Ambientes Comerciais pelo olhar do Design de Interiores
Tipo de documento:Artigo acadêmico
Área de estudo:Arquitetura e urbanismo
Propensos a alcançarmos nossos objetivos, efetuamos uma análise bibliográfica com o emprego de fontes teóricas e conceituais, com autores como Sudjic (2010), Bauman (2008), Blessa (2010), Silva (2006), Lacy (1996) e Gurgel (2013), os quais abordam essa temática em seus descritos. Conclui-se com este estudo que o projeto de interiores influencia intensamente para o comportamento do cliente, não apenas o induzindo e facilitando a compra, mas possibilitando seu conforto e bem-estar. Mediante a efetivação de nossa pesquisa e construção desse artigo, espera-se contribuir para a explanação acerca da influência promovida pelo design de interiores em ambientes comerciais na aquisição de produtos pelos clientes. Palavras-chave: Design de Interiores. Ambientes Comerciais. Não existia a cultura de se contratar um arquiteto ou designer para projetar esses ambientes. Os próprios proprietários organizavam e decoravam os seus negócios.
Antigas casas se transformavam em clínicas, restaurantes ou até mesmo em lojas apenas com a abertura de uma parede ou uma vitrine na sua fachada (MENEGOTTO, 2017:01). Desse modo, evidencia-se que na contemporaneidade aquela errônea concepção acerca do design de interiores foi alterada, tendo em vista as grandes vantagens que a decoração e o aproveitamento dos ambientes ocasionam para um comércio ou indivíduo, como o bem-estar, a salubridade, o conforto, a praticidade e a produtividade. Assim, o design de interiores vai muito além de proporcionar apenas um ambiente bonito, interferindo e influenciando de forma positiva no modo de viver da sociedade de consumo. Essa conjuntura é o que denominamos de “Sociedade de Consumo”. Consoante ao filósofo e sociólogo Karl Marx, Em todas as formas de sociedade, é uma produção determinada e as relações por ela produzidas que estabelecem todas as outras produções e as relações a que elas dão origem, a sua categoria e a sua importância.
É como uma iluminação geral que modifica as tonalidades particulares de todas as cores. MARX, 2003:256). A sociedade concebe então, a percepção capitalista de que adquirir bens é o caminho para a felicidade e, dessa forma, o consumo cresce constantemente sem que haja uma real necessidade humana para isso. Em síntese, o consumismo incide em uma ação social contemporânea movida pelos desejos e pelo capital, a qual submerge e qualifica determinados grupos de indivíduos. Destarte, aqueles que não consomem são ponderados como pertencentes a uma “classe falha”, ou seja, se concebem como os excluídos da sociedade de consumo. Constata-se ainda que os consumistas rompem com a sensibilidade das belezas do mundo para tornar notório os bens produzidos pelo ser humano, transformando a conjuntura em um verdadeiro mercado de sentimentos.
Nessa concepção, para tornar-se completo e feliz não precisamos de valores e princípios, mas sim, de produtos que se adquirem mediante o capital. Embora o consumismo apresente inúmeras características negativas, insta ressaltar que o consumo consciente possui seus benefícios, sobretudo para o desenvolvimento humano, ponderando que possibilita o atendimento das necessidades básicas do indivíduo, ou seja, a alimentação, saúde, moradia, higiene, bem-estar e, conforme supracitado, a própria felicidade. Deste modo, além do marketing, o investimento em uma infraestrutura adequada e convidativa é de extrema relevância para o incentivo ao consumo. Blessa (2010:31) corrobora e explana que “[. é preciso criar um design diferenciado e agradável de loja para promover visitas e muitas vendas”, viabilizando a promoção de conforto e sensações, além do vinculo emocional com o consumidor.
Na busca por transformar as lojas em ambientes propícios as compras, o design de interiores prepondera, tendo em vista sua contribuição no estímulo da aquisição de bens, algo que vai muito além da estética, afetando diretamente o comportamento do consumidor. Neste processo, destaca-se o planejamento do layout e da circulação dos clientes, bem como o emprego de cores e iluminação, conforme veremos a seguir. Na transição de acesso a loja, deve-se retardar a entrada do cliente visando uma melhor percepção do ambiente, tendo em vista que por intermédio da zona de acesso, o consumidor se adapta as condições da loja. Inicialmente, notam-se aspectos como a iluminação, as cores e a temperatura e, posteriormente, doravante o ingresso no ambiente, verificam-se os produtos expostos.
Deste modo, Silva (2006:78) estabelece a necessidade de “[. criar uma área de transição de 3 a 4 metros logo após a entrada”, para que o cliente sinta a ambientação da loja. Dentro da loja, os clientes possuem inclinação para virar à direita e, sendo assim, salienta-se que os produtos em destaque da loja devem se localizar sempre ao lado direito do ambiente, ponderando que além de grande parcela da população ser destra, o lado direito é onde se dirige nas ruas. Figura 2 – Corredores Matriciais Fonte: Marcelo Donadussi (2016) Os corredores de fluxo livre encontram-se em comércios de pequeno porte, onde verifica-se a exclusividade dos produtos. O circular dispõe de uma ilha central, por meio da qual os clientes entram pelo lado direito seguindo em direção ao final do ambiente e retornando pela lateral esquerda.
Este corredor é encontrado em diversos comércios, seja visando uma compra planejada ou impulsiva. A figura 3 ilustra uma loja com corredor circular. Figura 3 – Corredor Circular Fonte: Mercado & Consumo (2018) As áreas nobres devem ser previamente identificadas no ambiente, propensas a determinar o espaço mais atrativo da loja e concentrar os produtos mais importantes para a venda. Visando orientar o cliente pelas zonas hierárquicas, empregam-se os pontos focais, os quais segundo Granado (2017, p. podem ser expositores, produtos cuidadosamente dispostos, ou qualquer coisa que atraia a atenção do consumidor e o estimule” a deslocar-se e comprar. A figura 4 ilustra as zonas hierárquicas e os pontos focais de uma loja. Figura 4 – Zonas Hierárquicas e os Pontos Focais Fonte: Tony Morgan (2011) Em síntese, o ambiente comercial precisa possibilitar uma circulação prática dos consumidores e dispor de acessibilidade e sinalização.
Ademais, fundamentando-se nos fatores supracitados tem-se um projeto com melhor aproveitamento dos espaços e consoante ao comportamento dos clientes, o que facilita na escolha do produto e na venda, economiza o tempo de procura e promove uma atmosfera prazerosa, tanto para os clientes quanto para os funcionários. Iniciando-se pela tonalidade cinza, esta corresponde a neutralidade do ambiente e, simultaneamente, possibilita o sentimento de privacidade ao cliente. Assim, indica-se esta cor para espaços como banheiros e provadores de lojas, onde os clientes expõem suas intimidades, como ao experimentar uma vestimenta. De acordo com sua tonalidade, isto é, forte ou clara, a cor cinza pode ativar um cliente ou deixá-lo deprimido. Consoante a especialista em Cromoterapia, Marie Louise Lacy (1996), a cor cinza provoca uma reação emocional de infelicidade e a reação mental de negatividade e indecisão.
Ademais, Lacy (1996:28) reitera que “[. O verde simboliza a salubridade dos ambientes e emana a capacidade de cura, tendo em vista que se associa a passividade e a calmaria. Assim, emprega-se em ambientes destinados a saúde, como clínicas, laboratórios e consultórios, conforme ilustra a figura 5. Figura 5 – Consultório Odontológico Fonte: Pixabay (2019) Sendo uma tonalidade que se refere à natureza, a cor verde representa a brandura, o bem-estar, a segurança e a paz. Deste modo, Lacy (1996) elucida que o verde promove a reação emocional de quietude e a reação mental de receptividade e crescimento. Além disso, reitera que alude a autoestima, “[. Lacy (1996) adverte que esta cor promove a reação emocional de inconsequência e a reação mental de presteza. Diante da mistura entre o vermelho e o amarelo, temos a cor laranja, a qual associa-se também ao calor, bem como a liberdade e a inventividade.
Desta forma, o laranja incita o cliente e possibilita uma melhor comunicação. Ademais, é uma cor responsável pela diminuição de dores e da ansiedade. Consoante Lacy (1996), é uma tonalidade quente, que promove a reação emocional de excitação e uma reação mental de invenção. em pequenas quantidades é elegante, solene e sóbria. É de fácil combinação pois é neutra”. Diante das cores analisadas, cada uma pode ser empregada em diversos ambientes comerciais, no entanto, deve-se atentar a proporção empregada, tendo em vista que uma tonalidade mais clara ou mais escura, pode alterar completamente o resultado final. Sintetizando, a arquiteta Miriam Gurgel (2013:47) adverte que “[. é importante conhecer a característica das cores e utilizá-las com sabedoria para que sejam uma forte aliada num projeto de interiores”. Ratificando o supracitado, Silva (2006:93) elucida que “a iluminação de uma loja influencia as vendas tanto quanto as promoções [.
Bem integrada à estratégia do lojista, ela se torna uma poderosa e indispensável ferramenta de marketing, pois ajuda a mercadoria a atrair os olhares dos clientes”. Diante do exposto, salienta-se que a iluminação possibilita cor e forma a um ambiente e, além disso, pode ser empregada de duas formas, sendo de maneira natural ou artificial. A iluminação natural advém diretamente do ambiente externo, ou seja, da luz do sol e, desse modo, oportuniza diversos benefícios a nossa saúde, ponderando o equilíbrio e o aconchego proporcionado por ela. Além disso, a iluminação natural reduz em até 30% o consumo de energia elétrica. O IRC - Índice de Reprodução de Cor - também se concebe como de suma importância para a iluminação de ambientes comeciais, ponderando que possibilita a visualização da cor do produto como ela realmente é.
Segundo Silva (2006:99) isso promove “[. conforto e beleza ao ambiente”. Salienta-se que a norma da ABNT 5413/1992, elucida as aplicações de iluminância para interiores, a qual determina a proporção de lux indicada para cada espaço ou ambiente. O quadro 1 demonstra o IRC e os exemplos de aplicação, segundo tal norma. Assim, concluímos que estes indivíduos se concebem naqueles que consomem exacerbadamente visando seu bem-estar. Ademais, verificamos que o consumo é algo inerente ao ser humano e, encontra-se em voga na atualidade, tendo em vista que aqueles que não consomem são excluídos socialmente. Posteriormente, verificamos quais são os elementos que compõem um ambiente comercial e que possibilitam o conforto, o bem-estar e induzem o cliente a comprar, sendo eles, o layout e a circulação, bem como as cores e a iluminação.
Neste cenário, abordamos separadamente os empregos e benefícios de cada um para o ambiente comercial. Assim, vimos a necessidade do planejamento do layout e dos espaços destinados a circulação dos clientes, tendo em vista que proporcionam inúmeros benefícios, como a facilidade e a economia no tempo da procura e compra, a fidelidade do cliente para com a loja e, sobretudo, possibilita o lucro do comerciante mediante tais benefícios. pdf. Acesso em 05 set. BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: A Transformação das Pessoas em Mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. unicamp. br/lab/luz/ld/Arquitetural/Pesquisa/A%20PERCEP%c7%c3O%20DA%20LUZ%20ARTIFICIAL%20NO%20INTERIOR%20DE%20AMBIENTES%20EDIFICADOS. pdf. Acesso em 04 set. DONADUSSI, Marcelo. São Paulo: Editora De Maio, 14ª Ed. p. jun/jul, 2005.
GRANADO, Bruno Martins Campos. Estratégias Comerciais: visual merchandising aliado a arquitetura. Disponível em: https://rafaelleao. com/projeto/projeto-luminotecnico-riachuelo-ipanema/. Acesso em 12 set. MALHOTRA, Naresh (org. EBSTER, Claus; GARAUS, Marion. São Paulo: Martins fontes, 2003. MENEGOTTO, Dalilla Braz. Diretrizes projetuais para a criação de ambientes comerciais. Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 8, Edição Nº 14, Vol. dezembro/2017. PIXABAY. Dentista de Consultório Dentário. Disponível em: https://pixabay. com/pt/photos/dentista-de-consult%C3%B3rio-dent%C3%A1rio-2530983/. Acesso em 11 set. com. br/2017/08/23/utilize-o-layout-da-loja-para-vender-mais/. Acesso em 26 ago. SILVA, Michelle Tavares da. Projeto de Arquitetura de Interiores de Lojas voltadas para o Segmento Luxo: Um estudo de caso da rua Oscar Freire.
194 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto
Apenas no StudyBank
Modelo original
Para download
Documentos semelhantes