Saúde Mental nas Organizações
Tipo de documento:TCC
Área de estudo:Gestão de crédito
Palavras chave: Saúde mental. Gestão de pessoas. Adoecimento no trabalho. Sofrimento no trabalho. INTRODUÇÃO O trabalho é uma categoria que emerge como condição fundamental da vida humana em sociedade. Portanto, o trabalho pode ser fonte para o surgimento e intensificação do sofrimento psíquico vivenciado. Isso afeta as próprias relações de trabalho e também outras esferas da vida do sujeito. Então, torna-se válido refletir que a relação com o trabalho atua ativamente na esfera psíquica e trás consequências para a vida do sujeito. Diante disso, destaca-se a importância e relevância da pesquisa desenvolvida a fim de delimitar as principais problemáticas que podem ser vivenciadas na relação trabalhador-organização a fim de auxiliar no desenvolvimento de intervenções que impactem a vida do trabalhador e ampliem as possibilidades de qualidade de vida no trabalho.
Outro aspecto importante da presente pesquisa é a síntese de achados a respeito do tema nas publicações nacionais dos últimos anos, possibilitando repensar a realidade do trabalhador brasileiro. Na idade média, com o sistema feudal, o trabalho passou a ser descrito como salvação e martírio. A partir desse momento, iniciou-se um paradigma de negação do ócio (ANTUNES, 2005). No Renascimento, a ideia de trabalho passou a se vincular a libertação e domínio da natureza. A modernidade chegou em conjunto com uma sociedade do trabalho, que se balizava pelas relações de trabalho estabelecidas (ORNELLAS; MONTEIRO, 2006). A primeira Revolução Industrial acentuou o desenvolvimento e originou novas relações de trabalho em torno do sistema fabril. O capitalismo pós-industrial também se caracteriza pelo crescimento do setor terciário e globalização da economia.
A sociedade atual fortalece valores como flexibilidade e fomenta o individualismo. Portanto, a contradição se faz presente quando o discurso da qualidade de vida emerge ao mesmo tempo em que há uma ascensão da exploração, precarização do trabalho e redução de direitos (SPARTA, 2003). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a incidência de transtornos mentais entre trabalhadores chega a ser de 40%. O afastamento do trabalho por motivos vinculados a saúde mental tem crescido no Brasil, sendo atualmente o terceiro principal motivo que faz o trabalhador se afastar de seu emprego. A prática da Psicologia Organizacional tem como objetivo a promoção da saúde do trabalhador e de benefícios para a empresa a partir da aplicação do conhecimento oriundo da ciência psicológica (Garcia, Valedhita & Jover, 2003).
Por muito tempo houve um enfoque no aumento da produtividade no ambiente de trabalho, além do processo de recrutamento e seleção. O aspecto relacional era pouco considerado até que emerge uma visão de homem voltada para aspectos psicossociológicos, o que origina uma nova forma de intervenção que passa a objetivar a melhoria nas relações de trabalho (Campos, 2008). Na atualidade, busca-se mesclar a atuação tradicional da Psicologia Organizacional com uma visão amplificada originária da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT). Essa perspectiva é recente na realidade brasileira, surgindo a partir da década de 70 e 80 e promoveu a inclusão de temas como saúde do trabalhador e qualidade de vida (Campos, 2011) 2. Critério de inclusão e exclusão Os critérios de inclusão serão: 1) Tratar de pesquisas com foco em saúde mental do trabalhador 2) Abordar o papel da psicologia organizacional 3) Ser artigo ou resumo expandido 4) Serem artigos publicados em língua portuguesa que tratem da realidade brasileira Os critérios de exclusão serão: 1) Abordar outros temas relacionados ao mundo do trabalho que não tenha relação com saúde mental do trabalhador 2) Ser capítulos de livros, teses ou dissertações 3) Não ter resumo ou artigo completo disponível na base de dados utilizada para a pesquisa.
Instrumentos Trata-se de uma pesquisa teórica que tem a finalidade de realizar uma revisão de literatura. Dessa forma, serão realizados fichamentos dos artigos a fim de extrair as principais ideias para que ao final cada artigo selecionado seja compreendido na sua ideia principal e eles possam ser comparados entre si. Quando os artigos estiverem aglomerados será possível observar as complementaridades entre eles e as discordâncias, tornando a contribuição para a temática em questão mais robusta. Procedimentos de coleta de dados Os descritores utilizados serão “saúde mental” e “psicologia organizacional”. al. Relaciona as condições de trabalho de dois hospitais universitários e saúde psíquica 8 (LAGE; BARROS, 2017) Investiga as condições de trabalho de músicos profissionais 9 (HALPERN; LEITE, 2013) Relação entre as condições de trabalho de marinheiros e o desenvolvimento de alcoolismo 10 (SILVA et.
al. Investiga a presença de síndrome de burnout em profissionais da rede de atenção primária à saúde 11 (BEZERRA et. al. Tais fatores contribuem para o processo de adoecimento psíquico. Entretanto, o artigo em questão não discute alternativas ou a possibilidade de intervenção da psicologia (ZILIOTTO; OLIVEIRA, 2014). O artigo 2 versa sobre a atuação de profissionais de saúde em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Observou-se que algumas atividades eram consideradas como fontes de prazer, tais como visitas domiciliares e outras atuações que permitiam maior liberdade e criatividade. Verificou-se também um clima de solidariedade e companheirismo entre os membros da equipe (AZEVEDO; FIGUEIREDO, 2015). Atualmente, a globalização e as renovações tecnológicas levam a uma maior instabilidade ao trabalhador que se vê um contexto de precarização, maior competitividade e acúmulo de funções.
Portanto, o bancário sofre com pressões por metas, aceleração do ritmo de trabalho e esgotamento físico e mental (MARQUES; GIONGO, 2016). O artigo 4 discute a relação entre trabalho e loucura. Compreende-se que ambos são eixos na vida humana, sendo que o trabalho é valorizado socialmente e a loucura é vista como algo que precisa ser evitado. Entretanto, o trabalho pode gerar a “loucura” e a “loucura” pode ser emancipada e ressignificada pela via do trabalho (AFONSO, 2013). Foram utilizados questionários, inventários e escalas para avaliar a incidência de burnout na amostra pesquisada (ANDRADE et. al. A área hospitalar já foi amplamente estudada pela perspectiva da saúde do trabalhador, tendo em vista que a exposição a situações de sofrimento, morte e impotência podem ocasionar sofrimento ao trabalhador.
Além disso, as longas jornadas de trabalho e a sobreposição de turnos são fatores que contribuem para o surgimento do Burnout (ANDRADE et. al. al. O artigo 8 realizou uma pesquisa qualitativa com músicos profissionais a fim de conhecer as condições de trabalho deles. O método de pesquisa foi a realização de um grupo que possibilitou entrar em contato com a percepção dos músicos sobre suas condições de trabalho (LAGE; BARROS, 2017). Foi possível observar que eles passam por condições de trabalho bem adversas como alto nível exigência, competitividade e trabalhos predominantemente informais. Muitos relatam cansaço mental e físico, apesar de relatarem o prazer em exercer a atividade (LAGE; BARROS, 2017). A hierarquia e relação de poder também foram citadas como fatores estressores (HALPERN; LEITE, 2013).
Entretanto, os participantes da pesquisa citaram o que foi denominado de pedagogia do beber. A bebida é vista como sinônimo de diversão e interação entre os trabalhadores. Além disso, há uma relação de ambivalência com a instituição que não tolera o uso de álcool ao mesmo tempo em que tradições etílicas são citadas pelos marinheiros (HALPERN; LEITE, 2013). O artigo 10 identifica a presença de síndrome de burnout em trabalhadores que atuam na Atenção Primária. al. p. O artigo 11 versa sobre um estudo com policiais do sexo feminino no Rio de Janeiro. O estresse ocupacional é um dos principais problemas vivenciados por esse público, com maior prevalência entre as mulheres. Os fatores estressores que predominam nesse tipo de trabalho são a monotonia, a constante ameaça de violência, estado de alerta, organização de trabalho por turnos e isolamento (BEZERRA et.
Entre as estratégias que elas relatam como forma de combater o estresse está a prática de exercícios físicos, a convivência familiar, os lazeres e a atividade religiosa (BEZERRA et. al. O artigo 12 investiga as variáveis ocupacionais da prevalência de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em Bombeiros. A alta demanda de trabalho, pouca flexibilidade na execução das tarefas e baixo apoio social no ambiente de trabalho seriam os principais fatores relacionados (LIMA; BARRETO, 2015). A metodologia utilizada foi a aplicação de uma escala de avaliação dos sintomas de TEPT e um questionários sobre estressores organizacionais. A metodologia utilizada no artigo foi qualitativa com a análise de entrevistas a bancários. Os resultados apresentaram a forte associação entre os relatos dos bancários sobre as condições de trabalho e os quadros depressivos dos trabalhadores (LINHARES; SIQUEIRA, 2014).
Os 13 artigos encontrados tiveram diversos pontos em comuns em suas discussões e achados. Quatro artigos trataram da realidade profissional de trabalhadores da saúde, em que dois artigos discutiram o trabalho realizado em hospitais, um falou sobre os profissionais que atuam em CAPS e outro falou sobre os profissionais da atenção primária. Foi possível observar que muito profissionais nesses contextos encontram-se adoecidos devido aos processos de trabalho que os deixam sobrecarregados. Apenas um artigo apresentou as dificuldades vivenciadas pelos trabalhadores de Call Centers e a relação com a saúde mental, apesar de ser uma profissão com amplo contato com variáveis estressoras. Outro artigo assinalou as experiências de músicos profissionais no exercício de sua profissão. O trabalho com arte é frequentemente idealizado pela sociedade, como fonte de prazer e satisfação.
Entretanto, foi possível observar diversas condições estressoras que acometem esses profissionais. A síndrome de burnout foi citada na maior parte dos trabalhos, demonstrando a alta relevância do tema e alta incidência entre os trabalhadores. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de comuns, os episódios de abstenção no trabalho por problemas psicológicos ainda são considerados tabus em muitas empresas. Entre os fatores desencadeadores mais comuns podemos ressaltar o volume excessivo de trabalho, rotinas extensas, a constante luta pelo cumprimento de metas, assédio, relações interpessoais escassas ou difíceis, clima organizacional instável e má gestão. O impacto da saúde mental na organização é alto. O colaborador adoecido se ausenta com maior frequência com ou sem justificativa, custa mais aos planos de saúde e tem níveis de produtividade reduzidos, podendo inclusive afetar toda uma equipe.
O rol de afastamento do trabalho devido a doenças psicológicas é alto, gerando além de auxílio doença, até aposentadorias, o que vem causando consideráveis impactos financeiros para os empregadores e para a previdência social. F. Psicologia e trabalho: apropriações e significados. São Paulo: Cengage Learning, 2009. Codo, W; Soratto, L. Vasques-Menezes (2004). Porto Alegre: Artmed. Dejours, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. ed. São Paulo, Cortez, 1992. P. Job burnout. Annual Review Psychology, 52, 397-422 Mendes, A. M & Cruz, R. M. Zanelli, J. C. O psicólogo nas organizações de trabalho. Porto Alegre: Artmed. Seligmann-Silva E. p. Campos, Keli Cristina de Lara, Duarte, Camila, Cezar, Érica de Oliveira, & Pereira, Geruza Oliveira de Aquino. Psicologia organizacional e do trabalho - retrato da produção científica na última década.
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Cad. http://dx. doi. org/10.
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