A reinserção do Idoso no Mercado de Trabalho
Tipo de documento:Plano de negócio
Área de estudo:Psicologia
Esta pesquisa foi realizada através de uma revisão bibliográfica de artigos de 2014 a 2020 junto as bases de dados: Scientific Electronic Library Oline (SCIELO), Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PEPSIC), Public Medine or Publisher Medine (PUBMED). Através de uma revisão bibliográfica de forma qualitativa a partir de uma leitura exploratória, seletiva e interpretativa. Evidenciando como resultados a influência das necessidades financeiras e do senso de utilidade enquanto fomentador da reinserção, o despreparo das organizações frente a atuação dos idosos no mercado de trabalho, tal como preconceitos e dificuldades. PALAVRAS-CHAVE: Idoso, Mercado de Trabalho, Organizações, Reinserção. ABSTRACT The reinsertion of the elderly in the labor market is a reference in the consideration that that individual still has great potential, and that the use of resources, as well as its valorization with employment associations, are points of transformation.
O processo automotor vivenciado com cada vez mais intensidade, segundo Gamberini (2001), influência diretamente na oferta dos trabalhos e na demanda das vagas, onde empresas cada vez mais competitivas e com necessidade de redução de custos, passam à abrir espaço para mão de obra qualificada e experiente, como o caso da mão de obra do idoso, que tem de se adaptar e reinventar-se para continuar sendo um perfil atraente. Tal consideração vai justamente ao encontro com os dados da análise de contingente dos ocupados, que de 2013 a 2019 aponta uma queda de 1,60% na ocupação do mercado de trabalho por jovens de 18 a 24 anos, enquanto que em contrapartida pelo mesmo período de forma significativa houve um aumento de 1,70% na ocupação do mercado de trabalho por idosos (IBGE 2013 - 2019).
Tais dados servem para exemplificar que o processo de reinserção e de adaptabilidade das pessoas com mais de 60 anos no mercado de trabalho ainda é algo novo e que mesmo com os exponenciais crescimentos da atuação de tal público, se equiparado à outras faixas populacionais, encontra-se com grande diferenciação, propositando a visão de um longo caminho a ser percorrido. Porém, ainda é possível observar a presença dos inúmeros estigmas sociais, onde o envelhecimento e a aposentadoria carregam consigo a ideia do fim da produtividade, indicando uma incapacidade de continuar sendo úteis na sociedade, principalmente nos ambientes organizacionais. Esta condição pode, por vezes, acarretar uma diminuição na autoestima, sentimento que poderá ocorrer das mais diversas formas e de acordo com as vivências de cada um e do valor dado à atividade laboral no decorrer da história da pessoa.
Porém, esse processo de reintegração do idoso no mercado de trabalho não é tão fácil quanto parece na teoria, isso porque a sociedade como um todo, carrega uma série de preconceitos e estigmas sociais que desqualificam o idoso como mão de obra válida, associando os mesmos com um tipo de inutilidade. Logo, os impactos psicossociais desse processo de retorno podem ser complexos e prejudiciais para esses indivíduos que se encontram na terceira idade, havendo a necessidade de receberem uma atenção especial por meio dos profissionais que se dedicam a saúde mental humana, os psicólogos. Sendo justamente essa a relevância social e acadêmica da presente pesquisa, o apontamento aos idosos no que se refere aos motivos, problemas, assim como a preparação das organizações para o recebimento deste profissional junto ao contexto de suas organizações.
METODOLOGIA A referida pesquisa caracterizou-se por sua natureza bibliográfica onde segundo Lozada e Nunes (2018), pesquisas de revisão de literatura se caracterizam por avaliações críticas de materiais já publicados, com análise dos progressos alcançados nas pesquisas dos temas abordados e que nesse sentido as pesquisas de revisão de literatura são textos nos quais os autores definem e esclarecem um determinado problema, sumarizam estudos prévios e informam aos leitores o estado em que se encontra determinada área de investigação. Essas pesquisas podem ainda, identificar relações, contradições, lacunas e inconsistências, bem como indicar sugestões para a resolução de problemas. Nessa perspectiva, Souza et al. realizou um estudo descritivo, do tipo revisão integrativa de literaturas que transcorressem sobre os fatores de postergação da aposentadoria de idosos, verificando a direta correlação entre o trabalho e os sentimentos de autoestima, identidade pessoal e senso de utilidade do indivíduo; o autor reforça que a aposentadoria não necessariamente representa o rompimento com o mundo do trabalho, demonstrando que os trabalhadores idosos tendem a aceitar um emprego remunerado após a aposentadoria da sua carreira o que reforça um determinismo de postergação da aposentadoria, sua análise integrativa das literaturas aponta quatro motivos como de grande influência no processo de postergação da aposentadoria, sendo estes: influência familiar e ambiente doméstico não atrativo (aspectos pessoais), apreciação do ambiente e das atividades laborais (aspectos relacionados ao trabalho), influência da legislação trabalhista (contexto sociopolítico) e senso de utilidade (contexto cultural).
Explanando assim um contínuo e crescente movimento de retomada das atividades laborais por parte do público idoso, que necessita de ampla compreensão e aprofundamento quanto aos motivos que influenciam, demonstrando que o processo de retomada ou permanência ao mercado de trabalho não está associado à somente um fator e sim à uma conjuntura de necessidades. Ribeiro et al. buscou compreender os aspectos que influenciam a permanência no mercado de trabalho e a correlação da satisfação com a vida na velhice, elaborando uma pesquisa que contou com a participação de 626 idosos, maiores de 65 anos, que viviam na zona norte do Rio de Janeiro, onde 13,1% ainda se encontravam inseridos no mercado de trabalho. Buscando elaborar um questionário que investigasse as percepções e atitudes dos participantes frente a sua função empregatícia como consultor.
As contribuições dos integrantes da pesquisa apontam para o fato de que esses idosos permanecem atuando no mercado de trabalho mesmo quando possuem a possibilidade de se aposentarem por dois grandes motivos: questões financeiras e por desejarem participar ativamente dos desafios e do contato social que essa função pode proporcionar. Colocam ainda que a consultoria organizacional gera a sensação de valorização para esses idosos, o que tende a se perder durante o processo de envelhecimento, mas essa profissão não tem a acessibilidade como característica e pode ser exercida por uma parcela pequena da população idosa do país (MORATO; FERREIRA, 2020). A referida pesquisa possibilitou compreender em como o contato social se mostra de grande valia na continuidade do trabalho após a aposentadoria, reforçando assim a sensação de pertencimento e o senso de utilidade social, em uma sociedade da qual ocorre a valorização principalmente a partir da nossa relação com as atividades laborais.
O segundo objetivo específico da presente pesquisa caracterizou-se por verificar a preparação das organizações para receber funcionários idosos, onde na pesquisa de Cockell (2014), foi realizado um estudo com o objetivo de analisar as trajetórias ocupacionais de aposentados que encontram no trabalho informal da construção civil uma forma de complementar os baixos valores das aposentadorias ou uma opção de permanecerem “ativos”. Já no estudo desenvolvido por Sato et al (2017), foi realizada uma pesquisa na qual objetivou-se conhecer e analisar as relações entre processo de envelhecimento e trabalho. Tratou-se de um estudo de caso desenvolvido em um setor de engenharia de manutenção de um hospital de alta complexidade do Município de São Paulo, Brasil. Foram realizadas entrevistas com os participantes, sendo que todos eram do sexo masculino e possuíam idade entre 50 e 66 anos, com exceção do engenheiro chefe do setor que possuía 43 anos.
Apesar de aposentados, cinco entrevistados continuavam trabalhando. O setor em que foi realizado o estudo é dividido em quatro subsetores: área administrativa, hidráulica, mecânica e elétrica. Dessa forma, consideravam que, ao invés de contratar terceirizados, o hospital deveria ter investido em mais trabalhadores para o setor de engenharia de manutenção, gerando sentimentos de desvalorização. Outrossim, como consequência da terceirização, alguns apontaram que houve sobrecarga de trabalho, já que estavam reparando o serviço incorreto ou resolvendo o que não havia sido feito pelos terceirizados (SATO et al, 2017). Em suma, os entrevistados concordaram que, devido ao processo de envelhecimento, precisavam ser feitas adequações na situação de trabalho, destacando adequações na organização do trabalho, referentes à estruturação de atividades compatíveis às capacidades de cada trabalhador; contratação de mais trabalhadores para o setor; maior reconhecimento, mais comunicação e, consequentemente, melhores relações interpessoais entre pares e chefias, além de aumento do salário; adequações da infraestrutura, referentes à distribuição de uniformes e EPIs; novas ferramentas, mobiliários e equipamentos, como armários, mesas, cadeiras e computadores.
As chefias também afirmaram que o setor necessitava de adequações e citaram a aquisição de mobiliários, ferramentas, materiais, uniformes e EPIs. Consideraram a importância dessas adequações, mas relataram que a efetivação delas dependia de instâncias superiores (SATO et al, 2017). Partindo desta premissa, observamos que a tecnologia é uma problemática para estes idosos, já que tem gerado impactos que provocam alterações no estilo de vida da sociedade, nos seus hábitos, condutas e comportamentos, necessitando de resiliência e de maior adaptabilidade frente aos desafios tecnológicos. Pontuasse que alguns idosos que nasceram anteriormente à era do universo da internet, não conseguem absorver e extrair da mesma forma os mesmos benefícios que os mais jovens conseguem assimilar (ELOI; SILVA; LIMA, 2019). Demonstrando que em uma sociedade cada vez mais globalizada e tecnológica, tais competências e comportamentos voltados ao aprendizado de novas tecnologias se mostra como ponto central na adequação profissional de quaisquer indivíduos, quando pensado naquele idoso que se reinsere ao contexto organizacional, suas dificuldades e anseios quanto ao uso das tecnologias se mostra como fator problematizador de grande relevância, principalmente no campo cognitivo ou seja aprender a aprender.
Porém uma concepção que necessita ser destacada é que como exemplificado na supracitada pesquisa, por mais desafiante e dificultoso que se mostrem tais demandas tecnológicas o idoso enquanto individuo repleto de capacidade e potencialidades consegue se adequar e inclusive adotar uma postura de destaque frente aos desafios ali apresentados. Tal literatura ainda explana os preconceitos e a discriminação que a população idosa e atuante nas organizações sofre constantemente, sendo desacreditada e tendo sua atuação como limitada e pouco valorizada frente aos desafios organizacionais, onde o marcado precisa ter clareza que existem muitos idosos que conseguem se adaptar as novas modalidades e formas de trabalhos exigidos no atual mercado. Enfatizando problemáticas que afetam diretamente a qualidade de vida e do trabalho daquele idoso ali atuante, demonstrando o quão enraizadas estão tais problemáticas e em como seu impacto negativo é notório.
Ainda em busca de apresentar as problemáticas enfrentadas por esses idosos quando se reinserem no mercado de trabalho, Neves (2020) descreve sobre um estudo americano realizado com base na análise criteriosa de outros 422 pesquisas publicadas mundialmente. Os resultados apontam para um dado alarmante: 96% dos estudos demonstram que funcionários idosos ou em processo de envelhecimento passam por situações adversas que compreendem como preconceito em seus ambientes de trabalho, o que demonstra uma grande problemática para o desenvolvimento pessoal e profissional dos mesmos. Além disso, o estudo aponta que essa situação contribui para a degradação da saúde mental desses idosos, podendo resultar em quadros de depressão geradas pela sensação de deslocamento, de exclusão e incapacidade. Outro resultado do estudo descreve que esse preconceito desmotiva esses idosos a procurarem por ajuda especializada, ou seja, por psicólogos e psiquiatras, de modo que evoluem de maneira perigosa e rápida em seus quadros (NEVES, 2020).
Destacando o quão necessário é a busca de conhecimento por parte das organizações, para que consigam a partir das emergentes problemáticas desenvolver um ambiente de mútua colaboração que possa ser um espaço livre e justo de trocas da população idosa para com suas demandas empregatícias. Profissionais que detém grandes dificuldades de se reinserirem e continuarem atuantes ao ambiente de trabalho, profissionais que são facilmente descartados, profissionais que são desmerecidos, profissionais que sofrem preconceito e discriminação, profissionais que são postos em desvantagens constante, desacreditadas, desqualificados. são algumas das muitas nomenclaturas e situações que a pessoa idosa enfrente diariamente para exercer uma função remunerada, demonstrando não somente que as organizações apresentam certo despreparo para lidarem com os fenômenos exemplificados, mas que a sociedade ainda se prende em concepções retrogradas e completamente danosas que não condizem com a realidade daquele indivíduo.
Se faz necessário o desenvolvimento de um olhar empático e a busca por conhecimentos que possibilitem a ressignificação destas concepções. Por intermédio da referida pesquisa, buscou-se encontrar os motivos de retorno dos idosos ao mercado de trabalho, sendo possível perceber que a intencionalidade de continuarem atuantes e de prevalecerem com o senso de utilidade, além do gosto pela profissão exercida são motivos que não representam com totalidade essa atuação, e que as necessidades financeiras exercem grande influência sobre a pessoa idosa, indivíduos que enquanto aposentados tem acesso a valores esdrúxulos de aposentadoria, políticas públicas insuficientes frente suas demandas ao qual não lhes permite uma vida financeiramente estável. C. R. MACEDO, R. O trabalho segundo a visão de um grupo de aposentados.
Revista Kairós Gerontologia. ELOI, Juliana Fernandes; LIMA, Maria Eliara Gomes; SILVA, Angélica Maria de Sousa. Reinserção de idosos no mercado de trabalho: uma etnografia de tela do filme Um Sr. Estagiário. Pensando fam. Porto Alegre , v. F. P. SOARES, D. H. P. GAMBERINI, Ana Lúcia. O Referencial Adolescente: das mudanças estruturais e conjunturais no mundo do trabalho. In: Anais do IV Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional; I Encontro de Orientadores Profissionais do MERCOSUL. São Paulo: Vetor, 2001, p. IBGE. Metodologia Científica. Porto Alegre: Sagah, 2018. MORATO, Lygia Zaia; FERREIRA, Heloísa Gonçalves. O mercado de trabalho para idosos: a consultoria como possibilidade de atuação. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, v. RIBEIRO, Danúbia de Jesus. SOUTO, Igor Fernando de Queiroz.
Inserção do idoso no mercado de trabalho. Humanidades, v. n. Processo de envelhecimento e trabalho: estudo de caso no setor de engenharia de manutenção de um hospital público do Município de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. p. e00140316, 2017.
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