O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

No entanto, mesmo após um avanço nas pesquisas sobre a eficácia do lúdico no desenvolvimento da criança ainda depara-se com instituições que persistem em um ensino descontextualizado em que as metodologias adotadas não condizem com as habilidades desses indivíduos, provocando, muitas vezes, uma defasagem no desenvolvimento das habilidades exigidas para essa etapa. Dentro desse contexto, o presente trabalho apresentará uma reflexão acerca dos instrumentos capazes de oferecer subsídios para que sejam alcançados melhores resultados pelos alunos na educação infantil. Assim, encontra-se no lúdico uma eficaz ferramenta para trabalhar o desenvolvimento de forma efetiva. Partindo do ponto que o brincar, os jogos e as brincadeiras estão presentes na vida do ser humano. Para tanto, seguiu-se o método qualitativo de cunho bibliográfico com a análise de diversos autores que possibilitou compreender a importância do brincar para o desenvolvimento da criança.

Uma vez que, com o avanço na percepção do processo de aprendizagem e do aluno no ambiente escolar, o atual cenário exige uma educação significativa voltada ao desenvolvimento integral do aluno, de maneira que favoreça a formação crítica e reflexiva, objetivando inseri-lo no exercício à cidadania. Frente a isso, o lúdico consiste em um elemento que faz parte do ser humano. Desta forma, os jogos e brincadeiras estão presentes tanto no cotidiano das crianças como também entre os adultos e quando se trata da infância torna-se uma atividade inerente a criança que auxilia no desenvolvimento por meio de uma relação prazerosa nos mais variados aspectos tais como emocionais, físicos, social e também cognitivo. Ao trabalhar com as atividades lúdicas na escola além de levar para a sala de aula como ferramenta pedagógica um elemento que está presente no cotidiano do aluno, os jogos e brincadeiras tornam-se recursos que propiciam condições de acolhimento tornando a sala de aula um ambiente receptível e agradável para que o aluno sinta-se confortável em explorar e desenvolver a aprendizagem de maneira livre e espontânea.

No entanto, mesmo diante dos avanços nas pesquisas sobre a importância do lúdico para o desenvolvimento da aprendizagem, os jogos e brincadeiras muitas vezes são levados para sala de aula de maneira descontextualizada, com uma atividade para a hora do intervalo (recreio), ou quando são aplicadas para desenvolver um determinado conteúdo, muitas vezes, o professor não consegue, por meio dos resultados alcançados, criar estratégias de intervenção dos problemas apresentados. Quando a criança brinca, ela está descobrindo e experimento experiências e assim aprendem a se relacionar com um universo de significados, expressões e possibilidades de relações pessoais. “O lúdico é um bem-estar físico e psicológico que por meio de atividades conduz as pessoas à interação, à convivência em grupo e à troca de experiências”.

FRIENDMANN, 1998). Partindo desse contexto, buscou-se conceituar a diferencia entre jogos e brincadeiras. De acordo com Marinho (2007, p. Enquanto objeto, é sempre suporte de brincadeira. É o estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil. E a brincadeira? É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. KISHIMOTO, 2008, p. Ao relacionar a cultura lúdica como um reflexo social o autor concebe a criança como um autor social, produtor de cultura, uma vez que o brincar não se limita a repetir aquilo que foi presenciado pela criança, mas também uma ação que cria tendo como referencial aquilo em que a criança vivencia. Com isso, pode-se destacar que a criança faz uso das brincadeiras como linguagem e expressão.

Essa iniciativa pretende esclarecer que o brinquedo e a brincadeira são constitutivos da infância. A brincadeira é, para a criança, um dos principais meios de expressão que possibilita a investigação e a aprendizagem sobre as pessoas e o mundo. Valorizar o brincar significa oferecer espaços e brinquedos que favoreçam a brincadeira como atividade que ocupa o maior espaço de tempo na infância. Além de uma situação imaginária, o brinquedo é também uma atividade regida por regras. Mesmo no universo do “faz de conta” há regras que devem ser seguidas. Numa brincadeira de escolinha, por exemplo, tem que haver alunos e uma professora, e as atividades a serem desenvolvidas têm uma correspondência pré-estabelecida com uma escola real. OLIVEIRA, 2013, p.

A brincadeira representa para Vygotsky a valorização do fator social, enfatizando o jogo de papéis, na situação de faz de conta, pois incorpora diferentes elementos da cultura que foi adquirida pelo convívio social. Seus estudos apresentam contribuições significativas para a educação. De acordo com Vygotsky (2007). No processo de socialização, a internalização está relacionada ao processo no qual uma criança utiliza-se da fala do outro. Dessa maneira, a criança reelabora as formas culturais e o pensamento do adulto, apropriando-se. Ao longo do processo de desenvolvimento, o indivíduo deixa de necessitar das marcas externas e passa a utilizar signos internos, isto é, representações mentais que são os principais mediadores a serem considerados na relação homem-mundo. Em cada idade, ela constitui um conjunto indissociável e original.

Na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade. WALLON, 2008, p. As contribuições de Wallon (2008) para a etapa da educação infantil, apresenta a criança como um ser de direitos e desejos e não sujeito que chega a escola como uma tábula rasa, isso implica entender que a criança ingressa nos primeiros anos com percepções de mundo que foram adquiridas destes os seus primeiros momentos de vida. É um ser de qualidade, um ser de existência, que busca sua autonomia de ser e existir. GUERRA, 2001, p. Desta forma, para que o processo de ensino seja significativo para o aluno, não vale somente transferir os conteúdos propostos e sim esse processo de aprendizagem exige uma análise complexa do perfil do aluno, do nível de desenvolvimento, a realidade sociocultural e assim tornar o aluno o protagonista de seu desenvolvimento da aprendizagem.

JOGOS E BRINCADEIRA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA Os jogos e brincadeiras são características inerentes ao ser humano, a criança consegue construir sua personalidade através da autonomia que esses recursos dispõem. Assim espera-se uma educação que ofereça uma ensino humanizado, que possibilite o desenvolvimento integral da criança, através do lazer, afeto e emoção, respeitando o desenvolvimento e ritmo de cada um. Diante disso, a sala de aula deve ser um espaço onde as crianças liberam a imaginação, são desafiadas, aprendem como trabalhar em grupo e compreende a escola como um lugar prazeroso para passar o dia. Os conteúdos propostos para essa etapa são de extrema importância e devem ser trabalhados com todo o interesse e entusiasmo.

O elemento lúdico faz com que o conhecimento que a criança traz em sua bagagem seja aproveitado para toda uma gama de conhecimentos relacionados à conteúdo curricular. “Que uma criança não saiba ainda ler, não é obstáculo para que tenha ideias bem precisas sobre as características que deve possuir um texto escrito para que permita um ato de leitura. ” (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985, p. Observando se tais construções são resultados do próprio jogo ou se são conhecimentos espontâneos elaborados pela criança. A Base Nacional Comum Curricular- BNCC elabora em 2018, sintetiza de maneira detalhada as habilidades e competências que devem ser desenvolvidas ao longo da educação básica. O documento apresenta o brincar como “direito de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil”.

Segundo a BNCC (2018) Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. BRASIL, 2018, p. Assim, o docente deve analisar o sistema de trabalho e propor atividades e conteúdos que mais se adequem ao contexto social e as particularidades presentes em cada turma, a fim de proporcionar uma transformação social e individual. Partindo disso, atualmente compreende-se a criança como sujeito produtor de cultura. Assim, ao chegar na escola a criança carrega experiências e conhecimentos adquiridos desde os primeiros momentos de vida. O que se propõe são instituições educacionais que trabalhem de maneira contextualizadas com a realidade de seu aluno, dando autonomia ao educando em seu processo de aprendizagem tornado o ensino significativo.

O trabalho com o lúdico no processo de ensino e aprendizagem exige planejamento, acompanhamento e avaliação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: https://bit. ly/2yGJZsb. Acesso em: 18 fev. In: In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. ª ed. São Paulo: Cortez, 2001, pp. BROUGÈRE, Gilles. Criança, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo, SP: Cengage, 2016. FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre, Artes Médicas, 1985. Jogo, brinquedo e brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2008. MALUF, A. C. M. OLIVEIRA, Elisangela Modesto Rodrigues de. O Faz de Conta e o Desenvolvimento Infantil. Revista Eletrônica Saberes da Educação. v. nº 1, 2013. edu. br/ocs/index. php/connepi/vii/>. Acesso em: 10 fev. SÁ, Neusa Maria Carlan.

ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. WALLON, Henri. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

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