O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL UM OLHAR NAS PERSPECTIVAS DE VYGOTSKY, SAVIANI E FREIRE

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

RESUMO Este artigo se propõe a analisar a importância e o significado do brincar na educação escolar tendo como referenciais os trabalhos de Vygotsky, Saviani e Freire, autores de referência para a Pedagogia Histórico Crítica e para a Teoria Histórico Cultural. As correntes teóricas citadas, consideram o brincar como uma atividade fundamental ao desenvolvimento psicossocial das crianças mas para que ultrapasse os limites do senso comum, cumprindo sua função no desenvolvimento humano e social a escola deve assumir alguns compromissos. PALAVRAS-CHAVE: brincar, escola, pedagogia, desenvolvimento, psicossocial. ABSTRACT This article proposes to analyze the importance and the meaning of playing in school education, having as reference the works of Vygotsky, Saviani and Freire, authors of reference for Critical Historical Pedagogy and Cultural Historical Theory.

The theoretical currents cited, consider playing as a fundamental activity to the psychosocial development of children but to exceed the limits of common sense, fulfilling its function in human and social development, the school must assume some commitments. É no brincar que a criança expressa simbolicamente, por meio de diferentes linguagens e estratégias, a sua realidade vivida ou imaginada (OLIVEIRA, 2000). É interessante destacar que existe uma congruência entre a legislação educacional brasileira e a teoria educacional quanto a valorização do brincar enquanto recurso pedagógico para a formação integral das crianças como sujeitos biopsicossociais. Neste contexto, o presente trabalho se propõe a investigar como autores de relevância para a Teoria Histórico Cultural e para a Pedagogia Histórica Critica - Lev Semyonovich Vygotsky, Demerval Saviani e Paulo Freire - compreendem o brincar no ambiente escolar e, em especial, como compreendem o papel do professor para a organização de rotinas que privilegiem o brincar.

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O OLHAR DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL E TEORIA HISTÓRICO-CRITICA Tomando por base a proposição de Gil (2007) sobre metodologia de pesquisa, este trabalho se caracteriza como uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, baseada em procedimentos racionais e sistemáticos de levantamento bibliográfico, leitura e produção de resumos críticos. Como destaca Fonseca (2002) uma pesquisa bibliográfica exige uma preparação cuidadosa, desta forma, o levantamento se iniciou a partir das referências bibliográficas presentes em artigos sobre Teoria Histórico-Cultural e sobre Pedagogia Histórico Critica. De acordo com Vygotsky (1994): "é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos" (Vygotsky, 1994, p.

Ao brincar a criança reinterpreta a sua realidade e estabelece regras que nascem da interação com o mundo social e não por estimulo dos brinquedos. Por exemplo, quando uma criança brinca de “ser papai e ser mamãe” ou brinca de “ser polícia e bandido”, ela o faz com base nas informações fornecidas pelo meio em que está inserida. Ao brincar a criança abstrai o mundo social, reelabora internamente e o devolve sua reelaboração em ações concretas do brincar. Embora Paulo Freire não tenha desenvolvido uma teoria direcionada ao brincar, seu pensamento evidencia a escola como um lugar de convivência onde os sujeitos sociais convivem, produzem conhecimento e expressam sua criatividade. Saviani (2013) ao pensar a escola como uma instituição emancipatória, principalmente para as crianças que não tem acesso ao mesmo capital cultural que as crianças das camadas ricas, com precisão didática identifica três elementos que devem embasar a função social da educação escolar: (I) elevar o nível cultural das classes populares.

E aqui se encontra a importância fundamental da educação escolar; (II) fazer a crítica da concepção dominante, isto é, as ideologias da classe burguesa; (III) trabalhar o senso comum de modo que se extraia o seu núcleo válido, o bom senso, e lhe dê a expressão elaborada com vistas à formulação de uma concepção de mundo adequada aos interesses populares (SAVIANI, [1980] 2013, p. Ao destacar o “trabalhar o senso comum” como um elemento fundamental à educação escolar emancipatória, Saviani (2013) chama a atenção para o mesmo aspecto destacado por Freire (2007): a importância de uma prática pedagógica consciente e engajada com a transformação. Desta forma, o brincar na educação escolar precisa ser compreendido em suas múltiplas dimensões, ultrapassando os limites de uma simples atividade de lazer, para ser desenvolvido como uma atividade que a criança realiza utilizando estratégias cognitivas para selecionar elementos de sua vida cotidiana, abstrair tais elementos para reelabora-los de forma criativa e por fim, apresenta-los ao mundo no qual estão inseridas, com um novo sentido.

Como destaca Oliveira (1984):” As crianças com sua refinada sensibilidade percebem desde cedo que os dados imediatos representam somente uma das dimensões do real, mas não são o real. Portanto quando em contexto escolar, o brincar precisa ser mediado pela prática pedagógica do professor, a fim de garantir a formação da criança como sujeito social com direito a ter acesso ao conhecimento produzido pela Humanidade e sistematizado em forma de conteúdo escolar. O recorte teórico que norteia este trabalho evidencia a importância do professor como sujeito social que com domínio de sua área de trabalho e consciente da função emancipatória da educação escolar, tem a possibilidade de transformar o brincar em uma estratégia de ensino-aprendizagem, ultrapassando os limites da diversão e direcionando para a formação de um se integral: um sujeito biopsicossocial.

Por fim, a Teoria Histórico Cultural e a Pedagogia Histórico Crítica reconhecem o brincar como uma atividade que faz parte da formação psíquica e social das crianças, sujeitos sociais e históricos. Destacando-se a necessidade do planejamento pedagógico e da mediação para que a escola cumpra a sua função social: emancipar de forma crítica as crianças, especialmente os filhos e as filhas das camadas populares. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______, Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998. ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Ministério da Educação.  Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base.

Disponível em: <http://basenacionalcomum. mec. gov. Fortaleza: UEC, 2002. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. LAKATOS, E. M. de A. MARCONI, M. de A. Plataforma Cultural, 2017. Disponível em: <http://plataformacultural. com. br/educacao-infantil-seis-direitos/>. Acesso em: jul. org. br/conteudo/745/dermeval-saviani-o-pde-esta-em-cada-escola acesso em 18/07/018 VYGOTSKY, L. S.  A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

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