CONTRIBUIÇÕES DA NEUROLINGUÍSTICA PARA O ENTENDIMENTO DA AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Palavras-chave: Neurolinguística. Linguagem. Prática Pedagógica. Educação Infantil. ABSTRACT This article aims to establish the fundamental knowledge of Neurolinguistics for the understanding of the pedagogical practice with regard to the processing of language in its social and cerebral scope. Espera-se, dessa forma, que o presente artigo ofereça a curiosidade necessária para o amadurecimento acadêmico e consciência profissional. A NEUROLINGUÍSTICA EM ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR Inicialmente, pode-se definir Neurolinguística como uma disciplina científica de caráter multidisciplinar que tem como objeto de estudo a relação entre linguagem e o cérebro humano: a Neurolinguística seria uma área “francamente interdisciplinar” que relaciona linguagem e comunicação humana com algum aspecto do cérebro ou da função cerebral (WHIATER; WHIATER, 1976 apud BARRAQUER-BORDAS ET AL, 1979, p.

Diante dessa abordagem, pode-se afirmar que as áreas científicas nas quais a Neurolinguística atua são, principalmente, a Linguística, a Fonoaudiologia e as Neurociências. No que concerne à Linguística, os estudos diretamente a ela veiculados perpassam as áreas em que as quatro habilidades linguísticas operam: falar, ouvir, ler e escrever; nesses termos, salientam-se como contribuições para a compreensão da linguagem a Fonologia, a Fonética, a Morfologia, a Lexicologia, a Semântica e a Sintaxe. Nessa perspectiva, é fundamental reter a concepção de linguagem aqui defendida, a partir de três correntes linguísticas que a definem, segundo Geraldi (2008): linguagem como pensamento, como instrumento de comunicação e como interação intersubjetiva, definidas da seguinte maneira: A linguagem é a expressão do pensamento: essa concepção ilumina, basicamente, os estudos tradicionais.

As habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do indivíduo não são determinadas apenas por fatores congênitos. Estão, na verdade, relacionadas às atividades praticadas de acordo com o contexto cultural em que o indivíduo se desenvolve. Conseqüentemente, a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história pessoal dessa criança são fatores cruciais que vão determinar sua forma de pensar. Neste processo de desenvolvimento cognitivo, a linguagem tem papel fundamental na determinação de como a criança vai aprender a pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança através de palavras. Assim, dessa maneira, os estudos neurolinguísticos pressupõem de antemão a fixação do conceito de linguagem como um fenômeno comunicativo dinâmico e variável face ao lugar do sujeito no seu contexto sócio-cultural e do próprio contexto no qual se insere este sujeito.

Para o segundo, a compreensão de que os aspectos neurológicos que atuam na comunicação humana não são restritos às questões fisiológicas, estão vinculadas também ao contexto sócio-cultural do indivíduo no qual a linguagem o representa diante de um grupo social, não havendo, dessa maneira, não há qualquer possibilidade comparativa e depreciativa entre alunos pertencentes a comunidades diferentes quanto a esses aspectos: a linguagem ao mesmo tempo tem um papel em cada um dos processos cognitivos, tem em relação a eles uma posição privilegiada, de ser mediadora, tanto em termos intra-cognitivos (mediando a relação com o meio social) como inter-cognitivos (mediando os diversos aspectos da atividade mental). COUDRY; POSSENTI, 2012, p. No que se relaciona ao terceiro ponto, à suspeição e encaminhamento terapêutico que se vincule a alterações desfavoráveis ao desenvolvimento da linguagem, deve-se afirmar que o professor tem um si um papel privilegiado não só para essa abordagem inicial como no decorrer do processo terapêutico pelo qual passa o aluno envolvido, avaliando periodicamente seus avanços em cooperação com o terapeuta e família, a partir do próprio princípio da concepção da neuroeducação em que a organização da cognição e linguagem reorganizam-se constantemente: o cérebro humano não finaliza seu desenvolvimento, mas reestrutura-se, reorganiza-se constantemente; ideias novas sobre a cognição e o desenvolvimento e linguagem.

OLIVEIRA, 2011, p. Finalmente, no que se liga à relação intrínseca entre linguagem e aprendizagem, estudos apontam que a cognição, memória, linguagem e aprendizagem possuem um “caráter de reciprocidade entre si, sendo as interações humanas e suas contingências pragmáticas o que as coloca em relação” (CRUZ, 2004, p. Experiência, que conduz à variação, em uma gama limitada de possibilidades, como no caso de outros sistemas da capacidade humana e do organismo em geral. Princípios não específicos à faculdade de linguagem. Estudiosos no campo da aquisição da linguagem assumem tanto o postulado de Chomsky como de Piaget no que diz respeito ao desenvolvimento da linguagem da criança, ela é o “autor do seu próprio conhecimento”, embora para Chomsky ela já seja “portadora do saber lingüístico”, bastando-a sua exposição e ativação em ambientes lingüísticos e para Piaget a “linguagem estará a serviço das construções cognitivas”, nesse caso, é fundamental “propiciar situações que permitam a ação e descoberta por parte da criança”, nessas duas visões, aparentemente opostas, ambos convergem e reforçam a participação do outro no processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem, no caso, o professor, como o “provedor”, promotor consciente da linguagem.

ARANTES, 1994, p. No que tange, especificamente, à Educação Infantil Pública sua faixa etária compreende as crianças de 0 a 5 anos de idade, oferecida em creches e pré-escolas, momento no qual essas crianças adquirem e desenvolvem a linguagem em espaços institucionais não domésticos em período integral para as creches e meio período ou integral para as pré-escolas. p. Quanto à aquisição e desenvolvimento da linguagem, Moussinho (2008, p. apresenta uma compilação dos principais pontos da linguagem não verbal, como se mostra a seguir: Tabela 1 – Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem Não verbal Comunicação gestual variações do tônus (contração/descontração muscular), expressões faciais e o apontar por volta dos 11 meses que assume diversas intenções: mandar, querer, compartilhar ou nomear o próprio objeto.

Linguagem lúdica as brincadeiras: podem ser inicialmente construtivas (jogos de montar/desmontar). Ao mesmo tempo, desenvolvem-se as plásticas (desenho, massinha, etc. Formulação de uma gramática natural observável na regularização de conjugação verbal (eu fazi por eu fiz). Entre 3 anos e meio a 4 anos Vocabulário chega a 1200 palavras, preposições e nexos gramaticais são adquiridos e orações compostas. De 4 aos 5 anos Vocabulário amplia-se para pelo menos 1900 palavras e uso de orações subordinadas. De 5 anos aos 6 anos Domínio de toda sintaxe (regras que as compõe) da língua materna, produção de um número infinito de sentenças. Fonte: GROLLA, 2006, pp. Sinais de risco seriam o fato de perdurar ou de mostrar sinais muito intensos. A gagueira é involuntária, não é possível controlar a sua ocorrência, e é de suma importância não chamar a atenção da criança para os momentos de gagueira, não forçá-la a falar nem constrangê-la.

Taquifemia - as principais características são: a velocidade de fala rápida que compromete o entendimento da mensagem, hesitações e disfluências, e uma irregularidade, momentos de melhora e piora no discurso. Taquilalia - é caracterizada pela velocidade de fala alta que compromete o entendimento da mesma, porém não encontramos momentos de disfluências. Refere-se ao plano do conteúdo discursivo e o ponto de contato dialógico com o outro: • leva o adulto como instrumento para conseguir o que deseja, no lugar de se manifestar verbalmente ou por gestos ou expressões faciais; • pouca intenção de iniciar ou manter um diálogo; • mesmo que se expresse bem, a troca de idéias é restrita (não há reciprocidade na comunicação); • mais facilidade para listar palavras ou situações do que para contar histórias; • dificuldade com a linguagem figurada, incluindo a compreensão de metáforas e/ou piadas; • ingenuidade em situações sociais, com dificuldade em se colocar no ponto de vista dos outros; • tendência a superfocar em objetos ou assuntos em particular, em detrimento de uma visão mais global sobre a situação.

Acredita-se, então, que o professor desse nível de Educação possa saber observar e encaminhar com mais segurança as crianças que apresentam qualquer tipo de alteração não prevista no que tange ao desempenho linguístico de suas crianças, por um lado e por outro, incentivar toda e qualquer comunicação dialógica entre seus alunos, utilizando-se das diferentes linguagens simbólicas presentes no ser humano, ter a consciência plena de que os anos iniciais da vida dessas crianças são do ponto de vista linguístico determinantes para o seu percurso escolar e de projetos pessoais de vida e que o mundo é fruto dessas linguagens, mundo possível e mundo real. Nesse âmbito, a correlação entre linguagem e aprendizagem, linguagem cognição, linguagem e memória e linguagem e sociedade envolvem o crescimento individual e social da criança.

Assim, assevera-se que tanto a formação básica quanto a formação continuada para os profissionais de Educação Infantil possam intensificar os estudos acerca da Neurolinguística em ação, por meio de coleta de dados observáveis pela prática pedagógica e sua reflexão em perspectiva interdisciplinar nos espaços da universidade. REFERÊNCIAS ARANTES, Lúcia. O fonoaudiólogo, este aprendiz de feiticeiro.   São Paulo ,  v.  n.  p.   Sept.   Disponível em: <http://www. I. H. POSSENTI, S. Do que riem os afásicos.  Cadernos de Estudos Lingüísticos, Campinas, SP, v. M. da Da relação entre linguagem e memória: implicações para a meurolinguística. Grupo de Estudos Lingüísticos XXXIII 2004. pp. Anais. vol. nº 212. pp. Disponível em: < http://relin. letras. Campinas.

pp. GERALDI (org. O texto na sala de aula. São Paulo: Ed. INSTITUTO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS – IEL-. Neuroloinguística: um breve percurso histórico. Disponível em: < http://www4. iel. unicamp. Disponível em < http://cienciasecognicao. org/neuroemdebate/?p=1706> Acesso em: 10 de junho de 2018. MOUSINHO, R. et al. Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso. NICOLIELO, A. ET AL. Desempenho escolar de crianças com Distúrbio Específico de Linguagem: relações com habilidades metafonológicas e memória de curto prazo. Rev. soc. org. br/congresso2009/CD/trabalhos/1552009234017. pdf> Acesso em: 08 de junho de 2018. SENHORINI, G. et al. Acesso em: 18 de junho de 2018. SILVA, S. C. R. da; SCHIRLO, A. com/5. html#anc4> Acesso em: 18 de junho de 2018.

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