O PAPEL DA ANÁLISE E SUPERVISÃO NA FORMAÇÃO DO PSICANALISTA

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Gestão de crédito

Documento 1

Partiremos da premissa: histórico, função do psicanalista analise e supervisão enquanto formação teórico/prático para com os psicanalistas em formação acadêmica. Histórico. Surgiu, portanto, no século XX, após diversas criticas relacionada a obras de artes que representavam corpus nu acompanhado por corpus cobertos adequadamente e civilizadamente por roupas, a ideia de um comportamento promiscuo e libertino de pessoas tidas como “histéricas” que até então, não se tinha o conhecimento das patologias (doenças comportamentais) que pouco tempo depois foi compreendida por Sigmund Freud (1885) em sua teoria comportamental como Histeria. Entendia-se que pela difusão de varias áreas do saber faziam-se necessárias e importantes àquelas descobertas feitas por Freud, que separava a ideia de um comportamento tido como repugnante ou louco, dando lugar ao entendimento de que “aquelas pessoas” precisavam ser vistas como doentes “histéricos”.

Uma das obras que marcaram o começo da psicanalise foi “a interpretação dos sonhos, em 1900”. As quais auxiliaram na sua difusão nos mais variados meios e em diversificados campos de estudos”. IBPC, 2017) O grande marco na historia para que se utilizasse da psicanalise veio das guerras, mas nesse período também ocorreu uma enorme dificuldade por parte dos estudiosos em psicologia para aceitar e compreender os conceitos e métodos por ele criados era imprescindível entender a contextualização daquele momento histórico. A primeira guerra mundial (1914 – 1918), por exemplo, contribuiu largamente para que de forma prática e física, tivéssemos exemplos palpáveis e Freud pudesse através delas ter conteúdo teórico e metodológico para explicar como se dava as questões de histerias e neuroses obtidas a partir das experiências vividas pelos soldados que lutavam as guerras e que apresentavam distúrbios causados pelas batalhas muitas das vezes infindáveis.

Sendo assim, a psicanálise contribuiu no tratamento de “pessoas envolvidas na guerra e a neurose por ela causada”. IBPC, 2017) Uma das grandes criações teóricas de Freud foi que, em meio ao “ambiente cultural da Áustria”, também ao “contexto iluminista” da época e posteriormente a “Revolução Industrial e à Revolução Francesa”, além de ter conquistado “conhecimentos psiquiátricos, neurofisiológicos, sociológicos, antropológicos”, dentre outros que podemos observar em sua jornada, essas investigações contribuíram para que ele pudesse formular que nossa mente possuía três processos: a consciência, a pré-consciência e por fim e tão quanto importante a inconsciência, era nesse ultimo que ele via a oportunidade de novas descobertas. De acordo com o IBPC (2017): As teorias de Freud começaram a ser elaboradas alguns anos antes da publicação de seu livro “A Interpretação dos Sonhos”.

Nessa época, os aspectos psíquicos não eram considerados como aspectos científicos.   Isso fazia com que as doenças nervosas ou psíquicas não fossem respeitadas pelos médicos. Eles apenas se atinham ao que era passível de algum tipo de comprovação material ou ao que era mensurável. Freud teve formação medica, e devido a essa formação, primordialmente dedicou-se a investigar tudo o que cercava o psiquismo humano, e tomou como base a biologia. Assim, ele aprendeu o que a fala ou o desabafo das pessoas tinha a lhe ensinar. Essa foi à base para ele criar a sua terapia e, junto dela a teoria e a ética da psicanálise. Quando falamos em supervisão, nos deparamos a um vasto repertório de conteúdos, pois, não bastaria falar supervisão sem esbarrar na teoria de qual supervisão estaríamos falando? Então, direcionando a visão de uma supervisão voltada ao tratamento psicanalítico, dentro de uma abordagem clinica, teremos principalmente, conteúdo de Freud mais também de vários outros autores até chegarmos a Lacan.

A supervisão em si, tem relação com a forma que a comunidade médica especializada supervisiona seus profissionais, não só eles, mas também, as universidades, escolas, academias de formação profissionalizante de futuros analistas, psicanalistas, psicólogos e psiquiatrias. É imprescindível entender o quanto a supervisão é importante para manter um bom tratamento aos pacientes, considerando que, é um dos principais pilares para a formação de um bom psicanalista, supervisionar o processo pela qual o profissional adquire conhecimento e a teoria o fará na pratica, parte de um principio fundamental que é acompanhar o profissional, supervisionando-o até que possa caminhar por si só, ainda que na visão de Freud o analista, após adquirir conhecimento teórico precisa ter seu trabalho “liberado” sem interrupções, precisaria ser livre para poder trabalhar com seus pacientes, ter liberdade de aplicar suas teorias na pratica.

Moreau (1977), Análise quarta, supervisão, formação. In Jornal de Psicanálise, v. p. Antes de existir esse “interlocutor” esse intermediador, considerado “terceiro membro-analista” dentro de um tratamento clinico e terapêutico, é tido como, necessário e de certa forma obrigatório; antigamente, esse individuo não era considerado imprescindível ou ate mesmo obrigatório, tanto que esse trabalho clinico que o analista tinha em conjunto aos seus pacientes era visto como um trabalho livre, espontâneo e independente de um tratamento sistematizado – nesse caso, procedimento clinico que precisasse ser seguido mediante regras. É ai que nos deparamos com certos dilemas ao quais alguns questionamentos tornam-se parte presente na nossa mente, como: Será mesmo necessário um Supervisor? Será que ele realmente proporcionaria ou proporcionará um atendimento diferenciado e eficiente aos nossos pacientes? Quando nos deparamos a esses questionamentos, notamos que, Freud pode auxiliar e muito seus pacientes, e não precisou de um supervisor, isso também porque na época não existia um para que pudesse lhe orientar – ou nesse caso, lhe supervisionar.

Como seriam atribuídas as atividades para o supervisor e para o supervisionando, tendo em vista que o supervisor era visto como um terceiro membro, pois o orientador/professor não era bem o supervisor em si, essa reflexão tornou-se uma critica construtivista e que no decorrer da pesquisa mostraremos o porquê a questão do supervisor causou tanta repulsa por parte de Lacan em meados ao século XX, isso porque, mesmo depois, alguns pesquisadores colocaram a prova que, dentro de um conceito terapêutico e preciso que o paciente em tratamento possa ter plena confiança em seu ou “seus” terapeutas (analistas), uma vez que, a troca constante de um “supervisor” poderia causar uma espécie de trava na mente dos pacientes. Na época da criação da clinica em Berlin a intenção era promover redução nos casos de erros, ineficiência dos tratamentos clínicos, e, portanto erros que por ventura poderiam vir dos analistas em processo de “treinamento” capacitação profissional / acadêmica.

“A supervisão era então exercida para limitar os riscos desse trabalho. exercer um controle sobre o atendimento, a fim de garantir a qualidade. Daí vem o nome de análise de controle (. Ou seja, o analista só poderia, mesmo que formado e capacitado a exercer suas funções, clinicar, se estivesse posto a observação de um supervisor (o terceiro membro). Isso causava desconforto tanto no analisando (analista) quanto do próprio paciente. Uma vez que, “Essas exigências institucionais, além de limitarem a possibilidade do analista se autorizar pelo seu trabalho, (. ” não o permitiria direcionar seu tratamento com liberdade, condicionando-o a seguir regras que nem sempre era benéfica para seus pacientes, pois para um tratamento eficaz o analista precisa ter a confiança plena de seus pacientes para que possa entrar no seu inconsciente (ou subconsciente); para os burocratas a necessidade de um supervisor envolveria uma exigência por uma avaliação constante, pois o tratamento dos “pacientes” só seria eficaz se essas regras fossem cumpridas, no entanto isso remeteria a uma “prática de controle”.

MENDES, 2012, p. MENDES, 2012) Ainda segundo Mendes, a supervisão funcionava como outro lugar dentro da analise, ou seja, era como se em contrapartida a supervisão estivesse auxiliando em outro segmento e não no que de fato era necessário. Também de acordo com a visão de Kovacs, citado por Garrafa (2006) A relação entre os três membros numa sala de avaliação e terapia era vista como um “reconhecimento dos afetos na contratransferência” o que seria “o essencial do ponto de vista da formação” (KOVÁCS apud GARRAFA, 2006, p. Mas como sempre essa visão seria logo derrubada, uma vez que, a teoria pudesse levantar possíveis erros, que pudessem ser comprovados teoricamente e cientificamente, não poderia ser levada em consideração e aceitas pela sociedade medica, psicanalista da época.

MENDES, 2012) Na verdade, dois problemas se verificam nessa posição: o primeiro é a manutenção da dificuldade em caracterizar as especificidades da supervisão e as da análise pessoal; em segundo lugar, está a introdução do conceito pouco preciso de contratransferência, que tende a trazer confusão entre o que podemos chamar de infortúnios ou desventuras do ato analítico – ponto central da supervisão – e o que se entende geralmente por atuação do analista. MENDES, 2012, p. Sendo assim, “a retomada dos processos da base da psicanálise” seria inevitável. Para Lacan, “a necessidade de se manter a autonomia do analista para autorizar-se por sua formação” era indispensável naquele momento, ele também, “apresentou a passagem do psicanalisando para psicanalista como um momento fecundo de um possível término da formação didática”.

Ainda segundo Lacan, “o psicanalista só se autoriza por si mesmo”. Para elucidar o conceito Freudiano na visão de Lacan, podemos salientar que, quando o analista tem liberdade para executar livremente sua pratica, seus métodos terapêuticos, é possível perceber que o tratamento tem maior porcentagem de eficiência e menos erros. “Lacan, dessa forma, em se tratando da supervisão, se distancia do modelo de ensino e controle e se aproxima de um modelo analítico, centrado no inconsciente, devendo, então, ser exercida pelo próprio analista do candidato”. A “Escola Lacaniana, embora a Supervisão não fosse uma prática controlada” não tivesse uma “carga horária obrigatória, nem uma lista de analistas didatas” nem a obrigatoriedade de serem procurados como supervisores, “a Supervisão não é imposta, mas se impõe como dever ético”.

Ou seja, não era considerado obrigatório mais compreendido como um dever ético, e que, mesmo que inconscientemente, se via presente a todo o momento. Além disso, a busca por diferentes supervisores no decorrer de uma formação acadêmica para tornar-se analista, possibilitaria que ele experimentasse “diversas modalidades de supervisão e diferentes estilos de condução de tratamento”. MENDES, 2012, p. De acordo com Quinet (2009, p. explica que isso ocorre na maioria das vezes, porque o “analista não está na posição de objeto, e sim na posição de sujeito dividido”, portanto, “O acting out, sendo uma mensagem dirigida ao Outro, implica sempre o sujeito suposto saber”. Percebemos então que essa “interrupção de uma análise se deu por um acting out ou por uma passagem ao ato do analista, em vez de um ato analítico, o analista traz à cena o objeto de sua fantasia, numa atuação, e não faz semblante de objeto à para seu analisando”.

Ainda segundo a autora: Quando isso acontece, o analista está afetado por seu analisando como um sujeito dividido. O analisando, por sua vez, terá sua transferência prolongada, pois a interrupção da análise por um acting out não deixa operar a dissolução do sujeito suposto saber, que é o sustentáculo da transferência na análise. MENDES, 2012, p. Tendo isso em mente, percebe-se que a função da supervisão pode surgir de forma bem nítida. Em sua formação, o psicanalista se acha continuamente divididoentre o saber da teoria psicanalítica, quelhe é oferecido pelos seminários, grupos de estudo, leituras pessoais etc, e o não saber por meio do qual a experiência clínica se produz. Essa abordagem teórica trazida por Mendes (2012) nos leva a uma compreensão que, nem todo conhecimento teórico nos tiraria de possíveis situações em que nossa pratica clinica poderia se impor, uma vez que, nos depararíamos com duvidas sobre nosso próprio trabalho.

Logo, a experiência nos proporcionaria a ciência completa dos fatos, a eficácia do tratamento para com qualquer paciente. Essa concepção de teoria e pratica ou experiência vivida leva a entender que, “Essa divisão” correria “o risco de desorientar o analista em sua prática, fazendo com que o saber da teoria interferisse na posição de não saber sem a qual a clínica é impossível”. Tratase, em vez disso, de um saber-não-sabido no cerne da psicanálise, e se é verdade que há um saber do analista, este talvez possa assim ser definido: o psicanalista sabe que o sujeito sabe sem saber que sabe. Quando falamos que o analista precisa chegar a uma compreensão de mundo e ser seu próprio supervisor, não estamos dizendo que ele não precise de um em determinadas situações, mais que ele pode alcançar o inconsciente de seus pacientes simplesmente por fazer “quase” que o mesmo que o supervisor faz – “escutar, ouvir” – portanto, ao ouvir seus pacientes e formular as perguntas corretas – diria ate, que nem seria uma pergunta, um questionamento em si, mais sim, uma instigação ao seu analisando a refletir sobre seus próprios pensamentos - o analista torna-se seu próprio supervisor uma vez que ele deixa seus pacientes falarem sobre todos os seus anseios, sem que ocorram intervenções sem necessidades.

A supervisão por ser pouco explorada ou abordada, acaba sendo algo improvável para alguns mais a verdade é que ela pode promover o conhecimento que o “analisando” pode tornar-se também o “primeiro supervisor”. Isso porque, de acordo com Mendes (2012) “(. Freud e sua paciente Emmy von N. Já o supervisor para com a supervisão enquanto formação teórico/pratico com os psicanalistas em formação acadêmica, conforme vimos no contexto acima, todos buscam incansavelmente pela ciência completa do conhecimento, mais que afinal, compreendemos que o “saber de tudo” esta tão distante quanto o “saber de nada”, sabemos de algo isso é obvio, mais não de tudo, e claro buscaremos sempre saber algo que até então não se tenha uma teoria científica que prove aquele conceito, aquele questionamento.

“Esse fato ocorre com certa frequência. Isso só mostra a importância de aprender a aprender que está no núcleo da formação do analista e é uma das formas pelas quais se manifesta o desejo do analista, o desejo de saber”. MENDES, 2012, p. Referencial Teórico: MILLOT, Catherine. A. C. Surpervisão: Aprender a aprender. Lacan e a Supervisão Psicanalítica. In JORGE, M. O Inconsciente. In: FREUD, S. Escritos sobre a psicologia do inconsciente. v. Rio de Janeiro: Imago, 2006, p. Caminhos e descaminhos da supervisão em psicanálise In JORGE, M. A. Coutinho (org. Lacan e a formação do psicanalista. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2006, p. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. Rio de Janeiro: Imago, 1990, p.

Referencial Complementar: GARRAFA, T. C. Jorge, p. idem. QUINET, A. A estranheza da psicanálise: a Escola de Lacan e seus analistas. HOFFMANN, C. JULIEN, P. orgs). O mal- estar na psicanálise: o terceiro na instituição e a análise de controle. Campinas: Papirus, 1996, citado por FONTENELE, L. A supervisão na psicanálise(1979). São Paulo: Escuta, 1992. Citado por FONTENELE, L. B, in JORGE, MAC (org. Lacan e a formação do psicanalista. FREUD, S. “As transformações da puberdade”, capítulo de “Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade”.  Op. cit. vol VII. v. Rio de Janeiro: Imago, 2004, p. FREUD, S. Além do Princípio de Prazer. In: FREUD, S.

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