RESENHA CRÍTICA - UM MUNDO SEM POBREZA

São Paulo: Ática, 2008, 263p. Ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006, Muhammad Yunus é fundador do Banco Grameen em Bangladesh, instituição financeira que na contramão do capitalismo como conhecemos, oferece crédito para pessoas que notadamente não possuem garantia para oferecer em troca, pois não possui o objetivo de alcançar lucro exacerbado, mas o de ajudar o desenvolvimento da sociedade, através do microcrédito concedido principalmente as mulheres pobres é possível melhorar a vida das famílias e diminuir a desigualdade social no país. O Banco Grameen é a aplicação das ideias revolucionárias deste professor de Economia formado em Bangladesh e doutorado nos Estados Unidos da América, inconformado com a inutilidade das teorias econômicas diante de problemas tão reais como a fome e a desigualdade social que assola grande parte dos países capitalistas.

O Microcrédito é hoje uma prática mundial, mesmo que distorcida em sua essência. No Brasil é possível perceber o numero crescente de instituições financeiras que emprestam dinheiro sem cobrar tantas garantias, mas em contrapartida cobram juros muito acima dos promovidos pelos bancos tradicionais, os aposentados são os principais alvos deste tipo de empréstimo, que longe de promover o bem comum, servem apenas como mais uma forma de arrancar dinheiro de uma população que já não é privilegiada financeiramente. A fabrica foi instalada em local próprio, os funcionários são habitantes das proximidades, e as matérias primas, como o leite, são fornecidos por produtores locais. Para que o produto fosse bem recepcionado pela população local, de gosto diverso da que a empresa costuma lidar, uma campanha publicitária foi montada com o intuito de convencer, principalmente as mães, de que o produto não seria um superfulo, mas um importante complemento para o crescimento saudável de seus filhos.

Além disto, as vendedoras do produto foram chamadas entre as que já trabalhavam no Banco Grameen, que foram orientadas acerca do produto e da forma mais cômoda e vantajosa para a sua comercialização. O lucro obtido com a venda não vai totalmente para a mão dos investidores, eles não são saem, obviamente, no prejuízo, porém o ganho é investido também na própria empresa, na qualidade do produto e nas formas de facilitar a sua acessibilidade aos demais consumidores. Este novo modelo de empresa pode ser a resposta para indagações humanas, será que chegamos ao fim do encanto capitalista? O Capitalismo é um fim em si mesmo? O consumo é a única razão para a nossa existência dentro do sistema? No modelo apresentado por Yunus, capitalismo e sociedade convivem sem que um retire do outro a essência que nos torna humanos.