ARTIGO AFETIVIDADE PARA A INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Tipo de documento:Análise
Área de estudo:Gestão ambiental
Essa questão se justifica a partir da constatação de que apenas o fato do aluno estar matriculado no ensino regular não garante que seja incluído nos processos de aprendizagem, compreendendo que o desenvolvimento e aprendizado da criança depende, não somente de fatores cognitivos, mas, também, sociais e emocionais, é que refletir sobre a afetividade se torna relevante. O objetivo central deste estudo é compreender como a afetividade na Educação Infantil impacta no aprendizado e desenvolvimento da criança em uma perspectiva inclusiva. Para isso, foi utilizado o procedimento metodológico da revisão bibliográfica com abordagem qualitativa, em que foram consultados artigos científicos publicados nos repositórios digitais da Capes, Scielo e Google Scholar, entre os anos de 2015 a 2022. Com a pesquisa foi possível compreender que ao lidar com a pessoa com deficiência na Educação Infantil, o docente deve nortear sua prática pelas emoções, sem criar modelos padronizados que irão oprimir as crianças, mas sim valorizando as diferenças e integrando os diferentes saberes para formar de modo integral.
Nesse contexto, é pela afetividade que se compreende o outro, que são rompidas as práticas exclusivas, favorecendo a construção de um ambiente em que haja acolhimento, diálogo e equidade para o desenvolvimento e aprendizagem. Henri Wallon (1995) desenvolveu uma concepção integral do ser-humano por meio de uma abordagem psicogenética dialética. Ferrari (2014) afirmam que Wallon valoriza a afetividade no processo de desenvolvimento cognitivo, bem como, a relação professor-aluno para o desenvolvimento integral do indivíduo. É imprescindível a consideração do papel da afetividade no funcionamento psicológico, bem como na construção de conhecimentos cognitivos e afetivo. Até que ponto a afetividade nutri o processo da aprendizagem? Segundo Russo (2015, p. “As dificuldades de aprendizagem podem derivar de causas emocionais do nível de pensamento, de diferenças funcionais ou de alterações no desenvolvimento”.
de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente complementaram as provisões para que a inclusão escolar fosse reconhecida como direito fundamental no Brasil (BRASIL, 1988/1989/1990). Silveira (2020) afirma que o contexto geral do Brasil era de afirmação dos princípios democráticos e da construção de uma sociedade com maior equidade e justiça social, o que significou campo fértil para as ideias inclusivas que estavam sendo afirmadas na legislação do país. E nesse sentido, foi, também, fundamentada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional do ano de 1996, passando a contemplar a inserção dos alunos introduzidos na Educação Especial para o ensino regular. Poker, Martins e Giroto (2016) atentam que para que haja efetividade prática dos pressupostos legais da educação inclusiva é necessária a garantia de acessibilidade total, isto é, na estrutura física do prédio escolar permitindo que o aluno possa se locomover e aproveitar todos os espaços, em aspectos comportamentais dos sujeitos que acolhem a criança, pois ela não deve ser tratada pelo assistencialismo, mas sim como um sujeito de direitos em plena capacidade de aprendizagem e desenvolvimento e na dimensão pedagógica, com o planejamento didático curricular flexível que possam contemplar as necessidades específicas apresentadas pela criança.
Para garantir uma sociedade mais justa e igualitária é necessário então, reconhecer as diferenças e prover recursos que permitam atuar pela equidade de oportunidades em ambiente escolar: A questão da diversidade é peça chave do processo educativo, em respeito aos aspectos culturais, sociais e ambientais. Nesse caso, a escola necessita reconhecer o aluno como um ser em pleno processo de desenvolvimento e assegurar que todas as dimensões desse desenvolvimento serão consideradas (AMORIM, 2020, p. Compreende-se, com isso, que a educação escolar não deve, apenas, se focar nos aspectos cognitivos do sujeito, mas sim, promover uma formação integral que contemple todos os aspectos do desenvolvimento, dentre os quais as emoções. A vida afetiva tem três estágios: o primeiro é o estado fisiológico em que as necessidades vitais são o termômetro da afetividade; o segundo é referente as emoções primitivas e se manifestam por meio do medo, da cólera como reação ofensiva e da simpatia e afeição como demonstração de afeto; já o terceiro é o da paixão, que como afirma o autor: “vai depender do desenvolvimento intelectual que a regula e a orienta” (ALMEIDA, 2008, p.
É por meio da educação e do vínculo social que a criança tem contato com o mundo adulto, dessa forma, a vinculação entre o adulto e a criança pode resultar no crescimento, no compartilhamento de experiências que estimulam o desenvolvimento e no cuidar, ou, também, pode caminhar para a imposição, o trauma, a manipulação e a rejeição (ALMEIDA, 2008). Dessa forma, é a relação baseada no afeto, este apresentando-se, não como uma determinação, mas sim como uma possibilidade da vinculação social entre os sujeitos, que irá guiar a ação educativa para o respeito ao ritmo e o desenvolvimento saudável da criança, impactando em uma relação de empatia e acolhimento que proporciona segurança e motivação para a criança no ambiente escolar.
O professor e os colegas formam um conjunto de mediadores da cultura que possibilita um grande avanço no desenvolvimento da criança (BARROS, 2017, p. A afetividade no ambiente escolar contribui para a aprendizagem de maneira efetiva e inclusiva, sendo o professor comprometido com o ensino ele não será apenas o sujeito que transmite conhecimento, mas, também, que efetiva uma relação fundamentada na troca. Quando essa relação tem como base o afeto, respeito, diálogo, limites e confiança, tornam-se este um ambiente que propicia crescimento e realização tanto para o aluno quanto para o professor. A afetividade para a inclusão na Educação Infantil Ao entrar no contexto escolar a criança traz consigo experiências sociais e culturais distintas, além de diferentes conhecimentos que influenciam à sua maneira de aprender.
O educador, nessa fase, tem a responsabilidade de reduzir essas diferenças resultantes das variadas interações sociais externas à escola, e dar a todas as crianças iguais oportunidades para desenvolverem as suas capacidades fundamentais para o seu futuro sucesso social e escolar (COLL, 2014). Friedmann (2020) afirma que é necessário repensar as práticas institucionais no contexto da Educação Infantil, de forma a incluir toda e cada criança, compreendendo todos os aspectos que envolvem sua realidade enquanto seres em desenvolvimento, considerando os interesses, as necessidades e as peculiaridades, para que seja possível caminhar rumo a construção de uma sociedade mais saudável fundamentada no respeito, na ética e na equidade. Para Lima e Jesus (2014) a criança faz parte do rol de influências que constroem o cotidiano da sociedade, dessa forma, é necessário compreender e respeitar as mais diferentes infâncias que são influenciadas pela sociedade e cultura em que a criança vive.
Nesse contexto, o trabalho pela afetividade é capaz de compreender a criança e sua percepção de pertencimento nos meios em que habita, como a família, a escola e a sociedade. O afeto reflete no modo em que a criança se relaciona com o outro, pois ao ser acariciada, aconchegada e receber verbalizações carinhosas na primeira infância, a criança aprende a, também, acariciar, confortar, tocar delicadamente, enfim, a linguagem do amor (LIMA; JESUS, 2014). O exemplo dado pelo educador impacta na forma em que a criança irá agir com as outras pessoas. Cardoso (2015) afirma que a educação infantil é a base para o desenvolvimento cognitivo da criança, sendo este importante para que haja o convívio social e adaptação ao meio. É por meio da afetividade que se estabelece um vínculo de amizade, respeito, tolerância, cooperação, tornando o ambiente escolar motivador e apto para atender todas as necessidades que as crianças apresentam.
A educação infantil é uma etapa importante para o aprendizado da criança e para o seu desenvolvimento, dessa forma, o profissional da educação deve ter plena capacitação para planejar as suas aulas considerando todo o contexto do universo infantil e das diferenças em sala de aula, inovando sua prática a partir do lúdico que corresponde a linguagem da criança e proporcionando segurança, acolhimento e afeto nas relações cotidianas (SILVEIRA, 2020). Nesse ponto, Costa (2011, p. afirma que é pela afetividade que se constrói um ambiente alegre e tranquilo para receber a criança, ainda há a conquista de confiança entre o professor e a criança, o que impacta em uma relação de afeto entre os outros profissionais da educação também: “a afetividade é o único caminho possível para a inclusão, através dela, as portas se abrem e as resistências caem por terra”.
A educação inclusiva é aquela que contempla todos os aspectos de desenvolvimento da criança, independente de sua condição, adaptando suas práticas para receber o aluno e incluí-lo nas atividades cotidianas da sala regular, sem, contudo, deixar de compreender suas necessidades específicas, porém, valorizando suas potencialidades ao invés de seus déficits. A afetividade é o caminho para a superação das dificuldades de aprendizado, além de auxiliar para que ocorra o pleno desenvolvimento humano, pois, é por meio de um relacionamento baseado no afeto, no respeito e na confiança que se atinge a motivação das crianças para os processos escolares, além de contribuir para o desenvolvimento de trabalhos colaborativos que, também, auxiliam as crianças a otimizar seu desempenho escolar.
Com a pesquisa foi possível compreender que a afetividade é importante para a aprendizagem das crianças e para o seu desenvolvimento pois colabora para o vínculo de afeto entre o docente e as crianças, a cooperação e amizade em sala de aula, tornando o ambiente mais agradável e as atividades mais motivadoras, contribui para o desenvolvimento social, no respeito, na tolerância, na valorização da diversidade refletindo na construção identitária da criança e um desenvolvimento saudável para a vida adulta. Ademais, a afetividade estimula a relação de confiança e a expressão de sentimentos das crianças, o que facilita o trabalho docente, pois direciona sua prática pedagógica. Referências ALMEIDA, Ana Rita Silva. Afetividade na educação infantil: a formação e a construção colaborativa de novos saberes e ações educativas a partir da teoria walloniana.
Taubaté-SP: Universidade de Taubaté, 2020. BARROS, Irani Cardoso de. A importância da afetividade na relação professor-estudante no Centro Educacional Professor Carlos Mota. Brasília: Universidade de Brasília, 2017. de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 1990. CARDOSO, Michelle Gertrudes. Importância da Afetividade na educação infantil. Especialista em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão). Brasília: Universidade de Brasília, 2011. FERREIRA, M. E. C. Rev. Int. Investig. Cienc. Soc. LIMA, Mariana Parro; JESUS, Adilson Nascimento de. Vitória vai a escola: a afetividade como o elo entre o cuidar e o educar na educação infantil. Jundiaí – SP: Paco Editorial, 2016. MONTEIRO, Genilde do Nascimento Alves et al.
A relevância da afetividade na inclusão de alunos com deficiência visual no ensino regular. M. A função do Pedagogo na Escola Pública: Possibilidades de Atuação na Perspectiva do Trabalho Coletivo. Curitiba, 2014. PINTO, Heloysa Dantas de Souza. Emoção e ação pedagógica na infância: contribuição de Wallon. ª edição. Livraria Martin Fonte: São Paulo,2009. RUSSO, Rita Margarida Toler. Neuropsicopedagogia Clínica: introdução, conceitos, teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2015. Declaração de Salamanca: sobre os princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. UNESCO, Salamanca, Espanha, 1994. WALLON, Henry. Psicologia e educação da criança. Lisboa: Veiga, 1979.
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