/article. aspx?articleid=2538814>. Acesso em: 10 set. ALMEIDA, H. GABRIEL, A. Relações entre Clínica e Osteopatia. Revista Brasileira de Clínica Médica, v. p. Disponível em: <http://files. pdf? sfvrsn=2>. Acesso em: 10 set. WARD, R. C. et al. n. p. Disponível em: <http://doi. org/10. X-19-15>. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. CERRITELLI, F. et al. Effectiveness of osteopathic manipulative treatment in neonatal intensive care units: protocol for a multicentre randomised clinical trial.
BMJ Open, v. n. br/>. Acesso em: 10 set. BAKEWELL-SACHS, S. et al. Infant functional status: the timing of physiologic maturation of premature infants. Disponível em: <http://cbosteopatia. com. br/ blog/artigos-osteopatia/bebes-mais-saudaveis-com-a-osteopatia-pediatrica/>. Acesso em: 10 set. CERRITELLI, F. HAYDEN C. MULLINGER B. A preliminary assessment of the impact of cranial osteopathy for the relief of infantile colic. Complementary Therapies in Clinical Practice, v. n. Osteopathic Medicine and Primary Care, v. n. p. –4, July 2008. Disponível em: <http://doi. org/10. S001216220600003X>. Acesso em: 10 set. GEMELLI, M. Desenvolvimento e aplicação de um protocolo osteopático de tratamento para bebês com refluxo. –152, July 2013. Disponível em: <http://doi. org/10. peds. Acesso em: 10 set. jmpt. Acesso em: 10 set. CERRITELLI, F. et al. Osteopathic manipulative treatment and pain in preterms: study protocol for a randomised controlled trial.
Medicine, v. n. p. e6408–e6416, 2017. Disponível em: <http://dx. Disponível em: <http://dx. doi. org/ 10. Acesso em: 10 set. PIZZOLORUSSO, G. et al, A. Does visceral osteopathic treatment accelerate meconium passage in very low birth weight infants?- A prospective randomized controlled trial. PLoS ONE, v. n. p. n. p. BMC Complementary and Alternative Medicine. Disponível em: <http://dx. doi. doi. org/10. j. ctim. Acesso em: 10 set. jbmt. Acesso em: 10 set. SUMMERS, J. LUDWIG, J. KANZE, D.
1060 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto
Apenas no StudyBank
Modelo original
Para download
Documentos semelhantes