Imaginário social e educação
Como veremos nesse diálogo crítico com o texto de Córdova, proposto aqui, um aspecto negativo que se sobressai, para além de uma argumentação bem construída, é a falta de uma proposição mais clara para o professor que, diante da magnitude filosófica acerca de sua responsabilidade, retorna à questão da práxis, ou seja, de como fazer, e talvez saia do texto com mais perguntas do que convicções. Embora o artigo de Córdova não seja suficiente para indicar caminhos práticos, até porque, como o próprio autor sugere, essa práxis requer uma postura relacional, no contexto de cada interação professor/aluno/meio, é na exposição dessa noção de aluno como o sujeito do vir-a-ser, em constante aprendizado, e da educação também como processo em construção que está, paradoxalmente, também um dos pontos altos dessa reflexão.
Assim, ao assumir que a educação é um processo em permanente criação, Córdova devolve ao ato de educar a sua plena potência criadora. Antes de nos aproximarmos do eixo Educação, façamos um retrospecto dos principais conceitos explanados pelo autor. O primeiro deles é, naturalmente, o conceito de imaginário social. Tais referências situam nossa discussão nesse amplo leque. Em linhas gerais, algo como um horizonte de ideias pré-concebidas que impactam em atitudes para além do alcance objetivo dos sujeitos. Entre tantos conceitos, Córdova demonstra interesse pela abordagem de Castoriadis (1994) a respeito de imaginário-fonte (de onde provém a faculdade de criação de formas e símbolos); de imaginário-processo, ou seja, a evolução do imaginário-fonte, e de imaginário-efetivo, que seria o resultado desse movimento.
O professor destaca, paralelamente, o processo de alienação, exemplificado como o momento em que uma instituição de criação humana, feita para estar a serviço do homem, portanto, como a política ou a organização industrial, ultrapassa essa finalidade, tornando os sujeitos reféns de seu mecanismo. Tal exemplo dá conta de desafios para o sujeito contemporâneo, como o de retomar, pela via da participação, algo que lhe pertence, o que, como se sabe, não é tarefa simples. Para as séries iniciais, como absurdamente tem sido proposto, tal imaginário ligado estritamente a noções neoliberais de mundo mostra-se nocivo à instrumentalização para o livre pensar. Por fim, as reflexões desenvolvidas não esgotam a rica discussão proposta por Córdova, mas apontam para a importância de se rever a educação brasileira, considerando as ciladas impostas por políticas já consagradas e, muitas vezes, não discutidas o suficientemente em suas implicações, tais como sistemas de avaliação, controles de desempenho, entre outras implementações que se distanciam da realidade dos indivíduos.
Referências: BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2008. DURAND, Gilbert. A imaginação simbólica. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1988. MAFFESOLI, Michel. Tempo das tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa.
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