Reaproveitamento de resíduos para construção de casas habitacionais
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:Engenharias
Após reciclagem, os RCC podem ser utilizados por exemplo na confecção de blocos pré-moldados, confecção de tijolos, calçadas, meio-fio, argamassa de revestimento, pavimentos, camadas de base e sub-base, dentre outros. Atualmente verifica-se que diferentes países do mundo estão cada vez mais implementando e aprovando a reutilização dos RCC, visto os inúmeros benefícios ambientais, sociais e econômicos da reutilização. Palavras-chave: Resíduos de Construção Civil, reaproveitamento, agregado reciclado. INTRODUÇÃO O setor da construção civil faz uso de diversos recursos naturais não renováveis, além da geração de uma grande quantidade de resíduos sólidos de construção e demolição (entulho), acarretando assim em inúmeros impactos ambientais (FRANÇA et al. Assim, a indústria da construção é reconhecida como um dos principais contribuintes para a degradação e poluição ambiental (PARK; TUCKER, 2016).
Estima-se que 60% do total de resíduos produzidos no país são provenientes da construção civil (MASSARA, 2018). No Brasil a geração de RCC per capita é estimada pela mediana como 500 kg/hab. ano de algumas cidades (CANEDO; BRANDÃO; PEIXOTO FILHO, 2011). CLASSIFICAÇÃO DOS RCC De acordo com Resolução CONAMA N° 307, de 05 de julho de 2002, os RCC podem ser classificados em: Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc. argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fio etc.
Este volume reciclado poderia construir cerca de “7. edifícios de dez andares, 168. quilômetros de estradas ou 3,7 milhões de casas populares (MASSARA, 2018). Existem aproximadamente 105 instalações que realizam o processamento e beneficiamento de RCC, nestas instalações é realizado a trituração, peneiração e estocagem (MASSARA, 2018). De acordo com Mariano (2008): Estas usinas produzem elementos de função não-estrutural como briquetes para calçada, blocos para muros e alvenaria de casas populares, agregado miúdo para revestimento, agregados para construção de meios-fios, bocas-de-lobo, sarjetas, e ainda servem como base e sub-base de rodovias. Estudos indicam que as argamassas produzidas com adição de entulho reciclado há uma redução na ordem de 30% no consumo de cimento em relação aos resultados existentes na literatura para argamassas mistas equivalentes (CANEDO; BRANDÃO; PEIXOTO FILHO, 2011).
Abaixo, é apresentado um quadro, que expõe o uso recomendado para os diferentes produtos que passaram pelo processo de reciclagem. Figura 1 – Uso recomendado para os resíduos reciclados. Fonte: Guedes, 2014. No Brasil, pode-se citar como exemplo a cidade de São Paulo, em que desde 1990 os RCC são utilizados para a pavimentação de ruas e como agregados do concreto. Indústrias de processamento e beneficiamento de RCC, no Brasil, estão produzindo tubos de concreto e piso intertravados que podem ser utilizados em partes que não comprometem a estrutura da obra (GUEDES, 2014). Além dos exemplos supramencionados, em diversas cidades brasileiras os RCC, após moagem, são utilizados como barreiras de contenção em encostas, calçamento de concreto, blocos de concreto, tubos para drenagem, entre outros (BRASILEIRO; MATOS, 2015).
Outro exemplo de utilização de RCC na construção civil é o Parque Wetland, em Hong Kong, em que os resíduos foram utilizados para fabricação de concreto que foi empregado na construção de galerias de exibição, centro de visitantes, teatros, cafés, lojas de souvenir, áreas de recreação, centro de pesquisa, salas de aula, totalizando cerca de 10. m2 construídos (MARIANO, 2008). Em Michigan (EUA) foi construída uma grande rodovia com agregado provindo de RCC no qual seu histórico deixa claro que durante o seu processo construtivo a utilização de agregado reciclado de origem da própria seção da pista foi de suma importância tornando assim a primeira rodovia com grandes dimensões a utilizar matéria prima reciclável durante a fase de construção (SOUZA; ASSIS; SOUTO, 2014).
Ainda, nos Estados Unidos, em 1998, estimou-se uma utilização de 85% de todos os resíduos de concreto reciclados em bases de pavimentos rodoviários (SOUSA, 2011). Porém, a maneira mais simples de reciclar os RCC e utilizá-los na construção civil é a sua utilização em pavimentação (GUEDES, 2014). Diversos resíduos de mineração são utilizados para construção de rodovias em países como Alemanha, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, EUA, Finlândia, França, Holanda, Itália, Reino Unido e Suiça (MAIA et al. Para utilizar os RCC na pavimentação de estradas e rodovias podem ser utilizados os mais diversos tipos de resíduos classe A, e até mesmo, solo, desde que na mistura o solo não fique presente em mais de 50% da composição (GUEDES, 2014).
Ressalta-se que, se a opção for reciclar, os materiais produzidos a partir dos resíduos devem atender às exigências físicas, mecânicas, químicas e ambientais das normas brasileiras e devem ser resistentes, duráveis e utilizáveis com qualidade superior ou similar quando comparados aos tradicionais (este artigo não pretende abordar este aspecto) (MASSARA, 2018). Em grandes centros os resíduos podem se tornar uma excelente alternativa, devido à falta de recurso natural, com isso as introduções dos agregados em algumas construções podem se tornar atraente, tanto economicamente, além de fatores ambientais que dependendo do uso pode qualificar o empreendimento em parâmetros ambientais (SOUZA; ASSIS; SOUTO, 2014). Dessa forma, é necessário que sejam adotadas políticas públicas que mostrem a comunidade os benefícios da utilização dos RCC na construção civil.
Para que haja uma maior aceitação das empresas é necessária uma participação governamental, como é observado na Europa, onde a deposição de entulhos custa caro para as empresas (CANEDO; BRANDÃO; PEIXOTO FILHO, 2011). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Resolução CONAMA N° 307, de 05 de julho de 2002. BRANDÃO, F. B. PEIXOTO FILHO, F. L. Reaproveitamento de resíduo de construção na produção de argamassa de revestimento. P. G. Avaliação da geração de resíduos da construção civil e suas implicações em bairros populares. p. O caso do bairro de Gramame em João Pessoa – PB. S. Gerenciamento de resíduos da construção civil com reaproveitamento estrutural: estudo de caso de uma obra com 4. m². p. Dissertação de mestrado, Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental.
SILVA, S. V. Reaproveitamento dos entulhos de concreto na construção de casas populares. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. F. Estudo sobre a aplicação de agregado reciclado de concreto em construção de pavimentos. p. Dissertação de Mestrado, Ciências, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2011. Abr. p. UMAR, U. A. SHAFIQ, N. A. O. Habitação popular sustentável: sustentabilidade econômica e ambiental. Revista de Arquitetura da IMED, v. n.
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