RELATO DE EXPERIÊNCIA: MUSEU DO DESENHO UM OLHAR SOBRE O DESENHO INFANTIL

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

À minha querida mãe Maria Aparecida (in memorian) e ao meu pai Élis que sempre foram meus maiores exemplos. Meu muito obrigada por motivarem-me, pelas orações em meu favor, pela preocupação e dedicação dispensadas a mim. Por sempre me apoiarem para que eu alcançasse os meus objetivos. À minha filha Lara, que apesar de sua pouca idade soube compreender a minha ausência para a elaboração deste trabalho e ao meu esposo Wagner pela compreensão e paciência. RESUMO Este trabalho , objetiva relatar minha participação na PPP (Prática Pedagógica Programada) Museu do desenho , que direciona o olhar ao desenho da criança , e procura através de pesquisa bibliográfica comprovar a contribuição do desenho no desenvolvimento cognitivo da criança nos anos iniciais.

DESENVOLVIMENTO 9 1. CONCEITUANDO O DESENHO INFANTIL 9 1. A RELAÇÃO DO DESENHO E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL 14 1. CONCLUSÃO 15 2. PROJETO MUSEU VIRTUAL DO DESENHO DA CRIANÇA 16 2. GEORGE – HENRI LUQUET 29 4. Realismo Fortuito: 29 4. Realismo Fracassado 30 4. Realismo Intelectual 31 4. Realismo Visual 32 4. Isso significa que o pensamento, sensibilidade, imaginação, percepção, intuição e cognição da criança devem ser trabalhadas de forma integrada, visando favorecer o desenvolvimento das capacidades criativas das crianças. Segundo Oliveira (2002), durante muito tempo, não havia escola e instituições para as crianças. A educação era responsabilidade da família ou grupo social a qual pertencia, convivendo com as diferenças sociais. Nos séculos XVI e XVII a igreja teve um papel na alfabetização, com o objetivo de garantir seus fiéis. Com a implantação da sociedade industrial surgem novas exigências educativas para dar conta das novas ocupações no mundo do trabalho.

A partir da promulgação da LDB, a Educação Infantil é institucionalizada, fazendo parte do currículo escolar da Educação Básica, junto com o Ensino Fundamental e o Médio, desligando-se, assim das Secretárias de Assistência Social e atrelando-se as Secretarias de Educação municipais. Conforme Brasil (1998a), a Educação Infantil constitui a primeira etapa, promovendo o desenvolvimento integral das crianças até 06 anos de idade. Isso significa construir um conjunto de conhecimentos que abrange tanto os aspectos físicos biológicos quanto aspectos emocionais, afetivos, cognitivos e sociais de cada criança, considerando que ela é um ser completo, singular e único. No artigo 29 da LDB a Educação Infantil se define como “desenvolvimento integral da criança até 06 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 1996, p.

Hoje o sistema de ensino encontra-se em plena fase de transição, seja em relação à incorporação de todo atendimento de crianças de 0 a 06 anos ao sistema educacional, como em relação à definição da identidade desta etapa da educação básica.        Portanto, o estudo objetivou-se analisar os aspectos relacionados ao desenho na Educação Infantil como forma de linguagem e expressão da subjetividade da criança, passando por processos de maturação ao longo do desenvolvimento das produções gráficas. DESENVOLVIMENTO 1. CONCEITUANDO O DESENHO INFANTIL Antes de entrar nesse mundo infantil, aqui representado pelo museu virtual do desenho da criança, procurei tratar brevemente sobre a importância histórica do desenho para o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, o que me possibilitou um maior entendimento sobre o assunto, e desta forma dar sentido ao projeto aqui apresentado.

A seguir procurei compreender o conceito do desenho infantil para Georges-Henri Luquet (1969), um dos pioneiros na pesquisa sobre o desenho infantil e, um de seus estudos, foi o desenvolvimento da comunicação humana pela imagem, abordando questões referentes sobre o que a criança desenha e suas intenções neste ato. A palavra desenho conduz a ideia da representação de objetos e a reprodução de uma imagem ou figura e até mesmo, a uma atividade gráfica reduzida ao lápis e papel, no entanto, pode-se conceituar desenho como o modo de expressão particular da criança, no qual ela revela os seus sentimentos, seus desejos, as suas ideias, suas vontades, as suas experiências eexprime a sua concepção de mundo através das diferentes maneiras de representar o ambiente a sua volta.

A passagem da produção de imagens involuntárias à execução de imagens premeditadas faz-se por intermédio de desenhos em parte involuntários e em parte voluntários. A semelhança fortuita entre o traçado e o objeto a que a criança dá o nome é das mais rudimentares, e a criança, ao mesmo tempo em que percebe isso, reconhece sua imperfeição (LUQUET, 1969, p. O próximo estágio denominado realismo falhado, corresponde à fase em que a criança executa inúmeras tentativas de realizar desenhos de modo a demonstrar as particularidades das formas do objeto, adquirindo assim todos os elementos do traçado (intenção, execução, e interpretação correspondente à intenção), ou seja, compõe sua faculdade gráfica total. A característica fundamental do realismo falhado é a falta de proporção nos desenhos, que ocorre devido ao fato de ao realizar um novo traço a criança não levar em consideração o que já havia sido traçado.

Esta incapacidade sintética é corrigida progressivamente, reduzindo-se na medida em que a criança desenvolve sua capacidade de atenção. Já Florence de Mèredieu (2006), observa que, quando a criança a rabisca passa a se desenvolver psíquica e esteticamente, pois seu corpo se movimenta, e juntamente com seus traços que passam por fases distintas, os traços representam uma etapa da maturação do sensório-motor da criança: “[. o desenho é antes de tudo motor; a observação de uma criança pequena desenhando mostra bem que o corpo inteiro funciona e que a criança sente nesta gesticulação” (MÈREDIEU, 2006, p. Mèredieu (2006) critica o conceito de Luquet, pois este divide em quatro estágios o processo do grafismo infantil, e a autora discorda desta divisão, afirmando que estas fases se apresentam como se fossem isoladas, não evidenciando as mudanças ocorridas no desenvolvimento infantil de uma etapa para a outra.

Mèredieu (2006) apresenta três fases em relação ao desenho infantil. O primeiro estágio, ao qual chama de vegetativo motor, é a fase que consiste na produção de riscos com o formato quase “arredondado, convexo ou alongado” (MÈREDIEU, 2006, p. De acordo com o autor, [. o desenho é uma linguagem gráfica que surge tendo por base a linguagem verbal. Neste sentido, os esquemas que caracterizam os primeiros desenhos infantis lembram conceitos verbais que comunicam somente os aspectos essenciais dos objetos. Esses fatos nos fornecem os elementos para passarmos a interpretar o desenho das crianças como um estágio preliminar do desenvolvimento da linguagem escrita (VYGOTSKY, 1988, p. Vygotsky (1988) ressalta que, para a aquisição da língua escrita, primeiramente a criançaprecisa formar o conceito do que é forma gráfica, inicialmente por meio do desenho, passando por três estágios de representação: A primeira representação, também chamada representação de primeira ordem, é aquela em que há a utilização de símbolos que remetem de forma direta e explicita ao objeto que a criança se propôs a grafar.

Vygotsky, 1988, p. Os desenhos ligariam os gestos à linguagem escrita, pois tem um caráter representativo. Através dele a criança pode interagir com diferentes formas de conceber a definição de objetos sem manuseá-los. Dessa forma, observamos elaboração do pensamento abstrato que será base da aprendizagem da linguagem escrita. O jogo, ao proporcionar interlocução e convívio de diferentes indivíduos, também pode ser visto como uma forma de ação criativa. o meio em que a criança se desenvolve é o universo adulto, e esse universo age sobre ela na mesma maneira que o contexto social, condicionando-a ou alienando-a” (MÈREDIEU, 2006, p. Deste modo os símbolos desenhados pela criança representam o mundo a partir das relações que ela estabelece com as pessoas que fazem parte do seu contexto social e cultural, e consigo mesma.

De início são desenhadas formas quaisquer, e a partir da sua ação contínua o desenho adquire significados, sejam eles reais ou frutos da sua fantasia. Como descreve o próprio Mèredieu (2006, p. a escrita exerce fascinação sobre a criança, e isso bem antes dela própria poder traçar verdadeiros signos. PROJETO MUSEU VIRTUAL DO DESENHO DA CRIANÇA Como eu expus a criança através dos desenhos representa os objetos e a escrita. No projeto Museu Virtual do Desenho da Criança, traz reflexões sobre o desenho como um método pedagógico-educacional, que temimportância no cotidiano infantil e colabora com matérias denominadas fundamentais, não sendo assim, apenas uma mera atividade escolar ou um passatempo. De acordo com Porche: Quando a criança desenha, cria pontes entre o mundo real e o imaginário, expressando suas concepções e percepções do mundo no qual está inserida.

Além disso, o desenho permite à criança retratar em diferentes dimensões, suas experiências pessoais em busca da sua própria identidade. Porche 1982, p. Constatam-se a falta de visibilidade das produções gráficas das crianças e a ausência de um acervo das suas criações estéticas e das suas intenções. e, em 2015, O mesmo traz a problemática do processo de criação pela criança nas artes visuais, especificamente no desenho, dando assim não mais visibilidade à cultura infantil por meio de seus desenhos que narram histórias, percepções do mundo e anseios em geral, mas também dá outro ponto de vista a ser explorado pelos educadores. O museu virtual apresenta essa galeria e agrega professores e estudantes colaboradores na coleta e na pesquisa.

Propõe também estratégias formativas para a mediação cultural no espaço escolar. Problemática esta que procura responder questões simples, porém fundamentais como, Qual é o lugar do desenho da criança no espaço escolar? a palavra desenho à representação de objetos, ideias, à reprodução de alguma imagem ou figura, e até mesmo, a uma atividade gráfica reduzida ao lápis e papel. De nossos pequenos artistas para os olhares das pessoas que estão em constante preocupação em conhecer como a criança conhece o mundo e nessa relação de reciprocidade, se estabelece o Museu Virtual do Desenho da Criança, constituindo o lugar que propõe a experiência e troca mutua entre criança e adultos, academia e escola.

A partir das produções artísticas a criança desenvolve diferentes sensações. Ao praticar atividades, vão utilizar materiais que podem favorecer o desenvolvimento da percepção infantil, além de permitir diversas sensações táteis, auditivas e visuais, que servem como recurso motivador, onde a criança irá produzir de acordo com as suas próprias conclusões ao utilizar o material apresentado. Sendo assim, para que possamos identificar o seu desenvolvimento, seja ele emocional, cognitivo, perceptivo, psicomotor e social, o desenho é utilizado. Diante das reflexões apresentadas podemos concluir que o ato de desenhar expressas muitas realidades como: medo, emoção, alegria, curiosidade, verdades. Dessa coleta observaram várias temáticas para futuras pesquisas: a influência da mídia em desenhos de crianças, questões de gênero, medo, violência urbana e familiar, sonhos, desejos, necessidades especiais… Dar voz às crianças que contam sobre a sua cultura da infância, seus modos de enxergar a realidade e criar o imaginário evocava certamente um dos registros mais antigos: o desenho.

A criança desenha para contar histórias em união de pensamento e sentimento, não desenha aleatoriamente. As suas produções adquirem qualidades distintas a partir dos desenhos de ação, imaginação, apropriação e proposição (Iavelberg, 2013). Ao olharmos para a coleta da educação infantil identificamos muitos desenhos de ação (riscagem aleatória) e imaginação (desenhar o que sabe). Esse momento da imaginação foi pesquisado por Picasso, Paul Klee, Miró, por elaborarem sínteses gráficas únicas. Baseado nesta concepção, Wallon afirma que: O desenho aparece espontaneamente; seu desenvolvimento baseia-se na interpretação que a criança dá as próprias garatujas. “A escrita aparece como uma imitação das atividades do adulto”. Wallon apud, SINCLAIR, 1987, p. Os professores da rede municipal de Guarulhos, que realizaram o curso, fizeram anotações durante a produção do desenho pela criança e mesmo em conversas posteriores.

O tempo do desenho e da escrita redimensionou os espaços da educação infantil ou escolar para o lugar da pesquisa e da descoberta. Mas a proposta é justamente ter um lugar para que as pesquisas possam estar guardadas, e as pessoas possam colaborar e encontrar materiais sobre o assunto, estabelecer parcerias, aprofundar um conhecimento a desvelar. Ter um lugar no qual o desenho da criança seja tão valorizado quanto qualquer trabalho artístico realizado pelos adultos, que possa ser exposto, estudado, apreciado. RELATOS DE EXPERIÊNCIA: PPP MUSEU DO DESENHO Estre Trabalho de Conclusão de curso objetiva relatar a minha experiência a Prática Pedagógica Programada, no Museu do Desenho, com aulas ministradas pela professora Betânia Libâneo Dantas de Araújo, do curso de Pedagogia na Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, realizado em 2012.

As Práticas Pedagógicas Programadas (PPP) participam da estrutura curricular do curso de Pedagogia e são experiências na educação formal ou não formal por meio de vivências, estudos com a elaboração de um produto final socializado com os colegas e coordenado por um professor. Ela teve como propósito conhecer o desenho infantil, dando voz à criança ao narrar os seus sonhos, as suas diferentes realidades, fantasias, medos, desejos, ou seja, a sua interpretação de mundo por meio das suas criações. A partir dos desenhos coletados, percebi que eles sãouma forma de expressão. Quando uma criança desenha, passa para o papel a sua visão de mundo. E sendo a percepção de mundo diferente para cada pessoa, há diversos contextos sociais vivenciados durante a sua vida.

Percebi o desenho da criança como resultado de um registro visual, onde as formas e as cores dão aos seus traços essa relação existente entre o mundo em que vivemos e todo o universo simbólico, derivando criações com elementos retirados da realidade e aumentados pelos traços de imaginação. Outro ponto relevante visto nesta PPP, é que as crianças seguem o padrão estabelecido pelos adultos, perseguem a perfeição, passam a desenhar mais as coisas que veem, e quando percebem que são bem diferentes do real passam a ter vergonha das suas produções, ou seja, a sociedade exerce um forte impacto no desenho das crianças, seja como inspiração ou como repressora em seus desenhos. Aponta para o lugar de construção coletiva da reflexão e prática, onde ambos os espaços públicos cooperam para o desvelamento da infância.

Toda criança tem o direito à arte e a ser autora de suas criações. Por esse motivo essa primeira coleta representa os seus desejos e falas. ANALISANDO OS DESENHOS 4. Fases do desenho. Estas muitas informações que partem do centro são nada mais do que uma simples excitação motora, ou seja, ela rabisca por prazer. Figura 1: Traçado Circular sem tirar o lápis do papel (MÈREDIEU, 2006, p. Estágio representativo (por volta dos dois e três anos de idade): Ao contrário do estágio anterior, neste a criança já torna possível o levantamento do lápis, o aparecimento de formas mais isoladas, ou seja,ela passa do traço continuo para o descontinuo,tornando seu ritmo mais lento e a tentativa de produzir objetos e comentários verbais do desenho.

Figura 2: Aparecimento de formas isoladas (MÈREDIEU, 2006, p. Estágio Comunicativo (começa entre os três anos e quatro anos): Por fim, acontece a imitação da escrita do adulto. neste momento a criança percebe que seu olhar é quem comanda seu traçado e não mais aquele processo mecânico. O desenhista percebe que consegue realizar combinações como: “círculos tangentes exteriormente, figuras circulares englobando outras figuras, ovóides secantes, etc. ” (MÈREDIEU, 2006, p. Daí a necessidade, de considerar os rabiscos como um processo inicial da criança, na qual posteriormente será transformado em desenhos. GEORGE – HENRI LUQUET George-Henri Luquet (1969) , que ao contrario de Iavelberg (2013),desconstrói a idéia de cultura na criança acredita que o realismo é uma “tendência natural da representação gráfica,pela escolha de motivos e também pelos seus fins” (IAVELBERG,2013,p.

O Realismo Fortuito é o estágio responsável pelos últimos traços das crianças, ou melhor, pelos rabiscos. A criança nesta fase desenha em desejo e descobre por acaso uma semelhança entre o objeto desenhado e seu próprio traçado,com isto começa a dar nome a estes desenhos (MÈREDIEU,2006). Figura 6: Realismo Fortuito involuntário Figura 7- Realismo Fortuito voluntário Miguel – 2 anos Miguel – 2 anos e sete meses “ Vou desenhar uma minhoca e uma pedra” 4. Realismo Fracassado Como já estabelecido, a criança ao desenhar faz relação9 com a vivencia adulta e as transmite, mas para chegara ser realista como ela escrita, passa por obstáculos e as dificulta nesta tarefa. O autor indica duas ordens de obstáculos ,que se encontram neste estagio : “ física,deficiência na execução,e psíquica,caráter descontinuo da atenção ou incapacidade sintética ,quando a criança percebe o geral dos detalhes,mas não consegue executar” ,(IAVELBERG,2013,p.

Luquet(1969) acredita que as crianças mesmo não considerando as imperfeições de seus desenhos, ou seja, os erros, estes por sua vez são essenciais para o desenvolvimento da aproximação com a realidade, pois enfatiza que através destes é que elas conseguem chegar aos objetos reais. E há também as características desenvolvidas por eles, que representam o espaço em si em um único desenho,estas características são conhecidas por : “Rebatimento,transparência , planificação e mudança de ponto de vista” (IAVELBERG,2013,p. Mèredieu (2006) pondera que o Realismo intelectual,refere-se ao que criança já sabe desenhar e não apenas aquilo que vê,ressaltando os dois processo: o plano deitado e a transparência. Esta fase acontece entre os dez doze anos.

Figura 9- Realismo Intelectual 4. Tais estágios formam planos fixos, instantâneos, para fixar características que assim se tornam mais facilmente reconhecíveis. Mas restaria situar todos esses dados numa perspectiva genética que pudesse não apenas descrever, mas explicar. MÈREDIEU, 2006, p. Ao analisarmos esta citação da autora, podemos colocar aqui que Mèredieu (2006), não concorda com a exposição de Luquet (1969), devido às “falhas” que faltam serem explicadas. Sua defesa é a partir dos rabiscos, gesto que segundo ela é essencialmente motor e que muitas vezes é encarado como algo fútil, que mesmo Luquet (1969) o coloca a margem dos estágios. Sendo assim, veremos a seguir seu estudo: 4. Rabiscação Desordenada ou Garatuja: O primeiro estágio pontua que a criança desenha sem intenção nenhuma de escrever ou desenhar, apenas pelo prazer de rabiscar.

Fase essa que corresponde a um ano e meio. Nessa fase a criança, está vivendo seus gestos instintivos, ou seja, é o responsável pelo prazer orgânico “causando expansão às necessidades motoras. Nesta fase, a criança expressa, através de seus traçados, ternura e confiança ou medo e agressividade” (SOUZA, 2010, p. Aqui a criança, dá nome a seus desenhos e traça o que imagina e o que viveu, através de uma linguagem plástica carregada de simbolismo. A figura humana já é perceptível, ela fecha os seus traços para formar braços, pernas, cabeça, de modo que esses são para abraçar, caminhar e pensar. Elas reconhecem para que servem os desenhos. Figura 14: Fase da Rabiscação. Desenho de uma criança de 5 anos.

Já para a escolha das cores é inteiramente relacionada com o emocional, escolhem as cores que lhes agradam ou que são de caráter afetivo, pois escolhem pelas suas emoções e por prazer. Figura 15: Início da Fase da Figuração Pré – Esquemática. Desenho de uma criança de 4 anos, onde observa-se a formação da figura humana, de um cenário e da possibilidade de nomeação (SOUZA, 2010, p. Figuração Esquemática: Neste estágio as crianças já conseguem fazer relações de referências socioculturais, para desenharem casas, pessoas, animais, etc. “descobrindo a existência de uma ordem definida nas relações espaciais” (SOUZA, 2010, p. Além do mais, também percebe-se como ser integrante de uma sociedade, iniciando a exploração de seus pensamentos a respeito do mundo, descobrindo a importância do trabalho coletivo, que é mais produtivo em grupo do que individualmente, pois para Lowenfeld (1976), esta fase também é caracterizada como idade da “turma”, pois percebem que tarefas podem ser realizadas em conjunto.

Ao contrário do que diz a fase Pré-Esquemática, a criança nesse estágio consegue distinguir o tamanho dos objetos, compreendendo que o que está na frente é maior e esconde o que está atrás, e ainda vai além, utiliza sombras para dar acabamento, mas principalmente para dar noção de perspectiva (claro e escuro) e a figura humana consegue ser diferenciada pelos sexos. Figura 18: Figuração Realista. Desenho de uma criança de 10 anos que desenhou um período da pré-história que havia lido em uma reportagem de jornal. SOUZA, 2010, p. Nesta fase, Piaget (1976), é bem semelhante à teoria de Luquet (1969), pois os dois autores nos apresentam que a criança em seu primeiro período de vida, desenha por extremo prazer e para o primeiro autor a figura humana ainda não tem valor, ou seja, ela é inexistente, as cores também ficam em um papel secundário não tendo interesse pelo mesmo, apenas pelo contraste.

Com referência a esta fase, também tem a Garatuja Desordenada como o próprio nome diz, nos remete às características de movimentos amplos e desordenados, não havendo nenhuma preocupação com o desenho em si, pois a criança desenha várias vezes no mesmo local, não se preocupando com o que já foi desenhado anteriormente. Figura 20: Garatuja Desordenada (LOPES, 2001, p. A Garatuja Ordenada caracteriza-se por movimentos mais distantes e circulares, apesar de conseguir desenhar caracóis. Seu limite não ultrapassa as margens da folha mesmo tentando utilizar todo espaço possível, neste estágio ela não se preocupa com a posição, tamanhos ou ordens em que cada desenho está localizado e sim pelas formas. Ainda neste estágio elas percebem o uso da linha do caderno como base, facilitando sua escrita e também seus traçados e descobrem a relação cor-objeto, característica que era desconhecida na fase anterior, pois partiam de suas emoções e não da realidade Por outro lado, a figura humana mesmo tendo um conceito formado sobre ela, ainda constitui perceptíveis desvios de esquema, como: exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo, aparecendo desta maneira fenômenos como a transparência e o rebatimento.

Esta fase está relacionada com a fase de desenvolvimento das Operações Concretas que ocorrem dos 7 aos 10 anos de idade. Figura 23: Fase Esquemática (LOPES, 2001, p. Piaget (1976) destaca na quarta fase o Realismo, final das operações concretas, que por sua vez aparecem a consciência do sexo e a autocrítica pronunciada, para isto as crianças fazem uma diferenciação no que se trata do primeiro conceito, elas colocam uma acentuação nas roupas dos seus personagens para diferenciarem os sexos, mas sua consciência consegue perceber as diferentes características, ou seja, o que é para menino e o que é para menina. No plano da evolução, as crianças abandonam a linha de base que é encontrada na fase do Esquematismo e aderem às formas geométricas, na qual aparecem com maior rigidez e formalismo.

Figura 26: Fase Pseudo Naturalismo. Criança pensando (LOPES, 2001, p. Fase Pseudonaturalista ou Fase da Regressão: Essa fase envolve , principalmente, adolescente com idade entre 11 a 13 anos. por estarem cada vez mais críticos de si e de suas produções, encerra-se a arte como atividade espontânea e começa a compreensão consciente do que se vê. Na figura humana são enfatizadas as característica sexuais. Existe maior satisfação da figura humana e de todos os demais desenhos. Desenhos decorativos,arquitetônicos e paisagísticos são típicos dessa fase,onde são utilizados os mais diversos materiais. Figura 28- Período de Decisão De acordo com Cristiana Oliveira (Psicopedagoga Clinica e Institucional, Pedagoga e Professora Universitária, 24 /11/2017) publicou em seu site as fases do desenho.

E comenta que conforme vão crescendo, as crianças se tornam cada vez mais criticas e questionadoras e, conseqüentemente, vão perdendo um pouco da naturalidade e espontaneidade, em especial nesta etapa da pré-adolescencia. Entre 11 e 12 anos o período da racionalização do pensamento e, com ele a Fase Pseudonaturalista, marcada pelas transformações mentais e físicas, carregada de excitação e inquietação. Cristiane Oliveira (2017) ressalta com tudo isso, já não desenham com tanta freqüência. A escola já não promove ocasiões para esse tipo de expressão com tanta Constancia e em casa, em geral, não buscam desenhar espontaneamente. Quem tem habilidades especificas para desenhar, costuma colecionar seus registros e, muitas vezes, tem vergonha de mostrar, por achar que esta feio.

Aos 13 aos 16 anos há inicio da fase chamada Período da Decisão, onde muitas características da fase anterior permanecem. nesta faixa etária ,as emoções estão á flor da pele, assim como a sexualidade, os impulsos,a afetividade e a agressividade ,e tudo isso pode ser observado nos registros. Desenhar é exercitar a inteligência. Na verdade o desenho reproduz as coisas que vemos mas traduz a visão que se tem delas. A elaboração de uma obra se inicia no momento em que as imagens captadas pelo artista, as formas que compõem esta imagem começam a ser traduzidas e ganham uma conotação particular, individualizada. Podemos dizer que o desenvolvimento do grafismo é revelação da natureza emocional e psíquica da criança. É a sua linguagem gráfica onde deixa registrado suas idéias ,suas vontades e suas fantasias.

Isto deverá ocorrer por volta dos 3 anos. A descoberta para criança é muito importante, pois evidencia a descoberta da forma. Na seqüência estas garatujas começam a ganhar nomes e detalhes como olhos,pernas e braços e ate cabelos. Aqui já com ela a existir uma intenção de linguagem escrita,pois ela irá desenhar os que estão mais próximos,como pai,mãe ,Irma bem como, ela mesma. A cor usada para desenhar e pintar não condiz ainda com a realidade. Ela passa a desenhar não só o que vê mas também o que imagina. No que se refere á linguagem oral, ela já sente prazer em contar o que desenhou e já começa a dar “corpo” á sua história. Na evolução, ela começa a ordenar seus desenhos dando origem “as cenas”.

Ela distribui tudo que fica no chão, na parte de baixo do papel, bem rente ao final da folha e lá em cima, coloca o sol, as nuvens e os pássaros. As cores já começam a se relacionar com o real e inicia-se o primeiro passo para a proporção. Já começa a contar usando o “ Era uma vez” e após o desenrolar de toda a história ,consegue terminar resolvendo todos os problemas e dizendo que “viveram felizes para sempre “. Para a criança de 6 anos, que esta cursando a Pré-escola que já esta sendo alfabetizada, é muito interessante que ela seja incentivada, após terminar o desenho, ao invés de contar para professora a sua historia, que ela mesma tente escrevê-la no verso da folha.

É mágico o resultado pois é nesse momento que ela tem a real consciência de que tudo que ela fala pode ser colocado no papel, agora através da escrita. É o ser criança caminhando ao ser adulto. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto foi mencionado no início deste texto, o relato de experiência teve como objetivo analisar a influência do desenho na aprendizagem da linguagem escrita, buscando compreender sua relação com o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. Interações: onde está a arte na infância?. São Paulo, blucher, 2012 BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus, 1984. BETTELHEIM, Bruno. CHARLOT, Bernard. A mistificação pedagógica. São Paulo: Zaba, 1979. DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: O desenvolvimento do grafismo infantil.

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