Propaganda ideológica como arma política
Tipo de documento:Artigo acadêmico
Área de estudo:Ciências Políticas
Teve impacto profundo, também, na disseminação das diferentes ideias por meio da propaganda ideológica. O objetivo do presente trabalho, portanto, é apresentar a discussão sobre a propaganda ideológica, ao longo do século XX, para que seja possível avaliar o impacto na formação geopolítica atual, no contexto específico da América Latina. Trata-se, do ponto de vista metodológico, de uma pesquisa bibliográfica, que pretende realizar uma revisão da literatura sobre o tema, a partir da análise das teorias e conceitos expostos em livros e artigos acadêmicos relacionados à temática, publicados em portais eletrônicos de referência. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO Ao longo do desenvolvimento da história política da humanidade, diferentes percepções sobre como o Estado deve atuar na economia e na sociedade foram sendo desenvolvidas.
Por um lado, sistemas políticos foram construídos no sentido de permitirem uma maior presença do Estado na vida das pessoas, através da promoção de políticas públicas. Trata-se daquilo que Durkheim (1989) já denominava de “cimento social”, garantindo a coesão social em torno de um conjunto de valores, unindo os indivíduos às normas estabelecidas por uma corrente ideológica. Em grande medida, a ideologia também guarda com a relação com a linguagem, como aponta Filho: Embora não seja a Linguagem como tal, a ideologia se confunde com esta porque, não sendo a linguagem, somente se torna possível na linguagem, e é ela própria também uma linguagem. Não é, contudo, redutível a esta porque a ideologia é uma modalidade de relação com a linguagem: aquela na qual o sujeito se constitui numa relação de alienação com ela, que, embora dominante, não é, entretanto, a única modalidade possível.
Filho, 2003, p. Diversas vezes, uma ideologia pode confundir-se com alienação. Acerca do caso específico do nazismo, analisa, propriamente, Wepan (1987, p. discorrendo sobre os principais fundamentos daquele movimento iniciado na Alemanha: Os alemães eram uma raça superior destinada a dirigir o mundo, os judeus e os comunistas ameaçavam a pureza dessa raça e, portanto, algo deveria ser feito a esse respeito. Falavam em “libertar” os trabalhadores do marxismo e impedi-los de desenvolver uma perspectiva internacional. WEPMAN, 1987, p. Superado o período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com as derrotas do facismo e do nazismo, o mundo passou a se dividir, ideologicamente, entre os defensores dos ideais políticos daqueles países vencedores da Guerra, notadamente Estados Unidos e União Soviética. O principal elemento que é capaz de fazer com que a propaganda ideológica dissemine-se de maneira intensa está no fato de que a construção do seu discurso possibilita que os indivíduos se envolvam de maneira tal, que não lhes reste outra opção, senão agir exatamente conforme pretende a propaganda ideológica.
A ideologia, conforme aponta, também, Garcia (1986, p. surge aos poucos, sendo fundamental o apoio entre simpatizantes. No processo de desenvolvimento de uma ideologia, a propaganda ideológica é crucial, uma vez que serve para a disseminação de ideias. Nessa perspectiva, aponta o autor: Uma ideologia nunca surge, ao mesmo tempo, para todos os membros de uma determinada classe. Um dos casos mais emblemáticos é, exatamente, o dos quadrinhos, com a construção de super-heróis, como o “Capitão América”, que representava, fundamentalmente, a ideologia capitalista norte-americana. Acerca desse personagem específico, cujo sucesso se mantém desde a sua criação, ainda no período da Segunda Guerra Mundial, explica Vianna (2005, s/p): O caso do Capitão América é ainda mais esclarecedor. A sua origem, na ficção, ocorre durante a Segunda Guerra Mundial.
Steve Rogers era um soldado que foi exposto a uma experiência científica que pretendia criar super-soldados norte-americanos para combater os seus inimigos na Segunda Guerra Mundial. Um soro foi criado para fornecer uma força sobre-humana aos soldados e a experiência com Steve Rogers apresentou os resultados esperados. sob a seguinte perspectiva: A censura oficial, realizada por órgãos governamentais, também é um instrumento de controle ideológico. Sem acesso às informações que lhe possam fornecer uma visão dos diversos aspectos do mundo em que vive, a população acaba tendo uma visão deformada da realidade, que a conduz a se comportar dentro dos estritos limites traçados a partir dos interesses da classe dominante. Garcia, 1986, p. Deve-se destacar, sobretudo, que a propagada ideológica pode servir – e, normalmente, assim serve – como instrumento de manipulação social.
Os conceitos expostos no presente trabalho indicam a propaganda ideológica constitui-se no sentido de disseminar, veementemente, os seus fundamentos. Na esteira desse debate, analisa Castells (2008, p. Como a informação e a comunicação circulam basicamente pelo sistema de mídia diversificado, porém abrangente, a prática da política é crescente no espaço da mídia. A liderança é personalizada, e formação de imagens é geração de poder. Não que toda política possa ser reduzida a efeitos de mídia ou que valores e interesses sejam indiferentes para os resultados políticos. Mas sejam quais forem os atores políticos e suas preferências, eles existem no jogo do poder praticado através da mídia. A ascensão da esquerda, na América Latina, deve-se, sobretudo, à insatisfação das populações em relação às políticas neoliberais1 praticadas por governos latino-americanos do início da década de 1990 (Ferro, 2015).
Acerca desse contexto, aponta Oliveira (2016, p. Não é mera casualidade que a partir do final dos anos 1990 e início do século XXI a fragilidade dos partidos tradicionais aprofunda a crise dos governos neoliberais na América Latina, assegurando aos partidos oriundos da esquerda e dos movimentos populares a condução ao governo, ainda que em acordo com parcelas da classe dominante. É nesse momento que partidos nacionalistas, centro esquerda e mesmo agremiações formadas a partir do movimento sindical, popular, camponês e indígena conseguem chegar ao governo, ao mesmo tempo como uma alternativa ao sistema tradicional e, em alguns casos, em composição com representações de dentro do regime. De qualquer forma, essas vitórias e as experiências de governo de forças não tradicionais indicam o completo esgotamento dos métodos anteriores de contenção e a completa perda de autoridade da direita para governar.
CONCLUSÕES A presente pesquisa conclui apontando que a propaganda ideológica é uma das principais ferramentas de disseminação de ideias e valores, funcionando como um instrumento político de grande valor. O século XX foi marcado, prioritariamente, por consideráveis disputas ideológicas, que se concretizavam através das propagandas, conforme os exemplos trazidos ao longo da pesquisa. Dessa forma, a propaganda ideológica tem a finalidade não apenas de disseminar ideias, mas de permitir que, através da sua execução, um número elevado de indivíduos coloque-se em posição de doutrinação em relação à ideologia, seduzindo-se pelos seus valores. Assim, a presente pesquisa conclui que, além de uma ferramenta política, a propaganda ideológica pode servir como mecanismo de manipulação, impedindo a contestação de ideias.
No contexto latino-americano, o impacto da dinâmica da disputa ideológica da segunda metade do século XX foi intenso. FERRO, Larissa Cristina de Sousa. A Guinada à Esquerda na América do Sul: os casos argentino e boliviano. Monografia apresentada ao Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, como Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharel em Relações Internacionais. p. Brasília, DF, 2015. O que é propaganda ideológica. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986. MATOS, Daniel. Giro à direita e luta de classes na América do Sul. php/papers-40-encontro/st-10/st10-7/10229-aonde-vai-a-america-do-sul-analise-comparada-das-experiencias-de-governos-de-esquerda-e-do-seu-questionamento-pela-direita-no-inicio-do-seculo-xxi/file. Acesso em 11 de dezembro de 2017. STEINBERGER, Margareth Born. Discursos geopolíticos da mídia – jornalismo e imaginário internacional na América Latina. São Paulo: FAPESP, EDUC, CORTEZ, 2005.
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