A DANÇA NA ESCOLA COMO FORMAÇÃO INTEGRAL E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE GARDNER
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:Pedagogia
Muito se fala atualmente, que as crianças não são mais as mesmas, não correm e brincam tanto quanto há décadas atrás, já não sobem mais em árvores, já não se relacionam como antes, inclusive com sua família. Neste contexto, a dança – a partir de uma abordagem voltada para a inteligências múltiplas da teoria criada por Howard Gardner – vem para desconstruir o método de ensino padrão que trabalha com um modelo engessado tanto de ensino quanto de aprendizagem, a partir do momento em que estimula inteligências que não são convencionalmente trabalhadas no cotidiano escolar como a corporal-cinestésica e a musical. No entanto, na sociedade em que vivemos, quais as contribuições que a dança pode trazer para “tirar” essa criança/jovem do seu quarto, da frente da televisão e/ou do computador, fazendo com que ela se movimente e principalmente socialize mais e se desenvolva com autoestima, criatividade e como um ser livre e capaz, que é? Pois o nosso contexto político e econômico – que culminam no social – tendem a não valorizar os benefícios que a dança traz para o desenvolvimento pleno do indivíduo, pois a mesma com raras exceções não resulta em atividades com um retorno financeiro muito considerável, no entanto se expandirmos a nossa compreensão passaremos a enxergar não só como ela serve para um desenvolvimento plural nas nossas crianças e jovens, mas como serve também como ponto para o desenvolvimento de um ensino multidisciplinar mais efetivo dentro das instituições escolares, porém a introdução das atividades de dança dentro da escola não se constituem em uma tarefa fácil.
Apesar da dança estar presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais como conteúdo das áreas de Arte e Educação Física, geralmente a dança no currículo escolar está ligada apenas a festividades e datas comemorativas ou é oferecida como atividade extraclasse – e optativa -, desvinculada das demais atividades escolares. Se na realidade atual as crianças fossem mais estimuladas na escola - e se possível também na família e na sociedade - a se movimentarem mais e a socializarem num ambiente saudável e criativo, como na prática da dança, as mesmas poderiam alcançar múltiplos benefícios em seu desenvolvimento, refletindo isso inclusive no desempenho escolar de diferentes áreas. A mesma desenvolve também nas crianças suas atividades locomotoras que envolvem questões de deslocamento e equilíbrio; atividades rítmicas; expressão facial e corporal; musicalidade; postura corporal ajudando a longo prazo no processo da criança construir uma postura corporal que vai impedir o longo da vida que a mesma tenha problemas de coluna e etc.
coordenação motora; lateralidade; transferência de peso e equilíbrio; flexibilidade; percepção de ritmos; processo coreográfico, no entanto é importante ressaltar que sempre que possível as atividades devem fazer pontes, ou seja devem estar interligadas com outros elementos vivenciados no cotidiano escolar dos respectivos estudantes. A Teoria das Inteligências múltiplas Primeiramente para compreendermos como a dança pode ser utilizada como mecanismo de ensino a partir da abordagem das inteligências múltiplas de Gardner (1995) é preciso compreender o que é essa teoria? A mesma foi citada pela primeira vez em 1983, quando o autor publicou o livro Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences (Estruturas da Mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas), onde Gardner (1983) veio trazer uma visão diferenciada do que se conhecia até então como inteligência, que seria até o momento um atributo inato, passando a definir inteligência como: como “potencial biopsicológico de processar informações de determinadas maneiras para resolver problemas ou criar produtos que sejam valorizados por, pelo menos, uma cultura ou comunidade” (GARDNER, 2010).
Gardner (1999, 2010, 2011) afirma que temos oito tipos de inteligência, linguística, lógico-matemática, musical, espacial, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal, naturalista. Armstrong (2009) esclarece as habilidades de cada inteligência: 1. Corporal-cinestésica: o corpo é usado como expressão de ideias e sentimentos e, também, a produção manual para produzir ou transformar coisas. As habilidades são “coordenação, equilíbrio, destreza, força e velocidade, bem como capacidade proprioceptiva, táteis e tátil” (p. Pode-se observar estas habilidades em artesãos, atores, atletas, cirurgiões, mecânico, coreógrafos, mímicos. Musical: capacidade de percepção, como as pessoas aficionadas por música; discriminação, como os críticos da música; expressão, seriam as performances; e, transformação musical, os compositores. Há uma “sensibilidade no ritmo, tom ou melodia, e timbre ou tom de uma peça musical” (p.
Assim, Campell, Campbell e Dickson (2000), e Armstrong (2001) descrevem algumas características de cada inteligência para auxiliar os professores na observação e no conhecimento de seus alunos, para que consequentemente possam preparar atividades direcionadas, podemos observar abaixo quais foram as características elencadas como predominantes para cada inteligência: 1. Inteligência musical: ( ainda não consegui concluir esta parte, mas estou trabalhando nela) 2. Inteligência logico-matemática: 3. Inteligência Interpessoal: 4. Inteligência Intrapessoal: 5. O homem dançava para tudo que tinha significado, sempre em forma de ritual” logo a dança desde a pré-história é uma forma de manifestação, uma “expressão corporal”, que com o passar do tempo, sofreu diversa influências e tem ganho pouco a pouco espaço na área da educação do Brasil.
O inicio da educação Brasileira se deu em 1549 com a ação dos jesuítas diante dos nativos Brasileiros, os mesmos se utilizavam da dança e da arte como instrumento para ensinar e se comunicar com aqueles com os quais ele não compartilhava a mesma linguagem, desde então a educação trilhou seu caminho até os dias de hoje e de um modo ou de outro sempre teve a educação presente em suas atividades. De modo que ao se considerar a educação além de sua importância histórica construída, também é preciso considerar as finalidades, terapêuticas, lúdicas, medicinais, culturais e ritualísticas que a mesma possui, de modo que na atualidade, apenas os fins escolares e de ensino-aprendizagem efetivo estão excluídos dessa lista de prioridades, o que acontece claramente por que se observa que a cada dia os valores morais e intelectuais são colocados como prioridade em relação ao valores corporais, Como afirma Gardner (1994) que em nossa sociedade há uma tendência – social, política e econômica - em valorizar os aspectos lógico matemático, e principalmente o linguístico.
De fato não nos cabe duvidar da importância da habilidade linguística que é um exemplo proeminente da inteligência humana visto que é através dela que foram desenvolvidos inúmeros produtos e conhecimentos que de modo indubitável impulsionaram o avanço da humanidade; foi através da palavra oral que a ancestralidade repassou e perpetuou os conhecimentos através de gerações, mais tarde com o desenvolvimento da linguagem escrita houve a possibilidade de a humanidade transformar o concreto no mundo abstrato das letras, criando indicações, nomeações, referências e a disseminação do conhecimento por todo o mundo em forma inicialmente de livros e de cartas, bem como também não podemos duvidar da importância das habilidades matemáticas, que criam os cálculos e fórmulas que revolucionam a cada dia a forma de solucionar diversos problemas para toda a humanidade (CAMPBELL; CAMPBELL; DICKSON, 2001).
No entanto, limitar o ensino – a partir de dotar de importância apenas esses dois aspectos, causa o engessamento do ensino e o desperdício de potencialidades visto que a dança na escola por exemplo vem para formar a criança/jovem como um ser completo, livre, capaz de expressar suas emoções, de tomar decisões e de criar. Nessa perspectiva então, na atualidade a dança é - e deve ser compreendida por muitos por seu valor no desenvolvimento nos indivíduos, muito mais do que como um passatempo ou um divertimento. A dança passa a ser tão importante quanto falar, cantar ou brincar dentro das atividades lúdicas do processo de ensino e aprendizagem, a mesma inclui uma riqueza de movimentos que envolvem corpo, espírito, mente e emoções, que enriquece a aprendizagem e torna os alunos capazes de atingirem o seu desenvolvimento pleno ao longo do seu processo educacional.
Considerações finais Apesar da dança estar inserida dentro do conteúdo curricular obrigatório das Artes na Lei das Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9394/96, e estar descrita nos Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte e Educação Física, a dança na escola ainda é rara e normalmente utilizada em datas festivas, shows de talentos ou gincanas. Os PCN’s Arte reconhecem logo no início da definição de Dança que: a criança é um ser em constante mobilidade e utiliza-se dela para buscar conhecimento de si mesma e daquilo que a rodeia, relacionando-se com objetos e pessoas. A ação física é necessária para que a criança harmonize de maneira integradora as potencialidades motoras, afetivas e cognitivas. Enquanto Marques (1997, p. explica que nos discursos e nas justificativas educacionais da dança criativa, também conhecida como dança-educação, é enfatizada a educação do ser integral, completo e total, Strazzacappa (2001, p.
afirma que o que importa não é a modalidade de dança escolhida, “mas como através dela pode-se trabalhar os elementos que consideramos importantes para o desenvolvimento integral do indivíduo na escola”. STRAZZACAPPA, 2001, p. A dança no espaço escolar torna-se um meio para educação multidisciplinar, considerando que ajuda no aprimoramento da memória, melhora a coordenação motora, desenvolve a criatividade e a expressão e ainda facilita a socialização. Embora essas capacidades sejam independentes, dificilmente funcionam isoladamente e a dança é a maior prova disso. O trabalho de Gardner favorece a visão integral de cada indivíduo e a valorização da multiplicidade e da diversidade de cada pessoa. As pessoas, especialmente as crianças e jovens, já não se relacionam como antes.
O acesso a um infinito número de informações, relações frias e virtuais, tem levado muitas crianças e jovens a um confinamento, no qual não conseguem desenvolver plenamente suas habilidades. E a dança na escola é a atividade que pode propiciar, no espaço adequado, longe da competitividade das escolas de dança, que essas crianças e jovens voltem a se movimentar, voltem a se relacionar com o outro e possam compreender suas emoções, suas necessidades e estar bem consigo mesmo. Brasília, DF:MEC/SEF,1997. Books, 1999. BRASIL - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Dança moderna-contemporânea. Rio de Janeiro: Sprint, 1990 FERNANDES, Marcela de Melo. Dança escolar: sua contribuição no processo ensino-aprendizagem.
EFDeportes Revista Digital, Buenos Aires, Año 14, n. ago. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995. GARDNER, H. Intelligence reframed: multiple intelligences for thw 21st century. New York: Basic GARDNER, H. Inteligências múltiplas ao redor do mundo. Porto Alegre: Artmed, 2010. Cap. p. GOLDENBERG, Mirian. ed. São Paulo: Cortez, 2007. MARQUES, I. A. Dançando na escola. p. OLIVEIRA, Valter M. de. O que é educação física. São Paulo: Brasiliense, 2001 OSSONA, Paulina. Dança na escola: uma abordagem pedagógica. São Paulo: Phorte, 2009.
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