BIOÉTICA E PSICOLOGIA: HUMANIZANDO O ADEUS A VIDA

Nesse sentido, foi possível alçar reflexões sobre como a sociedade e principalmente o estado brasileiro ainda se baseiam em concepções ultrapassadas sobre a humanização no processo de morte, além de identificar o profissional psicólogo como um mediador nessa articulação entre concepções ultrapassadas e o benefício de renovar o olhar diante de novas perspectivas de cuidados, além de renovar compreensões sobre vida e morte. Limitaram-se observações mais objetivas neste estudo, no que tange a atuação do psicólogo em sua própria perspectiva profissional, não obstante, acredita-se que tal condição se deve ao fato por se tratar de um tema novo e que demanda ainda bastante reflexão e investigação. Palavras-Chave: Bioética. Psicólogos.

Cuidados paliativos. Palliative care. Death and dying. Humanization. INTRODUÇÃO O princípio da bioética surge diante de uma perspectiva científica em expansão, onde o mundo contemporâneo se vê frente às tecnologias, imensuravelmente imbricadas em processos de formação, manutenção e prolongamento da vida. Assim, o termo foi originalmente alcunhado pelo médico oncologista Van Rensselaer Potter durante a década de 1970 nos EUA, como foco centralizado no ser humano, considerando aspectos culturais e sociais e de saúde, sendo a perspectiva atual essencialmente voltado não apenas para o ser humano, mas para a vida propriamente dita (BETIOLI, 2015). As bases de dados para identificação do material utilizado na articulação analítica do estudo foram buscadas nas seguintes plataformas: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google acadêmico.

De modo que, os critérios para inclusão foram: trabalhos científicos publicados no intervalo dos últimos dez anos; artigos publicados em revistas científicas, disponíveis na íntegra e para acesso público com download gratuito em língua portuguesa; E para exclusão, os critérios propostos foram: publicações em línguas estrangeiras sem tradução; trabalhos que não estavam do período de publicação estabelecido; artigos duplicados; material que esteja fora da área da psicologia e/ou afins. O Encadeamento da pesquisa contou com a identificação e seleção do material pertinente á interlocução da problemática proposta, o segundo momento se deu através da leitura e fragmentação do material selecionado, por seguinte foi realizada ordenação do conteúdo por meio de fichamentos para que finalmente, fosse realizada análise reflexiva e elaboração articulada das considerações finais.

RESULTADOS Por meio de uma revisão de literatura recente, tomando como base pesquisa divulgadas nos últimos dez anos, através dos descritores “Bioética”, “Psicologia”, “finitude” e “cuidados paliativos”, encontraram-se os dados que se apresentaram conforme discriminado na figura 1. Figura 1 – Dados da pesquisa de Revisão Bibliográfica Fonte: Autora (2020) Na composição da análise do estudo, foram identificados onze estudos que atendiam integralmente a todos os critérios de inclusão. e FONSECA, S. L. BVS Bioética e saúde coletiva: convergências epistemológicas. JUNGES, J. R. PORTO, G. e LUSTOSA, M. A. Scielo Despedida silenciada: equipe médica, família, paciente cúmplices da conspiração do silêncio. RODRIGUEZ, M. et al. BVS Fonte: Autora (2020) DISCUSSÃO A bioética apesar de se apresentar no meio científico, como um conceito relativamente novo, constitui-se de um campo científico para além da práxis na ética médica, posto que, sua compreensão abarca a atuação da saúde coletiva defendendo o discurso do direito pela tomada de decisão consciente, autônoma e respeitada diante de situações onde demandam decisões sobre a vida, como viver essa vida e como encarar o processo de morte, e que em suma, se relaciona em meio a uma prática interdisciplinar, que tem como princípio fundamental a quebra de todos os aprioris epistemológicos de que o cuidado em saúde coletiva é algo unilateral e simplista (JUNGES; ZOBOLI, 2012).

Um estudo de revisão integrativa realizado por Souza et al (2013) aponta que no contexto de tratamento da dor, quatro princípios éticos são de fundamental importância. De modo que, os autores apontam a autonomia, no que diz respeito ao sujeito ter acolhimento em suas tomadas de decisão, e orientação precisa inclusive, na negativa de receber tratamento; a beneficência, como o uso indiscriminado de ferramentas que qualifique e alivie a dor do sujeito; a não maleficência, ou seja, uma atuação que não provoque consequências negativas diante dá dor já instalada, e a justiça, no que tange a um atendimento igualitário. Os quatro princípios fundamentais propostos pela bioética, fazem com que a atuação dos profissionais de saúde frente às diversas conjunturas no processo de saúde e doença, seja percebida, segundo Saorin e Bertotto (2018) como uma maneira de promover o senso de dignidade humana e qualidade de vida, mesmo que esta vida esteja em processo de finitude.

o sofrimento perdeu sua razão de ser” (KUBLER-ROSS, 2008, p. De forma que, essa percepção vem mudando atualmente. Nessa perspectiva contemporânea da morte assistida, focada no cuidado paliativo e na autonomia de decisão, a Ortotanásia é descrita como sendo uma possibilidade que: Oferece ao paciente as condições necessárias para o entendimento de sua finitude e o prepara para partir em paz e sem sofrimento. Essa prática não apressa e nem prolonga o processo de morrer, mas proporciona condições de vida durante esse período, aliviando todos os tipos de sofrimentos (físico, espiritual e emocional) e permitindo um maior contato com as pessoas queridas do seu convívio a fim de proporcionar a despedida sem culpas e dúvidas (PORTO; LUSTOSA, 2010, p. Diante dessa conjuntura de morte em um processo consciente e autônomo, Oliveira e Alves (2010) destaca este como uma possibilidade vinculada ao princípio bioético da beneficência e que na relação entre paciente e equipe médica deve se configurar no conceito da laicidade, onde o caráter de escolha deve partir do paciente, mesmo que seja uma pessoa idosa, e no geral tem que ser acolhido e respeitado pelos profissionais de saúde que o assiste.

Bioética, ética da vida. ª ed. São Paulo: LTr, 2015. BRANDALISE, V. B. L. Bioética, eutanásia e psicologia: tecendo algumas reflexões. Mnemosine, v. n. p. Como elaborar projeto de pesquisa. ed. São Paulo: Atlas, 2008. JUNGES, J. R. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. OLIVEIRA, I. R. e ALVES, V. SBPH, v. n. RODRIGUEZ, M. I. F. n. p. SOUZA, L. A. F.