Ética e Trabalho: Um estudo qualitativo
Tipo de documento:Revisão Textual
Área de estudo:Medicina
A metodologia aqui empregada é bibliográfica qualitativa, método de pesquisa utilizado na flexibilização e adaptação dos dados para análise, qualificação e interpretação dos fatos. A justificativa para esta investigação foi o interesse da autora em contribuir com a comunidade científica e com os grupos de trabalhadores no entendimento da ética e valorização da competência profissional na competitividade do mercado e nas relações de trabalho, além de se constituírem em “poder” para o empresariado e em “valor” para os indivíduos. Pôde-se concluir que, na atualidade, mediante as constantes mudanças como o surgimento da tecnologia e da necessidade mundial de sustentabilidade e de valores éticomorais, as organizações elegeram a competência como fator essencial em todas as práticas laborais, sendo que o talento e as habilidades participam diretamente na apropriação do conhecimento, devendo ser exercidos com ética.
Palavras-chaves: Ética; Relações de Trabalho; Princípios Éticos e Comportamentais; Qualidade de Vida Laboral. ABSTRACT The absence of ethics in human relations, whether in the work environment, in the family or in the leisure, is responsible for innumerable diseases of the worker and frailties in the companies. realiza-se e reconhece-se a cada encontro de um com o outro” (BENEDETTI, 2016, p. Entretanto, para que as relações possam ocorrer de forma equilibrada, isto é, sem nenhum prejuízo para os indivíduos que se relacionam, é importante e pertinente que se deva entender o coletivo-social: suas características, conceitos e níveis de interferência tanto no individual como no coletivo dos grupos (FERREL; FRAEDRICH; FERREL, 2000). Há muitas espécies de comportamentos éticos, de acordo com o ambiente ou grupo no qual os indivíduos se encontram inseridos.
O que é ético em um grupo de amigos, no ambiente de lazer, pode não ser ético em relações de trabalho, independentemente do tipo de organização. Em contrapartida, sabemos que a sociedade foi fundamentada em um conjunto de direitos e obrigações que, quando vistos de forma isolada, servem para construir múltiplas relações de respeito entre o “eu” e o “outro”: religiosas, trabalhistas, familiares, pessoais, e etc. A luta pela não delegação de vigilância, não monetarização dos riscos e melhoria no ambiente e condições de trabalho vêm de muitas décadas passadas, em busca do entendimento e distinção desses lugares sociais (CARVALHO, 2007). A ética se encontra dividida em várias modalidades, dentre as quais o objeto deste estudo é a “ética profissional” e/ou “ética comportamental no ambiente de trabalho”.
Os Códigos de Ética Profissional surgiram no momento em que o desenvolvimento do ser humano teve a necessidade de estruturar e sistematizar as relações de trabalho, orientando os valores e comportamento dos indivíduos, de forma que os grupos e as organizações pudessem contribuir com a sociedade (MARTINS; GABRIEL, 2012). A normatização do trabalho fê-lo tornar-se um direito inerente ao homem e pertinente a sua função dentro do ambiente organizacional. Portanto, a organização social e do trabalho têm a ética como eixo norteador de todas as relações nas empresas, onde as condutas e comportamentos são direcionados pela legislação. Mas, não podemos deixar de analisar as condições dessas relações: se racionais, no sentido de satisfazer o trabalhador, ou irracionais, diante da opressão ou coerção, seja física ou psicológica, visando atingir objetivos egocêntricos de algumas organizações (VILLELA; PITA; BREITENBAUCH, 2005).
Nesse contexto, frente às considerações citadas, tornou-se importante e pertinente realizar esta pesquisa qualitativa com a finalidade de esclarecer às seguintes questões norteadoras: Como se processam as relações éticas de trabalho? Quais são os valores éticomorais necessários ao bom andamento organizacional? Como ocorrem as relações laborais nas organizações sustentáveis? Qual é a relação da terceira competência com o desempenho do trabalhador? Para responder essas perguntas tivemos como base as obras científicas aqui referenciadas onde, depois de aplicada a técnica de estudo e análise de dados, pôde-se chegar às considerações finais. Este estudo se encontra organizado em capítulos aqui apresentados em forma de “títulos”, onde as abordagens foram desenvolvidas respeitando as seguintes etapas: formulação do problema; construção das perguntas norteadoras; operacionalização das variáveis; localização dos grupos investigados; submissão à metodologia; interpretação dos dados; desenvolvimento do conteúdo; e conclusão do estudo.
O objetivo primário da pesquisa é analisar o comportamento da ética nas relações de trabalho e sua eficácia nas empresas. Os objetivos secundários se resumem em: conceituar os principais agentes envolvidos nas relações de trabalho e sua relação com a ética profissional; apresentar o dilema ético das organizações e sua influência na tomada de decisões; e qualificar os princípios éticos das organizações da atualidade e sua relação com a sustentabilidade e a terceira competência do trabalhador. Tabela 1: Percentuais de obras em relação ao ano de publicação. de Conteúdos por ano de publicação em relação à “45” Obras: 100,00 40,00 13,33 8,89 Nº de Obras “com” Publicações: 45 18 Nº de Anos “sem” Publicações: Nº de Anos com “maior incidência” de Publicações: - - 6 - - 4 (Fonte: Autores) A iniciativa de pesquisa através de plataformas da web e biblioteca virtual (BV) ocorreu porque elas se resumem em importantes e abrangentes índices de literatura científica que envolve o tema, pois contemplam indispensáveis bancos de dados da área administrativa e pedagógica, como o de literatura nacional e internacional (Scielo; SIMPEP; Arca-Fiocruz; Administradores.
com; UCP-PT; PUC; UNIESP; e UERN); Artigos de Revistas (da UFSM; de Administração de Empresas; Gestão e Desenvolvimento; FAPI; Contexto; e da Universidade do Vale de Itajaí); Artigos de Eventos em Anais (XII Simpósio de Engenharia de Produção; I Semana Acadêmica da UNIESP-PUC; e VIII Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia); Repositório da Escola Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ; Informativos em Portais (Ethos e Administradores); e Material Didático da plataforma “Books-Scielo”; todos disponíveis on-line, exceto o Material Didático-científico de Editoras (Reichmann & Affonso; Quality-mark; Publifolha; Pioneira; e Campos); dentre outros. Em relação às categorias das obras, tem-se que os de pesquisa científica (n=18; 40,0%) predominaram, sendo que nove (20,0%) foram artigos de revistas onde seis (13,33%) são de revistas nacionais de repercussão mundial, e três (6,67%) são de eventos em Anais; 6 oito (17,18%) são materiais didático-científicos, sendo que apenas um (2,22%) foi obtido em plataforma digital; e apenas um (2,22%) conteúdo é um repositório da ENSP-FIOCRUZ.
A “Tabela 2” ilustra o número de obras pesquisadas por assunto, e a porcentagem dessas em ‘45’ (100%) conteúdos bibliográficos, extraídos de material digital e físico, com os enfoques considerados em relação aos descritos, independentemente das categorias desses conteúdos. Segunda Etapa de Exclusão: Eliminação por Filtros Ordem dos Filtros: Nº de Obras Excluídas no Total de ‘32’ Obras: Filtros: 1º Data de Publicação 7 2º Duplicidade de Abordagem 7 (Fonte: Autores) A etapa preliminar foi de seleção dos conteúdos bibliográficos, aplicando-se critérios de inclusão e exclusão no total de ‘45’ (100%) obras, encontradas em plataformas da web, biblioteca virtual em artigos, material didático-científico, e outros, necessários ao estudo. A primeira etapa metodológica foi de listagem das obras científicas que compõem o conteúdo bibliográfico referenciado (n=18; 40,0%), relacionando-as por assunto pertinente aos descritores, temática e abordagens.
A segunda etapa foi de construção dos resumos das obras, a partir da leitura das publicações para criação do referencial teórico, que se constitui na base principal deste estudo. A terceira etapa foi de extração de informações para criação dos tópicos aqui apresentados em forma de “títulos”, que compõem o corpo do texto. A quarta e última etapa foi de desenvolvimento do conteúdo e implementação das técnicas metodológicas, com base no conteúdo das obras bibliográficas referenciadas, seguidas da análise, que resultou nos dados incluídos nas considerações finais da pesquisa. a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social; [. conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade (ética profissional) (ética psicanalítica) (há ética na universidade).
A preocupação com as relações éticas vêm coincidindo com a própria evolução da humanidade, sendo que as regras de convivência entre as pessoas evoluíram e se transformaram em objetos de constantes pesquisas de filósofos, antropólogos, juristas, sociólogos e analistas sociais. Esses estudos do comportamento humano em sociedade vêm oferecer sucessivos conceitos de regras morais, religiosas, éticas e jurídicas, que se encontram em constante evolução no tempo (POLIZEL, 2015). É comum se usar o conceito de “ética e moral” como sinônimos ou a ética ser definida como o conjunto das práticas morais de uma determinada sociedade, ou ainda, como os princípios que norteiam essas práticas. Quando se passa para as ações temos a figura da “moral e da ética” como norma.
Entretanto, é importante entender que a Ética e a Moral coexistem simultaneamente: enquanto uma dita normas, a outra reprime os erros e os corrige através da Lei (POLIZEL, 2015). A “ética” também se encontra relacionada à “virtude”, a qual se originou do termo latim “vis”, que significa força e energia. Para que se tenha uma conduta ética, a condição basilar é a virtude, isto é, um indivíduo não pode ser ético sem ser virtuoso em relação a terceiros, sendo que a virtude está relacionada à prudência, justiça, fortaleza e temperança. Em contrapartida, temos os vícios (sentimentos contrários) atrelados às virtudes, os quais 1 Deontologia é a ciência que estuda a teoria moral. § 3º): “A psicodinâmica do trabalho é uma das teorias que buscam produzir inteligibilidade sobre as condutas humanas nas situações de trabalho”.
Portanto, o trabalho que um indivíduo ocupa é “o lugar” de funcionamento central da sociedade que, nos dias atuais, tem essa centralidade percebida na construção da identidade do ser humano (CARVALHO, 2007). BREVE HISTÓRICO Foi no período compreendido entre os anos de 500 e 300 a. C. segundo Valls2 (1998), época áurea do pensamento grego, que surgiu o primeiro conceito de Ética, voltado para a política, palavra que vem do termo “polis”, que em grego significa cidade organizada por leis e instituições (porque instituíam às cidades práticas para discussões e debates públicos, as quais eram adotadas ou revogadas por voto em assembleia pública). Esses sistemas eram os responsáveis por transmitir valores, elaborar discussões, e transmitir conhecimento. Os Pensadores daquela época eram influenciados pela ética religiosa milenar, que desenvolveu normas, criou convicções, implementando os seus desejos como um “programa digital” comum a todos, que conduzia as manifestações individuais e coletivas da sociedade (SIQUEIRA, 2008).
As normas, princípios éticos e morais da igreja passavam de geração a geração, transmitidos por párocos, professores ou cidadãos comuns, fossem humildes ou da classe alta, no âmbito da família ou dos grupos, facilitando o “controle” daqueles que se introduziam nos grupos para dominar o coletivo (SIQUEIRA, 2008). Segundo Kant (Kant, 1804 apud BENEDETTI, 2016), as normas éticas provêm da razão humana, devem ser universais e, necessariamente, precisam ser igualitárias entre os homens, em qualquer época ou lugar. Entretanto, elas devem brotar do interior do próprio homem, a partir da sua livre escolha moral. A primeira teria que surgiu foi a do fundamentalismo, que identifica os preceitos externos do ser humano, impedindo que ele identifique sozinho o certo e o errado. A segunda teoria foi a do utilitarismo, que propôs que o conceito ético seja elaborado tendo como base o “maior bem” para a sociedade.
Já a terceira teoria, do “dever ético”, de Emanuel Kant, propôs que o conceito ético seja extraído do fato de que os princípios éticos devem ser universais (BENEDETTI, 2016). A quarta teoria é a contratualista, de John Locke e Jean Jacques Rousseau, que propôs que o ser humano deve assumir com os semelhantes as regras morais estabelecidas para o convívio social, para perpetuação da paz e harmonia da sociedade. A quinta e última teoria que surgiu foi a do relativismo, que propôs que cada indivíduo deve agir conforme os seus próprios princípios morais porque o que é ético para um, pode não ser ético para outro. A Psicologia científica busca formar um embasamento teórico da personalidade enquanto a personalidade é classificada como sendo boa ou ruim, diferenciando os indivíduos uns dos outros por “valor” pessoal.
Na tentativa de agrupar e diferenciar as características da 15 personalidade pode-se dizer que os determinantes inconscientes e conscientes do comportamento são os fatores principais imperantes na personalidade. Mas a hereditariedade, que é a base biológica das pessoas, somada aos aspectos sociais dos individuos são relevantes na determinação da personalidade do ser humano (SOUZA; PEREIRA; MAFFEI, 2004). Os traços culturais são determinantes na definição dos aspectos éticos, tanto os que ditam códigos de ética profissionais quanto os que definem as regras e comportamentos que devem ser seguidos em determinada empresa. Para Draft (2002), cultura é o conjunto de valores, crenças orientadoras, conhecimentos e modos de pensar compartilhados pelos membros de uma organização e transmitidos aos novos membros como adequados (Draft, 2002 apud SOUZA; PEREIRA; MAFFEI, 2004). Sendo as organizações constituídas por indivíduos de diversas culturas, consequentemente, as suas culturas terão influência regional e familiar dos funcionários que as formam (MARTINS; GABRIEL, 2012).
Já a cultura organizacional, por sua vez, vai influenciar os grupos, diferenciando-os uns dos outros, mas permitindo que se mantenha a ordem social plausível dos comportamentos individuais. Nesse contexto, surgem os dilemas éticos, que são os efeitos da cultura social em presença da cultura da empresa, que sofre a influência de cada trabalhador (MARTINS; GABRIEL, 2012). Segundo Passos (2004): “[. a reputação empresarial é um bem intangível que, quando abalado (se pendendo para o bem ou para o mal), tem poder impactante sobre os bens tangíveis de uma organização” (Passos, 2004 apud MARTINS; GABRIEL, 2012, p. Org. Gestão empresarial: comportamento organizacional. São Paulo: Atlas) AS EMPRESAS SUSTENTÁVEIS O conceito de sustentabilidade surgiu após o capitalismo ter desfrutado, por longos anos, dos recursos naturais e ter utilizado o trabalho humano sem perceber as consequências dessa exploração.
O desenvolvimento da população do planeta, sem planejamento, resultou em alterações no meio-ambiente e nas relações das pessoas, gerando questionamento e debates mundiais, que levaram à definição da sustentabilidade (MELLO NETO; BRENNAND, 2004). Segundo a Organização das Nações Unidas4 (ONU, 2018), sustentabilidade é um processo de preservação que envolve as necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das futuras gerações também satisfazerem suas necessidades. Por outro lado, é inegável a contribuição da iniciativa sustentável sobre as indústrias que, através da produção consciente, vêm reduzindo os altos índices de poluição do ar. Esse fato veio gerar a “gestão sustentável” nas organizações que, paralelamente às novas políticas de controle ambiental, procuram reduzir a produção de poluentes, mantendo a lucratividade.
Atualmente, agir de maneira sustentável reduz os riscos jurídicos e fortalece a imagem das empresas, além de oferecer oportunidades como podemos observar no “quadro 2” (MELLO NETO; BRENNAND, 2004). Quadro 2: Desafios e oportunidades das Empresas Sustentáveis. Fonte: Revista Metropolitana de Sustentabilidade, v. Por isso, as organizações buscam profissionais com uma variedade de competências para atender às suas “core competences”, onde a qualificação é o referencial necessário na seleção profissional e na relação “indivíduo-organização” (FERREL; FRAEDRICH; FERREL, 2000). O conhecimento, desde a época de Taylor, vem se destacando como mola-mestra nas organizações: da produção à competição no mercado. Em contraposição, o conhecimento por si só, não se constitui em um diferencial seletivo porque ele requer talento e habilidades para a execução das mais variadas tarefas (FERREL; FRAEDRICH; FERREL, 2000).
“As core competences” expressão que se refere às principais competências ou àquelas que são essenciais em uma empresa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo fundamentou-se como referência bibliográfica pela importância da “Ética nas Relações de Trabalho” nos dias atuais, seja para contribuir com os valores organizacionais ou no desenvolvimento de talento, habilidades ou aprimoramento de conhecimentos. Revista da Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria-RS: 2016, 75p. CARDOSO, Douglas Isaías; STANO, Rita Cássia M. T. As relações éticas e a qualidade de vida no trabalho: uma questão de gestão. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca – ENSP/FIOCRUZ. Tese (Mestrado em Ciências na Área de Saúde Pública). Rio de Janeiro: mai. Disponível em: <https://www.
arca. br/artigos/>. DIAS, Maria Olívia. Ética, organização e valores ético-morais em contexto organizacional. Revista Gestão e Desenvolvimento. Beiras-Portugal: n. Disponível em: <http://www. administradores. com. br/artigos/>. FERREL, O. HODGES, A. Compromisso social e gestão empresarial. São Paulo: Publifolha, 2002. JACQUES, Maria da Graça Correa; et al. Relações Sociais e Ética. P. BRENNAND, J. M. Empresas socialmente sustentáveis: o novo desafio da gestão moderna. Rio de Janeiro: Quality-mark, 2004. REZENDE, Frederico Pifano; CASTRO, Janine M. Pereira. Ética na Empresa: o Indivíduo e Suas Relações no Trabalho. VIII Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia SEGeT. Resende-RJ: abr. jul. Disponível em: <http://periodicos. uern. br/>. SROUR, R. br/>.
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