MIGRAÇÃO
Tratava-se do fêmur e da tíbia de um Austrolopithecus afarensis do sexo feminino, com cerca de 3 milhões de anos, um espécime que andava ereto. Pouco depois, Mary Leakey e sua assistente acharam, em Laetoli, na Tanzânia, um par de pegadas incrustado nas cinzas vulcânicas com 3,6 milhões de anos. Tratava-se muito provavelmente de mãe e filho, de um espécime que costumava viver nas árvores. Entender a história do gênero humano é entender, também, os seus deslocamentos no espaço. A passagem dos hábitos arborícolas para o bipedismo foi essencial para o início dos deslocamentos humanos pelo globo, uma aventura que se iniciou no continente africano. Miller, Hania Zlotnik, Alejandro Portes, Josh de Wind e Ewa Morawska. Pegadas evolucionárias – origens humanas na África: As descobertas de Donald Johanson suscitaram o estabelecimento do gênero Homo e a origem dos hominídeos há pelo menos 3,6 milhões de anos.
Desde então, vários outros fósseis foram encontrados e os cientistas estabeleceram 12 espécies diferentes, que descenderiam de um mesmo ancestral, originário da África. Nossa espécie, Homo sapiens, teria surgido há “apenas” 100 mil anos. A família Leakey, da qual fazia parte Mary Leakey, investigou o Vale da Grande Fenda, na Tanzânia, por mais de duas gerações. Vestígios da presença do Homo erectus (aquele que teria vindo da África) ou mesmo fósseis dessa espécie, foram encontrados na Geórgia (1,8 milhões de anos), Israel, Cáucaso, Planalto do Deccan, na Índia (todos com 1,6 milhões de anos) e Ásia Central (750 mil anos). No Leste Asiático, há o famoso Homem de Pequim, um fóssil de Homo erectus com cerca de um milhão de anos, que se perdeu durante a 2ª Guerra Mundial.
Ele comia carne e usava ferramentas. Também na China foram encontrados outros fósseis, com quase 2 milhões de anos. Em Java foram também foram encontrados fósseis da mesma espécie, com 1,6 a 1, 8 milhões de anos. As evidências nos sítios arqueológicos, por seu lado, apontam que a segunda onda migratória teria se dado há cerca de 100 mil anos. Contudo, mesmo que os indivíduos dessa última onda fossem anatomicamente modernos, restam dúvidas quanto à sua capacidade de desenvolver uma cultura e trabalhar com ferramentas. Comentário: mais recentemente, foi estabelecida a existência do espécime conhecido como hominídeo de Denisova, que recebeu tal denominação devido às cavernas de Denisova, na Sibéria, onde foram encontrados os seus primeiros fósseis.
Eles teriam migrado da África para a Ásia, tendo alcançado a Sibéria e a Nova Guiné, e teriam um ancestral comum com os Homo sapiens sapiens e os Neandertais. Colonização do planeta: Os humanos são os únicos animais a se distribuir por todo o planeta. Elas estariam ligadas sobretudo à caça e à fertilidade, e apontam para uma tendência de nossos antepassados para a abstração e a estética. Linguagem e comunicação: A linguagem é uma habilidade que nos diferencia dos outros hominídeos e também dos outros animais. Suas origens são incertas, mas é inegável que ela foi essencial no sucesso da nossa trajetória. A principal mudança fisiológica que teria possibilitado o uso da fala pelos humanos foi a redução da laringe, que deve ter ocorrido há 200 mil anos.
A linguagem facilitou a troca de informações, a passagem de conhecimento entre gerações, a construção de narrativas sobre o mundo, e contribuiu, portanto, para muitas inovações culturais e econômicas. e 8. anos atrás. Inicialmente, seus resultados não seriam propriamente positivos, já que a alteração na dieta teria tornado o homem neolítico menos saudável, com uma expectativa de vida inclusive menor. Evidências linguísticas da migração: Podem-se agrupar as linguagens humanas em 12 grupos: Nilo-saariano, Nigero-congolês, Khoisan, afro-asiático, dravidiano, dené-caucasiano, austronísio, indo-pacífico, australiano, euroasiático, kartveliano e ameríndio. Eles teriam surgido entre 10 e 20 mil anos atrás. Atingindo as Américas: É comumente aceito que os habitantes das Américas descendem de antepassados asiáticos. Evidências biológicas apontam a grande semelhança com grupos do nordeste da Ásia.
As hipóteses mais confiáveis datam as migrações da Sibéria para a América, passando pelo Estreito de Bering, entre 12 e 35 mil anos atrás. Restos de habitações encontrados em Clóvis, no México, apontam para um fluxo migratório entre 11 mil e 11,5 mil anos atrás, mas há indícios de povoamentos mais antigos. Além dessas teorias, há aquelas que explicam a colonização das Américas através do Pacífico, e que se baseiam nas prováveis habilidades marítimas dos antigos habitantes das ilhas deste oceano. A migração de zonas tropicais para a Nova Zelândia, temperada e com invernos rigorosos, atesta a nossa antiga capacidade de se adaptar a diversos ambientes. Comentário: análise de artefatos encontrados em Madjedbebe, na Austrália, aponta para atividade humana neste continente há 65 mil anos atrás.
A análise do DNA mitocondrial nos vestígios do chamado Homem de Mungo, o mais antigo habitante australiano de que se tem notícia, indicam que não há parentesco entre ele e os aborígenes que passaram a povoar o território muito tempo depois. Cruzamento de fronteiras – migrações tardias: Nossos movimentos migratórios continuam até hoje, mesmo depois de termos conquistado praticamente todas as partes do globo. A partir de 12 mil anos atrás, mais ou menos, migrar passou a significar, cada vez mais, transpor fronteiras, ir e vir de entidades políticas. A criação da diáspora: Entre as migrações mais recentes tornaram-se comuns as chamadas “diásporas” (do grego, “dispersão ou disseminação de grãos”). Nas diásporas, as comunidades migrantes mantêm as suas tradições, não importando o motivo dos seus deslocamentos.
É o caso dos judeus, que migraram para o Egito, Babilônia, de volta à Palestina, depois Europa, sobretudo o Sul, depois Europa do Leste, América e ao moderno Estado de Israel. Também os “roma” ou ciganos passaram por um longo histórico de migrações, desde suas origens no subcontinente indiano. E os trabalhadores do Sul e Oeste asiáticos se espalharam por várias partes do globo ao longo do século XIX. VII eles alcançaram e invadiram a Irlanda e outras ilhas do Mar do Norte, e as usaram, posteriormente, como pontos de apoio nas suas incursões rumo à Europa Continental. Ainda no séc. IX, os Vikings colonizaram a Islândia e a partir dela alcançaram a Groenlândia e, depois, a América, onde se acredita terem chegado até o moderno Massachusetts.
Também os povos polinésios se aventuravam pelo, mais ou menos por essa época, só que através do Pacífico. Acredita-se que a cultura Lapita, que praticava a agricultura, se estendeu pelas ilhas da Melanésia e alcançaram a Polinésia. O comércio de escravos aproveitava-se de rotas mais antigas, no Leste da África e na Eurásia. A introdução de novas colheitas na Ásia a partir de 1500 levou a grande crescimento populacional e à oferta de mão-de-obra forçada. Também muitos prisioneiros foram levados para novas colônias, como a exemplo do Caribe e da Austrália, que receberam grandes contingentes de degredados britânicos. Da África vieram cerca de 12 milhões de pessoas para trabalhar como escravos nas Américas. Comentário: a escravidão era uma prática comum no continente africano antes do início do comércio transatlântico de escravos.
Nos anos 50 e 60 do século XX trabalhadores do Vale do Rio Senegal se tornaram maioria entre os africanos na França. Entre 1840 e 1940 o período mais intenso em migrações, com 3 grandes ondas, com 30 milhões de migrantes cada: 50 milhões de europeus e 30 milhões de sul-asiáticos para as Américas; 50 milhões da China para várias regiões; além de russos e siberianos para o restante da Ásia. As regiões que receberam migrantes continham 10% da população mundial na metade do século XIX e passaram a conter 25% um século depois. Comentário: hoje em dia é bastante aceito que não havia escassez de mão-de-obra nas principais zonas agroexportadoras brasileiras quando da imigração maciça de europeus no fim do século XIX.
Há desde hipóteses que defendem um desejo, por parte da elite local, de manter o custo do trabalho em níveis baixos, até a hipótese de um projeto consciente de branqueamento das populações da região Sudeste. Um exemplo de intervenção externa que levou ao deslocamento de muitas pessoas e o surgimento de conflitos foi a criação do Estado de Israel, levado a cabo pela Liga das Nações logo após a II Guerra. Comentário: só no ano de 2018, segundo a ONU, foram mais de 70 milhões de pessoas deslocadas no mundo. Dessas, cerca de 25 milhões são consideradas refugiadas e mais de 41,6 milhões deslocaram-se dentro de um mesmo país. Desigualdade e legislação anti-imigrantes: Já no século XIX políticas contra a imigração foram tomadas, como é o caso do Ato Americano de Exclusão Chinesa, de 1882, que restringia a entrada de chineses naquele país.
Ao longo do século seguinte, a política imigratória dos Estados Unidos se tornou ainda mais discriminatória. Aliás, as migrações mais curtas, de uma zona rural para uma zona urbana próxima, por exemplo, são muito mais abundantes. Comentário: os principais fluxos migratórios das últimas décadas estão ligados a crises politicas e econômicas, como a Guerra na Síria e no Sudão do Sul. Também da África muitos migram ou tentam migrar rumo à Europa, e da Venezuela é grande o fluxo rumo a outros países da América do Sul. Quadro 1. – Despedidas em realocações, centro de realocação Manzanar: A rivalidade entre EUA e Japão, durante a II Guerra Mundial levou à criação de campos de detenção em solo americano, como o campo de Manzanar, no deserto californiano.
Comentário: estima-se que as mudanças climáticas e a ineficiência das respostas a elas levarão à formação de grandes contingentes de migrantes nos próximos anos. A Organização Internacional de Migração calcula que o número de refugiados climáticos atingirá os 200 milhões até 2050.
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