POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO LÚDICA PARA CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE TDAH
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:Pedagogia
Uma das estratégias desenvolvidas para tornar o ambiente escolar mais atraente para a criança com TDAH, é a utilização de recursos lúdicos. Em vista disso, esta pesquisa objetiva demonstrar como as atividades lúdicas influenciam positivamente na aprendizagem de crianças com TDAH. Palavras-chave: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Intervenção Lúdica. Recursos Pedagógicos. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE Ao ingressar na escola, a criança se defronta com uma realidade totalmente diferente da que possuía em sua casa. A criança com TDAH encontra dificuldade em se adaptar ao ambiente escolar, vivenciando momentos de estresse que podem agravar sua situação. O estresse é “um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo” (LIPP, 2004), diminuindo a autoestima da criança com TDAH.
Sem a correta compreensão do que é o TDAH, a desatenção pode ser interpretada como preguiça e a hiperatividade como falta de educação. Há a necessidade de serem diferenciados dois conceitos que, embora muito próximos, possuem significados diferentes. As respostas são classificadas em uma escala de zero (nunca) a três (muito frequente). De acordo com Costa, Moreira e Seabra Jr. quanto maior o escore, maior a severidade do TDAH. Os sintomas devem acompanhar a criança pelo menos há seis meses. O TDAH tipo predominante desatento possui como característica uma atenção seletiva e uma velocidade de processamento das informações mais lenta do que o considerado normal para a faixa etária. Além disso, há muitos casos de comorbidade relacionada com o TDAH: “transtorno de conduta (40%), depressão (21%), transtorno de ansiedade (18%), transtorno bipolar (12%) e transtorno de aprendizagem (10%)” (MESSINA; TIEDEMANN, 2009, p.
Em relação à etiologia do TDAH, podem estar vinculadas a fatores de ordem genética, biológica ou neuropsicológica. Entre as faculdades prejudicadas pelo TDAH encontra-se a memória de trabalho, responsável pela memória de curta duração, reservando e processando informações. A memória de trabalho é composta por três elementos constitutivos: o sistema executivo central, a alça fonológica, responsável pelo material verbal, e um tampão vísuo-espacial, responsável pelo material visual e pelo material espacial. “Dos três componentes que constituem a memória de trabalho, o mais importante é o executivo central, ou sistema de controle de atenção, servido por dois sistemas subordinados: a alça fonológica e alça vísuo-espacial” (MESSINA; TIEDEMANN, 2009, p. O LÚDICO NO TRABALHO COM CRIANÇAS COM TDAH O lúdico faz parte da formação humana.
Através da ludicidade, as crianças podem ter sua criatividade estimulada, pois “por meio do lúdico, a criança pode elaborar anseios e fantasias, aprender a lidar com o ganhar e o perder, aprender a administrar sua angústia, diminuir sua ansiedade diante dos conflitos, de situações complexas e confusas, além de gerar prazer, motivação e experimentação” (MOREIRA; SCHWARTZ, 2009, p. Ainda existem dificuldades relativas ao acesso a materiais pedagógicos e infraestrutura adequados para o trabalho com o lúdico no ambiente escolar, de modo que os profissionais da educação, muitas vezes, precisam atuar com improviso. Entretanto, Moreira e Schwartz (2009) reconhecem os esforços desprendidos por professores para incluir o lúdico no cotidiano de suas práticas pedagógicas. Quando dispõem de atividades lúdicas na escola, as crianças tendem a identificar essas atividades como uma premiação pelas aulas consideradas chatas.
É importante lembrar que a suspensão do juízo se dá somente durante as brincadeiras e jogos, de modo que, terminada a atividade lúdica, aquelas regras deixam de ter validade. Ilustrativo é o relato trazido por Azevedo e Betti (2014, p. Um fato interessante em uma dessas ocasiões foi observar que as crianças fotografavam muito suas bolsas e as dos colegas. Quando perguntamos a “Bela” porque tirou muitas fotos das bolsas, ela respondeu: “Não estou tirando fotos das bolsas, estou tirando foto da Tinkerbell”. A brincadeira lhe permitia fazer esse movimento imaginativo. A criança com TDAH aprende a conviver com regras, bem como o ganhar e o perder. Por isso, os jogos, em sua função pedagógica, podem contribuir para que a criança com TDAH adquira uma autoestima e melhore seu desempenho social e cognitivo.
Há jogos que possuem regras mais elaboradas, sobretudo os jogos de tabuleiro e estratégia. Nessa categoria, encontram-se o jogo de Xadrez e o Go. Oliveira (2015) procurou identificar quais as funções executivas estimuladas pelos jogos de tabuleiro e estratégia. As monografias foram selecionadas a partir da base de dados do Google Acadêmico e os artigos foram selecionados na base de dados SciELO, a partir dos descritores “TDHA”, “déficit de atenção” e “lúdico”. Dentre os resultados obtidos, foram selecionados artigos referentes a crianças com TDHA em idade escolar, bem como sobre os aspectos pedagógicos da ludicidade. No Brasil, entre 3 e 5% das crianças em idade escolar possuem TDAH. Isso contribui para o desenvolvimento de uma autoestima baixa bem como para a perpetuação de desigualdades educacionais, uma vez que a criança com TDAH, sobretudo do tipo predominante desatento, não consegue se desenvolver no mesmo ritmo de seus colegas.
A escolha de materiais pedagógicos que diminuam essa desigualdade é um dos desafios diante dos profissionais da educação. Além disso, suas vitórias estimulam o fortalecimento da autoestima, contribuindo para a socialização da criança, pois ela possuirá uma qualidade que a distingue das demais, ganhando segurança e construindo uma autoimagem positiva (OLIVEIRA, 2015). Pode-se afirmar que o jogo tem a capacidade de servir como mediação para o desenvolvimento de diversas habilidades, como a concentração, a leitura, a melhoria da autoestima, a confiança em si e nos outros, etc. Diante de uma tendência terapêutica majoritariamente farmacológica, o desenvolvimento de terapêuticas psicopedagógicas pode desempenhar tanto um papel substitutivo quanto um papel complementar, a fim de se ter um resultado mais efetivo no tratamento de crianças com TDAH.
O lúdico possui o mérito de permitir à criança uma aprendizagem enquanto se diverte. Através da brincadeira, a criança desenvolve sua imaginação; a imaginação precisa ser regada, cuidada e incentivada. p. Com isso, habilidades de socialização são construídas, pois a criança com TDAH tipo predominante hiperativo possuem muitas vezes dificuldades de convívio em grupo. Jogos de tabuleiro e estratégia contribuem para a intervenção com crianças com TDAH tipo predominante desatento, pois permitem a melhoria da velocidade de processamento das informações, desenvolvendo a memória de trabalho. Um correto diagnóstico permite a escolha da intervenção lúdica com as brincadeiras e jogos adequados para a criança com TDAH. Dessa forma, o desenvolvimento cognitivo e social dessas crianças contará com mais uma ferramenta terapêutica.
jan. abr. Disponível em: <http://www. scielo. br/pdf/epsic/v15n1/03. C. S. BETTI, M. Escola de tempo integral e ludicidade: os pontos de vista de alunos do 1º ano do ensino fundamental. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. Controversias sobre ADHD y metilfenidato en discusiones sobre medicalización en Argentina y Brasil. Physis, Rio De Janeiro, v. n. p. Disponível em: <http://www. M. O. Estratégias de ensino e recursos pedagógicos para o ensino de alunos com TDAH em aulas de educação física. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. n. C. SILVA, E. A. O lúdico como possibilidade para a aprendizagem de crianças diagnosticadas com Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). In: XII CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO.
TIEDEMANN, K. B. Avaliação da memória de trabalho em crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Psicologia USP, São Paulo, v. n. C. SCHWARTZ, G. M. Conteúdos lúdicos, expressivos e artísticos na educação formal. Educar, Curitiba, n. Jogos de tabuleiro e de estratégia e seus efeitos em funções executivas: as bases neurobiológicas do uso de jogos de tabuleiros e de estratégia. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Neurociências e suas Fronteiras) – Programa de Pós-Graduação em Neurociências e suas Fronteiras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. SANTOS, L. F. VASCONCELOS, L. pdf>. Acesso em: 10 jul. SEGENREICH, D. MATTOS, P. Eficácia da bupropiona no tratamento do TDAH: uma revisão sistemática e análise crítica de evidências.
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