O USO DE AGROTÓXICOS EM PROPRIEDADES RURAIS E SEUS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
Tipo de documento:Revisão Textual
Área de estudo:Ciencias ambientais
Por meio da revisão bibliográfica foi possível notar que os agrotóxicos constituem produtos químicos altamente tóxicos, que são responsáveis por ocasionar danos ao meio ambiente (ao equilíbrio dos ecossistemas, a disponibilidade de recursos, as propriedades originais do solo e corpos hídricos, as condições do habitat e, consequentemente, a sobrevivência e desenvolvimento de espécies) e ao homem (intoxicação e aparecimento de doenças crônicas), principalmente, a trabalhadores, que se encontram frequentemente expostos a estes produtos. Concluindo que, sua aplicação constitui um risco ambiental e social, que deve ser executada de forma adequada, com procedimentos preestabelecidos e em quantidades mínimas, como prevê a legislação, com a finalidade de evitar tais impactos e ainda, ações que possam vir a agravar este cenário.
Palavras-chave: Saneamento rural; Agrotóxicos; Pesticidas; Impactos socioambientais. THE USE OF PESTICIDES IN RURAL PROPERTIES AND THEIR SOCIO-ENVIRONMENTAL IMPACTS ABSTRACT Agriculture is one of the main and most important productive sectors in Brazil, being considered a vital activity for the survival and economic development of the country. However, despite their great representativeness, the productive processes implemented by this sector and, especially, the intensive use of pesticides,are capable ofgenerating numerous environmental, economic and social impacts,which tend to affect the availability of resources, as well as propose serious risks to the quality of life ofindividuals. O seu uso intensivo tem sido impulsionado, ao longo dos anos, para atender à crescente demanda de produção, principalmente, no Brasil, que representa o país que mais consome agrotóxicos no mundo (PIAGNATI et al.
Além disso, o modelo convencional da agricultura é caracterizado por práticas intensivas de produção, que dependem do uso de agrotóxicos, fertilizantes e outros insumos convencionais, para garantir a produtividade e qualidade das lavouras (MARTINS, 2019). De acordo com Melo et al. em países em desenvolvimento como o Brasil, a intensa utilização de agrotóxicos configura um grave problema ambiental e de saúde pública. Uma vez que, estes produtos podem promover o desequilíbrio de ecossistemas e a degradação de recursos naturais (solo, água, flora e fauna), muitas vezes, de forma irreversível. De acordo com Karam et al. as principais transformações ocorridas na agricultura mundial começaram com a Revolução Verde, que se deu início após o fim da Segunda Guerra Mundial, e foi responsável por propor a modernização de suas atividades, especialmente, pela inserção de máquinas, insumos e técnicas produtivas, que permitiram aumentar a produtividade do trabalho e da terra.
Os autores ainda destacam que a partir de 1950 a utilização de insumos agrícolas passou a ser realizada de forma intensiva para combater organismos e plantas que prejudicavam o desenvolvimento da lavoura causando redução da produtividade. Para Waichman (2012) o avanço da agricultura brasileira se dá à custa de um modelo agrícola baseado na utilização desenfreada de agrotóxicos (insumos agrícolas) e recursos naturais. Segundo Soares, Cunha e Porto (2020) o uso inadequado e generalizado dos insumos agrícolas nas mais diferentes condições ambientais é frequente. As substâncias aplicadas com a finalidade de estabelecer a proteção de áreas de plantio contra pragas e doenças, e assim, propor o aumento da produtividade para o atendimento da necessidade mundial de alimentos, podem promover o desequilíbrio de ecossistemas e a redução da qualidade de vida, especialmente, de trabalhadores (KARAM et al.
No Brasil, há uma grande diversidade de produtos agrotóxicos, cerca de 300 princípios ativos presentes em, aproximadamente, 2 mil formulações comerciais diferentes. Porém, os agrotóxicos, são classificados, do ponto de vista inicial, quanto à sua ação e ao grupo químico a que pertencem, que tende a facilitar o diagnóstico (na ocorrência de intoxicações) e o estabelecimento do tratamento, bem como de medidas de prevenção (BARROSO; WOLFF, 2009). Segundo o material fornecido pelo Citta e Pandolfi (2017) a classificação dos agrotóxicos, conforme o organismo alvo e o grupo químico, portanto, de acordo com os tipos de pragas, doenças e plantas daninhas, refere-se as categorias de: a) Inseticidas, indicados para o combate de insetos, larvas e formigas; b) Fungicidas, destinados para fungos; c) Herbicidas, empregados no controle de plantas invasoras (ervas daninhas); d) Rodenticidas e/ou raticidas, indicados para roedores; e) Acaricidas, destinados para o controle de ácaros; f) Nematicidas, empregados no combate de nematóides; g) Fumigantes, para pragas e bactérias; e h) Moluscicidas, para moluscos.
Segundo os dados coletados por Soares, Cunha e Porto (2020), o Brasil se destaca no cenário mundial como o maior consumidor de agrotóxicos para uso agrícola, correspondendo por 86% do produto utilizado na América Latina, sendo 58% herbicidas, 21% inseticidas, 12% fungicidas, 3% acaricidas e 7% outros. Assim como pode, também, provocar alterações nas propriedades e características essenciais do ar e do solo, em razão da falta de monitoramento e avaliação dos riscos associados a aplicação dos agrotóxicos, principalmente, em pequenas e médias empresas agrícolas, devido à falta de pessoal e equipamentos (ADISSI; PINHEIRO, 2015). A contaminação de recursos hídricos, por parte dos agrotóxicos, representa o efeito mais grave destes produtos, sendo considerado um problema real, o qual pode trazer sérias consequências para o meio ambiente e para a saúde humana.
No estudo de Marchesan et al. por exemplo, foi possível verificar a presença de pelo menos um herbicida em 41% das amostras no rio Vacacaí e 33% das amostras do rio Vacacaí-Mirim, localizados no Rio Grande do Sul. Enquanto que o estudo de Marques et al. Porém, a exposição humana, aos agrotóxicos, constitui um grave problema de saúde pública em todo o mundo, principalmente, nos países ainda em desenvolvimento. O desconhecimento dos riscos e das normas de segurança, a falta de fiscalização e a livre comercialização dos agroquímicos têm contribuído para o agravamento dos quadros de doenças relacionadas a esses (BOHNER, 2017). Além disso, conforme ressalta Rocha (2017), somado a estes fatores, tem-se aspectos de precarização das condições de trabalho dos agricultores, como a falta de uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e o descarte inadequado de embalagens.
Há, também, uma relevante falta de qualificação da força de trabalho e agravamentos, por uma série de determinantes de origem social (ROCHA, 2017). De acordo com Araújo (2016), estima-se que cada brasileiro ingira uma média de 5,2 litros de agrotóxico por ano, o equivalente a duas garrafas e meia de refrigerante, ou a 14 latas de cerveja. Boa parte dos agroquímicos também causam danos mediante contato e ingestão, as moléculas químicas são absorvidas pelo organismo e metabolizados pelo fígado e filtrados pelos rins, comprometendo especificamente esses órgãos. O agrotóxico ao entrar na corrente sanguínea, podem afetar o pulmão, o coração e outros órgãos vitais. Além dos efeitos diretos causados ao ser contaminado, na mulher algumas das moléculas que se acumulam no organismo, alteram funções reprodutivas, com efeitos danosos ao nível da estrutura molecular, afetando futuras gerações de acordo com Gurgel, Santos e Gurgel (2019).
Entretanto, Petarli et al. aponta que os efeitos podem variar de acordo com o princípio ativo, a dose absorvida e a forma de exposição. O monitoramento constante do impacto da utilização de agrotóxicos na saúde humana e no meio ambiente é um objetivo a ser alcançado. CONCLUSÃO Por meio das informações levantadas, bem como apresentadas no presente trabalho é possível concluir, do ponto de vista inicial, que o uso intensivo e mal planejado de agrotóxicos em propriedades rurais, no campo da agricultura, é capaz de provocar danos ambientais, em grande parte, irreversíveis, que tendem a afetar a disponibilidade de recursos naturais, as características originais do solo (resistência, capacidade de suporte e permeabilidade), dos corpos hídricos e do ar, o que, consequentemente, promove efeitos nocivos a biodiversidade e ao equilíbrio de ecossistemas.
Os agrotóxicos podem prejudicar o desenvolvimento e a sobrevivência de espécies, provocando, em casos graves, a sua mortalidade, o que tende afetar até mesmo a cadeia alimentar e a dinâmica do habitat, que é fundamental para o ecossistema local e para disponibilidade de recursos. No campo social, é possível concluir também que os agrotóxicos podem ser encarados como produtos nocivos a saúde, segurança e bem-estar dos indivíduos, uma vez que, são capazes de contaminar o organismo (o que pode ocorrer por diversas vias) e assim, favorecer eventos de intoxicação (direta ou indireta), o aparecimento de doenças crônicas (a curto ou longo prazo), ou até mesmo, provocar a perda da vida (óbito). Neste quesito, os trabalhadores rurais se encontram mais expostos, visto que suas atividades envolvem, geralmente, o manejo e/ou contato (direto ou indireto) com os agrotóxicos, que são produtos químicos tóxicos e se acumulam no ambiente, utilizados em grande escala pelo setor, muitas vezes, de maneira inadequada.
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