Uso racional de Medicamentos - Ênfase em Antibiótico

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Farmácia

Documento 1

Os métodos de pesquisa incluíram referências bibliográficas específicas na área de medicina e artigos de revista na área da saúde. Os resultados apontados trazem estatísticas preocupantes, pois pelo menos metade da população mundial pratica a automedicação e incentiva outros a fazer o mesmo; médicos nem sempre estão preparados e habilitados para praticar a prescrição correta e muitos estão desatualizados quanto aos medicamentos disponíveis; a propaganda se torna inimiga pois promove e incentiva o uso de medicações sem apresentar em momento algum informações sobre possíveis efeitos nocivos que o uso destes medicamentos podem causar. O uso racional de medicamentos é questão de saúde pública, devendo haver campanhas de conscientização com foco na população comum, mas visando alcançar também os profissionais da saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Antibióticos, uso racional, automedicação, prescrição correta, resistência bacteriana 1 INTRODUÇÃO O sucesso no tratamento de doenças depende de um ciclo de ações tais como a escolha do tratamento; seleção do medicamento, levando em consideração fatores como efetividade, segurança e custo deste medicamento; prescrição correta; a utilização adequada e responsável por parte do usuário; decisões clínicas estabelecidas pelos profissionais, para se mencionar alguns. A terapêutica medicamentosa exerce um papel essencial no âmbito preventivo, de recuperação e manutenção da saúde. PATRÍCIO E QUELUZ (2013, p. Chama atenção um fato que talvez passe despercebido, mas que constitui uma das maiores verdades: “o consumo é algo inerente ao homem, havendo uma relação entre as transformações da sociedade e o fenômeno de consumo, sendo que o medicamento não está desvinculado”.

AQUINO, 2008, p. Por esse motivo, é necessário que sejam realizadas campanhas de conscientização para a população e de informação e educação para os profissionais envolvidos na questão como médicos e farmacêuticos. Somente por meio de uma ação conjunta e comprometida por parte de usuários, prescritores, órgãos governamentais, distribuidores será possível uma mudança no cenário 2 OBJETIVOS O objetivo principal do trabalho é chamar atenção para a importância do uso racional de medicamentos, em especial dos antibióticos. Inserido nesse contexto, em complemento, está o medicamento a partir do momento em que está sendo pesquisado e desenvolvido, depois sua produção, seleção de eventual tratamento, acesso por parte dos pacientes, a adequada dispensação seguida do uso correto pelo usuário e a farmacovigilância.

PATRÍCIO E QUELUZ, 2013). É compreensível associar uso racional de medicamentos diretamente ao paciente ou usuário, pelo fato de que será ele, o usuário, quem irá por fim fazer uso do medicamento. No entanto, grande parte da responsabilidade recai sobre o médico que prescreve o medicamento. A esse profissional cabe selecionar o medicamento e a prescrição adequada e desta forma manter, estabilizar ou recuperar a saúde, tendo em mente eventuais problemas causados por medicamentos. PASTERNAK (2013). O mesmo autor ainda afirma a realidade da eficácia dos antibióticos nas seguintes palavras: seguramente nunca vamos ter um antibiótico que seja eficiente para sempre, já que as resistências ocorrem por mutações, e as bactérias têm a capacidade de se multiplicar muito rapidamente: uma E.

coli, a título de exemplo, multiplica-se em duas E. coli em aproximadamente dez minutos. Além disso, existem fenótipos de bactéria que são hipermutáveis e com o tempo suficiente e exposição ao medicamento, é inevitável que surjam cepas resistentes. Um erro muito comum quanto ao uso de antibióticos constitui-se que “o maior consumo de antibióticos orais ocorre, seguramente, em infecções de vias aéreas altas ou mesmo baixas, e estas são, na imensa maioria, de origem viral”. PASTERNACK, 2013, p. Isto posto, já é gerada uma discrepância, uma vez que antibióticos antibacterianos, como o próprio nome sugere, são remédios para treinamento de infecções bacterianas. Prescrição correta – determinante para uso racional de medicamentos O processo de uso racional de medicamentos envolve a prescrição, pois caso a mesma não seja feita corretamente esse processo é interrompido podendo acarretar em problemas graves aos pacientes culminando até mesmo na sua morte.

Prescrever pode ser definido como ordenar formalmente uma ação. A questão da segurança deve ser redobrada quando envolve grupos de pacientes de risco como crianças, gestantes, idosos, pacientes com insuficiência hepática, renal etc. • Conveniência: está relacionada à disponibilidade comercial do medicamento. Inclui também a posologia, que certamente irá incentivar a adesão do paciente ao tratamento. A título de exemplo, uma indicação via oral, uma vez por diz, é de longe mais conveniente do que de 6 em 6 horas ou via intramuscular. • Custo: a escolha entre medicamentos que tenham eficácia ou segurança semelhantes, deve acontecer em seleção daquele que tiver menos custo, independentemente se for aplicado no serviço público ou no privado. A situação é pior em países em desenvolvimento, com menos de 40% dos pacientes no setor público e menos de 30% no privado sendo tratados de acordo com diretrizes clínicas.

BRASIL, 2012, p. Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxicofarmacológicas (Sinitox) de 2009, 26,5% das intoxicações registradas no Brasil foram por medicamentos, contra 5,2% por agrotóxico agrícola e 2,8% por agrotóxico doméstico. Em relação aos óbitos por intoxicação humana, verificou-se que os índices mais altos foram de 42,1% por agrotóxicos de uso agrícola, 17,6% por medicamentos e 15,1% por drogas de abuso. Portanto, o uso indiscriminado, inadequado, inapropriado ou irracional dos medicamentos é a maior causa de intoxicação e a segunda maior de óbito por agentes tóxicos no país. Além disso, há uma facilidade muito grande em adquirir medicamentos sem a necessidade de pagar consulta e sem a necessidade de apresentar receita, pois muitas vezes o balconista da farmácia está mais impelido pelo ganho de uma comissão da venda do que em zelar pelo bem-estar do usuário, lamentavelmente.

AQUINO, 2008). Os próprios médicos também acabam, mesmo que talvez involuntariamente, contribuindo para o uso inadequado de medicação. Aquino (2008) confirma o fato de acordo com a seguinte consideração: Os médicos, muitas vezes, não têm acesso às informações completas a respeito da segurança dos fármacos. Parte deles seque conhecem o conjunto dos possíveis efeitos nocivos do que prescreve, ou não sabe identificar nem prevenir corretamente combinações perigosas entre as substâncias farmacológicas. As pessoas se automedicam também usando sobras de prescrições anteriores ou reutilizando receitas antigas. A automedicação existe também mesmo quando há prescrição correta, a partir do momento que o paciente/usuário descontinua o tratamento, interrompendo precocemente ou quando prolonga o tempo de tratamento.

Alguns incentivos para a prática da automedicação são o fato do usuário ter familiaridade com o medicamento por experiências anteriores positivas, ter medicamentos armazenados em casa, o difícil acesso aos serviços de saúde onde o usuário precisa esperar horas em uma fila para ser atendido ou até mesmo dias e meses para que consiga se consultar com o médico, a prescrição ou orientação de pessoas não habilitadas como por exemplo balconistas de farmácia. VERNIZI, 2016). A própria cultura do brasileiro contribui para a automedicação, uma vez que o usuário sai insatisfeito com o atendimento médico que não resulta em prescrição. Ainda segundo Aquino (2008, p. “pelo menos 35% dos medicamentos adquiridos no Brasil são feitos através da automedicação”.

As estatísticas comprovam que o problema da automedicação é mais grave do que aparentemente parece. Conceituando uso irracional de medicamentos no âmbito antibióticos Antibióticos são substâncias naturais que agem sobre microrganismos, de forma a inibir seu crescimento ou causar sua destruição. Existem fatores facilitadores para o uso inadequado de antibióticos, especificamente, que contribuem de forma direta ou indireta para essa prática. “Os hospitais gastam de 15 a 20% de seus orçamentos para lidar com as complicações causadas pelo mau uso de medicamentos”. AQUINO, 2008, p. Outras consequências envolvem falta de eficácia do medicamento, efeitos indesejáveis, o problema de saúde ficar ainda mais grave, a melhora de um problema implicando no surgimento de outro, a possibilidade de mascarar ou retardar um diagnóstico, pois o paciente não tem hábito de mencionar a prática de se automedicar durante a consulta médica.

Alguns antibióticos têm efeitos colaterais potenciais como febre originada por reações, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia quando o uso for oral e pode provocar flebite quando usados de forma endovenosa. AQUINO, 2008). Esse contraste é apresentado nas palavras de Dias e Monteiro (2010): A emergência de bactérias patogênicas resistentes aos antibióticos existe praticamente desde o início da utilização maciça dos antibióticos e outros antimicrobianos veio revolucionar o tratamento de doenças infecciosas, permitindo a melhoria geral da saúde das populações, com uma redução dramática da morbidade e mortalidade. Na atualidade, contudo, assiste-se um decréscimo da eficácia de drogas outrora muito potentes, com reaparecimento de microrganismos resistente a todos os fármacos disponíveis, aumentando o risco de regressão a era pré-antibiótico, em que muitas pessoas morriam por infecções não tratáveis.

DIAS E MONTEIRO, 2010, p. A resistência bacteriana é um assunto extremamente relevante mundialmente falando, tanto que desde 2001, a União Europeia publica recomendações onde são reunidas medidas estratégicas para adoção por parte dos estados membros visando combater a resistência bacteriana. Para tanto, é enfatizada áreas de intervenção, a saber, sistemas de vigilância epidemiológico, prevenção da infecção, otimização do uso de antibióticos, investigação e desenvolvimento de novos fármacos e cooperação internacional. Focando nas ações governamentais é possível identificar programas que refletem a preocupação com o grave problema de uso irracional de medicamentos. O Ministério da Saúde do Brasil criou o Comitê Nacional para Promoção do uso racional de medicamentos por meio da portaria 427/07, atendendo recomendação da OMS.

As ações deste Comitê incluem desenvolver estratégias para ampliar o acesso da população à assistência farmacêutica e melhorar qualidade e segurança ao fazer uso dos medicamentos. BARBOSA E LATINI, 2014). O autor Barbosa e Latini (2014, p. Fatores que contribuem para a prática da automedicação podem estar relacionados com a dificuldade que os indivíduos encontram em conseguir se consultar com um médico, devido a filas de espera que podem durar horas, dias e até mesmo meses. A facilidade em adquirir medicamentos, incluindo antibióticos, sem receituário também contribui para a automedicação, além de sobras de remédios de tratamentos anteriores que muitas pessoas repetem somente pelo fato de terem sido bem-sucedidos anteriormente. Consequências desta prática podem ser efeitos colaterais, ineficiência no tratamento de doenças e o surgimento de bactérias resistentes, que obrigarão posteriormente, uso de antibióticos ainda mais fortes e onerosos.

É muito difícil mudar essa prática pelo fato de ser uma questão cultural. A população tem o hábito de se automedicar. BARBOSA, Luciana Araújo; LATINI, Ricardo Oliveira. Resistência bacteriana decorrente do uso abusivo de antibióticos: informações relevantes para elaboração de programas educativos voltados para profissionais da saúde e para a comunidade, 2010. Disponível em: <http://www3. izabelahendrix. edu. DIAS E MONTEIRO. Antibióticos e resistência bacteriana, velhas questões, novos desafios. Disponível em: <http://www. ceatenf. ufc. br/index. php/contextoesaude/article/viewFile/1471/1225> Acesso em: 26 outubro 2017. MOTA et al. Uso racional de antimicrobianos. Medicina, v. Prescrição médica racional. PROTERAPÊUTICA, vol. Porto Alegre: Panamericana, 2013. SILVA, Lisiane Lange; VERNIZI, Marcela Duarte. A prática de automedicação em adultos e idosos: uma revisão de literatura.

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