ORALIDADE NA COMUNIDADE SURDA: LIMITES E POSSIBILIDADES

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Ainda que a Língua Brasileira de Sinal seja um idioma, o uso deste sinal não é a única forma que o surdo possui para se comunicar. A educação linguística do surdo passa por desafios que envolvem a utilização de mais de um tipo de recurso para o surdo se comunicar. O problema é que nem sempre o surdo encontra quem saiba a língua de sinais para compreender o que ele diz, fazendo com ele leia os lábios porque ao interagir com indivíduos ouvintes, ele vai percebendo o movimento dos lábios. O objetivo geral desse estudo é mostrar os limites e possibilidades do uso da oralidade na comunidade surda. Os objetivos específicos são entender se existem benefícios no uso da oralidade pelo indivíduo surdo; explicar como funciona a oralidade, a língua de sinais e a datilologia empregados pelo surdo para se comunicar.

Os objetivos específicos são entender se existem benefícios no uso da oralidade pelo indivíduo surdo; explicar como funcionam a oralidade, a língua de sinais e a datilologia empregados pelo surdo para se comunicar. A pesquisa é relevante porque ela pode indicar caminhos possíveis para se comunicar com o surdo, além de identificar como tem sido a comunicação entre surdos e entre surdos e ouvintes. Também, a educação dos surdos sofre influência dos ouvintes com relação à surdez, trazendo ao surdo o ensejo de adquirir a oralidade como meta. Trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, fundamentada por autores que abordam a comunicação de surdos. COMUNICAÇÃO NA COMUNIDADE SURDA A Educação do indivíduo surdo ao longo dos anos passou por várias tentativas e modalidades de comunicação.

De acordo com Goldfeld (1997), o oralismo tem a finalidade de promover a integração do surdo na comunidade de ouvintes, para que ele adquira a língua oral, no caso do surdo brasileiro, a língua portuguesa. Existem defensores que aconselham o uso da língua oral como sendo único modo de o surdo se comunicar, entendem que para ele se comunicar precisa dominar a oralidade. Nesse sentido, o estudante usa a língua oral da comunidade ouvinte com a qual convive, por meio do uso da voz e da leitura labial, na escola e na vida em sociedade. No entanto, os resultados são insatisfatórios. Para aquisição do oralismo usam-se atividades estruturais sistemáticas cujas técnicas são geralmente: O treinamento auditivo: estimulação auditiva para reconhecimento e discriminação de ruídos, sons ambientais e fala; desenvolvimento da fala: exercícios para a mobilidade e tonicidade dos órgãos envolvidos na fonação (lábios, mandíbula, língua etc.

O uso do oralismo venceu em um congresso de Milão em 1887, e o uso da língua de sinais foi proibido oficialmente, sendo que não foi permitido que os professores surdos tivessem o direito de votar. Naquela época, final do século XIX, as comunidades surdas eram consideradas perigosas para a sociedade, por isso era proibido usar a língua de sinais. Para Graham Bell os surdos não deveriam se casar entre si e teriam que frequentar escolas regulares obrigatoriamente. Nesse congresso, ele considerou que os surdos deveriam ser oralizados por um ano, se não fosse funcional, os surdos poderiam ser expostos à língua gestual. Até hoje existem conflitos entre o uso do oralismo e da língua gestual. No entanto, a maior parte das crianças surdas não sabe a LIBRAS, pois seus pais são ouvintes e possuem a língua majoritária na modalidade oral para se comunicar com a criança.

Dessa forma, ela consegue aprender somente fragmentos da fala dos pais, chegando à escola com pouca linguagem adquirida na interação, sem ter nenhuma língua constituída (PEREIRA et al, 2011). Essa situação mostra a dificuldade para a realização do trabalho bilíngue, pois ocorre muito de o estudante chegar à escola regular sem a língua 1 natural, mas com uma língua 1 quase que totalmente incompleta de uma língua que seria sua língua 2, apenas um esboço desta língua. Para Koch (1997, p. a língua de sinais constitui-se a língua natural dos surdos, se o surdo é brasileiro, ele possui a LIBRAS como mediadora na aprendizagem da língua portuguesa. Um tradutor-intérprete da língua de sinais é um profissional que é uma pessoa ouvinte bilíngue que faz a tradução e interpretação da língua de sinais para a língua portuguesa nas modalidades oral ou escrita (Decreto nº 5.

Os tradutores-intérpretes são os mediadores das relações sociais entre ouvintes e surdos, minimizando as barreiras de comunicação do surdo com o mundo da expressão linguística (BRASIL, 2009). As correntes educacionais consideram importante a educação bilíngue por ela pode atender às demandas do educando surdo. No entanto, ainda se podem encontrar escolas que privilegiam uma língua (a majoritária), em contraste com propostas que estabelecem um espaço efetivo também à Língua de Sinais, contatando-se nessa segunda tendência, um propósito de vincular o trabalho educacional a uma preocupação com a experiência cultural do surdo. Portanto, pode-se concluir com segurança que a língua de sinais é uma língua que utiliza gestos manuais, corporais, olhares expressivos, não sendo uma língua portuguesa sinalizada, pois a Libras se estrutura por meio de palavras orais e escritas.

O alfabeto manual é a mera transposição para o espaço, por meio das mãos, dos grafemas da palavra da língua oral. ROSA, 2005, p. A datilologia é bastante empregada para traduzir e interpretar entre as duas línguas, a datilologia não é propriamente uma tradução, ela expõe a palavra escrita na língua oral, sem indicar o léxico na língua de sinais. Uma série de fatores é levada em conta na escolha pela datilologia no ato tradutório. O principal deles é a ausência de um termo correspondente na língua de sinais. “O ensino regular é uma espécie de oásis em um deserto árido de chances para os surdos”. Isso quer dizer que conseguir estudar entre ouvintes é um grande sonho para esses sujeitos de inclusão, mas ao chegarem na escola, sentem que falta um trabalho articulado para atender às suas demandas.

Com base no apontado pelos autores e pelos programas e projetos de política educacionais, direcionados aos surdos estabelecidos por leis e decreto, como foi citado, hoje tem-se tentado reverter esse quadro. Contudo, conforme Botelho (2005), existe um modelo de pessoa "normal" que é imposto pelo "ouvinte" aos surdos, onde se espera que eles aprendam a falar, a ler os lábios e, somente usem a Língua Brasileira de Sinais (Libras) entre eles. Ser como o "ouvinte" ou, ser o mais parecido com o ouvinte, parece ser ainda a meta, proposta por numerosos segmentos de sistema educacional direcionado à pessoa surda no Brasil e em outros países do mundo. Por isso, o aluno surdo pode simular a participação nos rituais, sem estar realmente construindo conhecimentos (o que talvez seja verdade também para os ouvintes) (GOES; TARTUCI, 2004, p.

Pelo exposto, as aulas ocorrem com a interpretação da oralidade, ignorando o reconhecimento da comunidade surda. Mesmo nas salas de AEE, os profissionais especializados não estão capacitados para usar a LIBRAS com os estudantes surdos. Esses sujeitos assistem aulas regulares e em alguns momentos vão à sala de AEE e não recebem instruções para acompanhar as aulas tradicionais (SILVA; ALMEIDA, 2018). A LIBRAS foi reconhecida como língua natural, mas nem a sociedade, nem a maior parte dos educadores a dominam. Também, o ouvinte exerce influência no modo de o surdo se comunicar, se surdo e o ouvinte sabem a língua de sinais podem se comunicar por ela tranquilamente, mas se somente uma das partes tem o domínio dessa língua, a comunicação vai existir por oralidade e gestos.

No entanto, ainda há muito que ser estudado sobre a comunidade surda e sobre suas formas de se comunicar. REFERÊNCIAS ARRUDA, Francisco Edmar Cialdine. A história da educação linguística dos surdos. In: Língua portuguesa. BRASIL. Secretaria Nacional de Justiça. A classificação indicativa na língua brasileira de sinais / Organização: Secretaria Nacional de Justiça. – Brasília: SNJ, 2009. CICCONE, M.  Libras?: que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda.  São Paulo, SP: Parábola, 2009. GOES, Maria Cecília Rafael. TARTUCI, Dulcéria. Alunos surdos na escola regular: as experiências de letramento e os rituais de sala de aula. Libras. Conhecimento além dos sinais. São Paulo: Person, 2011. QUADROS, Ronice Müller de.

KARNOPP, Lodenir Becker. A educação dos surdos no Brasil. Campinas: Autores Associados; Bragança Paulista: Edusf. VIEIRA, Claudia Regina; MOLINA, Karina Soledad Maldonado. Prática pedagógica na educação de surdos: o entrelaçamento das abordagens no contexto escolar. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.

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