GEOGRAFIA E HISTÓRIA: UMA INTERDISCIPLINARIDADE MEDIADA PELO ESPAÇO
Tipo de documento:Artigo acadêmico
Área de estudo:História
Palavras-chave: Nova História, Escola dos Annales, Geografia, Interdisciplinaridade. INTRODUÇÃO Marc Bloch definiu, em meados do século XX, História como “um estudo do homem no tempo” e inaugurou a noção de história como um problema (Bloch, 2001). Tal definição ampliou o campo de estudo da História, não mais entendida apenas como o estudo do passado humano. Historiadores como Febvre, Bloch e Braudel foram alguns que iniciaram e expandiram a visão do campo historiográfico ao englobar saberes de outras áreas. O diálogo entre historiadores da Escola dos Annales e Geógrafos da Escola Vidal de la Blache ficou evidente nas obras dos fundadores da Revista Annales d´histoire économique et social. Sabe-se que se trata de uma oposição ao paradigma tradicional – história rankeana4.
Neste cenário, áreas marginalizadas começaram a receber notável atenção e o campo da História passou a abranger todas as atividades humanas, se opondo à ideia tradicional de superioridade da política, quebrando paredes que separam o central do marginal. Tópicos e sujeitos esquecidos passaram a fazer parte integrante do fazer histórico, abrindo espaço para a história da loucura, da morte, da leitura etc. Seguindo a mesma linha de raciocínio, novos sujeitos históricos ganham voz, solapando a soberania dos “heróis” e dos grandes feitos. O cotidiano passou a fazer parte da construção narrativa dos acontecimentos, havendo uma experiência de mudança social ao produzir uma “história vinda de baixo” (BURKE, 1992). “Um rio pode ser tratado por uma sociedade como uma barreira, mas por outra, como um meio de transporte.
” (FEBVRE, 1922 apud BURKE, 1992) O historiador francês defendia que o ambiente físico não determina as escolhas do coletivo – incluindo atitudes religiosas - mas sim o próprio homem, seus hábitos e maneira de viver. Essa forma de pensar a ciência refletiu diretamente na Revista Annales d´histoire économique et social e, em sua primeira edição, em 1929, trouxe uma mensagem de seus editores explicando o objetivo envolto na abordagem nova e interdisciplinar da História. “Historiadores, sejam geógrafos. Sejam juristas, também, e sociólogos, e psicólogos” (Febvre, 1953 apud BURKE, 1992, p. Inicialmente, coisa da etimologia, não é verdade? Tal como a história, que, em 1942, como dissemos também sempre se apresenta como uma narrativa, uma ciência do acontecimento – porém, sem estar consciente disto, o que agrava seu caso (BRAUDEL apud Ribeiro, 2015).
A Geo-história ganhou folego diante dos discursos de interdisciplinaridade que estavam sendo discutidos na Escola dos Annales. Neste cenário, o diálogo da História com outras ciências ganhou força. Os conceitos formulados pela escola francesa juntaram-se às discussões presentes na escola do geógrafo francês Vidal de la Blache. Anteriormente a Braudel, Febvre já havia posto em questão uma história que englobava as dimensões físicas e as macro-espacialidades com sua obra publicada em 1922 A terra e a evolução humana. A Escola dos Annales. São Paulo: UNESP, 1992. BURKE, Peter (Org. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992. p. BRAUDEL, Fernand. Geo-história: a sociedade, o espaço e o tempo (Trad. In: Revista História, Ciências, Saúde, n.
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