ED Fisica
É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Avenida Água Verde, 2140 - Telefone: (0XX) 41 3340-1500 e-mail: dem@seed. pr. gov. br 80240-900 CURITIBA - PARANÁ Catalogação no Centro de Editoração, Documentação e Informação Técnica da SEED-PR Educação Física / vários autores. I. Folhas. II. Material de apoio pedagógico. III. Caminhamos fortalecidos pelo compromisso com a qualidade da educação pública e pelo reconhecimento do direito fundamental de todos os cidadãos de acesso à cultura, à informação e ao conhecimento. Nesta caminhada, aprendemos e ensinamos que o livro didático não é mercadoria e o conhecimento produzido pela humanidade não pode ser apropriado particularmente, mediante exibição de títulos privados, leis de papel mal-escritas, feitas para proteger os vendilhões de um mercado editorial absurdamente concentrado e elitista.
Desafiados a abrir uma trilha própria para o estudo e a pesquisa, entregamos a vocês, professores e estudantes do Paraná, este material de ensino-aprendizagem, para suas consultas, reflexões e formação contínua. Comemoramos com vocês esta feliz e acertada realização, propondo, com este Livro Didático Público, a socialização do conhecimento e dos saberes. Apropriem-se deste livro público, transformem e multipliquem as suas leituras. Mas este é um livro didático e isto o caracteriza como um livro de ensinar e aprender. Pelo menos esta é a idéia mais comum que se tem a respeito de um livro didático. Porém, este livro é diferente. Ele foi escrito a partir de um conceito inovador de ensinar e de aprender. Com ele, como apoio didático, seu professor e você farão muito mais do que “seguir o livro”.
Agora o livro está pronto. Você o tem nas mãos e ele é prova do valor e da capacidade de realização de uma política comprometida com o público. Use-o com intensidade, participe, procure respostas e arrisque-se a elaborar novas perguntas. A qualidade de sua formação começa aí, na sua sala de aula, no trabalho coletivo que envolve você, seus colegas e seus professores. Ensino Médio Sumário Apresentação. – Saúde é o que interessa? O resto não tem pressa!. – Os segredos do corpo. Conteúdo Estruturante: Lutas Introdução. – Capoeira: jogo, luta ou dança?. – Judô: a prática do caminho suave. A relação homem-natureza possibilitou a constituição da materialidade corpórea humana. Não nascemos pulando, saltando ou até mesmo manuseando objetos (ESCOBAR, 1995), mas fomos nos adequando às necessidades que o meio impunha.
Para uma criança que acaba de nascer é impossível andar, pois sua constituição corporal não lhe permite realizar tal movimento. Esta mesma criança dará seus primeiros passos somente quando sua materialidade corpórea estiver preparada, impulsionada pelas necessidades que o meio imprimir, seja para alcançar um objeto fora do seu alcance ou para locomover-se até determinado local de seu interesse. No trabalho pedagógico, o ensino da constituição histórica da materialidade corporal está organizado pelos fundamentos teóricos da Cultura Corporal e pelos Conteúdos Estruturantes – Jogos, Esportes, Danças, Lutas e Ginástica – que, tradicionalmente, compõem os currículos escolares da Educação Física e identificam a disciplina como campo do conhecimento. E D U C A Ç Ã O F Í S I C A O futebol para além das quatro linhas 11 Ensino Médio I n t r o d u ç ã o 12 Esporte Introdução z Esporte Artista: Luiz Ventura Título painel: Crianças do Brasil – O Futebol Técnica: pintura com tinta acrílica sobre lona preparada, montada em chassis Dimensões:1.
x2. m Falar sobre o esporte, enquanto manifestação da Cultura Corporal, significa discutir o que este Conteúdo Estruturante foi, desde sua origem histórica até a atualidade. Esta abordagem permitirá reflexões sobre as possibilidades de recriar o conceito de esporte, por meio de uma intervenção consciente. No início do século XIX, o desenvolvimento da sociedade capitalista tornava cada vez mais profunda a divisão do trabalho – funções braçais, ligadas ao esforço físico e atividades intelectuais, ligadas ao intelecto. Utilizou-se o esporte como estratégia educativa para o ocultamento e/ou mascaramento das lutas sociais. A difusão mundial da prática desportiva, porém, não foi imediata. A dimensão social alcançada pelo esporte, atualmente, contou com importantes fatores, tais como: o surgimento de novas escolas para a classe média e redução da jornada de trabalho; formação de clubes esportivos; esporte como fator de contenção da classe trabalhadora; os jogos olímpicos como expressão máxima do fenômeno esportivo (ASSIS, 2001).
Diante desta breve abordagem histórica, pode-se questionar: será que o esporte atual ainda está vinculado aos interesses da classe que o constituiu? Como identificar os vínculos políticos e sociais da prática esportiva na sua escola ou na sua comunidade? Essas perguntas não possuem respostas imediatas e serão debatidas ao longo deste livro. Certamente você já deve ter assistido, na televisão, a uma partida de qualquer modalidade esportiva. E D U C A Ç Ã O F Í S I C A O futebol para além das quatro linhas 15 Ensino Médio 16 Esporte Educação Física 1 O FUTEBOL PARA ALÉM DAS QUATRO LINHAS n Fabiano Antonio dos Santos1, Rita de Cássia2 Colégio Estadual Padre João Wilinski. Curitiba - PR Lindaura R. Lucas - São José dos Pinhais - PR 1 2 Procure imaginar a situação: você está sentado na platéia para assistir a uma apresentação em sua escola.
Certamente não há a preocupação, de sua parte, sobre o que possa estar ocorrendo por trás das cortinas fechadas, prontas para serem abertas e revelarem as mais diversas possibilidades e sensações. Até porque você foi ao espetáculo na condição de espectador, e como tal, seu interesse estava nas sensações proporcionadas, sejam elas de satisfação, alegria, tristeza, indignação. E você, o que responderia? O futebol alcança importância gigantesca em nosso país, a ponto de se afirmar ser este o país do futebol. Por isso, você está convidado a espiar, através da cortina, e descobrir os ensaios e ajustes desta apresentação, bem como, aprofundar seus conhecimentos sobre o que pode vir a ser o futebol, para além das quatro linhas que circunscrevem o campo de jogo.
z Fecharam-se as cortinas! Vamos “espiar”? As sensações em assistir a um jogo de futebol são as mais variadas possíveis: raiva, apreensão, sofrimento, alegria. Tudo depende do desencadeamento dos fatos ao longo da partida, depende do desempenho de seu time, depende da perspectiva com que se assiste a um jogo. Para alguns, a derrota de seu time é motivo de insatisfação, brigas, verdadeiras guerras. Convidamos você a assistir ao espetáculo do futebol atrás das cortinas, a espiar algumas supostas verdades e a desconstruir muitas outras, oportunizando uma viagem aos camarotes do mundo da bola. Iniciamos apresentando um pouco do que alguns estudiosos têm escrito e pensado sobre este esporte, jogo, espetáculo; para discutirmos onde se passa o jogo – na vida ou no campo – e como nos são retransmitidas estas disputas.
z Futebol, ópio do povo: A ideologia das massas “Esporte é Saúde”, “Esporte é Energia”, Esporte é Integração Nacional”. Tudo verdade e tudo mentira. Claro que o esporte ajuda a integração nacional, mas a atenção demasiada aos pés do jogador e do couro da vaca dá desintegração nacional, pois o homem se aposenta de ser consciente e livre (. MARX, 1987, p. n Karl Marx (1818-1883). Assim, os dominantes apresentam suas idéias como únicas válidas e verdadeiras e perseguem, excluem ou exterminam aqueles que as contestam. A ditadura militar vivida pelo Brasil, entre os anos 60 e 80 do século XX, é um bom exemplo disso. Você já ouviu falar das torturas aplicadas àqueles que não “seguiam a ordem” estabelecida, ou contestavam o governo? Do exílio de autoridades e pessoas comuns que fugiam do país para não serem mortas, permitindo que o governo autoritário mantivesse a sua “ordem”? Enfim, nossa história está repleta de acontecimentos em que a ideologia das classes dominantes era imposta como doutrina, impossível de ser contestada.
Mais recentemente, em 2004, a visita do futebol brasileiro ao Haiti foi o evento que voltou a vincular, ostensivamente, o futebol à função de “ópio do povo”. Muito se falou na mídia a respeito desta visita. Você se lembra das notícias que circularam nesta época? Procurando realizar nosso exercício, aquele de “espiar” o que estaria escondido atrás das cortinas deste episódio, acompanhemos uma reportagem apresentada ao jornal Folha de São Paulo, realizada em função da visita da seleção brasileira ao Haiti. Futebol não afasta pavor do Haiti Escrito por Marcos Guterman Ronaldo não é Henri Cristophe, mas teve seus momentos de rei do Haiti. Em “O Dia em que o Brasil Esteve Aqui”, o craque aparece em uma dimensão impressionante mesmo para um espectador brasileiro, orgulhoso de seu “país do futebol”.
A seleção, símbolo de um Brasil cuja identidade foi construída no passado recente em cima da lenda da democracia racial, manteve um prudente distanciamento dessa massa negra informe. Sob forte proteção, o time chegou, entrou em campo, goleou e foi embora, sem maior envolvimento, o que causou uma mal disfarçada frustração entre os haitianos. O comando militar brasileiro alegou que a visita da seleção foi rápida para evitar tumultos que poderiam converter-se em violência. Mas, no limite, talvez tenha sido medo de contaminação, o velho pavor da elite brasileira. Ao final do documentário, o que se impõe não é a força do futebol nem o acerto da iniciativa brasileira, e sim uma incômoda pergunta: quanto falta para sermos o Haiti? Nota: O documentário que trata a matéria é dirigido por Caíto Ortiz e João Dornelas, e denomina-se “O Dia em que o Brasil Esteve Aqui”.
sabemos que o futebol brasileiro se distingue do europeu pela sua improvisação e individualidade dos jogadores que têm, caracteristicamente, um alto controle da bola. Deste modo, o futebol é, na sociedade brasileira, uma fonte de individualização e possibilidades de expressão individual, muito mais do que um instrumento de coletivização ao nível pessoal ou das massas. Realmente, é pelo futebol praticado nas grandes cidades brasileiras, em clubes que nada têm de recipientes de ideologias sociais, que o povo brasileiro pode se sentir individualizado e personalizado. Do mesmo modo, e pela mesma lógica, é dentro de um time de futebol que um membro dessa massa anônima e desconhecida pode tornar-se uma estrela e assim ganhar o centro das atenções como pessoa, como uma personalidade singular, insubstituível e capaz de despertar atenções.
” (DAMATTA, 1982, p. O futebol para além das quatro linhas 23 Ensino Médio Quando nos colocamos como atores deste espetáculo, muitos problemas podem surgir, principalmente, se você analisar qual o grande público que participa dos jogos organizados nas ruas. Os homens ainda representam a maioria dos praticantes de futebol, embora isso venha mudando com uma freqüência cada vez maior. As mulheres têm conquistado seus espaços, o que pode demonstrar o que dissemos anteriormente, sobre a importância do futebol na discussão de problemas sociais. Nunca é demais lembrá-lo que o futebol deve ser praticado por toda a turma, e isso inclui todos e todas, meninos e meninas, sem distinção. Vamos tentar organizar algumas atividades que propiciem a vivência do futebol praticado na rua, no qual você é o protagonista e, assim sendo, responsável por discutir e solucionar os problemas que possam surgir.
Nesta organização, convoque seus colegas para que possam participar juntos deste jogo. z Futebol: “Um negócio da China” Agora que você conhece um pouco mais sobre as possibilidades de compreensão do futebol, vamos problematizar algumas questões, prin24 Esporte Educação Física cipalmente no que se refere à importância desta prática corporal, no cenário social e esportivo, bem como no desenvolvimento dos negócios de maneira em geral. O cenário esportivo e dos negócios andam juntos, constituem o cenário nacional? Acompanhe-nos em mais esta “espiadinha”! O futebol, tanto como prática de lazer quanto prática esportiva de alto rendimento, tem sofrido um processo de mercadorização em nossa sociedade. A venda dos direitos de imagem dos jogadores ou o uso e venda das marcas de patrocinadores, bem como a venda dos direitos de transmissões de jogos pela TV e, até mesmo, a venda de jogadores em altas transações formam um complexo e rendoso mercado (AZEVEDO e REBELO, 2001).
Você sabe o que significa mercado? Deve ter ouvido, em telejornais, expressões como: “o mercado está nervoso”, ou ainda, “o mercado de ações caiu”. A riqueza de nossa sociedade baseia-se na acumulação de capital e dos lucros obtidos pela venda das mercadorias – feitas pelas mãos dos trabalhadores. O futebol para além das quatro linhas 25 Ensino Médio A mercadoria é, antes de mais nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia. MARX, 2001, p. Estas mercadorias são criadas para suprirem as necessidades humanas, sejam necessidades básicas ou necessidades criadas culturalmente. A mercadoria possui dois valores: o de uso e o de troca. De acordo com o levantamento, apenas 3,7% dos jogadores profissionais relacionados na entidade receberam mais de 20 salários mínimos no ano passado.
Ou seja, 765 dos 20. jogadores registrados na CBF ganharam mais de R$ 2. mensais em 1999. Em 1998, a porcentagem de jogadores que integravam a elite do futebol nacional era de 4,3 %. – o conhecido “caixa dois” (contabilidade paralela para recolher menos imposto). Mas como isso também ocorria em anos anteriores, os dados da CBF evidenciam o empobrecimento dos jogadores e voltam a exibir o enorme fosso que separa a minoria rica da maioria pobre. PESQUISA 1. Talvez você esteja pensando: “Mas esta reportagem já está defasada, antiga, hoje muitas coisas devem ter mudado!”. Para tirar suas dúvidas, organize com mais dois colegas uma pesquisa, buscando informações, em jornais, revistas e Internet, de como está configurada, hoje, a distribuição salarial dos jogadores. CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO. ADIDAS – É obrigado a jogar com a chuteira da marca e, quando aparece em programa de tv vestindo traje esporte, este tem que ser Adidas.
CONTRATO ATÉ 2006. GIORGIO ARMANI – Em evento social que exige terno, Kaká é obrigado a vestir Giorgio Armani. ESTE CONTRATO DUROU ATÉ 2004. Estes não têm muitas escolhas, a não ser vender seu jogador a preços estipulados pelos clubes interessados. Outro provável motivo, que pode ser atribuído ao barateamento dos jogadores transferidos ao mercado internacional, diz respeito ao valor agregado à suposta profissionalização internacional. Um exemplo pode ser a transferência do jogador Kaká, atuando na época pelo São Paulo Futebol Clube, para o clube italiano Milan. Ao transferir-se para a Itália, Kaká tratou logo de “ajustar” sua imagem, e vendê-la junto com seu produto. O futebol europeu, através das grandes parcerias entre empresas interessadas em mostrar sua marca no cenário mundial, tem como forma de trabalho a vinculação de seus jogadores à imagem de uma profissionalização que rende aos clubes milhões de dólares, e agrega ao valor do jogador quantias bem maiores que as pagas na compra de um jogador daqui do Brasil.
O processo de escolha das equipes será por sorteio, já o preço de cada jogador e jogadora será estipulado por convenção de toda a turma. Atenção: esta atividade trará para a aula algumas discussões importantes, principalmente quando começar a compra dos jogadores, já que poderão ocorrer exclusões. É importante que discutamos se isso deve ocorrer em sua aula de Educação Física, assim como ocorre no mundo profissional. Discuta com a turma quantos “Ronaldos” nós temos? Ou Robinhos? Será que a aula de Educação Física não deve ser espaço para a diversificação, oportunidade de todos e todas jogarem, praticarem as manifestações da cultura corporal? Dica: a venda ou troca de jogadores pode ocorrer ao final de cada aula, ou como a turma achar conveniente.
O futebol para além das quatro linhas 29 Ensino Médio z Referências Bibliográficas: AZEVEDO, C. ed. Porto Alegre: L&PM, 2004. LUCENA, R. PRONI, M. orgs. ENGELS, F. A Ideologia Alemã. ed. Trad. José Carlos Bruni e Marco Aurélio Nogueira. com. br/ folha/ilustrada/ult90u54863. shtml> Acesso em: 03 nov. RANGEL, S. Com tanta riqueza por aí, cadê sua fração? Disponível em: <http://www1. Quais seriam estas conquistas? Você poderia localizá-las na história? Quais destas conquistas tornaram-se amplamente divulgadas, e quais permaneceram inacessíveis à população em geral? De que forma este acúmulo de conhecimento contribui para o desenvolvimento da humanidade? E, em que ela atravancou o desenvolvimento social do ser humano? Onde a televisão entra neste processo de inovações? Em que ela auxilia e influencia a conduta cultural humana em suas práticas, Colégio Estadual Padre João Wilinski.
Curitiba - PR Colégio Estadual Soldado Constantino Marochi especificamente, na do voleibol? Santa Cruz de Monte Castelo - PR 1 2 A relação entre a televisão e o voleibol no estabelecimento de suas regras 33 Ensino Médio z O “boom” tecnológico A Guerra Fria foi a designação atribuída ao conflito político-ideológico entre os Estados Unidos (EUA), defensores do capitalismo, e a União Soviética (URSS), defensora do socialismo, compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). É chamada “fria” porque não houve qualquer combate físico, embora o mundo todo temesse a vinda de um novo conflito mundial por se tratar de duas superpotências com grande arsenal de armas nucleares. Norte-americanos e soviéticos travaram uma luta ideológica, política e econômica durante esse período.
Se um governo socialista fosse implantado em algum país do Terceiro Mundo, o governo norte-americano via aí logo uma ameaça aos seus interesses; se um movimento popular combatesse um governo alinhado aos EUA, logo receberia apoio soviético. A “Era de Ouro” constitui um período que, segundo Hobsbawm, significou um avanço ligado ao atraso. Isso mesmo, duas coisas juntas, porém com intensidade e intenções diferenciadas. Logo após a Segunda Guerra Mundial (1945), os Estados Unidos atravessavam um momento fantástico em sua economia, tudo graças ao triunfo na guerra. Por outro lado, países europeus, muito arrasados, ou em franca decadência, tentavam se reerguer, principalmente, para se equiparar à economia norte americana. Configurou-se uma disputa intensificada nos dois anos seguintes, ao fim da 2ª Guerra Mundial, que apresentava duas potências confrontando-se em diferentes projetos de sociedade, antagônicos em suas finalidades sociais e políticas: Estados Unidos X União Soviética.
Como você já deve estar imaginando, em meio a todas essas inovações tecnológicas provenientes do período de disputas políticas e econômicas, os meios de comunicação tiveram papel decisivo, principalmente por cumprir a função de intermediários na divulgação de novos produtos, e na criação da idéia de consumo. Para que você tenha uma idéia da grandeza do boom tecnológico, veja o Folhas “Nós da rede”, no Livro Didático Público de Geografia. z Como as imagens de uma partida de voleibol chegam até nossas casas pela TV A facilidade que os meios de comunicação têm para levar informação ao mundo é decorrente de grandes descobertas. Como é possível que você assista a uma partida de voleibol ao vivo, ocorra ela em qualquer parte do mundo? Sabe qual é o processo de transmissão das imagens? As partidas de voleibol são transmitidas, via satélite, através das micro-ondas que se propagam na camada ionosférica da atmosfera, onde os sinais transmitidos sofrem menos interferências.
Os canais abertos, ou pagos de TV, usam antenas com comprimentos de onda da ordem de centímetros, sendo necessário, para a captação do sinal das microondas, o formato de parábolas vindas de satélites artificiais. Este, por sua vez, retransmite o sinal para uma segunda estação na terra, chamada receptora, muitas vezes, a milhares de quilômetros de distância da primeira. Estas inovações tecnológicas contribuíram muito para o que alguns historiadores chamaram de uma nova era. A televisão, ao levar as imagens instantaneamente a grandes distâncias, combina com os interesses do modo de produção capitalista, baseado no lucro, no consumo e na acumulação de capital. Mas você sabe o que são ondas magnéticas? Em 1865, o físico escocês Maxwell (1831-1879), apresentou quatro equações, conhecidas como ”Equações de Maxwell”.
Essas equações produziam a unificação de tudo que era conhecido sobre eletricidade e óptica. A relação entre a televisão e o voleibol no estabelecimento de suas regras 37 Ensino Médio A televisão é uma destas formas de transmissão que atinge grande parte dos lares brasileiros, divulgando uma série de informações ideologicamente determinadas por seus programadores e/ou patrocinadores. Existe, por trás destas escolhas, uma série de critérios, que visam atingir às exigências de telespectadores e patrocinadores, além de interesses políticos e ideológicos como você pôde discutir, anteriormente, quanto à utilização do esporte para a disputa hegemônica entre Estados Unidos e União Soviética. Nessa adequação da programação a ser exibida, o esporte ocupa local central, por vários fatores que contribuem aos objetivos da televisão.
Que objetivos seriam estes? Por que o voleibol ocupa local de destaque? O que teria de proximidades com tais objetivos? A mídia televisiva diversifica suas programações, objetivando adquirir sempre maior público. Para isso, cada emissora de televisão procura transformar as transmissões esportivas em atrações que beiram ao espetáculo. Outra questão interessante, que você pode perceber no voleibol e atinge as perspectivas da televisão, é a previsibilidade de tempo do jogo. Perceba na programação da televisão, tudo tem tempo estipulado, devendo seguir as determinações. Neste sentido, esportes que possuam uma previsibilidade são interessantes para a televisão. Já imaginou uma partida de tênis? Chega a durar 4 horas, como ficariam os quadros de programação geral da emissora? Aqui inserimos apenas alguns comentários, que levem você a pensar conosco sobre este mundo, complexo, dirigido por um forte jogo de interesses que chega a determinar as regras do esporte, sem que os torcedores possam opinar.
Você se lembra de como eram as antigas regras do voleibol? Faça a comparação com as regras atuais, e acompanhe os reais interesses por trás das modificações. hu A principal característica do voleibol praticado antes das principais modificações de suas regras era sua dinamicidade. As partidas eram muito demoradas, o que ocasionava, ao esporte, uma certa dificuldade de expansão, já que sua popularidade dependia também de sua espetacularização através de um maior dinamismo. As regras deste esporte modificaram-se com o passar dos anos, refletindo inclusive às necessidades de seus participantes, bem como do conjunto da sociedade. A seguir, acompanhe atento algumas regras que vigoraram por muito tempo no voleibol e que atingiram os objetivos, de acordo com as necessidades da época.
l O sistema de vantagens aplicado ao voleibol era o principal problema aos interesses da televisão. z A transição: o papel da mídia O voleibol teve a oportunidade de ampliar sua “popularidade” por meio da espetacularização efetuada na televisão, e, com isso, divulgar os produtos dos novos patrocinadores que começavam a se interessar pelo esporte. Vale questionar alguns pontos controversos a respeito da popularização do voleibol como segundo esporte mais praticado no Brasil: como explicar o fato de que alguns jogadores se mantêm por vários anos jogando pela seleção? Se este esporte é tão praticado em nosso país, não haveria outros jogadores de talento para renovar o time da seleção? O que contribui para essa lenta renovação? De outra perspectiva, como explicar a pouca expressividade de nosso país nas olimpíadas? Será mesmo a falta de incentivo ao esporte? Como explicar um país como Cuba, arrasado pelos embargos econômicos impostos pelos Estados Unidos, ser superior ao Brasil no quadro de medalhas em uma olimpíada e ainda, mais recentemente, em julho de 2007, foi segundo colocado nos XV Jogos Pan-Americanos, realizados no Rio de Janeiro? Mas voltemos à nossa intenção principal: analisar a mídia como elemento importante na transição do voleibol a um formato voltado ao espetáculo.
Retomemos as discussões com estes quadros: “De forma mais elaborada, Diniz e Cesar, da agência de publicidade Tops Sports Ventures, afirmam que o Voleibol apresenta uma situação estratégica para um esporte que tem a pretensão de inserir-se no campo dos negócios. Eles apontam (. “atraentes” características básicas da modalidade. Tornou-se um empreendimento, marca registrada que rende milhões anualmente. ATIVIDADE 1. Assistir a gravação de uma partida de voleibol, ou cenas do jogo, disputado com as regras anteriores. Ex. Final masculina nas Olimpíadas de 1992). De acordo com essa nova realidade, muitas mudanças aconteceram no contexto do voleibol. Os dirigentes trabalharam sob novas perspectivas, obtendo novas visões sob a forma de dirigir suas equipes em comparação aos primeiros campeonatos brasileiros. Fica evidente que a estrutura profissionalizante do voleibol não se estruturou de imediato, mas a maioria dos clubes se esforçou para isso.
A criação do voleibol como forma de lazer dá lugar ao negócio, os empresários enxergam neste esporte possibilidades da divulgação de seus produtos. A década de 80 foi primordial nessa passagem do voleibol ao mundo dos negócios. As partidas teriam um maior número de pontos para que não terminassem tão rapidamente. Subiu para 25 o número de pontos necessários para a vitória de um “set”. O voleibol foi, então, adequado à previsibilidade de tempo de partida, condição para tornar-se espetáculo televisivo. Isso não aconteceu ainda com o tênis, por exemplo! É freqüente a exibição de partidas de tênis em TV “aberta”? O tênis é um típico esporte que não interessa à televisão, por não possuir uma previsibilidade, o tempo pode variar de uma, até quatro horas.
Cabe um questionamento sobre a divisão existente entre televisão aberta e a televisão fechada. O técnico teve sua área ampliada para toda a extensão de seu lado da quadra, o que aumentou a interatividade entre público, técnico e jogadores. Educação Física O tempo destinado às equipes também sofreu alterações. O motivo pelo qual foi instituído o chamado tempo “técnico”, no oitavo e décimo sexto ponto, foi oportunizar o anúncio dos produtos dos patrocinadores para que possam vender suas imagens ao grande público. Essa alteração, provavelmente, tenha passado despercebida ao conjunto de espectadores, porém coloca, de maneira definitiva, o voleibol como um negócio muito interessante para os diversos investidores. Assim, não houve uma preocupação com o esporte em si.
Sobre a televisão. Tradução. Maria Lucia Machado. Rio de Janeiro: Jorge Zarar, 1997. CHESMAM, C. HOBSBAWN, E. A era dos extremos: O breve século XX: 1914-1991. Tradução Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. MARCHI J. cu/. noticias/28/color. htm Acesso em: 08 nov. www. vivercidades. Está rolando agora, é uma partida de futebol. n Música: É uma partida de Futebol. Composição: Samuel Rosa E Nando Reis Quando pensamos em esporte na escola, pensamos diretamente na Educação Física. Esta disciplina tem-se apoiado na prática esportiva como forma de legitimar-se nos currículos escolares. O esporte praticado no meio escolar serve, principalmente, como forma de socialização, mas não é explorado em toda sua potencialidade transformadora. Estes filósofos opunham-se ao poder absolutista do rei, à intervenção deste na economia, aos privilégios do clero e da nobreza e defendiam a igualdade jurídica, a separação dos poderes e a liberdade econômica.
As idéias desses pensadores influenciaram as revoluções que levaram a burguesia a conquistar o poder político, como a Revolução Francesa, ao final do século XVIII, e a organização política contemporânea. Veja o que Jean-Jacques Rousseau pensava a respeito da desigualdade entre os homens: n www. malaspina. org Educação Física n Jean Jacques Rousseau Concebo na espécie humana duas espécies de desigualdade: uma que chamo de natural ou física, porque é estabelecida pela natureza, e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito, ou da alma; a outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção, e que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens.
Estas conquistas preocuparam a burguesia em relação à forma como os trabalhadores poderiam aproveitar o tempo de folga. Isso seria uma poderosa arma a ser utilizada contra ela mesma (burguesia), uma vez que com esse tempo de folga e com os espaços públicos disponíveis para os momentos de lazer, seria fácil a criação de movimentos sociais contra a classe dirigente. Eu faço esporte ou sou usado pelo esporte? 51 n Foto: J. Urban Ensino Médio Sufrágio Universal: Está relacionado ao voto de todos os cidadãos não importando a classe social ou sexo: Modo de manifestar a vontade ou opinião num ato eleitoral ou assembléia, ato de exercer o direito a esta manifestação. PINSKY, 2003, adaptado). O esporte, na segunda metade do século XX, assumiu grande relevância social.
Para muitos praticantes, esse fenômeno representava uma forma de status e, principalmente para as classes menos favorecidas, era o meio mais rápido de ascensão social. ATIVIDADE • Pesquise quantos atletas profissionais estão credenciados na CBF e compare esse total com a quantidade de atletas que são reconhecidos, tanto profissionalmente quanto financeiramente, no cenário esportivo nacional e internacional. • Compare a diferença salarial de um atleta brasileiro, de renome internacional, com um jogador em início de carreira num clube qualquer da primeira divisão do futebol nacional. • Faça um comentário crítico sobre as conclusões tiradas de sua pesquisa. A partir do momento que o controle econômico se deslocou para a televisão, mudanças foram introduzidas para agradar os telespectadores ou gerar mais receita com propagandas”.
Um dos exemplos mais claros seria a questão da exploração da mídia sobre o voleibol, o qual teve suas regras alteradas em favor de interesses da televisão, como no caso da exclusão da “vantagem”, e também a inserção do “tempo da TV” que acontece sempre no oitavo e décimo sexto ponto de cada set. Para maiores esclarecimentos consulte o folhas: A relação entre a televisão e o voleibol no estabelecimento de suas regras. Será que isto também acontece com outros esportes? ATIVIDADE • Você concorda com a profissionalização do esporte? Justifique. • E com a influência dos meios de comunicação no esporte? Justifique. A televisão e os meios de comunicação em geral, por influenciarem um grande público com proporções, muitas vezes incalculáveis, tornam-se produtores de verdades, criando crenças, ídolos e divulgando informações pertinentes aos seus interesses.
Essa produção de idéias e valores é interpretada pelas pessoas como verdades absolutas, sem que haja uma reflexão crítica a respeito de tais modelos, contribuindo, assim, na formação de uma massa consumidora. Para aprofundar essa discussão, consulte o Folhas “Saúde é o que interessa! O resto não tem pressa!”. z O Esporte na Escola: O processo de implantação da prática esportiva no ambiente escolar aconteceu, principalmente, na década de 1970, pois alguns anos antes desse período, poucas equipes nacionais conseguiram resultados expressivos no cenário esportivo internacional. Nesse aspecto, Betti (1991) aponta que: Eu faço esporte ou sou usado pelo esporte? 55 Ensino Médio “O esporte pareceu também ir ao encontro da ideologia propagada pelos condutores da Revolução de 1964: aptidão física como sustentáculo do desenvolvimento, espírito de competição, coesão nacional e social, promoção externa do país, senso moral e cívico, senso de ordem e disciplina”.
O futebol é o povo, o poder é o futebol: Eu sou o povo, diziam essas ditaduras. ” (GALEANO, 2004, p. Atualmente, a razão de a Educação Física escolar apoiar-se em tal fenômeno está relacionada com a “crença comum de que a participação é um elemento de socialização que contribui para o desenvolvimento mental e social. ” (LOY et al, 1978 citado por BRACHT, 1997, p. Os resultados obtidos pela política esportiva da ditadura podem ser considerados um desastre quase social. Para que, por meio do esporte, possamos entendê-las de forma mais crítica e autônoma, tornando-nos donos de nosso próprio entendimento. PESQUISA • Pesquise sobre o cenário político e econômico que envolvia o país no período que antecedia a Copa de 1970, quando o Brasil tornou-se tri-campeão mundial no futebol.
Ressalte ainda elementos que identifiquem influências da política nacional sobre este acontecimento. E então? Você já é capaz de responder ao problema inicial: “Você faz uso do esporte ou é usado pelo esporte”? ATIVIDADE Nesta atividade, tentaremos desviar o esporte das características competitivas, através de um enfoque cooperativo. O jogo chama-se “Handebol Cooperativo”. RETOMANDO Agora que você já sabe um pouco mais sobre: • Evolução e profissionalização do esporte; • Esporte Espetáculo; • Esporte como forma de lazer passivo; • Esporte Escolar; Você já formou sua opinião crítica a respeito do problema inicial: Eu faço uso do esporte, ou sou usado pelo esporte? 58 Esporte Educação Física z Referências Bibliográficas: BETTI, M. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. Violência em campo: dinheiro, mídia e transgressão às regras no futebol espetáculo.
Ijuí: Unijuí, 2004. Porto Alegre: L&PM, 2004. GOMES, P. B. M. B. PINSKY, J. PINSKY, C. B. orgs). História da cidadania. C. Esporte-espetáculo e sociedade: estudos preliminares sobre a influência no âmbito escolar. Campinas: Unicamp, 2004. z Documentos consultados online ROUSSEAU, J-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade. Como forma de manifestação da cultura de povos na Ásia, na América précolombiana, na África, na Austrália e entre os indígenas das ilhas mais longínquas do Oceano Pacífico, foram encontrados jogos de expressão utilitária, recreativa e religiosa (RAMOS, 1982, p. Alguns jogos passaram por alterações e muitos deles vieram compor um elenco de modalidades que mais tarde foram disputadas nos Jogos Olímpicos da Grécia antiga. Este último evento tinha, em sua origem, como um dos princípios, a finalidade de aclamar os deuses do Olimpo.
Porém, muito anterior a este evento, desde o surgimento do homem, há registros de jogos, encontrados em paredes de cavernas espalhadas pelo mundo. Este fato retrata a necessidade que já se apresentava de dar aos momentos de luta pela sobrevivência (atividades como a caça e pesca) um caráter lúdico. A integração entre as atividades relacionadas ao trabalho e o jogo se manifestavam possibilitando perpetuação de hábitos transmitidos de geração em geração. Você percebe o quanto os jogos tinham e têm um significado importante na vida dos seres humanos? Com as novas possibilidades de desenvolvimento da economia, desde o final do século XVIII, e com a intensificação da produção industrial, os valores se modificaram, impondo alterações no modo e nas condições de vida.
A classe dominante condenava as atividades populares, como os jogos, pois viam nelas uma ameaça à ordem imposta pelo modo de produção capitalista. Para a elite (econômica, política e E D U C A Ç Ã O F Í S I C A Competir ou cooperar: eis a questão! 61 Ensino Médio I n t r o d u ç ã o 62 Jogos Introdução intelectual), o jogo, além de provocar “desvio de atenção sobre a vida santificada”, não contribuía para o restabelecimento das forças necessárias para a retomada do trabalho. Percebendo as potencialidades desse caráter de insubordinação e de criação inerentes ao jogo, a classe dirigente procurou dar destaque ao esporte e minimizar a importância social do jogo. Os primeiros procuram produzir mercadoria em quantidade tal que o departamento de vendas seja incapaz de vendê-la completamente, enquanto os membros do segundo procuram vender tanto que os técnicos se vejam na impossibilidade de acompanhar o ritmo.
Esta corrida jamais parou, às vezes, tendo uns à frente, outras, os outros. Tanto meu irmão como eu nunca consideramos o negócio como um trabalho e sim como um jogo, cujo espírito sempre nos temos esforçado por incutir no pessoal mais novo”. n Fonte: HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. Para que continuem produzindo, cada vez mais, alguns patrões estimulam a competição entre seus empregados. Trata-se, então, de uma sociedade onde poucos ganham muito e muitos ganham pouco. Esta mesma relação pode ser percebida no esporte. O esporte beneficia poucos oferecendo um espetáculo de entretenimento e diversão para muitos que lotam estádios e ginásios e pagam por isso. Os mandantes do mundo esportivo enriquecem ao explorar suas equipes subordinadas em competições municipais, estaduais, nacionais e internacionais.
A arbitragem será responsabilidade da organização; • escolham um local apropriado e previamente preparado para a organização do evento; • estipulem um prêmio para as equipes masculinas, femininas ou mistas que ficarem em primeiro lugar; • a inscrição prévia é obrigatória, e deve ocorrer antes da data do evento. Organização é fundamental; • promovam uma premiação especial ao aluno e à aluna que mais se destacarem durante a competição. Lembrem-se de motivá-los a participar. A propaganda é a alma do negócio. PESQUISA • Depois de concluída a competição, investiguem como os competidores se sentiram diante da realidade competitiva, solicitando que manifestem sua opinião quanto à clareza das regras e às possíveis injustiças cometidas pela arbitragem. Para o homem faminto não existe a forma humana da comida, mas somente a sua existência abstrata como alimento; poderia ela justamente existir muito bem na forma mais rudimentar, e não há como dizer em que esta atividade de se alimentar se distingue da atividade animal de alimentar-se.
O homem carente, cheio de preocupações, não tem nenhum sentido para o mais belo espetáculo; o comerciante de minerais vê apenas o valor mercantil, mas não a beleza e a natureza peculiar do mineral; ele não tem sentido mineralógico algum; portanto, a objetivação da essência humana, tanto do ponto de vista teórico quanto prático, é necessária tanto para fazer humanos os sentidos do homem quanto para criar sentido humano correspondente à riqueza inteira do ser humano e natural. n MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. Tradução (do alemão) Jesus Ranieri. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003. p. O problema das tentativas de naturalização dos sentidos, dos valores, dos comportamentos e das ações humanas é que elas anulam a dimensão cultural e política da existência humana.
Assim, na medida em que aceitamos essa ordem de determinações como sendo naturais e necessárias, portanto, independentes de nós, das nossas vontades e ações, geralmente nos submetemos a processos de dominação engendrados pela própria sociedade. Quase todas as atividades assumiam a forma de competição ritual: atravessar um rio, escalar uma montanha, cortar árvores ou colher flores”. ibidem, p. Por outro lado, a positividade da competição está em alguns motivos que movem os competidores, tais como: a necessidade de reconhecimento, a demonstração de superioridade de uns diante de outros e a superação dos limites individuais. Você já passou por algumas discussões sobre competição e deve tentar evitar que este seja o único objetivo nas aulas de Educação Física.
O jogo é parte da cultura e a competição é um dos elementos que o constituem, das civilizações mais antigas às mais modernas. pr. gov. br Lúdico ou atividade lúdica: • Identifica-se o lúdico em diferentes esferas da vida social, considerando-o, fundamentalmente, como o jogo, uma atividade não séria, mas absorvente para o jogador, desligada de interesses materiais e praticada de acordo com regras de ordem (organização), tempo e espaço, e cuja essência repousa no divertimento. Sendo parte integrante da vida em geral, possui um caráter desinteressado, gratuito e provoca evasão do real (HUIZINGA, in: FENSTERSEIFER, P. E. e G. Fernando, J. orgs). Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Editora Unijuí, 2005. • “É uma das essências da vida humana que instaura e constitui novas formas de fruir a vida social, marcadas pela exaltação dos sentidos e das emoções” (WERNECK, In: FENSTERSEIFER, P.
E. e G. Fernando, J. orgs). Foi contemporâneo dos processos de industrialização e urbanização da Inglaterra, e nele tiveram papel fundamental as escolas públicas. A sua origem na Inglaterra é interpretada como um produto da ascensão da nova forma de organização social capitalista daquela época. O processo de transformação de práticas corporais originadas em contextos não competitivos e, particularmente, não institucionalizadas em modalidades esportivas, assumindo os códigos do esporte de rendimento (comparação objetiva de desempenho, regras oficiais únicas, institucionalização, racionalização das práticas/treinamento na busca da maximização do desempenho), possibilita um grande referencial comparativo do que possa diferenciar o jogo do esporte. n FENSTERSEIFER, P. E. diaadiaeducação. pr. gov. br z Jogos cooperativos: um exercício de convívio social O jogo cooperativo é um contraponto ao espírito competitivo exacerbado pela sociedade capitalista.
Nela, o fenômeno da competição Competir ou cooperar: eis a questão! 73 Ensino Médio se reproduz em vários setores da vida social e, segundo Brotto (2002), evidencia-se em lugares e momentos em que não seria necessária a busca desenfreada por sermos os melhores, como se esta fosse nossa única opção. As atividades são realizadas com o objetivo de proporcionar aos seus participantes a máxima diversão, sem preocupação em competir exclusivamente. O jogo cooperativo proporciona, ainda, o trabalho com valores incomuns à atual sociedade, cujo objetivo é a competição exacerbada, a individualidade como única possibilidade. Trabalha, portanto, a diversidade e reconhecimento que uma disputa só é possível se considerarmos a coletividade. Pode-se dizer que nos Jogos Cooperativos cada indivíduo representa, com suas características, uma força que contribui para que todos se sintam contemplados com o resultado final? Vamos exercitar esta nova forma de vivenciar o jogo? 74 Jogos Educação Física Vamos exercitar esta nova forma de vivenciar o jogo? ATIVIDADE Pessoa Para Pessoa *Para cooperar é preciso aproximar-se mais uns dos outros e da gente mesmo.
Que tal jogarmos para diminuir a distância e desfazer as barreiras que nos distanciam? • Participação: joga-se com um único grupo e com a participação ilimitada. Como resolver o problema? Uma possibilidade é trabalhar em duplas, trios, quartetos ou conforme o grupo sugerir, desde que não fique ninguém de fora. Outra sugestão é que aquele que não tiver dupla seja, por um curto período de tempo, o focalizador que irá reiniciar o jogo servindo ao grupo, ao invés de ser servido por ele, evitando-se o castigo ou a exclusão. Esta atividade foi retirada do livro: Jogos Cooperativos de Fábio Otuzi Brotto, 2002, p. Para você refletir e conversar com seus colegas: 1. Que dificuldades surgiram ao longo da atividade? 2. Esta pessoa poderá ser seu professor ou sua professora de Educação Física.
• A tarefa é simples: desenhar um barco num tempo de 5 minutos. • Cada participante fará uma ação de cada vez, passando em seguida o desenho para o outro participante e assim por diante. Cada um, na sua vez, poderá fazer apenas um traço no papel, até que o desenho esteja concluído ou o tempo tenha acabado. Simples, não é? • Além de poder fazer apenas um traço por vez, os participantes também deverão ter as seguintes características individuais: o participante 1 é cego e só tem o braço direito; o participante 2 é cego e só tem o braço esquerdo; o participante 3 é cego e surdo; o participante 4 é cego e mudo e o participante 5 não tem os braços. Jogos Educação Física Nosso objetivo, nesse Folhas, foi lhe possibilitar a análise e a reflexão sobre o problema que levantamos inicialmente.
Encerramos provocando-lhe, mais uma vez, com o texto abaixo, de Fábio Otuzi Brotto: “Exercitando no Jogo e no Esporte a reflexão criativa, a comunicação sincera, a tomada de decisão por consenso e a abertura para experimentar o novo, todos podem descobrir que são capazes de intervir positivamente na construção, transformação e emancipação de si mesmos, do grupo e da comunidade onde convivem. BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2001, p. BRUHNS, H. T. O jogo nas diferentes perspectivas teóricas. In: Revista Motrivivência, Florianópolis, ano VIII, nº 9 , Dezembro/1996. CHAUI, M. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. IWAYA, M. Instituição escolar.
São Paulo: Boitempo, 2004. PINTO, L. M. S. de M. Para tanto, era preciso que a cidadania fosse recuperada, conforme alertou o grande mestre da região: “Somente quando o povo descobrir sua identidade, terá condições de reconquistar o poder. E isso só ocorrerá quando encontrarem a cidadania”. As leis criadas pelo poderoso chefe não consideravam a população, mas atendiam somente os interesses de algumas pessoas importantes. A população mais pobre era obrigada a cumprir as ordens sem questionar, sob a justificativa de que todos eram responsáveis pelo bom desempenho da região por meio do cumprimento dos deveres impostos pelo grande chefe, os quais envolviam leis e regras visando à ordem. É importante ressaltar que essas medidas eram tomadas por um grupo de pessoas que se reuniam em locais fechados, quase sempre sem a participação do povo e que as leis e regras visavam aos interesses da elite.
Iniciamos nossa viagem no tempo, da Grécia Antiga até o período Contemporâneo, passando pela Idade Média e ainda pela Revolução Francesa. Antes disso, o convidamos a conhecer o jogo jogado e o jogo jogante. O jogo é jogado e a cidadania é negada 81 Ensino Médio z O Jogo jogado e o jogo “jogante” Talvez você se pergunte o que um jogo teria a ver com a cidadania. Façamos uma comparação pensando num jogo que envolva muitos jogadores. Podemos compará-lo com as relações que se estabelecem entre os grupos e as classes de uma sociedade. Este exemplo deixa mais clara a relação entre o jogo jogante e o jogo jogado? Qual seria a nova lógica do jogo/dança das cadeiras? Qual seria o sentido da dança? O que se pretende com tais formas de se jogar, e o que isso representa na atual sociedade? A partir de agora, o jogo começa para valer, esperamos que você esteja preparado para essa aventura, aproveite, corra bastante, divirtase e aprenda um pouco mais sobre “a cidadania perdida”! z Primeira estação: Que História é essa de Cidadania? O conceito de cidadania possui amplo significado, abrangendo várias dimensões, as quais vêm se constituindo ao longo dos anos.
Você sabia que é possível distinguir uma cidadania para o indivíduo e outra para a coletividade? 82 Jogos Pólis Grega: “Ela pode ser definida como uma ‘comunidade autônoma politicamente,’ uma cidade-estado, ainda que estes conceitos não exprimam perfeitamente todas as suas características, pois além de sua independência política, a pólis ideal deveria ser auto-suficiente no plano econômico. ” (FLORENZANO, 1982, p. n www. mst. C. Para ser considerado cidadão, era necessário ser descendente, até a 3a geração, de homem e mulher ateniense. Outra exigência era ser homem. Ao serem considerados cidadãos, os homens podiam participar diretamente da formulação de projetos, leis, bem como gestar a pólis por tempo determinado. Outra forma de se compreender a cidadania coletiva remonta a contemporaneidade, e está vinculada às classes sociais.
Há um ponto importante que você deve se atentar: na história do conceito de cidadania, o termo em princípio, foi utilizado como forma de distinção entre cidadãos e não-cidadãos. Há, pois, no pensamento burguês, uma nítida separação entre proprietários e não-proprietários. Só os proprietários é quem têm direito à plena liberdade e à plena cidadania. Aos não-proprietários cabe uma cidadania de segunda ordem; enquanto cidadãos passivos, têm direito à proteção de sua pessoa, de sua liberdade e de sua crença, porém não são qualificados para serem membros ativos do soberano. BUFFA, 2002, p. e Napoleão Bonaparte (1769-1821), têm destaque perante a versão dos vencidos e humilhados. No Brasil, com a abolição da escravatura em 1888, ocorrida tanto por pressões dos próprios escravos, quanto do capitalismo inglês, estabeleceram-se, aos poucos, relações tipicamente capitalista; entre elas, o trabalho assalariado.
Para que a posse da terra não saísse das mãos da elite, criaram-se mecanismos legais que dificultavam ao novo cidadão o acesso à propriedade privada. Um exemplo foi a Lei de terras de 1850, que tornou a posse ilegal, exigindo, daqueles que ocupavam 84 Jogos Educação Física as terras, o título registrado e elevando muito o valor das propriedade rurais. Assim, para se tornar proprietário de terras, era preciso ter muito dinheiro em mãos, o que impossibilitava os pobres e os ex-escravos de tornarem-se donos de áreas rurais. Antes disso, logicamente escolhe os melhores colegas, aqueles que como você tiveram oportunidade de praticar a mesma modalidade, adquirindo habilidades motoras condicionantes com sua prática. A aula começa, você joga por 40 minutos, chega a cansar, suar, e pede para descansar um pouco.
Termina a aula e você pensa: “puxa vida, hoje eu joguei bem. Nossa, como joguei!”. O jogo é jogado e a cidadania é negada 85 Ensino Médio Parece-lhe uma cena normal, natural, sem maiores implicações, correto? Ainda pode perguntar o que esta história tem a ver com o princípio comentado acima sobre a exclusão, na concepção de cidadania elaborada no início do capitalismo em nosso país. Tais manifestações são importantes para constatarmos as prioridades dadas às políticas desportivas, como, por exemplo: o significado de um pan-americano, de uma medalha olímpica ou uma copa de futebol perto do estado de abandono de praças e escolas, em verdadeiro estado de miséria material, falta de equipamentos, de profissionais qualificados. Os elevados investimentos nos grandes eventos esportivos e a espetacularização dos mesmos fazem com que a população se “esqueça” das necessidades de sobrevivência e dedique-se às atividades de lazer.
Vincula-se, atualmente, o conceito de cidadania ao ato de corresponder às responsabilidades do indivíduo quanto à execução de deveres e reivindicações de direitos. Você já ouviu dizer que um bom cidadão deve cumprir deveres e lutar por seus direitos? Mas se levarmos em conta quais deveres temos para cumprir ao longo de nossas vidas e com quais direitos podemos contar, veremos que as coisas não são tão simples nem tampouco eqüitativas. A idéia e o discurso sobre direitos e deveres foram mecanismos criados para justificar práticas de cidadania e ocultar desigualdades. BUFFA, 2002, p. O que, na verdade, aparece como forma de equivaler as desigualdades, torna-as mais evidente, marcadas por profundas desigualdades sociais. Por exemplo, a famosa igualdade jurídica, baseada na constituição de leis e regimentos, em muitos casos, amplia a dimensão da cidadania construída para poucos.
Pesquise, em jornais e revistas, notícias de casos reais que exemplifiquem essa afirmação sobre a cidadania jurídica. O jogo é jogado e a cidadania é negada 87 Ensino Médio ATIVIDADE Agora que já conhece alguns dos aspectos que envolvem o conceito de cidadania, resta, ainda, elaborar as provas que serão desenvolvidas pelo restante da turma. Poderia elaborar um roteiro de imagens, com objetivo de instrumentalizar a interpretação. Por exemplo, se o roteiro de imagens for sobre a cidadania coletiva, será interessante buscar aquelas que mostrem movimentos sociais com reivindicações, seja de ordem econômica e/ou cultural. Você, de posse das imagens, se reunirá com sua equipe e as interpretará. O/A Homem/Mulher do tempo será responsável por julgar o cumprimento ou não da prova.
Jogos Educação Física Segunda estação Poderá ser organizado um festival esportivo, cujo foco seria a competição em sua forma mais excludente, e, logo em seguida, alternativas para essa prática corporal, com ênfase na inclusão/cooperação. Trabalho, Cultura e Cidadania. São Paulo: Scritta, 1997. BUFFA, E. Educação e cidadania burguesas. In: BUFFA, E. In. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. n. p. janeiro, 2006. C. Corrêa de. Liberalismo e Neoliberalismo: uma introdução comparativa. In: Revista Primeira Versão, Campinas-SP, nov/1997. O jogo é jogado e a cidadania é negada 89 Ensino Médio z Ginástica I n t r o d u ç ã o 90 Ginástica Introdução n CÂNDIDO PORTINARI. Havia, então, a necessidade de fazer com que as pessoas se adequassem ao novo modelo econômico vigente.
Para isso, medidas foram tomadas e a ginástica foi fundamental na aplicação dos preceitos de moralidade e para instaurar a ordem social naquele momento histórico. Educação Física O principal responsável por implementar a ginástica aqui no Brasil foi Rui Barbosa. Importante figura na história brasileira, realizou estudos relacionados à saúde do povo brasileiro, empregando a ginástica como fator decisivo para tal objetivo. Desta forma, e com este objetivo, a ginástica chegou às escolas, da mesma forma que fora pensada para a saúde coletiva do povo brasileiro e com forte influência da instituição militar. Para que nossos diálogos sejam profícuos, mergulharemos numa história em que os personagens principais serão vocês, alunos. Para que nosso espetáculo seja divertido, alegre, mas, ao mesmo tempo, sério e reflexivo, precisaremos da dedicação de todos, de uma ação coletiva.
Departamento de Ensino Médio - SEED/PR 1 O circo como componente da ginástica 93 Ensino Médio z A ginástica entrando em cena Antes de abrirmos as cortinas e acendermos as luzes para que o espetáculo comece, necessitamos compreender como ocorreu o desenvolvimento da Ginástica, e que marcas ela imprime no corpo. A ginástica veio tornar real e visível aquilo que Carmen Lúcia Soares chama de “corpo educado”. Compõe, também, o denso registro de saberes que se constituem a partir da tomada do corpo como objeto de cuidados. n Circo Beverly Lilley. Acrílico. Saratosa. High School, Flórida, EUA. Ginástica A prática da Ginástica realizada simultaneamente em vários países da Europa, especialmente na Alemanha, Suécia, Inglaterra e França, ao longo de todo o século XIX, fez nascer o chamado Movimento Ginástico Europeu.
Em seguida, apresente para a turma. z Circo!!! E isso é ginástica? Ao entrarmos no mundo mágico do circo, precisamos entender um pouco melhor suas origens e desenvolvimento. Não podemos datar com exatidão quando a atividade corporal circense foi originada, no entanto, Torres, ao citar Ruiz, coloca que “. o remoto ancestral do artista de circo deve ter sido aquele troglodita que, num dia de caça surpreendentemente farta, entrou na caverna dando pulos de alegria e despertando com suas caretas, o riso de seus companheiros de dificuldades” (RUIZ, R. apud TORRES, A. A importância e a grandiosidade desses espetáculos podem ser demonstradas pelo Circo Máximo de Roma (40 a. C). No lugar em que esse Circo se instalava, foi criado, mais tarde, o Coliseu, que comportava mais de 87 mil espectadores e apresentava excentricidades como gladiadores, animais exóticos, engolidores de fogo, entre outros.
Porém, os espetáculos realizados no Coliseu tornaram-se sangrentos, com cristãos jogados às feras e isso teve como conseqüência uma redução no interesse pelas artes circenses. No final do Império Romano, os artistas circenses passaram a se apresentar, então, em locais públicos, como praças e feiras (CASTRO,1997). Pai, avô, tios, filhos e sobrinhos eram responsáveis por tudo, desde a infra-estrutura e montagem até o espetáculo. O mundo da família circense era circunscrito pela lona do circo. Com o surgimento dos grandes centros urbanos e com o desenvolvimento tecnológico, apareceram novas formas de entretenimento, como a televisão, cinema, teatros, parques de diversão, e o circo foi perdendo espaço e público. Para Torres (1998, p. “na verdade o circo adaptou-se aos novos tempos do mass media” (aos meios de comunicação de massa).
Para eles o circo é um negócio que tem que dar lucro. A segunda é que, para suprimir a demanda de artistas, já que as famílias circenses agora cuidam da administração, surgiram as escolas de circo, que formam novos artistas. Estes não fazem parte da família e a relação que se estabelece é de patrão e empregado. Da mesma forma que um funcionário que vende sua força de trabalho, o artista de circo trabalha por um salário. Sua força de trabalho tornou-se, também, mercadoria. São inúmeros os tipos de materiais e objetos para malabares, dentre eles: as bolinhas, as claves, os aros, o diabolo, devil stick, véu ou lenços, etc. Neste Folhas, nós nos preocuparemos em demonstrar tanto a construção como a seqüência básica com as bolinhas, devido à utilização de material alternativo e barato.
ATIVIDADE Para a construção das bolinhas, necessitamos de alguns materiais: 9 bexigas; 300 gramas de painço (comida de piriquito); 2 garrafas pet (uma servirá de funil) e 1 tesoura. Seqüência: 1. corte uma das garrafas pet, deixando-a como um funil; 2. e, quando ela estiver no ponto mais alto, lance a 2ª. Agora começa a dificultar, pois realizaremos com três bolas: a 1ª. e a 3ª. estão na mão direita. A 2ª. PESQUISA 1. Não se esqueça de que além da atividade prática, precisamos fazer algumas reflexões. Procure encontrar algo sobre o histórico dos malabares e observe se tem alguma relação com o surgimento do circo, faça um quadro comparativo ATIVIDADE 1. Podemos observar, cotidianamente nos grandes centros urbanos, crianças, jovens e adultos, artistas ou não, realizarem malabarismos nos semáforos.
Discuta, em pequenos grupos, sobre a resignificação dessa cultura popular e quais são as conseqüências desse processo para população em geral. Picadeiro, 1957. Desenho a grafite/papel, 34. x 49cm (aproximadas); Rio de Janeiro, RJ. Coleção particular, Rio de Janeiro Para Carmen Lúcia Soares, “(. há no corpo desses artistas, no espetáculo que eles oferecem, algo convulsivo, de feérico que vive e se expressa em outra lógica. Inicie o movimento desequilibrando o corpo para frente. Apóie as mãos no colchão. Eleve os quadris e, ao mesmo tempo, comece a empurrar o colchão, mas sem estender as pernas, que devem estar unidas; 1. Dê um impulso com os pés, sem esticar as pernas, e empurre o corpo para frente. Encoste o queixo no peito para não deixar que a cabeça toque o colchão.
Rolamento para trás (cambalhota para trás). Seqüência 2. Fique agachado de costas para o colchão, apoiando-se na ponta dos pés, os braços dobrados e as mãos sobre os ombros. As palmas devem estar voltadas para cima. Evite apoiar-se sobre todo o pé; 100 Ginástica Educação Física 2. Parada de três apoios (Elefantinho). A parada em três apoios serve para que você treine o equilíbrio em posição invertida e faz com que músculos importantíssimos sejam exercitados. Seqüência: 3. Fique agachado de frente para o colchão, apoiando-se na ponta dos pés e com o braço estendido para frente; 3. Ajoelhe-se e apóie as mãos no colchão ao lado dos joelhos. As duas ao mesmo tempo.
Encoste a ponta dos pés no colchão e volte à posição inicial. Roda ou Estrela Apesar de ser aparentemente simples, este exercício exige uma seqüência pedagógica antes de partimos para a execução completa. A roda ou estrela é um exercício que lhe dará maior coordenação muscular, equilíbrio, agilidade e flexibilidade. Como diz o nome, neste exercício você imita uma roda em movimento. Seguindo o impulso, desequilibre o corpo para a direita. Não deixe que o corpo se desequilibre para frente ou para trás. Mantenha as pernas separadas; 4. Toque o solo com a perna direita e, ao mesmo tempo, tire as mão esquerda do solo; O circo como componente da ginástica 101 Ensino Médio 4. Coloque-se em pé, aproveitando a velocidade do giro.
O gesto veloz da roda faz com que o corpo do acrobata se transforme em esfera, parecendo, para quem vê, não ter começo nem fim, revelando-se, assim, como numa fugaz unidade com o mundo, um relampejar de glória, um élan vital, um potencial de deformação expressiva” (SOARES, 2001, p. z Deformação do rosto? Mais um artista no palco principal “Segundo BAKHTIN (1987), na Idade Média e no Renascimento, o riso se manifestava de várias formas, opondo-se à ‘cultura oficial, ao tom sério, religioso e feudal da época’, é o cômico fazendo parte da cultura popular. Dentro dessas manifestações, faziam parte do carnaval, ritos e cultos cômicos os bufões tolos, gigantes, anões e monstros, palhaços de diversos tipos e categorias. O riso no contexto de Rabelais tem função de libertar a sociedade da lógica dominante do mundo.
Ele transforma a seriedade, propondo significados que permeiem as trocas da tonalidade da rigidez à comicidade, com caráter de renovação, de morte ao antigo. Acredito que você não tenha mais dúvida para responder. Chamamos agora para o picadeiro: o Palhaço!!! Esse artista tem grande conhecimento de si próprio, o que possibilita a auto-crítica e o melhoramento como ser humano. Da mesma forma que os outros artistas, ele também pode ser considerado milenar. Apresenta as características mais comuns do seres humanos, mas de forma exagerada. Ao mesmo tempo em que é ingênuo, é esperto, considerado um personagem carismático e bondoso, mas que pode revelar seu lado mal. Vestese com roupas largas, peruca, além de maquiagem e nariz vermelho. O palhaço vagabundo foi inspirado em moradores de ruas da Europa.
Sua maquiagem é uma barba falsa e usa roupas rasgadas ou com remendos. Ficou popularizado por realizar trabalhos em hospitais. Não usa fantasia (só o nariz), mas escolhe peças lúdicas, como macacão ou suspensório. debate 1. Uma proposta de reflexão para este momento é sobre o preconceito sofrido por palhaços, sendo seu trabalho artístico muitas vezes desvalorizado. Como já nos referimos anteriormente, nossa sociedade está pautada pelo modo de produção (exploração) capitalista, donde podemos inferir que existem pessoas privilegiadas e pessoas não tão privilegiadas assim; e nesse contexto, existem várias formas de preconceito. Faça em sua turma um debate sobre as diversas formas de preconceitos e monte um quadro para melhor visualização dos alunos. Sugestão de Leitura: BOLOGNESI, Mário.
Ela sabe que os animais são maltratados. Já recebeu inúmeros e-mails de telespectadores. Xuxa e Gugu glorificam o Circo Beto Carrero, como se fosse diferente dos circos menores. Não permitiremos que nossas crianças cresçam se divertindo à custa de animais humilhados, escravizados e constantemente torturados. Não é possível se domar animais selvagens sem surrá-los, sem estabelecer uma relação de medo e dor. Os ataques acontecem quando o animal não suporta mais o stress do cativeiro (site: www. animaisdecirco. org). n www. aila. Veja reportagens sobre o assunto: LEI PROÍBE USO DE ANIMAIS EM CIRCOS EM SP Quem descumprir a lei pode ser multado em R$ 1. Em caso de reincidência, o valor será dobrado. São Paulo - A Câmara Municipal de São Paulo derrubou o veto ao projeto de lei 862, que proíbe o uso de animais em apresentações de circo.
Com isso, a lei foi aprovada e entra em vigor 90 dias após sua publicação no Diário Oficial. O projeto de lei que impede os circos de usar animais foi apresentado pelo ex-vereador Roger Lin (PSB) em 2003 e, apesar de aprovado na Câmara, tinha sido vetado pelo prefeito José Serra. Não podemos admitir os riscos de maus tratos com os animais que, muitas vezes, vivem em locais impróprios e sem as devidas condições higiênicas”, disse. Já a diretora da Associação Protetora dos Animais do Distrito Federal (ProAnima), Simone Gonçalves de Lima, disse que a utilização de animais nas apresentações artísticas dos circos é um abuso contra a natureza animal. Durante o debate, a ProAnima colocou uma faixa alertando para o abuso contra os animais “O circo ensina a criança a rir da dignidade perdida dos animais”.
De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Circos (Abracirco) Saionara Power, a associação defende a criação de normas para os animais do circo. Segundo ela, assim como em qualquer outra profissão, existem pessoas que cometem erros. Criadora da campanha “Circo Legal não tem Animal”. debate 1. Elabore com a turma um júri simulado. Dividam-se em duas equipes, elejam 5 pessoas que deverão compor o júri. Os demais, divididos em duas equipes, farão a defesa das duas visões apresentadas sobre a utilização de animais no circo. In: Pensar a Prática v. n. p 81-99. Goiânia, 2006. CASTRO, A. L. Imagens do corpo “educado”: um olhar sobre a ginástica do século XIX. In. FERREIRA NETO, A. org). orgs). Representações do Lúdico.
ed. Campinas: 2001, v. p. opalco. com. br/foco. cfm?persona=materias&controle=65> Acesso em: 26 nov. Animais de Circo como você nunca viu. existe alguém mais bela do que eu?. ” Vivemos numa sociedade em que tudo o que está ao nosso redor interfere, de certa forma, nossos pensamentos e nossas ações. O círculo de amigos, a religião, as relações sociais, as relações no trabalho, a influência da mídia são alguns dos fatores que nos tornam o que somos. Somos sobrecarregados de informações que nos influenciam, e isso se reflete no modo como nos relacionamos no mundo. Neste sentido, as diferentes indústrias desenvolvem pesquisas e novas tecnologias tentando alcançar um número cada vez maior de consumidores. Já as respostas a estas questões por parte dos homens referem-se à constituição (corporal) física bem delineada, ou seja, aqueles homens fortes, do tipo “saradão”, barriga “tanquinho” ou, em outros termos, homens musculosos com um volume (tônus) muscular aumentado principalmente nos membros superiores.
Esta imagem “ideal” de corpo, desejada por algumas pessoas, está baseada exclusivamente na aparência e, para reforçar essa idéia, há várias personalidades famosas na mídia que têm a sua imagem intensa e constantemente veiculada como modelo de “corpo perfeito”. Ainda conforme o mesmo estudo de Vaz (2004), alcançar tais “contornos corporais ideais”, sem intervenções artificiais como bisturis, utilizando apenas a prática de atividade física, não é assim tão fácil. Isso significa que não é com a prática de uma atividade física realizada uma vez ou outra que será possível chegarmos às formas corporais descritas anteriormente. Pois bem, é preciso muita “malhação” e sacrifícios, o que faz com que algumas pessoas travem “batalhas” incessantes e incansáveis com a balança, com o espelho, com dietas e os exercícios físicos, sem contar as dolorosas incisões cirúrgicas, para aqueles com possibilidades financeiras que buscam resultados mais rápidos.
Por volta do século XVII até a segunda metade do século XVIII, valorizava-se a “imobilidade corporal”. Esta era extremamente necessária e determinava a diferença entre aristocracia e a burguesia da classe trabalhadora. Nesse sentido, SOARES lembra que a imobilidade: “Reinava absoluta nas terapêuticas destinadas a endireitar o que se considerava torto. Cruzes de ferro, tutores, alavancas para distensão corporal, espartilhos compunham o arsenal destinado a colocar a morfologia no molde. Corpos empertigados e eretos, que correspondiam ao ideal da nobreza, deveriam ser moldados tal como bonecos em argila: uma massa inerte à espera da pressão externa. Dessa forma, a criança teria liberdade nos gestos e movimentos tendo n Georges Seurat. Jovem mulher maquiando-se. Óleo sobre tela, 95 x 79 cm. Galeria Instituto Courtauld, a possibilidade de seguir seu próprio ritmo.
Londres. Para entendermos isso, e continuarmos desatando os nós, precisamos esclarecer os seguintes pontos: qual é o período histórico a que nos referimos? De qual ginástica estamos falando? Qual é o papel da escola como coadjuvante neste processo? Vamos fazer um recorte histórico, considerando o século XIX e a Europa marcada pelo processo fabril. Com isto, ocorre uma redefinição nos padrões estabelecidos em relação à sociedade, ao trabalho e ao homem. este é o momento no qual começa a existir uma ampliação dos direitos políticos aos não proprietários, ao mesmo tempo em que o tema da democracia passa a ser incorporado. A Revolução de 1848 faz surgir uma legislação trabalhista e o direito de organização dos trabalhadores em sindicatos”.
WARDE apud SOARES, 2001, p. O corpo constituía-se como importante instrumento para o trabalho. O objetivo era “acentuar sempre a utilidade dos gestos executados, sem, contudo, alterar as condições de vida e de trabalho”. SOARES, apud GONZÁLEZ, 2005, p. Qual seria então, o procedimento para que o trabalhador continuasse a desempenhar suas funções profissionais? A necessidade de desenvolver um mecanismo que contribuísse para essa finalidade manifestou-se na valorização da ginástica, no cenário da sociedade industrial, como atividade física que seria capaz de corrigir vícios posturais decorrentes das atitudes adotadas no trabalho. Além disso, a ginástica e seus exercícios tinham um caráter disciplinador extremamente necessário à “ordem fabril” e à “nova sociedade industrial”. ” (SOARES apud GONZÁLEZ, 2005, p. Com a afirmação de Soares, é possível compreender que, no início do século XIX, tivemos, na escola, as primeiras formas organizadas de exercícios físicos, denominados mais tarde de ginástica.
O objetivo dessa atividade era a “educação do corpo”, para formar corpos com “porte rígido”, “reto” e uma “altivez de postura”. Para tanto, havia a preocupação com a técnica e com a repetição de movimentos. Além disso, acreditava-se ainda que havia uma relação direta entre “a ginástica e o desenvolvimento do caráter da moral e da virtude” por meio da valorização do vigor físico, da energia e da moral. ” (SOARES, 2001, p. Estamos nos referindo aos aspectos da ginástica na Europa, mas como esse processo de inserção da ginástica se deu no Brasil? No Brasil, houve forte influência do processo de industrialização e a implantação da ginástica foi muito semelhante ao que ocorreu na Europa.
Foi a partir “dos conhecimentos e das teorias” construídas na Europa, que, no Brasil, os médicos reorganizaram um novo modelo de ginástica para a população brasileira. A proposta pedagógica era baseada nos estudos da anatomia e da fisiologia – “retirada do interior do pensamento médico higienista” (SOARES, 2001, p. Havia uma certa preocupação com questões que se referem à saúde, à higiene e ao corpo dos indivíduos. Desse modo, os exercícios físicos ganharam espaço nas escolas brasileiras, pois se configuravam como elementos significativos que contribuíam para a “nova ordem em formação”, cuja importância estava em disciplinar o espírito, o corpo e a moral. Essas novas demandas advinham com o surgimento do capitalismo. Para tanto, a disciplina ministrada na escola era denominada de ginástica, e tinha suas bases fundamentadas nos princípios e métodos ginásticos europeus.
Podemos perceber, ao longo da história da ginástica, que a preocupação com as “formas modelares de educar e cuidar do corpo” não é algo novo. Algumas vezes essa preocupação aparece com mais intensidade; outras vezes, com menos, dependendo das intenções ideológicas que estão em jogo. Se você está em busca de uma performance baseada no exagero, no sacrifício que te leva a fazer mais exercícios, mais abdominais, mais peitorais, mais dorsais, dietas malucas, tomar anabolizantes, remédios para emagrecer. CHEGA!!! Você precisa parar para pensar sobre tais questões. É importante considerar que existem aspectos positivos quando estamos praticando a ginástica ou alguma atividade física. Mas tão importante quanto praticar a ginástica é refletir se esta atividade nos traz prazer e satisfação.
Além disso, não só a atividade física, como a ginástica, pode nos satisfazer, visto que as coisas simples do nosso cotidiano também são relevantes, como um dia ensolarado, uma conversa com os amigos e tantas outras “coisas” singelas. In: Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Unijuí, 2005. SOARES, C. L. Imagens da educação no corpo: estudo a partir da ginástica francesa no século XIX. São Paulo: Hucitec, 2001. p. org. Corpo e história. ed. SOARES, C. L. FRAGA, A. B. Pedagogia dos corpos retos: das morfologias disformes às carnes. n. p. set. z Obras consultadas online http:// www2. ac-lille. Turvo - Pr 1 Saúde é o que interessa! O resto não tem pressa! 127 Ensino Médio Os meios de comunicação de massa, freqüentemente, orientam as pessoas sobre os benefícios que a prática regular de exercícios físicos pode oferecer.
Dentre eles, citamos os mais comuns: Redução de peso e emagrecimento; Combate à hipertensão arterial; Prevenção da osteoporose; Ajuda a controlar os níveis de colesterol; Redução da ansiedade e depressão; Combate o estresse e ajuda a melhorar o humor. Segundo Matsudo (1998, p. apenas 30 minutos diários de atividades físicas “podem representar o limiar para a população em geral adquirir o Passaporte para a Saúde”. De acordo com essa visão, “só não é saudável quem não quer, pois pouco tempo de práticas “físicas” seriam o suficiente para adquirir os possíveis benefícios para as pessoas que queiram e possam aderir a esse movimento”. Exercício Físico: É toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que visa à melhoria e à manutenção de um ou mais componentes da aptidão física.
CASPERSEN et al, apud NOGUEIRA & PALMA, 2003, p. Esporte: É fruto de uma evolução que se realizou entre os séculos XIII e XIV. Na França, já no século XIII, era usada a antiga palavra desport, que deriva de depórter, a qual se relacionava com os meios de transcorrer agradavelmente o tempo: recreações, jogos, etc. Também na Inglaterra do século XIV, este termo manteve o mesmo significado, sendo traduzido como sport. Como você pode notar, definir saúde é algo muito complexo e, para dimensionar isto, basta tomar, por exemplo, a dimensão social. Podemos medir com exatidão o bem-estar social? Claro que existem vários indicadores sociais, como: renda per capita, coeficiente de mortalidade, expectativa de vida, poluição ambiental, IDH, entre outros. Mas você sabe o que significam todos estes indicadores? Veja o quadro a seguir: IDH: Índice de Desenvolvimento Humano (ou HDI, UN Human Development Index, em inglês).
O IDH é, das formas de medir o desenvolvimento social dos países, a considerada mais equilibrada. Além dos critérios econômicos, como PIB, renda per capta, etc. n Fonte: http://www. wikipedia. org. Acesso em: 03 nov. Ginástica Educação Física ATIVIDADE Em sua opinião, o que é ter saúde? Você tem saúde?Justifique. Você identifica quem são os maiores beneficiados com a veiculação destas propagandas? Algumas empresas utilizam-se da imagem de ídolos esportivos com a intenção de dar mais credibilidade a seu produto. Esses atletas são representações do mito moderno, utilizados como “modelo” de corpo perfeito e de sucesso, vinculando-se o produto apresentado à sua imagem. Aqui devemos esclarecer o que é mito e mito moderno. Veja o quadro a seguir: Mito: do grego mýthos, significa palavra, discurso, ação de recitar, mensagem, anúncio.
Relata grandes eventos, grandes feitos dos antepassados, dos deuses, dos heróis. Os ídolos são criados da noite para o dia e são facilmente substituídos por outros. Acrescente-se a isto o alto faturamento financeiro no caso da mitificação de uma banda de música ou de um jogador de futebol, só para citar alguns exemplos. Os meios de comunicação produzem e destroem os “ídolos” da noite para o dia. HRYNIEWICZ, 2002). ATIVIDADE Em dupla, monte um painel, com recortes de revistas que trazem receitas milagrosas para ficar em forma. br (. esse tipo de orientação parece aceitar as filas em bancos como coisa natural (. a existência de filas, principalmente para idosos, é inaceitável (. As filas nos bancos não têm razão de ser e podem ser minimizadas (senão extintas), por exemplo, com o aumento dos postos de trabalho, medida em geral que não interessa aos donos de bancos.
FERREIRA, 2001 p. z Por que trabalhar conceitos de Atividade Física e Saúde nas aulas de Educação Física? Devemos pensar em atividade física não como uma obrigação para termos saúde, mas sim como uma atividade que nos traga prazer, alegria, contribuindo para o próprio bem estar. A atividade física deve ser encarada sob diversos aspectos e não somente pelo enfoque biológico, anatômico, biomecânico, nutricional ou Saúde é o que interessa! O resto não tem pressa! 135 Ensino Médio fisiológico. Devemos discuti-la sobre outros aspectos, pois, como afirma Ferreira (2001) “(. o exercício, o desporto e aptidão física não são fenômenos meramente biológicos, mas também sociais, políticos, econômicos e culturais.
Para compreendê-los, em toda sua essência, temos que ser capazes de analisar criticamente todos esses determinantes”. Torna-se necessário apontarmos um caminho, entre as várias possibilidades, de fazer uma atividade física que promova a eliminação gradativa do sedentarismo. A ginástica, com suas várias modalidades, tem se apresentado como uma forma interessante, com baixo custo e prazerosa, de se fazer atividade física, uma vez que você pode fazê-la num local público (par136 Ginástica Educação Física ques, praças, bosques, etc. de acordo com o seu tempo livre. Dentre as várias modalidades de ginástica, que possivelmente você conhece, abordaremos aqui a ginástica geral. Você já ouviu falar algo sobre a ginástica geral? A ginástica geral é uma das possibilidades da Cultura Corporal que pode ser praticada por qualquer pessoa em qualquer idade, desde que não apresente nenhum tipo de restrição médica.
com. br. Acesso em: 04 abr. Gymnaestrada: é um termo criado a partir de duas origens: “gymna” alude à “ginástica” e “strada” refere-se à “caminho”, determinando o significado “caminho da ginástica”. Disponível em: <www. CARVALHO, Y. M. A Relação Saúde/Atividade Física: Subsídios para sua Desmistificação. In. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, set. In. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, jan. HRYNIEWICZ, S. Para filosofar hoje: introdução e história da filosofia. ed. K. R. Programa Agita São Paulo. São Paulo: Celafics, 1998. NOGUEIRA, L. n. Florianopolis : CBCE, 1999, p. Introdução Ginástica Educação Física ANOTAÇÕES Saúde é o que interessa! O resto não tem pressa! 139 Ensino Médio 140 Ginástica Educação Física 9 OS SEGREDOS DO CORPO n Mauro José Guasti1 Freqüentemente, pensamos o corpo somente em seu aspecto individualizado, como se a saúde fosse algo “separado” do corpo, não é? Pensar o corpo como instrumento de afirmação pessoal, que é exibido, transformado e consumido e que não tem pudor ou inibição, pode ter impacto na vida individual como na vida social das pessoas? Nesse sentido, nos resta desvelar alguns dos segredos desse corpo, que envolve o sujeito e a sociedade.
Você seria capaz de identificar quais seriam tais segredos? Venha conosco nesta viagem, em que muitas questões serão reveladas, desde aspectos relacionados à saúde, bem como práticas corporais relacionadas à ginástica e à expressão corporal. Colégio Estadual Angelo Gusso. Mas onde elas se originam? Ao ingerirmos alimentos ricos em proteínas, estamos fornecendo aminoácidos essenciais para o processo de síntese proteica. Portanto, o corpo precisa que determinados alimentos sejam ingeridos para que possam ser absorvidos. Mas se ingerimos proteína, por que o nosso corpo realiza síntese protéica? Se você estudou a síntese protéica, já sabe que isso acontece porque as células humanas possuem proteínas específicas diferentes daquelas fornecidas pelos seres vivos que são base da nossa alimentação, como exemplo, temos: a carne de frango, de gado, a alface, o milho.
Uma vez ingerida, a proteína desses seres vivos passa pelo processo de digestão. As macromoléculas protéicas são transformadas em moléculas menores pela ação das enzimas digestivas (proteases). Os lipídios são tão importantes quanto as proteínas e os hidratos de carbono, pois, além de servirem como reserva energética, são constituintes essenciais da membrana celular, estão envolvidos nos processos de produção hormonal, de assimilação de proteínas e vitaminas, além de serem parte do preenchimento estrutural do corpo. As vitaminas, também conhecidas como nutrientes reguladores, são substâncias químicas presentes em pequenas quantidades nos alimentos e são indispensáveis para o desenvolvimento do nosso corpo, participando do controle metabólico da atividade biofísica cotidiana.
Assim como as vitaminas, os sais minerais funcionam como “co-fatores” do metabolismo no organismo, sem eles as reações metabólicas ficariam tão lentas que não seriam efetivas. Os sais minerais desempenham funções reguladoras vitais em nosso corpo, como: manter o equilíbrio de líquidos, controlar as contrações musculares, oxigenar a musculatura e regular o metabolismo energético. O Sódio (Na+) e o Potássio (K+), por exemplo, também participam na condução de impulso nervoso. Você já viu ou ouviu reportagens que tratam de atletas de alto rendimento, aqueles profissionais do esporte que sofrem com as conseqüências da intensidade dos treinamentos físicos? Para responder essa questão, é importante realizar a atividade sugerida a seguir. Ginástica Educação Física PESQUISA Faça uma pesquisa, em jornais, em revistas, na Internet, sobre os atletas da ginástica artística.
Procure reportagens de atletas da ginástica que necessitaram parar as suas atividades para tratamento físico e fisioterápico. Responda as questões: Quais foram as causas, as lesões ocorridas, que levaram esses atletas pararem seus treinamentos? Quantos desses atletas já tiveram lesões graves que necessitaram de intervenção cirúrgica e de um longo período para reabilitação? Justifique as seguintes questões: Será que, na busca para “quebrar” recordes ou superar limites, esses atletas não estão exagerando nos treinamentos, indo além do que o corpo pode suportar? Será que o fato de ser um atleta de alto rendimento significa ter uma boa saúde? z Analisando o segundo segredo: o ser social O que você acha de continuarmos nossa busca por compreender os segredos do corpo? Até agora você teve condições de perceber o quanto é importante sua alimentação, certo? Mas será que é possível falar em hábitos alimentares num país que possui uma quantidade enorme de pessoas com uma alimentação restrita a ponto de passar fome? Importa destacar que o corpo não se restringe a fragmentos, o que significa não entendê-lo somente em seus aspectos biológicos, mas também considerando sua relação com o meio social, com as possibilidades de lazer, com a necessidade de trabalhar, enfim, com a sociedade na qual vivemos.
É freqüente pensarmos o corpo de forma fragmentada, isto é, biológica e fisiologicamente. Quando você estiver no grupo composto por espelhos, deverá fazer diferentes formas que o corpo do colega pode assumir, como, por exemplo: magro, gordo, alto, baixo. Os colegas do grupo dos visitantes passarão por todos os espelhos. Logo após, os papéis serão invertidos. Organizem um debate e comentem o que foi vivido na atividade. Além disso, discutam: o que significa respeitar a individualidade? Como transpor os limites do preconceito? Obs: Essa atividade poderá ser encaminhada com música. Com este modo de vida tão atribulado, sobra pouco tempo para o lazer e outras atividades. Desse modo, não é de se estranhar quando você escuta os seguintes comentários: “vivemos uma vida muito corrida”, “não temos tempo para fazer nada”.
A vida é repleta de obrigações e compromissos, deixando-nos pouco tempo para valorizar “coisas” simples do nosso cotidiano. Com este novo estilo de vida, cresce também os problemas relacionados ao corpo e à saúde. Nesse sentido, as doenças relacionadas à contemporaneidade da sociedade capitalista, como stress, depressão e tantas outras, são decorrentes do excesso de horas de trabalho, o qual se constitui como a única alternativa de sobrevivência das pessoas. Para melhor compreender algumas das discussões sobre a saúde, ver Folhas: “Saúde é o que interessa? O resto não tem pressa!” Os segredos do corpo 147 Ensino Médio n Discóbolo de Míron, c. a. C. cópia romana em marmore da original de bronze do escultor de Myron, altura 155cm, Museo Nazionale Romano, Roma, Itália.
Uma das principais esculturas gregas é o Discóbolo (homem arremessando disco 405 a. As figuras esculpidas pareciam reais, tamanha a busca pelo perfeito equilíbrio entre expressão, proporção e “movimento”. Este era obtido por meio do princípio em que o apoio do peso do corpo se dá numa das penas e o restante do corpo segue este mesmo alinhamento, dando a ilusão de uma figura surpreendida no movimento (STRICKLAND, 2003). Os padrões de beleza foram representados pelos artistas dessa época, como Policleto (escultor grego), que criou uma representação geométrica (cânone: teoria das proporções) de equilíbrio nas estátuas que deveriam ter sete vezes e meia o tamanho da cabeça. Na Grécia antiga, a pessoa que tivesse conhecimento sobre a higiene e a medicina, chamado de “ginasta”, era o médico desportivo que cuidava da saúde e orientava a educação corporal daquele que praticava os exercícios.
Ele tinha um auxiliar denominado de pedótriba, que seguia à risca todas as suas orientações e ensinava os exercícios às pessoas. mármore, altura 202 cm; Museu do Louvre, Paris, França. Ginástica Educação Física ATIVIDADE Organize com seus colegas, uma listagem de atividades de ginásticas que podem ser realizadas de forma gratuita. Escolha, dentre essas atividades, as que mais lhes proporcionarão prazer e bem estar. Elas devem estar relacionadas com a saúde coletiva. Fotografe cenas do cotidiano que representem formas de se exercitar ou realizar atividades físicas. z Analisando mais um segredo: a totalidade “Em uma sociedade que se mostra altamente racional e, ainda, alicerçada em certo dualismo (corpo/ mente), com predomínio das atividades mentais, é intrigante a presença de um interesse por tudo que diz respeito ao corpo e por tudo que diz respeito à aparência a ser apresentada em público”.
SILVA, 1999, p. Para melhor compreensão sobre o que significa divisão técnica do trabalho, consulte o Folhas de história: “O mundo do trabalho contemporâneo. ” 150 Ginástica A que dualismo a autora se refere? Por que ainda persiste a fragmentação entre o corpo e a mente? Na sociedade capitalista, a divisão do trabalho separa as ações de planejamento ou projeto, feitos por alguns, das ações de execução, feita por outros. Na atividade industrial, a produção passou a ser planejada por uma determinada classe social (força mental) e executadas por outra (força física), reforçando assim a separação entre corpo e mente. Para conhecer melhor o seu corpo, faremos a atividade a seguir. ATIVIDADE Essa atividade proposta tem como objetivo principal proporcionar um momento de reflexão sobre as diferentes formas de ver os corpos e seus significados.
Material a ser utilizado: folhas de papel sulfite, tesoura, cola, lápis e cartolina. Solicita-se que cada aluno(a) sorteie um papel no qual estará escrito uma parte do corpo (Ex. cabeça; braço esquerdo; perna direita; etc. Jan. Maio de 2000. CARBALLO, C. CRESPO, B. Aproximaciones al concepto de cuerpo. p. Os segredos do corpo 151 Ensino Médio COSTA, C. Questões de arte: a natureza do belo, da percepção e do prazer estético. São Paulo: Moderna, 1999. RAMOS, J. In: Cadernos CEDES, Ano XIX, nº 48, agosto/1999. STRICKLAND, C. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. VAZ, A. A. orgs). Educação Física na escola. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, p. Acesso em: 05 jan. ufrgs. br/psiq/breve. PDF. Acesso em: 10 fev.
org/art. Acesso em: 03 dez. Ginástica Educação Física ANOTAÇÕES Os segredos do corpo 153 Ensino Médio I n t r o d u ç ã o 154 Introdução Lutas z Lutas Falar sobre as lutas como manifestação da Cultura Corporal significa traçar o que tal Conteúdo Estruturante foi desde sua constituição até a atualidade, para refletir sobre as possibilidades de recriá-las por meio de uma intervenção consciente. As lutas sempre estiveram presentes na história da humanidade n THEREZ A TOSCANO. Capoeira, 2004. Espera-se que, além de apreciar as lutas, você possa aprender alguns golpes em suas relações com o estado de equilíbrio/desequilíbrio e as conseqüentes quedas. Educação Física Você deverá desenvolver uma visão crítica sobre as lutas, sendo capaz de diferenciar uma luta que tem concepções teóricas vinculadas a uma sabedoria de vida, e que foi organizada a partir de uma fonte histórica, de uma briga que acontece na rua ou nos estádios de futebol.
Desenvolverá, ainda, uma visão de totalidade sobre as lutas, ou seja, considerará quais são suas influências em nossa sociedade, como se deu o processo de esportivização e como elas se transformaram em mercadoria. Para compreender um pouco mais sobre esportivização e mercadorização das lutas, leia os Folhas “Judô: a prática do caminho suave” e “O futebol para além das quatro linhas”. Ao conhecer as lutas no âmbito geral, esperamos que você tenha acesso a elas, pois se trata de um Conteúdo Estruturante da Educação Física construído historicamente, da mesma forma que os demais (ginástica, esporte, jogos e dança). “Paraná uê, Paraná uê, Paraná”. No Paraná tem Capoeira? Falando nisso, você já jogou, quer dizer, já lutou, ou melhor, já dançou Capoeira? Afinal, a Capoeira é um jogo, luta ou dança? Colégio Estadual Olavo Bilac – Ibiporã – PR 1 Capoeira: jogo, luta ou dança? 157 Ensino Médio Inicialmente, conheça um dos conceitos de luta, pois poderá ajudálo a responder, mais tarde, o problema acima: “Um dos significados de luta, segundo o dicionário Aurélio, é lutar no sentido de obter o que deseja, ir à vida.
Neste caso, a liberdade”. Ferreira, 2005) n Roda de capoeira Existem evidências sobre o nascimento da Capoeira relacionado com a luta dos escravos africanos pela libertação de trabalhos forçados (africanos trazidos pelos Portugueses para o trabalho escravo no Brasil). Ribeiro diz que: “Ouviu-se falar de Capoeira durante as invasões holandesas, em 1624, quando escravos e índios, aproveitando-se da confusão gerada, fugiram para as matas. z A história da capoeira Entre as muitas discussões sobre a história da capoeira, consta que ela foi criada no Brasil, pelos escravos africanos, no início da colonização portuguesa. Veja caixa ao lado) Em meados do século XVI, os escravos eram transportados da África para o Brasil, ‘empilhados’ em navios, trazendo apenas sua cultura: tradições, hábitos, costumes, religiões e danças.
“Devido aos trabalhos forçados, os negros se rebelavam, fugiam para um local seguro onde encontravam outros fugitivos e acabavam formando comunidades, denominadas de quilombos, que surgiam como uma forma de resistência às condições de trabalho escravo”. REIS & GOMES, 1996, p. Dentre essas comunidades, destacou-se o Quilombo de Palmares, situado na Serra da Barriga, no Estado de Alagoas, liderado por Zumbi. REIS & GOMES, 1996, p. • Existem outras interpretações para a palavra quilombo. Que tal investigar? Capoeira: jogo, luta ou dança? 159 Ensino Médio “[. os escravos africanos não possuindo armas suficientes para se defenderem dos inimigos, senhores de engenhos, e movidos pelo instinto natural de preservação da vida, descobriram no próprio corpo a essência da sua arma: a arte de bater com o corpo, tomando como base as brigas dos animais, suas marradas, coices, saltos e botes, aproveitando ainda as suas manifestações culturais trazidas da África para criarem e praticarem a capoeira”.
SANTOS, 1990, p. A sucessão de áreas mais ou menos iluminadas confere ritmo às **litografias feitas por Rugendas. Os corpos não aparecem propriamente como tais e funcionam antes como anteparos onde a luz incide com maior ou menor força, produzindo uma dinâmica variada. E é a utilização graciosa e pitoresca dos cinza que diferencia de outros autores que retrataram o Brasil no período escravista. n Fonte: NAVES, R. A forma difícil: ensaios sobre a arte brasileira. S. Dicionário Houaiss, p. Lutas Educação Física PESQUISA • Você pôde observar o quadro “Jogar Capoeira” e fazer uma leitura dessa obra de arte. Pesquise em que contexto sócio-histórico esse quadro foi pintado. Cite fatos importantes que aconteceram no Brasil em 1835 e faça uma ligação com o surgimento da capoeira.
A dança presente na roda de capoeira contribui para manifestar, ainda mais, a presença desta arte criativa firmada no seio da cultura negra. Com relação ao quadro Jogar Capoeira de Rugendas, apresentado anteriormente, se você desconhecesse o título e o que o autor quis expressar, será que você saberia interpretá-lo? Com a propagação da Capoeira, os escravos cada vez mais ganhavam força e se organizavam. Por outro lado, as autoridades também passaram a adotar medidas de prevenção contra os rebeldes – assim eram chamados os praticantes de Capoeira. Amplie seus conhecimentos: Neste mesmo ano, Rui Barbosa, conselheiro no governo do general Deodoro da Fonseca, mandou queimar toda documentação existente referente à escravidão no Brasil. SANTOS, 1990, p. Após a abolição, fatos importantes, como a introdução dos imigrantes no trabalho agrícola em substituição ao trabalho escravo, ocorreram na economia e na política do Império, no processo de desescravização.
A Capoeira, aos poucos, deixou de ser recriminada, fixando-se como expressão do folclore nacional e como um importante instrumento da cultura brasileira. No governo provisório de Getúlio Vargas (1934-1937), visando conquistar a simpatia do povo, foi liberada a expressão das manifestações populares, por meio de um convite feito ao capoeirista Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba) para uma apresentação no Palácio do Governo. Nesta época, esse ato teve um efeito valoroso, a Capoeira perdia as características de luta marginal e vadiagem, e a popularização desta cultura se firmava com a abertura da primeira academia de Capoeira do mundo. Sobre esse assunto, Falcão comenta que: “Com a criação da Capoeira Regional, Mestre Bimba conquista autoridades e profissionais liberais para conseguir e manter esta conquista, o referido Mestre retira a Capoeira do terreiro e a coloca em recinto fechado, nas academias, possibilitando a participação de camadas sociais superiores”.
Num jogo malicioso e mandingueiro, os movimentos corporais parecem ser inteligíveis e decifráveis somente pelos seus executores, que, muitas vezes, não se dão conta do expediente que improvisaram durante o mesmo”. FALCÃO, 2003, p. É importante entender que o envolvimento nesta prática poderá trazer muitos benefícios para a saúde e o desenvolvimento da cultura corporal, ampliando a compreensão da realidade sócio-histórica brasileira. Para aqueles que praticam a capoeira, a melhoria da auto-estima ocorre pelo fato de que o corpo, de acordo com o grau de intensidade utilizado, poderá ficar mais delineado e forte. Capoeira: jogo, luta ou dança? 163 Ensino Médio Vários golpes podem ser utilizados como forma de autodefesa e as rodas promovem a socialização. Meia Lua de Frente Consiste em lançar a perna de trás, esticada, num movimento de rotação, de fora para dentro.
A parte que toca o adversário é a parte interna do pé. Meia Lua de Compasso É um golpe no qual o praticante agacha-se sobre a perna da frente, e com a outra perna livre, faz um movimento de rotação, varrendo na horizontal ou diagonal. Quando inicia-se o movimento de rotação, as duas mãos vão ao solo para melhor equilíbrio. Atinge-se o adversário com o calcanhar. Muito bem! Após ter realizado seus estudos sobre a Capoeira, feitas as atividades teóricas e práticas, será que você já tem uma resposta para os problemas levantados inicialmente? Leia os boxes abaixo e amplie ainda mais seus conhecimentos: “Luta: Combate corpo a corpo, sem armas, entre dois atletas que, observando certas regras, procuram derrubar um ao outro.
Qualquer tipo de combate corpo a corpo. ” (FERREIRA, 2005) “Jogo: Atividade física ou mental organizada por um sistema de regras que definem a perda ou o ganho. Brinquedo, passatempo, divertimento”. FERREIRA, 2005) Dançar é a arte de movimentar o corpo em um certo ritmo, ou seja, é a arte de mover o corpo segundo uma certa relação entre tempo e espaço. de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. o A Lei no 9. de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos.
A, 79-A e 79-B: “Art. Pesquisa in loco sobre as condições da prática da capoeira hoje e o que difere de antigamente. a) Quais os nomes dos golpes utilizados na roda de capoeira atualmente? Comente. b) E o que esses golpes representam cultural e historicamente? c) Existem outros tipos de cultura nas quais eles também são contemplados? Quais? Os nomes desses golpes são diferentes? Por quê? d) Os golpes são sincronizados apenas com o propósito de “diálogo” entre os capoeiristas ou usados para atingir o oponente? Explique. e) Podemos perceber algum tipo de movimento, golpe ou acrobacia que oferece risco(s) às articulações? Quais? Por que eles são praticados? 168 Lutas Educação Física z Referências Bibliográficas: COLETIVO DE AUTORES.
Metodologia do ensino de educação física. n. p. Maio /1995. Unidade Didática 2: Capoeira. In: KUNZ, E. Versão 3,0. séc. XXI, 2005. REIS, J. J. Secretaria de Esportes, Brasília, 1992, SANTOS, L. S. Educação: educação física - capoeira. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 1990. SILVA, P. E. L. A Capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (18081850). Campinas: Ed. Unicamp/Centro de Pesquisa em História Social da Cultura, 2001. DE 9 DE JANEIRO DE 2003. Estabelece a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Disponível em: <http://www. ensinoafrobrasil. org. O Dojô “[. é um ‘lugar da iluminação’. É um cosmo em miniatura, onde entramos em contato conosco mesmo – com nossos medos, reações e hábitos [.
É um lugar onde podemos aprender muito em pouco tempo, quem somos e como reagimos ao mundo. Enfim, é o lugar onde estudamos as artes marciais, um lugar sagrado onde devemos respeito” (HYAMS, 1979, p. Estudou muito e com grande persistência, o que lhe deu condições de criar o Judô, uma nova forma de luta com técnicas, regras e princípios próprios, que valoriza a defesa e não o ataque. Quando falamos do surgimento de uma determinada prática corporal, precisamos ter em mente que ela não aparece do acaso. De acordo com Orozimbo Cordeiro Júnior (1999), toda prática corporal, e dentre elas o jiu jitsu, surge a partir de determinadas necessidades sociais enfrentadas pelos seres humanos, em um dado contexto histórico e influenciada por fatores econômicos, políticos, culturais.
O judô, como prática corporal, então, não nasceu por “geração espontânea” das idéias de Jigoro Kano, mas tem sua origem no jiu jitsu. Por isso deve ser ensinado e compreendido como algo que resulta de um processo de síntese de múltiplas determinações históricas. “Para destituir o judô do caráter agressivo e contundente, também foram introduzidas, nesta luta, técnicas de queda e rolamento que visavam a amortecer o impacto do corpo com o solo. Não machucar o oponente é um princípio educativo fundamental do judô” (Ibid). debate 1. Procure conversar com seus colegas e com o(a) professor(a) sobre qual é o sentido das lutas em geral em nossa sociedade, no bairro em que você reside; não se esqueça de refletir sobre as lutas de gangues e de torcidas de futebol.
Como observamos, o Judô tem desde sua origem uma preocupação educacional e sem violência. No início, o judô era uma forma de matar as saudades da terra natal, isto é, uma maneira dos japoneses manterem suas tradições e sua identidade cultural. Posteriormente, quando alguns destes imigrantes, já cidadãos e trabalhadores brasileiros, ficaram desempregados, sem fonte de renda e sem poder sustentar suas famílias, surgiram as primeiras academias de judô no Brasil. Elas apareceram como espaço onde esses imigrantes podiam ensinar algo que conheciam bem – o judô –, fazendo disto um meio de sustento para suas vidas. Com isso, muitos brasileiros começaram a aprender o judô. Os filhos dos imigrantes japoneses, nascidos no Brasil, também ajudaram a difundir esta luta entre nós. “A abertura dos portos japoneses, em 1865, provocou intensas transformações do ponto de vista político-social, marcando a era Meiji, quando foi abolido o sistema feudal; houve rejeição da cultura e das instituições antiquadas; os conhecimentos dos países ocidentais foram introduzidos e ocorreu acentuado declínio da prática das artes marciais no país.
O Jiu-Jitsu não foi exceção, pois as escolas ficaram privadas das subvenções dos clãs e, ainda, a modernização das forças armadas levaram essa arte marcial a ser considerada parte do passado e em total decadência”. FEDERAÇÃO PAULISTA DE JUDÔ, 2005). Era Meiji É bastante significativa essa era, porque foi o retorno do poder imperial no Japão. O poder executivo estava nas mãos dos Takugawas, o país dividido em feudos, muita inflação e miséria desoladora. Os partidários do antigo regime rebelaram-se (1874-1877) contra a perda de poder, o que exigiu grandes gastos militares. A conseqüente situação de inflação e a política deflacionária adotada pelo governo caracterizaram um período de crise no Japão, em especial no setor rural.
Uma das soluções adotadas foi a emigração, até então proibida. Judô: a prática do caminho suave 175 Ensino Médio O Judô serviu para fortalecer o ânimo de uma nova era para o povo japonês. O novo governo procurou “corrigir” os costumes feudais, adotando a cultura Ocidental. br Período Tokugawa (até 1868) População Rural 80% Alfabetizados Masculinos (até 15 anos) 43% População Urbana 20% Alfabetizadas Feminino (até 15 anos) 15% Era Meiji (em 1900) População Rural 30% Alfabetizados Masculinos (até 15 anos) 98% População Urbana 70% Alfabetizadas Feminino (até 15 anos) 98% n Figura-1 Fonte: CORDEIRO Jr (1999) z O Judô e o esporte espetáculo O esporte espetáculo é um produto típico da cultura ocidental. Ele é fruto da modernidade capitalista e visa o lucro, o máximo rendimento industrial e tecnológico, anseia a dominação da natureza (via ciência) e o domínio político como alicerce da exploração econômica.
Resulta também de uma secularização da vida social, afinal os antigos jogos e festividades medievais, por exemplo, celebravam as colheitas, festas religiosas e outros. O esporte, no entanto, elimina estas características religiosas e rurais, tornando-se um protótipo da vida urbana e sem vínculos religiosos (CORDEIRO Jr, 1999). As características apresentadas acima foram pouco a pouco incorporadas pelo judô na medida em que ele e a cultura japonesa, em grande parte, ocidentalizavam-se. O único interesse no judô passou a ser as medalhas olímpicas, e não o conhecimento de suas raízes na cultura nipônica; a obrigação de vencer a todo custo e não o prazer de lutar judô. Virou trabalho de atletas e dirigentes ‘amadores’ e profissionais. E, por fim, o judô, acompanhando a trajetória do esporte em geral, passou a sofrer um forte processo de comercialização, com a compra e venda de material e equipamento para judô” (CORDEIRO Jr, 1999, s/p).
Nesse sentido, podemos observar que o esporte moderno, em geral, passou desde sua origem por várias transformações e a mais recente delas impôs características mercantis ao mesmo. Nessa direção, não devemos esquecer que o judô também foi influenciado por esse processo. É como modo de produção que o espetáculo pode ser compreendido. É como imagem que o capital se manifesta” (BUCCI, 2003, p. Antigamente, os judocas competiam de Kimono branco e o que os diferenciava era somente uma faixa vermelha e outra branca, definidas por sorteio. No entanto, no final da década de 90, para atender aos interesses da mídia televisiva, um dos judocas passou a vestir branco e o outro azul. Essa mudança na regra foi justificada pela necessidade de melhor visualização dos competidores nas transmissões pela televisão.
Lutas Educação Física Esporte-Espetáculo Transmitido mundialmente pela televisão, o esporte tornou-se um dos vetores da globalização. Sua ideologia disfarça seu caráter político, a monetarização generalizada dos “valores” esportivos, fraudes e trapaças de todos os tipos e, sobretudo, doping maciço em todos os estágios. n Fonte: www. pfilosofia. pop. tamu. edu z Conhecendo elementos do Judô n Tatame PENALIDADES Ippon (Ponto Completo) Hansoku-make (Violação grave) Waza-ari (Quase o ippon, meio ponto) Keikoku (Violação séria) Yoko (Quase waza-ari, vantagem) Chui (Violação) Koka (Quase yoko, vantagem pequena) Shido (Pequena violação) O Koká caracteriza-se pela queda do adversário na posição sentado, além da imobilização de 10 a 14 segundos; o Yukô, pela queda lateral, corresponde à imobilização entre 15 e 19 segundos; o Waza-ari, pela queda encostando a metade das costas no chão (golpe semi-perfeito), com imobilização entre 20 e 24 segundos e o Ippon caracteriza-se pela queda com a totalidade das costas no chão (projeção perfeita).
O judoca pode conquistar um Ippon e encerrar a luta das seguintes maneiras: imobilizando seu oponente por 25 segundos com as costas Judô: a prática do caminho suave 179 Ensino Médio inteiras no tatame; com o acúmulo de dois Waza-ari; com a desistência do adversário; ou com o acúmulo de quatro faltas. A vestimenta para a prática do judô denomina-se JUDO-GUI, que se compõe de três peças: SHITABAKI (calça), WAGUI (paletó) e OBI (faixa). O judo-gui deve ser folgado e permitir a máxima mobilidade ao judoca, preservando seu bem-estar, sem limitar sua ação. Um outro importante ritual de respeito realizado pelos judocas é a reverência, que estes fazem frente ao retrato de Jigoro Kano, presente em todas as academias de judô.
Esse cumprimento frente à figura do líder é chamado SHOMEN-NI-REI. A saudação feita ao sensei é o SENSEI-NI-REI z O Judô em destaque: fundamento e técnicas básicas Nesse item serão apresentadas algumas técnicas, mas você e seu professor têm autonomia para escolherem outras técnica, podendo acessar alguns sites como, por exemplo: www. meutatame. com. fig 2 fig 1 fig 3 2. Queda para frente (Mae Ukemi) A partir da seqüência das figuras, repare, na figura 1, o posicionamento da coluna/braços, a ação dos braços e o posicionamento das pernas. Já na figura 2, observe o posicionamento da cabeça/pescoço e do tronco. Faça, em seu caderno, anotações de cada um dos posicionamentos. Procure escrever como o judoca saiu da primeira posição para a segunda.
Para executar os golpes completos, até o companheiro ir ao solo, é preciso que tenha um tatame ou colchão para amortecer a queda, caso contrário, é preferível que se faça apenas a técnica em pé. Para fazer as aulas de judô, o ideal seria utilizar o uniforme (kimono), mas quando isso não for possível, os alunos devem usar blusas de manga comprida para que possam fazer a pegada com mais segurança. Ao executar os golpes, seria interessante que a dupla tivesse mais ou menos o mesmo peso e a mesma altura para facilitar a dinâmica. Todos os golpes de projeções devem ser treinados para os dois lados igualmente. O-soto-gari Primeiramente, com a mão direita, segure a blusa na altura do ombro do companheiro.
Sassae-tsuri-komi-ashi Da mesma forma que as técnicas anteriores, a pegada é a mesma. O desequilíbrio é idêntico ao Hiza-guruma, mas o pé deve estar em forma de colher, na altura do pé do ukê. Ouchi-gari A pegada é a mesma das anteriores. Esse golpe é chamado de grande gan- Ippon-seoi-nague Para executarmos essa técnica, o desequilíbrio deve ser efetuado para cima e para frente; o braço em forma de muque (observação: a articulação do braço de quem executa deve encaixar na axila do ukê); as costas devem ficar coladas ao peito do ukê. Uki-goshi Esse golpe é parecido com O-goshi, mas a projeção é de meio quadril e não de quadril inteiro. Goiás: UFG, 1999. Memórias de Licenciatura. DELIBERADOR, A. P. Judô: metodologia da participação.
MONTEIRO, L. M. O treinador de judô no Brasil. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. SCAGLIA, A. In. Revista Digital. Año 10 · N° 92 Buenos Aires, Enero 2006. VIRGILIO, S. A arte do judô. www. fpj. com. br. Acesso em: 22 fev. www. pfilosofia. pop. com. br. Acesso em: 30 jan. www. fpj. com. br. Óleo em tela, graus diferentes, as danças orientam as prá82,5 x 62 cm Museu: Real Academia de Belas Artes de San Fernando, Madri, ticas do ser humano, as relações estabeleEspanha. cidas com o trabalho, com a cultura e com a própria organização social, materializando-se num espetáculo de cores, gingas, ritmos e sons. Entretanto, apesar de estarmos cientes da complexidade desse tema, uma vez que ele apresenta elementos que merecem um aprofundamento, optamos por citar algumas das formas de dança que temos registro: dança primitiva, dança grega, danças medievais, danças renascentistas, balé, dança moderna, dança contemporânea, danças folclóricas e danças populares.
Educação Física Você poderia se perguntar qual é o sentido de transportar para a escola essas manifestações corporais representadas pela dança? A resposta para este questionamento se justifica pela importância de vivenciarmos, (re)conhecermos e desmistificarmos papéis que foram atribuídos de maneira estereotipada à dança, valorizando a sua riqueza cultural. Assim, o espaço escolar e seus freqüentadores são parte de um contexto social mais amplo, onde os sujeitos trazem e expressam, em suas ações diárias, características que foram assimiladas e reconstruídas ao longo da vida. COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. Além disso, pode-se observar nas escolas que este tema é pouco valorizado, principalmente se comparado à significativa influência das práticas esportivas, ficando o mesmo relegado a um segundo plano ou até mesmo esquecido como possibilidade de trabalho com a Cultura Corporal.
De acordo com SARAIVA (2005), a dança pode se constituir numa rica experiência corporal, a qual possibilita compreender o contexto em que estamos inseridos. É a partir das experiências vividas na escola que temos a oportunidade de questionar e intervir, podendo superar os modelos pré-estabelecidos, ampliando a sensibilidade no modo de perceber o mundo. Então cabem alguns questionamentos: por que a dança é pouco praticada na escola? Quando dançamos na escola, é apenas por ocasião de algumas datas comemorativas? As apresentações organizadas nos eventos da escola não se limitam a reproduzir coreografias “prontas” veiculadas pelos principais meios de comunicação de massa? Quantas vezes são possíveis organizar, dirigir e modificar as próprias coreografias? A proposta deste livro didático, nesta disciplina, é pensar, discutir e problematizar essas e outras questões sobre a dança escolar como uma das possibilidades curriculares de exploração da chamada Cultura Corporal.
Por fundamentar-se na autonomia e na capacidade intelectual do professor, o formato Folhas não esgota os assuntos abordados e permite que muitas outras questões sejam contempladas nas práticas e realidades locais, atendendo as demandas próprias de cada escola e sua comunidade. Fica aqui uma contribuição para repensarmos o Conteúdo Estruturante da Dança no espaço escolar e, em especial, nas aulas de Educação Física, como elemento fundamental da Cultura Corporal. E D U C A Ç Ã O F Í S I C A Quem dança seus males. Ensino Médio 190 Dança Educação Física 12 QUEM DANÇA SEUS MALES. n Claudia Sueli Litz Fugikawa1, Mauro Guasti2 n Foto: Levy Ferreira Será que as pessoas que dançam estilos de música, como apresentado na foto, questionam-se sobre o significado político e cultural dessas danças? Ou será que elas simplesmente aderem ao estilo bem como à padronização de comportamentos para se inserirem em determinados grupos sociais? n Adolescentes dançando “Funk”.
Qual a sua percepção ao ler um texto organizado na forma de uma letra de música, ao observar uma imagem e ao ver alguém dançando? Vamos responder rapidamente a estas questões. Os olhos começam a ler o texto, a ver a imagem, a ver os gestos de uma pessoa se movimentando e a decifrar sons agradáveis ou não. Ao ler o texto, os nossos olhos são conduzidos da esquerda para a direita, decifrando os códigos ali colocados e, aos poucos, vão sendo revelados os seus sentidos. Uma fotografia, um desenho, uma gravura ou uma imagem também precisam de uma leitura. Uma imagem pode ser olhada de diferentes perspectivas, a partir de qualquer ponto, passando por ela em diversas direções.
Todo o gesto expressado por meio da dança é carregado de significados, intenções, emoções, técnica e espontaneidade, por vezes acontecendo de maneira isolada, outras vezes em harmonia. É importan- 192 Dança Educação Física te compreender as possibilidades desses significados sendo necessário refletir sobre eles. Assim, alguns sons, ou mais especificamente alguns ritmos musicais, acabam nos envolvendo e por vezes reagimos a eles nos movimentando. Ou será que ao ouvir um samba ou um ritmo envolvente você nunca se pegou batucando? Ou pelo menos com vontade de fazer isso? É claro que não devemos entender este gesto de maneira determinista, ou seja, atribuir-lhe um poder autônomo como se a música fosse capaz de nos envolver quase que de maneira “divina”, “apoderando-se” de nós, de tal forma que nos impeça de agir de acordo com a nossa própria vontade.
A música nos influencia na medida em que nos “transporta” para outras dimensões da imaginação e da memória, mas isso depende da história de vida de cada um e do contexto social e cultural em que nós estamos inseridos, que nos faz sermos como somos e pensar como pensamos. Além de todas essas questões, a dança trabalhada nesta perspectiva desconsidera que temos interesses e motivações diferentes e faz com que lhe seja atribuído um sentido muito pessoal, expressando sentimentos e emoções. Já na perspectiva da “dança como arte”, além desses elementos citados anteriormente, a dança pode ser entendida como uma forma de expressão e apropriação do mundo. Neste caso, não haveria somente uma preocupação com a perfeição do gesto, mas principalmente com o seu significado e este entendido como uma construção que se efetiva nas relações sociais, históricas e culturais que as pessoas manDi Cavalcanti.
Baile Popular Carnaval, 1972. Óleo sobre tela, 89 x 116 cm; têm umas com as outras. É produto das ações humanas, mas é também processo contínuo pelo qual as pessoas dão sentido às suas ações. Constitui-se em processo singular e privado, mas é também plural e público. É universal, porque todos os humanos a produzem, mas é também local, uma vez que é a dinâmica específica de vida que significa o que o ser humano faz. A cultura ocorre na mediação dos indivíduos entre si, manipulando padrões de significados que fazem num contexto específico. GEERTZ, apud DAÓLIO, 2004, p. A pressa, a falta de tempo para resolver todas as tarefas/trabalhos que somos incumbidos a realizar hodiernamente são valores já absorvidos coletivamente e que condicionam e limitam a percepção/sensibilidade para a “escuta” dos ritmos que estão em nós, que são ignorados na grande maioria das vezes e que cada um de nós poderia desenvolver e/ou refinar, seja através da dança, seja por meio de outra arte que desperte para tal percepção.
SARAIVA apud SILVA, 2005, p. Quem dança seus males. Ensino Médio Estamos vivendo numa sociedade cada vez mais concorrida, veloz, ágil e impaciente e isto acaba se refletindo no estilo de vida que levamos. Com este estilo de vida tão atribulado, sobra pouco tempo para realizarmos as atividades mais simples. Assim estaríamos nos descobrindo e também aprendendo a perceber o ritmo do outro, o qual pode ser diferente do meu. Não seria este um dos papéis da dança na escola? Para dançarmos nem sempre será necessário nos preocuparmos com movimentos pré-estabelecidos, mas também é importante conhecer e experimentar esses movimentos pré-determinados, uma vez que também aprendemos a partir da reprodução de modelos. Esses modelos podem servir de referência para um aprendizado escolar, mas, acima de tudo, devem possibilitar uma reflexão, no sentido de resignificá-los, e esta pode ser uma das formas de se fazer uma re-leitura e uma análise das representações estilizadas e simbólicas que são produzidas pela dança.
Você já prestou atenção nos estilos de dança, como o axé, o rap e o funk, entre outros, nos quais os gestos são sugeridos, determinando a forma de expressão dos grupos que dançam esses estilos? Muitas vezes, quando as pessoas estão dançando, acabam se preocupando com a execução das coreografias, o que impede a reflexão sobre as mensa- 196 Dança Educação Física gens veiculadas pelas letras das músicas e sobre os movimentos corporais, “muitas vezes apelativos”, sugeridos nestas coreografias. Não que isto seja um problema, posto que neste momento há uma identificação com o grupo e um prazer proporcionado pela capacidade de reproduzir com o máximo de perfeição tais gestos. Ensino Médio A não reflexão sobre o movimento o torna mecanizado/automatizado, e romper com isto não é tão fácil, não é? Pois essa é a lógica da indústria cultural que é fruto do sistema capitalista, no qual estamos inseridos.
E o objetivo é a venda de mercadorias produzidas em série e em larga escala, que muitas vezes movimentam cifras fabulosas, como é o caso, por exemplo, de muitas músicas, CDs, filmes, clipes, entre outros. Os consumidores dessas mercadorias são convencidos de que precisam e devem comprá-las pelos meios de comunicação de massa, que criam a falsa necessidade nas pessoas de consumir esses produtos. A propaganda cria necessidades e faz com que a maioria das pessoas não reflitam, tornando-as consumidoras passivas dos produtos divulgados. Isso acontece, também, com muitas danças, criadas apenas para atrair o público a consumir os produtos que a elas se vinculam. Observe, no trecho selecionado, os vários sentidos que podem ser dados a ele. A ambigüidade da interpretação é óbvia, e todos entendemos o que está sendo dito com essa frase, não é? Você já parou para pensar na mensagem veiculada por essa letra? No que se refere ao corpo e à sexualidade, o que está explícito? Esta letra de música é um dos exemplos dos estilos musicais que estão, constantemente, sendo veiculadas nos meios de comunicação, e que aumentam a audiência das emissoras de rádio, TV e outros veículos de comunicação.
Você poderia pensar que as letras dessas músicas são apenas jogos de palavras e que elas não podem influenciar o nosso modo de ser, pensar e agir. Mas não é bem assim, visto que de tanto ouví-las, acabam banalizando nosso entendimento, tornando nossos comporta198 Dança Educação Física mentos naturais e comuns. Além disso, elas limitam a nossa forma de expressão, inclusive a corporal, tornando certas atitudes e comportamentos naturais. Ensino Médio Existe uma razão pré-determinada para isto, lembrando o que dizem Sborquia e Gallardo (2002, p. É preciso ter claro quais as finalidades da indústria cultural ao veicular determinadas danças e quais são os significados que ela representa na sociedade. Conforme esta afirmação e tudo o que foi exposto anteriormente, existe uma intencionalidade atrelada à divulgação intensa desses estilos de danças e músicas.
Com esse estímulo constante da mídia, as danças passam a ter gestos padronizados na sua execução, relegando, a segundo plano, qualquer tipo de manifestação individual, possibilidades de demonstrações criativas de sentimentos e emoções. Mas, nesta perspectiva, iremos destacar uma outra forma de entendimento em relação à dança, considerando a seguinte definição: Expressão, através dos movimentos do corpo organizados em seqüências significativas de experiências que transcendem o poder das palavras e da mímica. Esses efeitos são resultantes de um processo de adaptação do organismo, variam de indivíduo para indivíduo e podem levar minutos ou até mesmo horas para ocorrer, dependendo da intensidade do esforço realizado, dos objetivos que se busca com esse esforço, da regularidade que se está praticando, das condições de saúde e do estilo de vida que cada um tem.
Dentre esses aspectos positivos, Fox (1986, p. aponta os seguintes: a) no sistema cardiovascular, com a elevação da freqüência cardíaca e pressão arterial; b) no sistema respiratório, com o aumento do consumo de oxigênio; c) no músculo esquelético, com alterações de tipos de fibras musculares, aumento de força; d) no sistema endócrino, na atuação dos hormônios (tiroxina, cortisol e do crescimento), os quais exercerão efeitos sobre os órgãos. A segunda questão apontada na definição de dança, conforme o que foi citado acima, fala de uma “tensão” que é “humana” e, se estamos caminhando nesta perspetiva, perceberemos que ela é fruto também dos enfrentamentos sociais, políticos, históricos, artísticos e culturais. Assim, para efeitos pedagógicos, ressaltamos a importância da dança no campo sociopolítico, entendendo que este se dá pela relevância da mesma como um dos conteúdos da Educação Física escolar e que se encontra pouco valorizada neste meio.
Dessa forma, é importante analisar esses significados e dar novos sentidos a eles. De acordo com o Coletivo de Autores (1992), “considera-se a dança uma expressão representativa de diversos aspectos da vida do homem. Pode ser considerada como linguagem social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, dos hábitos, da saúde, da guerra, etc. ” (p. z A dança como produtora de significados. Tais aspectos revelam a resistência que acabamos desenvolvendo em relação a vivenciar a dança como expressão da arte e movimento. Eco adverte no seu artigo: (. a música de consumo é um produto industrial que não mira a nenhuma intenção de arte, e sim à satisfação das demandas do mercado.
Podemos acrescentar que as danças da mídia também não possuem nenhuma intenção de arte, visando apenas às demandas de mercado (ECO, apud, SBORQUIA e GALLARDO, 2002, p. Existe um aspecto ideológico ao não considerarmos importante a própria experiência com a dança, a descoberta de outros movimentos 202 Dança Educação Física e até mesmo de novas possibilidades de cada pessoa, sem que esses movimentos estejam vinculados às coreografias intensamente divulgadas pela mídia. Se voltarmos um pouco no tempo, constataremos que a dança surgiu da necessidade do homem demonstrar, por meio do movimento do corpo, suas emoções; os gestos eram criados procurando representar as diversas ocasiões que estavam sendo vividas. Ao longo do tempo, foram modificando-se conforme a época e os interesses.
Os movimen- Quem dança seus males. Ensino Médio tos são formas de linguagem que transmitem determinados significados. Por isso, os movimentos, na dança, incorrem em alguma padronização. Vamos dividir a turma em três grupos. Um grupo defenderá a idéia da dança enquanto manifestação cultural, para isso, há a necessidade de elaborar argumentações e estratégias de convencimento. O outro grupo será contrário a essa idéia e deverá argumentar para convencer aos colegas. O terceiro grupo será mediador das discussões. Cada grupo utilizará o gesto, o movimento, para a defesa dos seus posicionamentos. Ensino Médio Diante desse relato rápido, podemos ilustrar esta questão recorrendo à ficção. A sugestão é assistir, em grupo, ao filme Billy Eliot (2000, Inglaterra, direção: Stephen Daldry).
O filme se passa na Inglaterra, na cidade de Durhan, em 1984. Mostra a cultura dessa cidade pequena que tem como base a mineração. Contrasta com o mundo artístico enfocado pela dança e, mais especificamente, o ballet clássico. Vamos organizar uma proposta de dança diferente na sua escola, uma mostra. Mas para que essa proposta seja efetivada, é importante que os grupos discutam e elaborem coletivamente os critérios que serão seguidos. Os grupos deverão considerar os seguintes objetivos: a) discutir, eleger um tema que possibilite nortear as apresentações; b) expressar uma mensagem utilizando uma música de um cantor que faz a crítica do tema; c) escolher os estilos de danças, tais como: da cultura popular, danças de salão, danças técnicas e danças folclóricas; d) discutir e apresentar aspectos como: características mais marcantes, situar as danças escolhidas no contexto cultural, explicar as indumentárias, entre outras questões necessárias; e) discutir a letra da música escolhida, pois ela também precisa refletir sobre o tema; f) assegurar a participação de todos os envolvidos; Quem dança seus males.
Ensino Médio g) discutir e organizar a formação coreográfica, direcionando também a aprendizagem dos colegas que sentirem mais dificuldades; h) criar movimentos a partir das características dos componentes do grupo; i) possibilitar a interação e a intervenção dos colegas com mais dificuldades nas coreografias do seu grupo; j) dar significado às coreografias criadas, ousando, experimentando e sugerindo movimentos, tentando se reconhecer nos movimentos elaborados. Nesta perspectiva, a dança poderá assumir um papel de linguagem social, mais dinâmica, oportunizando aqueles que estão praticando a (re) criação de movimentos, a expressão de desejos, sentimentos, idéias, enfim, a transmissão de mensagens. Crie uma seqüência de movimentos, para que os colegas tentem copiar, a intenção é que todos vivenciem o máximo possível de variações sem se preocupar com a perfeição dos gestos.
Dança Educação Física debate Discuta com os colegas as dificuldades e proponha alternativas para solucionar os problemas encontrados. Avalie qual foi o seu sentimento ao experimentar esses movimentos. Quais foram os movimentos que você conseguiu realizar durante a aula? Como? Vamos relembrar o exercício que fizemos anteriormente em relação à leitura atenta da letra da música. Como é possível expressar todas essas questões utilizando a dança como linguagem? Estamos chegando ao fim desta produção, através da qual se buscou refletir, de maneira simples e provocativa, algumas questões que se referem à dança, como: as relações sociais e culturais, a importância de se respeitar o tempo e a individualidade das pessoas, destacando-se a possibilidade de se transmitir por meio da dança uma mensagem crítica.
Dicionário crítico de política cultural: cultura e imaginário. São Paulo: Iluminuras, 1997. DAOLIO, J. Educação física e o conceito de cultura. Campinas: Autores Associado, 2004. E. Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Unijuí, 2005. GIDDENS, A. Sociologia. Lisboa: FMH/UTL, 2003. Tese (Doutorado). SBORQUIA, S. P. GALLARDO, J. R. org. Práticas corporais: trilhando e compar (trilhando) as ações em educação física. Florianópolis: Nauemblu ciência & arte, v. Práticas corporais: experiências em educação física para a outra formação humana. Acesso em: 28 jun. z Filme “Billy Eliot” (2000, Inglaterra, direção: Stephen Daldry). Filme que aborda a dança e a questão de gênero, do menino que dança balé. Dança Educação Física ANOTAÇÕES Quem dança seus males.
Ensino Médio 212 Dança Educação Física 13 INFLUÊNCIA DA MÍDIA SOBRE O CORPO DO ADOLESCENTE n Gilson José Caetano1 O culto ao corpo, também conhecido como corpolatria, é geralmente influenciado pela mídia. ” n Carlos Drummond de Andrade Nesse Folhas, procuraremos evidenciar as relações entre o corpo, a mídia, o consumo e outras diversas formas de dominação ou exploração cultural, através de uma análise crítica, procurando esclarecer como isso acontece e apontando, se possível, formas de superação de tais modelos vigentes. z Construção Cultural do Corpo Durante o processo de evolução da humanidade, o trato com o corpo sempre despertou interesses e fascinação. Muitas vezes, o corpo foi desprezado, violentado e negado, principalmente devido ao fato do mesmo expressar sentimentos, desejos, anseios e necessidades, que eram associadas a atitudes pecaminosas.
É por meio do corpo que o homem participa do contexto social, comunicando-se, expressando sentimentos e interagindo. É o corpo que garante uma afirmação social, funcionando não como coadjuvante dos processos de transformações, mas como elemento fundamental para que ocorra esse processo. Assim, o corpo é tratado em seus aspectos biológicos e como instrumento de interação social e cultural. Borel (1992) diz que é a partir da infância que serão inseridas, no corpo, as marcas sociais. Portanto, sofre influências e modificações constantes; o corpo social é produto das regras as quais foi submetido, das determinações do meio social no qual está inserido. z Oposição entre o corpo natural e corpo social Oposição entre o corpo natural e corpo social CORPO NATURAL CORPO SOCIAL Natureza/Biológico (inato) Cultura Corpo não marcado Corpo decorado n http://www.
historiadaarte. A “indústria da juventude” utiliza-se, principalmente, da mídia como forma de manipular e explorar as pessoas para que elas façam parte deste movimento. O termo juventude, muitas vezes, está associado a um padrão de beleza que envolve diversas formas de cuidados para esconder a idade real e causar a impressão de juventude eterna. Envolve, também, preocupações com o vestuário, atividades físicas, intervenções cirúrgicas e outras estratégias e cuidados destinados aos corpos das pessoas. Dança Educação Física ATIVIDADE Construa um texto, individualmente, que expresse a relação entre a moda, a mídia e suas relações com a prática de atividades físicas, considerando as influências do sistema econômico capitalista sobre tais práticas.
Fatores indicativos: produtos de beleza, roupas, tênis, agasalhos, modalidades físicas em evidência, etc. Essa concepção de cuidado com o corpo procura transformar o corpo em mercadoria. As pesquisas na área de saúde estão cada vez mais se diversificando, para atender aos anseios dos consumidores, nos quais as recentes tecnologias adotadas além de dar novas formas ao corpo, impõem regras e limites, diminuindo ou influenciando a liberdade de ação do próprio indivíduo. O ser humano é manipulado de tal forma que o movimento por ele produzido deixa de ter expressão, sentido e espontaneidade, produzindo, assim, o “ser humano ideal” (para o capitalismo). Para compreender um pouco mais, leia a parábola das Estátuas Pensantes: Influência da Mídia sobre o Corpo do Adolescente 217 Ensino Médio “À margem de um largo rio, ou talvez na encosta íngreme de uma montanha elevada, encontra-se uma fileira de estátuas.
Elas não conseguem movimentar seus membros. Cada estátua forma sua própria opinião. Tudo o que ela sabe provem de sua própria experiência. Ela foi sempre tal como é agora. Não se modifica. Enxerga. A mídia, de forma geral, explícita ou implicitamente, não conduz a atitudes de reflexão acerca dos problemas políticos ou sociais, sendo que a classe dominante procura, através dos meios de comunicação, impor idéias e conceitos de maneira subjetiva e inconsciente, produzindo, assim, modelos perfeitos de “seres humanos”. Será que a condição de “estátuas pensantes”, na realidade, não é a forma na qual nós somos moldados para atender aos anseios da sociedade de consumo? ATIVIDADE • Quem são as “estátuas pensantes” e por que esse nome? • Na sua opinião, o que as músicas a seguir querem expressar? New Wave Índio: Mukeka di Rato Composição: Mukeka Di Rato.
O índio tá vestindo camisa escrito USA / O índio tá assistindo um seriado na TV O índio tá aprendendo a violência na “telinha” / O índio tá usando a violência em você! O que é o índio? Esse eu não sei! / Só conheço o Batman e o Superman! I wanna speak Tupi Guarani!!! n Disponível em: www. cifraclub. terra. terra. com. br 218 Dança Educação Física PESQUISA Pesquise outros estilos de músicas que falem sobre a influência da mídia na sociedade. Compareas e construa um texto relacionando com o atual contexto sócio-histórico. z Indústria da Juventude O homem, ao buscar o corpo perfeito, torna-se um produtor e, ao mesmo tempo, consumidor da indústria da juventude, sendo facilmente manipulado ou usado para tal fim.
Quando a indústria da juventude refere-se à terceira idade, esse idoso assume características semelhantes aos grupos mais jovens, que têm vitalidade, alegria, prazeres. O termo terceira idade remete a uma continuação e não a um fim, tornando os idosos consumidores potenciais de tal indústria. Sobre tal influência da mídia em relação à velhice, Sfez indica que: Influência da Mídia sobre o Corpo do Adolescente 219 Ensino Médio “Assistimos ao esgotamento dos mitos e de suas promessas. A esperança dos amanhãs que cantam caducou e passou. Perdemos a ilusão e queremos voltar ao essencial, à substância de nossa vida. Pode impor idéias e con220 Dança Educação Física ceitos a serem seguidos, mas que, geralmente, servem aos interesses das classes dominantes.
O culto ao corpo está cada dia mais presente nas campanhas publicitárias, relacionando este culto à saúde e bem estar das pessoas, divulgando novas e diversas fórmulas para conseguir esses corpos valorizados e aceitos socialmente na busca incessante de uma identidade social. De acordo com esse anseio, a moda é utilizada como “arquivo e vitrine do ser/aparecer, sugerindo comportamentos e atitudes, fabricando selfs performáticos por meio de sutis recriações dos conceitos de verdade, de bem e de belo”. VILLAÇA, 1999, p. Selfs: Personalidades z Mas o que é belo? A noção de belo coincide com a noção de objeto estético só a partir do século XVIII; antes da descoberta da noção de gosto, o belo não era mencionado entre os objetos produzíveis e, por isso, a noção correspondente não se incluia naquilo que os antigos chamavam de poética, isto é, ciência ou arte da produção.
O olhar da ciência designa-lhe uma fungibilidade inespecífica, assim como um corpo morto assemelhar-se-á quimicamente, cada vez mais, a outro corpo morto”. “Ao recair numa lógica cega que não percebe o progresso como produtor também da regressão, mas o toma como algo positivo em si, o esporte acaba por ser expressão e vanguarda da violência, da aceleração da vida em direção à morte”. VAZ, 1999, p. Dicionário de Termos Utopia: qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da coletividade. Materialidade: tendência para valorizar apenas aquilo que é de ordem material. Isso fica a critério do coordenador. • Esquete: Pequena encenação relacionada ao tema estudado, em que os integrantes do grupo se apresentarão através de gestos, mímica ou movimentos, texto falado ou a critério do coordenador.
Dança Educação Física • Prática Esportiva: Apresentar alguma forma de modalidade esportiva procurando, através de adaptações feitas pela própria equipe, transformar as características competitivas em atividade cooperativa. • Imitação ou mímica: Representar diversas formas de influência presentes na mídia (comerciais e/ ou propagandas de marketing) em relação trato com o corpo. O coordenador da atividade terá como função “julgar” todas as provas realizadas. Detroit Institute of Art Detroit Influência da Mídia sobre o Corpo do Adolescente 223 Ensino Médio A massificação da dança não deve ser negada nem marginalizada. “A melhor solução seria partir, constantemente, dessa cultura de massa e construir a cultura elaborada. ” (GADOTTI, apud ARAÚJO, 1993, p. Analisando a origem e a evolução dos diversos tipos de dança, é fácil perceber sua importância histórica e social nos mais diversos momentos históricos da evolução da humanidade, assim como a pintura.
Nota-se que: n Festival de Parintins “(. Vejamos alguns exemplos no país: dança da tartaruga, dança da manivela, dança do pega-pega, dança das cachorras, dança da garrafa, dança do cavalo manco, dança da tomada, dança da motinha, dança do maxixi (não confundir com o maxixe, dança urbana que surgiu no Brasil por volta de 1875), e outras. Esses modismos vão e vêm de acordo com interesses de gravadoras e dos meios de comunicação. ATIVIDADE Escolha uma dessas músicas da moda, ao som da qual os jovens dançam em suas festas, e faça uma análise crítica da letra. Exponha suas conclusões, em forma de painel, aos seus colegas. E afinal de contas, você constrói o seu corpo ou deixa ser construído? 224 Dança Educação Física z Referências Bibliográficas ANDRADE, C.
In: GOLDENBERG, M. org. Nu & vestido. Rio de Janeiro: Record, 2002. MARCELLINO, N. Rio de Janeiro/RJ: Editora Ibero Americana, 1959. SFEZ, L. A saúde perfeita: crítica de uma nova utopia. São Paulo: Edições Loyola, 1996. SIMMEL, G. org. Que corpo é esse?. Rio de Janeiro: Mauad, 1999. z Documentos Consultados online OSÓRIO, A. A Geografia Corporal dos Espaços Abertos: reflexões sobre o corpo carioca. n Ilustração 1: Break Dance. Disponível em: <http://www. flogup. com/ el_sergy_20/448879>. Acesso em: 12 dez. Malcolm X e Martin Luther King, foram duas das grandes referências na luta popular do movimento Hip Hop, no que se refere a atitude contra a segregação racial e a violência com a população negra estadunidense. MAGRO, 2002 e MARTINS, s/d) A palavra Hip Hop é de origem estadunidense, e significa ‘saltar movimentando os quadris’ (Hip: Saltar; Hop: movimentando os quadris).
O termo foi criado pelo DJ Afrika Bambaataa, fundador da organização Zulu Nation. Saiba mais no quadro a seguir: Para alguns pesquisadores, um dos responsáveis pelo surgimento do Hip Hop é o DJ Africa Bambaataa. Ele foi um dos fundadores da organização Zulu Nation, no Bronx, Nova Iorque, em 12 de Novembro de 1973, que unia negros, jovens e pobres desfavorecidos de uma comunidade estadunidense. U. A foram um tempo de muitas batalhas e confrontos com a polícia. Vamos contextualizar o período para entendermos o porquê da indignação desse grupo. Você sabe o que estava acontecendo nos E. U. S. Departament of defense/Cesar Rodriguez, U. S. Air Force U. S. ” (HOBSBAWM, 1995, p. Outro acontecimento desse período, que causou muitas revoltas, Influência da Mídia sobre o Corpo do Adolescente 229 Ensino Médio foi a Guerra do Vietnã (1965-1975).
A maioria dos soldados recrutados para a linha de frente era de origem negra e latina. Enquanto milhares de pessoas morriam no Vietnã, nos subúrbios de Nova Iorque, afro americanos lamentavam a perda de duas grandes lideranças, Malcolm X e Martin Luther King, e exigiam justiça. Este ambiente influenciou bastante os precursores do Movimento Hip Hop. Ao ser apropriado pela mídia e transformado em uma cultura de massa, o Movimento Hip Hop foi marginalizado e criminalizado, pois não era interessante permitir que um grupo de pessoas disseminassem um discurso crítico sobre a realidade social. Inicialmente, o movimento expressava, através de seus elementos, a realidade principalmente da grande periferia. Por ter um caráter de reivindicação social, similar ao movimento negro, ao movimento em defesa dos favelados (MDF) e ao movimento dos trabalhadores rurais Sem Terra (MST), o Movimento Hip Hop preocupavam-se com a formação política de seus participantes e da sociedade.
Nesse sentido, a busca pelo conhecimento faz parte de seu compromisso, pois procuravam compreender como se estruturam as relações sociais. Alguns teóricos consideram o conhecimento como o quinto elemento do Movimento Hip Hop. Veja São Paulo, São Paulo, 17 set. Movimento Hip Hop A periferia mostra seu magnífico rosto novo. Caros Amigos Especial, n. São Paulo, set. Mano Brown Líder dos Racionais MC’s A periferia vai à guerra. Grifo nosso). Para saber mais sobre o surgimento dos movimentos sociais, políticos e culturais no Brasil, leia o Folhas: “Movimentos sociais, políticos e culturais na sociedade contemporânea: é proibido proibir?”, no Livro Didático Público de História. A partir desse cenário, podemos discutir a noção de Indústria Cultural. Este termo foi criado pelos pensadores alemães Theodor Adorno (1870-1941) e Max Horkheimer (1895-1973), da Escola de Frankfurt, para descrever uma espécie inserção no mercado de produtos cultu232 Dança Educação Física rais em série que são consumidos pela sociedade, isto é, uma indústria midiática ligada a um modelo de produção capitalista, que banaliza a cultura historicamente produzida pela humanidade, contribuindo para criar, reproduzir e manter uma ideologia dominante e de consumo.
A ideologia é um fenômeno histórico-social decorrente do modo de produção econômico. Registre as informações e, posteriormente, elabore um cartaz relacionando as informações obti- Influência da Mídia sobre o Corpo do Adolescente 233 Ensino Médio das na(s) entrevista(s) com o que foi até então discutido neste capítulo. Organize um debate em sua turma, a partir das seguintes orientações: Separe a turma em 2 grupos. O primeiro grupo defenderá o Hip Hop enquanto um movimento de resistência. O outro grupo defenderá a idéia de que o Hip Hop deve seguir a lógica de consumo. No final você deverá sistematizar as informações e repassar à turma o resultado das discussões. Esta desqualificação será defendida pelo jornal que inicia a reportagem de forma irônica com a seguinte pergunta: “Racionais na Globo? Sim.
” Para quem não conhece muito do assunto sejamos sintéticos na explicação da forma como a gran- 234 Dança Educação Física de imprensa brasileira manipula informações segundo os interesses da classe que representa e da qual é porta-voz. Vejamos como o assunto é tratado pelo Jornal: Pela primeira vez, o grupo de rap nacional mais avesso à mídia concordou em ceder um minuto de uma música para a emissora. O feito vai ao ar no próximo domingo, durante o “Fantástico”. A música “Negro Drama” irá compor a trilha sonora do quadro “Brasil Total”, ancorado por Regina Casé. O incômodo causado por estes quatro rapazes negros e pobres foi grande. Em diversos jornais foram publicadas matérias em que eram acusados de incitar os jovens à violência contra a polícia, contra os brancos, o ódio racial, entre outras incoerências semelhantes a esta recente matéria da Folha.
Desde de que surgiram, os Racionais seduzem milhares de jovens de todas as classes sociais, mas principalmente das classes mais pobres com sua postura consciente frente às diversas formas de dominação utilizadas pela elite na manutenção da atual desigualdade social e nas poucas oportunidades dos negros de se mobilizarem socialmente desde sua chegada ao Brasil, no século XVI. Parte desta postura coerente e afinada com o povo pobre é traduzida na aversão que o grupo tem à mídia comercial. Nunca se apresentaram na TV Globo, no SBT ou em outras emissoras que colaboram com a alienação através de novelas, filmes enlatados, etc. Mostrou uma ínfima parte de seu cotidiano, sua arte, suas inúmeras formas manifestação, de se fazer ouvir. Particularmente achei o quadro muito legal.
A TV Globo está passando por grave crise financeira, necessitando do dinheiro público, agora gerenciado por um governo mais voltado para a maioria, o que a impele a abrir espaço para as questões dos pobres em geral. A Globo é boazinha? Não. Ela dança conforme a música. Disponível em:<http://www. piratininga. org. br/artigos/2004/01/antonia-racionais. html>. ” (CAROS AMIGOS ESPECIAL, 1998, p. É claro que, não só com o Hip Hop, mas em todos os espaços sociais, existem pessoas que se utilizam de nomes de grupos para promover roubos, brigas, assaltos, invasões etc. Mas é importante estarmos atentos para o significado original de um movimento de resistência, para que não nos deixemos enganar pelos ‘equívocos’ da mídia. n www. derua. VARGAS, 2005) Esses jamaicanos fizeram sucesso com seu estilo diferenciado de fazer música, não demorando para que surgissem os grupos de RAP, que se espalharam por toda a periferia dos E.
U. A. especialmente Nova Iorque. O som era tocado na rua, através dos sound systems (muito parecido com trios elétricos brasileiros), principalmente porque a população dos guetos não dispunham de condições para freqüentar lugares fechados (elitizados). ” O trecho de música acima apresenta vários elementos para pensarmos a realidade social. Nesse sentido, organize na turma um debate para escutar a música e discutir os vários elementos presentes na letra completa, como violência, família, luta de classes, questões de gênero, entre outros. Você pode também escolher outro RAP para fazer a discussão. Dança Educação Física Atualmente, o RAP incorporou outras lógicas e foi massificado, ou seja, difundido com uma outra ‘roupagem’, sendo criminalizado e erotizado especialmente pela mídia.
É só perceber as várias músicas que tocam nas rádios nacionais ou traduzir as letras norte americanas, que se auto intitulam RAP, mas fazem apologia ao crime, ao uso de drogas e tratam as mulheres como objeto sexual. Influência da Mídia sobre o Corpo do Adolescente 239 Ensino Médio n Ilustração 5: Disponível em: <http://www. vermelho. org. br/diario/2004/0312/dj_big. jpg> Acesso em: 19 nov. Considerado o marco zero do movimento Hip Hop, Kool Herc (o “Hercules cool”), com 18 anos foi o primeiro DJ que falava num ritmo diferenciado, utilizando a parte instrumental dos discos juntamente com o Break. Junto com ele outros MC e vários dançarinos executavam seu número (Bboys). Até 1974, Kool Herc tocava músicas jamaicanas (reggae, ska e rock steady), sem grande sucesso, partindo para músicas mais conhecidas dos adolescentes, como James Brown, Sly Stone e George Clinton.
n Ilustração 6: MC. Disponível em: <http://pt. ” (VARGAS, 2005) Uma das qualidades que todo(a) MC deve ter é a capacidade de criar letras compostas ou improvisadas. No Brasil, atualmente, a prática dos MC parece não mais corresponder ao que era inicialmente. Muitos praticantes atuam numa outra forma de Funk, com conotação sexual e de culto ao corpo. Para saber mais sobre a precarização musical e a dança, leia o Folhas: “Quem dança os seu males. ”, p. Girl). Como você já sabe, durante e após a Guerra do Vietnã, alguns breakers criaram movimentos e coreografias com a intenção de expressar situações da guerra, como forma de protesto contra essa barbárie humana. Imitavam, através da dança e expressão corporal, os helicópteros, as lutas corporais de soldados que chegavam mutilados e outras situações específicas das batalhas.
Estes e outros movimentos são ainda hoje bastante utilizados pelos B. boys e B. Difundido especialmente na década de 90, incorporou outros elementos próprios da cultura local, como os movimentos que identificam a capoeira. Influência da Mídia sobre o Corpo do Adolescente 241 Ensino Médio Atualmente, este estilo de dança e outras práticas corporais estão subjugadas a lógica do capital, o que resulta na sua mercantilização. Não é por acaso que vemos na mídia, ou em outros espaços sociais, grupos de Break que vendem marcas de roupas, jóias etc. “Embora existam outras relações sociais de produção que não são capitalistas, são estas últimas que condicionam os seus diferentes modos de ser. ”, no ocidente. Após a discussão, cada grupo deverá escolher pontos que foram discutidos e apresentá-los em forma de dança (Break) ou Teatro.
Pode ainda convidar um grupo de dança ou colegas para apresentar movimentos básicos do Break. n Ilustração 8: Disponível em: <http://www. valinhos. sp. Projetava-se nas paredes, com pedras, pigmentos vegetais e gordura animal, o desejo de se conseguir capturar estas ou aquelas presas. Mas as funções das pinturas rupestres descobertas no sítio arqueológico de Lascaux não se resumiam a representar a subjugação dos animais pelos nossos antepassados. Estas inscrições pictóricas primitivas também se referiam a outros aspectos da organização social, do modo de vida e da cultura da época. PENNACHIN, 2003, p. Grifo nosso) Na década de 70 jovens pobres de Nova Iorque utilizavam-se dos mais diversos espaços, como muros, placas e trens, ou em qualquer lugar que fosse possível para expressar sua arte, isto é, desenhos com mensagens de protesto ou de conscientização.
Afinal, o que é o Movimento Hip Hop? “Os hip hoppers com seu jeito esquisito de se vestir e de falar, seu estranho bailado, com seu gênero de música popular, urbana, que consiste numa declamação rápida e ritmada de um texto, com alturas aproximadas, têm efetuado diferenças e deslocado as disposições do poder em diversos espaços e instituições. ” (JOVINO, 2004, p. Uma das constatações que podemos fazer é que a realidade acerca do movimento Hip Hop apresenta inúmeras contradições, quando analisamos suas diferentes formas de existir socialmente, desde o seu surgimento até os dias atuais. Ou seja, percebemos que este movimento surgiu com um propósito de resistência, mas ao longo dos anos foram dadas novas roupagens a ele, passando a aderir inclusive aos modelos de consumo e de mercado vigentes.
Influência da Mídia sobre o Corpo do Adolescente 243 Ensino Médio Essa enorme variedade de expressões do Hip Hop fazem desta prática um elemento importante a ser considerado pois, através dele, podemos inventar novas formas de existir, se relacionar e se expressar, conhecendo outros pontos de vista sobre a vida, possibilitando novos olhares para a realidade social. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. f. ALVES, F. S. e DIAS, R. Revista Caros Amigos (Especial): Hip Hop hoje. junho/2005. Disponível em: <http://www. carosamigos. terra. In. DAMIANI I. R. e SILVA, A. M. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. n. p. jan/jun, 2002. Caros Amigos Especial. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). Trad. Marcos Santarrita. ed.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Anais. Set. p. LEÃO, M. A. Adolescentes como autores de si próprios: cotidiano, educação e Hip Hop. In. Cadeno CEDES. v. p. Caderno Cedes. ano XXI, nº 54, agosto/2001, p. PENNACHIN, D. L. Signos subversivos: das significações de graffiti e pichação – metrópoles contemporâneas como miríades sígnicas. pr>. Acesso em: 29 nov. VARGAS, S. Diferentes linguagens na Educação Física: Projeto Hip Hop na Escola. Relato de experiência.
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