Inconfidência Mineira: Um Movimento pela Independência de Minas Gerais

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:História

Documento 1

Este estudo justifica-se mediante a relevância da temática não apenas para a história de Minas Gerais, mas para a do Brasil, ponderando ser o movimento pioneiro propenso a autonomia da colônia brasileira. Visando alcançar nossos objetivos, desempenhou-se um levantamento bibliográfico mediante a leitura de livros, artigos e teses relacionadas ao tema, sendo encontradas em bibliotecas e endereços eletrônicos. Como referenciais teóricos foram utilizados autores como Chiavenato (1989) e Maxwell (1989/2001). Diante disto, logrou-se êxito na pesquisa, explanando sobre o primeiro movimento social em busca da independência de um Estado, o qual foi abortado tendo seus líderes punidos, especialmente Tiradentes, o qual foi o único a ser condenado à morte. Palavras Chaves: Inconfidência Mineira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 16 1. INTRODUÇÃO Desde a Antiguidade, sempre houve grande interesse do homem pelas riquezas minerais.

Navios e grandes expedições percorreram milhares de quilômetros à procura de jazidas de metais como a prata e o ouro. Doravante a descoberta de um novo continente e o estabelecimento de colônias europeias na América, o interesse pelos metais mudou seu curso para as terras recém-descobertas. Nesse contexto, o Brasil se mostrou como um novo e fascinante destino para a busca de metais e pedras preciosas. Portanto, nosso procedimento de análise deu-se primeiramente, por interferência de uma pesquisa exploratória, a qual propendeu a uma familiarização com o tema. Desse modo, buscamos o objeto da pesquisa em distintos endereços eletrônicos como o Google Acadêmico, Bibliotecas Virtuais e o SciELO. Nessa conjuntura, foram coletados diversos autores, como os que dissertam sobre a mineração em Minas Gerais, isto é, Duílio Ramos (1961), Sérgio Buarque de Holanda (1972), Laura de Mello e Souza (1986) e Chiavenato (1989), além daqueles que abordam sobre a Inconfidência, sobretudo o próprio Chiavenato (1989) e Maxwell (1989/2001).

Assim sendo, desempenhamos uma análise bibliográfica, visando coletar o maior número possível de dados e informações pertinentes para conceituar e fundamentar a construção desse estudo. Ao término, demos início ao desenvolvimento textual. Diante do exposto, evidencia-se que o povoamento de Minas Gerais se deu com grande intensidade graças à descoberta do ouro nessa região, ponderando que segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda (1972, p. de “30. habitantes na primeira década do século XVIII” ampliou-se para “[. habitantes, no levantamento de 1776”. De acordo com a historiadora Laura de Mello e Souza (1986), dentre as pessoas que se dirigiram às Minas, encontrava-se um misto de ricos, pobres, negros, índios, brancos, homens e mulheres, além de cerca de 4 mil portugueses que desembarcavam anualmente. Inicialmente, nas regiões de Sabará, Caeté, Vila Rica e São João Del Rei, sucederam combates resultando em numerosas mortes.

Em 1708, os emboabas formaram um grande exército visando à expulsão dos paulistas da região. Em 1709, cerca de 300 paulistas foram mortos no rio das Mortes, após serem rendidos aos emboabas (Capão da Traição). Devido à numeração inferior, os paulistas se retiraram da região das Minas. Doravante o término do confronto, o governo português reorganizou a administração da Colônia, visando maior controle da produção aurífera. Deste modo, era perceptível o grande interesse de Portugal em expandir suas riquezas nas Minas Gerais, contudo, o governo não foi capaz de explorá-la de forma conveniente. Com o povoamento repentino que ocorreu, não houve a preocupação de gerar uma melhoria na qualidade de vida daqueles que ali trabalhavam e a exploração não foi realizada de forma eficiente, devido à falta de informação, ponderando que as terras não possuíam a presença de um engenheiro, geólogo ou mineralogista.

Holanda ratifica: Embora obcecado com a riqueza, Portugal não cuidou de explorá-la, convenientemente: não teve o cuidado de elevar o nível de vida do povo, não lhe deu orientação adequada às pesquisas sem instrumentos para exploração eficiente. Não imprimiu sentido técnico ao trabalho, o que importou afinal em malogro de seus propósitos. Fiscalizou apenas, montando máquina policial, aparelho de repressão, rede interminável de tributos (HOLANDA, 1972, p. Concomitantemente, aumentavam paulatinamente os tributos cobrados sem refletir sobre a melhoria ou aprimoramento das técnicas de extração, haja visto a grande necessidade de tais métodos. De acordo com o historiador Júlio José Chiavenato, Entre 1735 e 1744 os mineiros conseguiram 20. quilos de ouro. A produção caiu para 8. quilos de 1780 a 1789.

Atemorizada com a suposta derrama e completamente insatisfeita, a população resolveu se unir para conquistar sua emancipação de Portugal, isto é, a independência de Minas Gerais. Este episódio resultou na Inconfidência Mineira ou também designada Conjuração Mineira, no ano de 1789, a qual transformou-se no maior símbolo da resistência em Minas Gerais, conforme abordaremos no tópico posterior. A INCONFIDÊNCIA MINEIRA A supracitada derrama foi concebida pela historiografia como uma forte contribuinte na deflagração de uma revolta popular. Consoante ao historiador Joaquim Norberto de Souza e Silva (1860, p. as cotas estabelecidas “eram excessivas [. Constata-se ainda, que a própria elite mineira foi atingida pela derrama, conforme elucida Chiavenato (1989, p. a derrama assustava os mais ricos moradores de Minas Gerais, pois, como antigos contratadores, deviam verdadeiras fortunas ao fisco lusitano”.

Ademais, soma-se a isto a insatisfação popular, a qual não se caracteriza como algo que se restringe apenas ao lançamento da derrama, mas advém de tempos anteriores, onde a Coroa iniciou sua tributação de impostos exorbitantes e a repressão, sem ao menos conceder qualquer auxílio aos mineradores. De acordo com Silva (1860, p. a publicação da derrama resultaria no “[. com exceção de Tiradentes, os demais envolvidos eram pertencentes a elite mineira e se incumbiam de cargos altos na Coroa Portuguesa. Destarte, Tiradentes representava as classes menos abastadas da sociedade das Minas Gerais e, “ao contrário de seus companheiros conjurados, não era um grande proprietário e lutava com dificuldades para sobreviver na região mineradora”. Ademais, Chiavenato reitera: Era um alferes, baixa patente das forças militares sediadas na Colônia.

Além disso, trabalhava como um prático dentista – sabia arrancar dentes e fazer próteses -, daí o seu apelido; ou seja, estava vinculado ao trabalho manual, coisa que causava espanto para aquela elite colonial escravocrata, que considerava trabalho coisa de negro. CHIAVENATO, 1989, p. Segundo Maxwell (1989, p. “os conspiradores esperavam que a derrama fosse imposta em meados de fevereiro” do ano posterior, ou seja, em 1789 e, doravante esta imposição, a revolução eclodiria. Assim, foram estabelecidas as estratégias para seu desenvolvimento, onde cada líder inconfidente recebeu uma incumbência a ser seguida. De acordo com Maxwell (1989), Tiradentes responsabilizou-se de amotinar em Vila Rica, além de planejar com o coronel Freire de Andrade os desempenhos das Companhias de Dragões. O padre Oliveira Rolim foi delegado ao Distrito Diamantino, enquanto o coronel Alvarenga Peixoto atuava em Rio Verde e na rota de São Paulo, assim como o padre Carlos Correia operaria em São José, Bordo do Campo e Tamanduá.

A seguir seria proclamada a República e lida uma declaração de independência (MAXWELL, 1989, p. Diante deste planejamento e propensos a impetrar a proclamação da República, os conspiradores preparavam até mesmo o seu novo Estado, que por sua vez, seria independente. Assim, estabeleceu-se que a capital seria em São João Del Rei e para governar instituía-se o jurista Tomás Antônio Gonzaga, o qual doravante três anos, seria substituído mediante as eleições livres, que ocorreriam anualmente. Conforme expõe Maxwell (1989), até mesmo uma constituição estaria definida, assim como a legislação do Estado, sob a incumbência de Gonzaga e do cônego Luís Vieira da Silva. Ademais, Maxwell (2001) elucida que os planos incluíam o estabelecimento de hospitais, universidade e casa da moeda.

O verde dentro do triângulo simboliza a revolução, no entanto, na bandeira atual do Estado, esta cor foi substituída pela vermelha, a qual também se associa ao ideal revolucionário. Diante do exposto, evidencia-se que uma respeitável conspiração havia sido organizada nas Minas Gerais até os primórdios de 1789 e, conforme sintetiza Maxwell, a mesma foi [. apoiada por alguns dos mais ricos e mais importantes homens da capitania e contando com o apoio significativo da tropa regular aquartelada na região, incluindo o seu comandante-chefe. Se tudo ocorresse conforme os planos e a derrama fosse imposta em fevereiro de 1789, como se esperava, teria sido desencadeada uma ação que poderia, em última instância, desfechar um golpe arrasador no domínio português sobre o Brasil (MAXWELL, 1989, p.

No entanto, assolando as expectativas dos inconfidentes, a derrama foi suspensa, tendo em vista uma averiguação da conjuntura mineira, onde foram perceptíveis a precária economia e a futura resistência da população. Além de Silvério dos Reis, outros indivíduos delataram, fator que contribuiu para que a Coroa concedesse uma repreensão severa e violenta aos inconfidentes. Desta forma, alguns inconfidentes foram inocentados e outros condenados e, segundo Chiavenato (1989) a punição não foi universal a todos, tendo em vista que 23 foram exilados e cerca de 10 foram condenados à morte. Insta salientar, que a condenação à morte foi substituída pelo banimento em alguns casos, conforme reitera Chiavenato, com exceção de Tiradentes, o qual além de ser morto foi humilhantemente condenado ao enforcamento.

Ademais, constata-se que Tiradentes foi o primeiro inconfidente a ser capturado e encarcerado no Rio de Janeiro. A sentença de execução de Tiradentes foi assinada pela rainha D. Dessa maneira, tudo se encaixava dentro dos desígnios portugueses: um homem precisava ser condenado à morte e Tiradentes tinha esse perfil bem definido (CHIAVENATO, 1989, p. Em síntese, evidencia-se que os inconfidentes pertencentes a elite tiveram penas brandas e Tiradentes, foi o único condenado à morte devido ao seu pertencimento e sua representação as classes menos abastadas, isto é, aos pobres, os quais são discriminados ainda na contemporaneidade e possuem seus direitos transgredidos somente por sua condição econômica. CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente artigo abordou-se sobre uma conspiração sucedida em Minas Gerais ao término do século XVIII visando a independência desta região, mediante os intensos tributos cobrados e a repressão desempenhada pela Coroa portuguesa ponderando a mineração do ouro.

Deste modo, elucidamos inicialmente sobre tal mineração, para que pudéssemos compreender o cenário em que Minas Gerais se encontrava e de que forma o declínio do ouro contribuiu para a conspiração. Assim, verificamos que o ouro possuía grande importância para a metrópole, no entanto, seus desempenhos visavam apenas a tributação, deixando os mineradores sem instrução e materiais para a obtenção do ouro. Sintetizando, a inconfidência mineira foi o primeiro movimento que propendeu a emancipação de Portugal, o qual fracassou, mas foi acuradamente elaborado para a implantação da República em Minas Gerais. Devido a isto, temos que reconhecer sua importância para a concretização da nação brasileira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFONSO, Paulo. Inconfidência – Museu.

Publicado em 16 de julho de 2018. com/2013/04/bandeira-de-minas-gerais. html>. Acesso em 25 set. CASTRO, Eduardo M. de.  O Brasil Monárquico: Dispersão e Unidade. ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1972. JARDIM, Márcio. Inconfidência Mineira: uma síntese factual. pdf>. Acesso em 24 set. PRADO JÚNIOR, Caio.  Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia. ª ed. ed. Brasília: Câmara dos Deputados; Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1976. Disponível em: <http://portaldainconfidencia. iof. mg. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, Livreiro-Editor do Instituto Histórico, 1860. SOUZA, Laura de Mello e.  Desclassificados do Ouro: A Pobreza Mineira no Século XVIII.

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