O USO DO CANABIDIOL COMO TRATAMENTO TERAPEUTICO PARA PACIENTES COM EPILEPSIA REFRATÁRIA

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Farmácia

Documento 1

Examinador Prof. Nota final RESUMO Os dados apresentados nesta revisão bibliográfica propõemdiscorrer o perfil terapêutico do canabidiol (CBD), o principal componente não psicoativo da planta Cannabis sativa (maconha) no tratamento dos transtornos psíquicos, em especial nas epilepsias refratárias. As informações coletadas para composição desta revisão bibliográfica trata-se de uma revisão da literatura, exploratória, de aspecto qualitativo, que provêm de artigos, revistas e livros. No Brasil, através da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) ocorre a importação dos extratos de canabidiol produzidos por indústrias farmacêuticas internacionais, entretanto, o processo é burocrático. A prescrição de medicamentos à base de cannabis e seus derivados para o uso antiepiléptico tem demonstrando grande efetividade e observou-se que os efeitos desse fitoterápico como droga antiepilética para pacientes que sofrem com severas crises convulsivas apresentaram resultados positivos ao diminuir a frequência das crises de modo geral.

Página 16 Figura 4: Estrutura química de quatro canabinóides encontrados na Cannabis Sativa. Página 22 Tabela 1: Principais substâncias presentes na maconha. Página 21 Tabela 2: Resumo de estudos sobre a eficácia terapêutica do extrato de Cannabis sativa e/ou canabinoides em humanos. Fonte: Seibel, et al, 2017. Página 24 e 25 Tabela 3: Canabinoides derivados da Cannabis e produtos sintéticos disponiveis para o uso medicinal Fonte: Carvalho, et al, 2017. CONSUMO ILÍCITO 13 5. LEGISLAÇÃO 14 5. DIAGNÓSTICO CLÍNICO 16 5. TRATAMENTOS CONVENCIONAIS PARA EPILEPSIA 17 E SEUS EFEITOS ADVERSOS 5. FENITOÍNA 17 5. Com os estudos avançados da neurofisiologia, definiu-se a epilepsia como um conjunto de sinais e sintomas decorrente de uma desordem no cérebro, concluindo que há uma hiperexcitabilidade das células no sistema nervoso central emitindo sinais indevidos, gerando manifestações clínicas, ou seja, as crises epiléticas (CE), podendo restringir-se a um local ou se expandir no sistema nervoso.

FERNANDES et al. Durante as CEs, o indivíduo pode ter distúrbios clínicos, disfunções de alguns neurônios, crises convulsivas (CV) e de ausência. Todos os sintomas são transitórios porque dependem da localidade em que ocorre no sistema nervoso, podendo ser prejudiciais à memória, às funções sensoriais e motoras, além da possibilidade de levar o indivíduo a óbito. FISHE et al. A escolha varia de acordo com o tipo de crise, frequência em que ocorre e estilo de vida do paciente, entretanto, seus efeitos adversos variam entre sonolência, náuseas, vômitos, tonturas, aumento da secreção brônquica. Em muitos casos, pacientes epiléticos não respondem positivamente sendo resistentes aos medicamentos convencionais e tem como alternativa o uso do Canabidiol (CBD).

ABE, 2017). No Brasil, a planta Cannabis sativa é popularmente conhecida como Maconha e tem liberação para o uso terapêutico no país para tratamento da epilepsia, enquanto na China, a planta é usada para diversos tratamentos médicos como malária e tuberculose, e na Índia, a administração é para fins hipnóticos e ansiolíticos. MATOS et al, 2017). OBJETIVO 3. OBJETIVO GERAL Obter a partir da literatura estudos que comprovem a eficácia do uso do canabidiol por pacientes que são refratários a medicamentos tradicionais usados para crises epiléticas. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Discorrer o potencial de ação do Arbusto dioico Cannabis sativa; • Aludir ao consumo ilícito do canabidiol; • Informar a legalização do Canabidiol no Brasil; • Demonstrar o diagnóstico Clínico; • Informar os tipos de tratamentos convencionais e seus efeitos adversos • Descrever o potencial terapêutico do Canabidiol como anticonvulsivante 4.

METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste estudo de base bibliográfica, foi realizada uma busca de artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado publicadas sem um período de tempo pré-determinado. Foram utilizadas as bases de dados Periódicos capes, Google Acadêmico e PubMed utilizando nas buscas as palavras chaves “cannabidiol”, “Canabinóide”, “Maconha”, “Canabidiol”, “Tetraidrocanabinol” “epilepsia”, “eplesy”, “Cannabis sativa” e “crises convulsivas”. Apesar da Cannabis sativa ser um dos nomes mais conhecidos, outros nomes também são atribuídos tais como marijuana, hashish, charas, bhang, ganja e sinsemila. No Brasil, o nome mais utilizado é maconha para todos os preparados da Cannabis sativa. HONÓRIO et al 2006) O principal constituinte psicotrópico ativo da cannabis, o D 9- tetra-hidrocanabinol (D 9-THC), após ser isolado, foi identificado e sintetizado na década de 1960.

Os receptores canabioides no cérebro foram descritos e clonados e os canabioides endógenos foram isolados e identificados. Apesar do D 9- THC ser aceito como o principal fator responsável pelos efeitos da cannabis, o canabidiol é um dos componentes que mais influenciam em sua atividade farmacológica. A viabilidade da legalização e descriminalização da maconha vem sendo uma discussão social e econômica devido ao narcotráfico. Ainda que seja ilegal, seu consumo é de fácil acesso principalmente para uso recreativo. Contudo foram criadas leis a fim de contê-las, tornando questionável sua liberação devido ao comércio. Observou-se também os aspectos positivos que a legalização da maconha engloba, tais como, diminuição do tráfico, arrecadação de impostos e saúde pública.

ARAÚJO, et al, 2014) O crescente consumo e o tráfico de drogas, especialmente da maconha, demonstram que o atual modelo de combate às drogas não tem funcionado da maneira prevista no Brasil (CARVALHO, 2007). ANVISA, 2019) Não há especialidade médica exigida pela ANVISA para a prescrição do CBD, entretanto a prescrição pelo médico deverá ser realizada com base no quadro clinico do paciente e após ter testado os tratamentos convencionais. Além da receita prescrita, também é obrigatória a apresentação do laudo médico à ANVISA. ANVISA, 2019) O paciente ou o responsável por ele deverá efetuar um cadastro através do Portal de Serviços do Governo Federal, onde será preenchido um formulário de solicitação e anexado alguns documentos, tais como, receita médica, laudo médico e declaração de responsabilidade.

Este cadastro terá o prazo de um ano. ANVISA, 2019) Após a análise do pedido, há uma emissão de autorização feita pela ANVISA para que o paciente possa fazer a importação de produtos a base de canabidiol. A história clínica talvez seja uma das mais importantes, principalmente quando contada por alguém que tenha testemunhado. TELLES, et al, 2016, PORTARIA Nº 1. DIA 25 DE NOVEMBRO, 2013) Após a alteração de consciência, algumas características que podem ser observadas e potencializar o diagnóstico da epilepsia são: • Contração da musculatura; • Postura incomum do tronco ou membros durante as crises; • Presença de língua mordida; • Perda de consciência; • Mastigação repetitiva e deglutição; • Distúrbio mental após a crise; As convulsões podem ser causadas por febre alta, álcool, crise de abstinência por drogas ou baixa taxa de açúcar no sangue.

Nem toda crise de convulsão é causada por epilepsia, mas é fundamental o diagnóstico após avaliar as conexões normais entre as células nervosas do cérebro, afinal, a partir de duas ou mais convulsões recorrentes podem ser consideradas crises epilépticas. TELLES, et al, 2016) 5. DE 25 DE NOVEMBRO DE 2013) A toxicidade é considerada a partir da concentração de 20mg/ml no plasma (FIRMINO, 2007). Fenobarbital O Fenobarbital é um medicamento antiepilético da classe dos barbitúricos, apresenta longa duração e é efetivo contra a maioria das crises epiléticas, exceto a generalizada e a primária não convulsiva (GOMES, et al, 2011). Este fármaco é um dos mais consumidos devido ao seu baixo custo. Ele é responsável por potencializar a via GABA (gama-aminobutírico) nas sinapses e também por antagonizar a via glutamatérgica, atuando como depressor do Sistema Nervoso Central (SNC).

OLIVEIRA, et al, 2018). Esse fármaco também atua limitando, de maneira sustentada e repetitiva, o disparo neuronal, através dos canais de sódio voltagem-dependente, ou seja, impede a geração de surtos do potencial de ação que constitui o substrato microfisiológico do neurônio epiléptico (GOMES, et al, 2011). Cefaleia, tonteira, sonolência, alopécia, náuseas, vômitos estão dentro de uma enorme lista de reações adversas. Não há necessidade de correção da dose em adultos com doença renal crônica nem insuficiência hepática, mas é necessário observar as condições do nível sérico livre. Ácido Valpróico é considerada uma droga teratogência não sendo recomendado o uso na gravidez. PORTARIA Nº 1. Observou-se sua eficácia também em monoterapia e nas crises tônico-clônicas.

A droga age por múltiplos mecanismos, redução da atividade excitatória do glutamato pelo seu agonista NMDA (N-metil D-Aspartato), potencialização da ação do GABA- mediada com desempenho sobre receptores GABA, e bloqueio dos canais de sódio. Os efeitos colaterais são tontura, nervosismo, distúrbios cognitivos, ataxia, depressão, diarreia, glaucoma, perda de apetite e peso, parestesias e desenvolvimento de litíase renal. MARCUS, et al, 2008) Este fármaco é bem absorvido e minimamente ligado às proteínas plasmáticas. É parcialmente metabolizado no fígado, e cerca de 60% da dose são excretados de forma inalterada na urina. O objetivo do tratamento farmacológico tradicional é interromper as crises convulsivas após a medicação, entretanto, o tratamento pode ser ineficaz até 30% dos pacientes. Em virtude disso, a busca cientifica em desenvolver novos fármacos anticonvulsivantes com um perfil de segurança favorável destinados a pacientes refratários alavancou, entre eles, o canabidiol tornou-se a substancia mais estudada, tendo como uma das principais vantagens a ausência de efeitos psicotomiméticos.

CARVALHO et al, 2017) O canabidiol apresenta outros efeitos além de anticonvulsivantes, podendo ser utilizado também como redutor de efeitos adversos causados pelas drogas anticonvulsivantes, tais quais melhoria do sono, do comportamento, de funções cognitivas e do desenvolvimento. CARVALHO, et al, 2017) Fitocanabinoides, endocanabinoides e canabinoides sintéticos representam as três classes de canabinoides. Os fitocanabinoides são compostos terpenoides lipofílicos derivados do resorcinol, que apesar de terem as estruturas diferentes, são farmacologicamente semelhantes aos ligantes endógenos (endocanabinoides) e canabinoides sintéticos. CARVALHO, et al, 2017) Os receptores ativados pelo delta novetetraidrocanabinol ((Δ9 -THC) são classificados como canabinóides do tipo 1 (CB1) e canabinóides do tipo 2 (CB2). OLIVEIRA, et al, 2016). Ambos são acoplados à proteína G inibitória (proteína Gi) que inibem atividade da adenilatociclase reduzindo os níveis de AMP cíclico.

CARVALHO, et al, 2017). Os receptores CB1 encontram-se em abundância no SNC, como, hipotálamo, córtex cerebral, núcleos da base, amigdalas, cérebro e medula dorsal. Através da Tabela 2, foi possível analisar que o tratamento com o canabidiol puro pode levar uma redução terapêutica significativa na frequência de crises e demonstra muita segurança em pacientes com epilepsia refratária. Assim, poderia ser eficaz em uma variedade de síndromes epiléticas e pode ser menos tóxico que os antiepiléticos de primeira escolha. SEIBEL et al, 2017). PRODUTOS SINTÉTICOS DERIVADOS DA CANNABIS DISPONÍVEIS PARA O USO MEDICINAL Tabela 3: Canabinoides derivados da Cannabis e produtos sintéticos disponiveis para o uso medicinal Fonte: Carvalho, et al, 2017. Os medicamentos expostos acima são os principais encontrados na literatura.

ANVISA, 2019) Em 20 de Fereveiro de 2020 foi publicada pelo Diário Oficial da União a Resolução Nº 680/2020 que regulamenta a atuação do Farmacêutico em medicamentos e produtos à base de Cannabis. Nesta resolução diz que compete ao Farmacêutico a assistência farmacêutica, entendida como o conjunto de ações e de serviços que visem a assegurar a assistência terapêutica integral e a promoção, a proteção e a recuperação da saúde do paciente; no Brasil e no mundo, tornando-se o profissional qualificado para a dispensação de medicamentos ou produtos à base de Cannabis. O Farmacêutico no ato da dispensação destes medicamentos e produtos, deverá avaliar a prescrição e informar, por escrito ou verbalmente, ao paciente e/ou a seu cuidador, sobre sua utilização racional garantindo assim a etapa de monitoramneto do paciente.

Diário Oficial da União, 2020) 6. CONCLUSÃO A presente revisão demonstra a aplicabilidade do CBD do tratamento da epilepsia refratária, que com base nesse estudo realizado, é possível visualizar que este assunto tem ganhado uma grande importância perante a mídia e a legislação brasileira. nih. gov/pmc/articles/PMC6708987/>Acesso: julho a setembro. ARAÚJO, T. Almanaque das Drogas. São Paulo: Leya, 2014. ARAÚJO, Eni Gomes. et al. Epilepsia e anestesia. Rev. Bras. Disponível em <https://panoramafarmaceutico. com. br/2019/07/19/brasil-deu-primeiro-passo-para-regulamentar-maconha-medicinal-e-agora>Acesso em nov. de 2019. BRASIL. in. gov. br/web/dou/-/resolucao-n-680-de-20-fevereiro-de-2020-244862974> Acesso: Outubro e Novembro. BRASIL. Lei. Resolução da Diretoria Colegiada -RDC, Nº 327, de 9 de dezembro de 2019. Disponível em<http://portal. anvisa. gov. br/documents/10181/5533192/RDC_327_2019_. Portal Anvisa. Anvisa libera prescrição de maconha medicinal.

Disponível em <https://ultimosegundo. ig. com. gov. br%2Fresultado-de-busca%3Fp_p_id%3D3%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-1%26p_p_col_count%3D1%26_3_groupId%3D0%26_3_keywords%3Dcanabidiol%26_3_cur%3D1%26_3_struts_action%3D%252Fsearch%252Fsearch%26_3_format%3D%26_3_formDate%3D1441824476958&inheritRedirect=true> Acesso em 09 de maio de 2020. BRASIL. Portaria SAS/MS nº 1319, de 25 de novembro de 2013. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. FIGUEIREDO, N. V. Uso de canabióides na dor crônica e em cuidados paliativos. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. n. av. vol. no. São Paulo, 2013. Diponível em: <http://www. FISHER, Robert S. et al. Relato oficial da ILAE: Uma definição prática de epilepsia.  Epilepsia, v. n. n. p. LIMA, Thais Paula Silva; OLIVEIRA, Kauanna Lamartine Brasil.

Cannabis Sativa: Potencial Terapêutico. páginas. n. p. MARCÃO, R. Tóxicos: Lei. de 23 de agosto de 2006. org. br/imagebank/pdf/v9n2a24. pdf> Acesso: 18 nov. OLIVEIRA, Marinaldo Correia Barbosa de. Et al, 2018. n. Disponível em <http://revista. uninga. br/index. php/uningareviews/article/view/1609> Acesso: 29 de mar. SILVA, Alexandre Valotta da; CABRAL, Francisco Romero. Ictogênese, epileptogênese e mecanismo de ação das drogas na profilaxia e tratamento da epilepsia.  JournalofEpilepsyandClinicalNeurophysiology, v. p. Disponível em: <http://www. pdf >Acesso: 18 nov. SOUZA, Yago Pereira. Sínteses e Aplicações Recentes do ∆ 9 -Tetraidrocanabinol (THC) e seus Derivados em Química Medicinal, 2017, 28 páginas. Universidade Federal de São João del-Rei, 2017. Acesso: 09 de maio, 2020. SURGES, R. O’BRIEN, TJ. SANDER, JW, January 24, 2019. Epilepsy in adults. The Lancet. br/tratamento> Acesso: 18 nov.

TUDO sobre epilepsia. Epilepsia. Disponível em:<http://epilepsia. org. n. p. Disponível em http://www. scielo. br/scielo.

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