PROCESSOS AVALIATIVOS NA EDUCAÇAO DE SURDOS
Tipo de documento:Revisão Textual
Área de estudo:Gestão ambiental
Concluímos então que a avaliação do aluno surdo é tradicional utilizando a mesma base para os alunos ouvintes sem quaisquer considerações diferenciadas ou adaptações e flexibilizações, necessitando assim que as ações de forma conjunta da escola em relação a prática e avaliação deste sujeito sejam revistas. Palavras-chave: estágio; avaliação; regência. INTRODUÇÃO A partir da década de 1990, no Brasil e em várias partes do mundo difundiu-se a luta e defesa em prol de uma política educacional de inclusão dos sujeitos com necessidades educativas especiais, trazendo a proposta de maior respeito e socialização efetiva destes grupos, entre estes se incluía a comunidade surda. As práticas de inclusão de pessoas surdas em escolas regulares foram incentivadas, considerando o princípio de que todos têm direito à educação, preconizada na Constituição Federal de 1988, Art.
Mas, a simples prática de matricular os estudantes com algum tipo de deficiência, em especial os estudantes surdos, não garantiu por si só a qualidade do ensino e o aprendizado esperado. Avaliar faz parte do ser humano em toda sua trajetória histórica e evolui juntamente com a transição e evolução do conhecimento da sociedade. Da mesma forma na educação esse costume de avaliar existe e vem se modificando em sua estratégia e método conforme o passar do tempo. Os Jesuítas por exemplo, conforme Toishima et al. além de possuírem um caráter religioso em seus ensinos contavam também com caráter educacional, assim, formularam o documento denominado de Ratio Studiorium, este estipulava o funcionamento escolar, estabelecendo os deveres dos educadores e estudantes e determinava o uso de exames escolares como único instrumento de avaliação.
Posteriormente ao observar a alta taxa de reprovação escolar compreendeu-se a relação entre reprovação e avaliação por meio de exame único. Ainda hoje é muito comum as escolas utilizar basicamente da avaliação tradicional, muitas vezes barganhando notas com os estudantes em troca de controle e domínio de sala posto que aos estudantes interessam a aprovação de ano, pouco se preocupando com a qualidade do aprendizado dos conteúdos e sua aplicação no dia a dia. Sob a ótica da avaliação mediadora de Hoffmann (2014), a avaliação deve ser processual, oportunizando ao professor tornar-se coadjuvante no processo de aprendizagem, auxiliando o desenvolvimento do estudante. Nessa vertente o instrumento de avaliação prova não deve ser o único meio de avaliação, ou seja, o professor deve avaliar constantemente a ação educativa como um todo investigando e indagando a ação atento ao que a classe está aprendendo e buscando aperfeiçoamento dos métodos de ensino compreendendo que metodologias variadas e planejadas encontrarão diversos instrumentos de avaliação, não se prendendo a prova como instrumento soberano.
Considerando ainda a aprendizagem como um processo contínuo, na mediação o professor deve considerar cada indivíduo com características especificas como tempo e modo de aprendizado mantendo “um grau de sensibilidade ao avaliar cada indivíduo levando em consideração suas peculiaridades. ” (SILVA, p. Compreendendo alguns dos principais conceitos da avaliação para analisar sob a ótica das especificidades surdas é preciso conhecer quem são essas pessoas, suas necessidades e então refletir sobre a avaliação adequada para essas pessoas para evitar acrescentar barreiras e dificuldades às já existentes por conta não apenas da surdez, mas advindas das consequências da sociedade não os conhecer e dessa forma não poder os acolher. O professor ao buscar cumprir as funções da avaliação é, portanto, participante do processo de construção de conhecimento do estudante e não ator principal desta situação, exigindo deste diálogo com ele buscando melhorar o processo de ensino e aprendizagem.
Ademais de tratar a avaliação de forma geral é necessário também voltar-se para estudantes que possuem algum tipo de limitação e a surdez muitas vezes por resultar na utilização de uma língua diferente e com costumes e cultura própria, gera insegurança por parte dos professores tanto quanto a metodologia como a se ensinar quanto a avaliação a ser aplicada. Ao tratar a respeito da pessoa surda, é importante que primeiro entenda-se o que significa a surdez para o sujeito e quais são as implicações por conta disso. A surdez é entendida por meio de dois principais olhares, o clínico e o histórico-social. Hz, 2. Hz e 3. Hz (BRASIL, 2005). Dependendo do motivo da perda auditiva, é possível dividir os surdos em dois grupos: os que possuem surdez profunda desde o nascimento e dessa maneira não conhecem o som e os surdos que possuem surdez moderada ou leve, os quais podem utilizar a prótese auditiva para captar, ou ampliar os sons que minimamente já conseguem ouvir, dependendo do tratamento e acompanhamento com profissionais como fonoaudiólogo é possível que o surdo atinja certo nível de oralização.
O comprometimento linguístico também depende de qual grupo a pessoa se encaixa e a época em que perdeu a audição. Há ainda algumas classificações gerais dentro das identidades surdas observadas, algumas pessoas surdas não utilizam a língua de sinais e sim a língua oral e outros grupos se comunicam apenas por meio da língua de sinais. Conforme Poker (2007, p. “a principal consequência da surdez se refere aos prejuízos na comunicação natural dos sujeitos surdos que atingem vários aspectos de seu desenvolvimento global”. Então, o maior problema para as pessoas surdas não é a surdez, mas o que a privação linguística provoca, pois acarreta comprometimentos relacionados à formação de conceitos e relação da imagem com o material, à personalidade e à integração social (POKER, 2007).
Com a interação social comprometida, a pessoa surda terá seu desenvolvimento acadêmico prejudicado o que leva muitos professores e demais profissionais a concluir que a ela possui algum déficit cognitivo ou deficiência intelectual. bem explicam essa questão dizendo que: A diversidade existente entre os seres humanos se expressa em distintas formas e é possível considerar-se, recursivamente, que exista uma diversidade dentro da diversidade. Esse raciocínio conduz a que características individuais tais como deficiências sensoriais específicas sejam consideradas inadequadas para caracterizar coletivos humanos, sempre que se esqueça a diversidade existente entre esse grupo de pessoas (TORRES et al. p. Mesmo quando se trata apenas de pessoas surda, sem fazer comparações com pessoas ouvintes, não é possível designar comportamentos idênticos num grupo de pessoas, julgando apenas por seu déficit, quanto menos estabelecer padrões de objetivo para avaliações e de expectativa de respostas.
As diferenças individuais determinam distinções quanto às necessidades como as possibilidades de comunicação das pessoas surdas. A direção e coordenação da escola selecionada foi acolhedora se mostrando receptiva e disponível para quaisquer necessidades. A escola foi apresentada pelo diretor bem como à professora da turma a qual as observações e regência seriam aplicadas. A fase de observação transcorreu tranquilamente. Conforme o calendário planejado a acadêmica se dirigiu até a escola e realizou as observações. Nesta sala há o profissional intérprete de Libras pois esta matriculada na turma (4º ano do Ensino Fundamental) uma aluna surda. Isso demonstra o interesse pela colega e em sua maneira de se expressar, comprovando que a diferença marcante das pessoas surdas é a apenas seu meio de comunicação e que nosso olhar irá marcar essa importância.
Durante as regências aplicadas pela turma percebe-se o interesse de todos e a naturalidade em aprender a Libras não como um fator de diferenciação da colega, mas como um novo conhecimento adquirido. A professora também demonstrou interesse em aprender e auxiliou na aplicação das atividades propostas. IMPRESSÕES DO ESTÁGIO Em relação a temática selecionada para este estágio, a avaliação de surdos, foi possível observar que a professora sente muita insegurança ainda tanto em elaborar o planejamento de conteúdo, na utilização de recursos didáticos e ainda mais quanto a avaliação da aluna, recorrendo por diversas vezes ao profissional intérprete de Libras. Uma outra questão é que fica a cargo do intérprete realizar as adaptações curriculares e elaborar as atividades especificas para as necessidades da aluna surda, em seguida apenas compartilhando para a professora as ações que está tomando.
n. p. out. dez. Disponível em: <http://www. In: ELIAS, N. FIDALGO, S. S. Orgs). Diálogos, lingu(agem) e ensino em práticas sociais. R; LAPLANE, A. L. F (Orgs. Políticas e Práticas de Educação Inclusiva. Campinas, SP: Autores Associados, 2004, p. C. Pesquisa crítica de colaboração: escolhas epistemometodológicas na organização e condução de pesquisas de intervenção no contexto escolar. São Paulo: Mercado de Letras, 2011, p. Formação contínua de professores: sessão reflexiva como espaço de negociação entre professores e pesquisador externo. In: FIDALGO, S. Tese (Doutorado em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência) – Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP/Guarulhos, SP, 2018. VYGOTSKY, L. S. Obras escogidas V: fundamentos de defectología.
Madrid: Visor, 1924/1997 ______.
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