CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Tipo de documento:Artigo cientifíco
Área de estudo:Engenharia civil
Araraquara, SP 2018 RESUMO O momento de crise estrutural das cidades em decorrência dos problemas de ordem econômica, política, social e cultural, tem conduzido o fenômeno urbano em seu ritmo acelerado a um destino incerto. Diante disso, a gravidade da crise ambiental colocou, obrigatoriamente, as questões de sustentabilidade nas pautas das grandes negociações internacionais. Neste cenário, encontra-se a construção sustentável, na qual seu conceito baseia-se no desenvolvimento de soluções para os processos construtivos frente aos seus impactos ambientais, com uma visão multidisciplinar e complexa. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo apresentar uma reflexão quanto à inserção da sustentabilidade na construção civil. O presente estudo teve uma abordagem metodológica de revisão sistemática da literatura. Key-words: Sustainable development; Construction; Sustainable construction; Environmental management; Sustainability.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CIB Conseil International du Bâtiment CRISP Construction and City Related Sustainable Indicators OCDE Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 7 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 9 2. PROBLEMÁTICA AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL 9 2. A responsabilidade ambiental nas empresas de todos os setores é advinda de um contexto internacional cuja preocupação com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável ganha importância nos países membros das Nações Unidas. Neste cenário, encontra-se a construção sustentável, na qual seu conceito baseia-se no desenvolvimento de soluções para os processos construtivos frente aos seus impactos ambientais, com uma visão multidisciplinar e complexa. Sua característica mais marcante deve ser a capacidade de planejar e prever todos os impactos que possam ser provocados, antes, durante e depois do fim da vida útil da edificação.
Posto isto, o presente estudo tem como objetivo principal apresentar uma reflexão quanto à inserção da sustentabilidade na construção civil, visto que há necessidade de uma nova atitude empresarial, considerando o meio ambiente em suas decisões, contribuindo assim, para capacidade de suporte do planeta. Para alcançar o objetivo proposto, o presente estudo caracteriza-se como descritivo, com abordagem metodológica de revisão sistemática da literatura, cujo objetivo é realizar sínteses da literatura sobre um tema específico, mediante avaliação crítica e sumarizada das informações apuradas. Decorrente disso, aponta-se os processos construtivos como grandes responsáveis dos impactos ambientais advindo da geração de energia, desde a extração e processamento (quando se trata de carvão, petróleo, gás natural e urânio), até a construção/operação de centrais e redes elétricas de transporte (OCDE, 2003).
Vale ressaltar que grande parte da energia consumida é resultante de fontes não renováveis, consequentemente, associa-se à liberação de grandes quantidades de gases do efeito estufa. Uma pesquisa realizada em 2004, relevou que as emissões de CO2 irão crescer cerca de 1,7% ao ano e em 2030, as emissões chegarão serão de 38 bilhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 62% em relação aos níveis de 2002 (IEA, 2004). Além das emissões ocasionadas pela geração de energia, outro grande vilão da construção é o cimento, pois para sua produção são consumidas significativas quantidades de combustíveis fósseis. De 1995 para 2005 houve um crescimento aproximado, em escala global, de 80% na produção de cimento (USGS, 2007). Segundo Campos e Melo (2008), esse tipo de gestão corresponde à adoção dos conceitos socioambientais no conjunto de políticas, bem como, nas práticas administrativas e operacionais.
Vale ressaltar que o objetivo principal é a eliminação ou mitigação dos danos ambientais e sociais em todos os níveis e fases da organização, incluindo planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação. As razões para isso são diversas, em primeiro lugar, a sociedade, cada vez mais conscientes das limitações de recursos oriundos do ambiente natural e da necessidade de um desenvolvimento sustentável, passaram a exigir um comportamento ambientalmente correto das organizações, exercendo uma forte e crescente pressão sob empresários e governantes (MAGRINI, 2001). Todavia, a razão da problemática atual está nas condições e relações capitalistas, que não querem incorporar o custo socioambiental em sua contabilidade (SPAARGAREN, 1996). Muitas organizações resistem quanto à suas responsabilidades socioambientais, pois não visualizam ações voltadas para essa vertente como investimento e sim, como custos adicionais ou muitas vezes, como prejuízo (DIAS, 2011).
Outro fator relevante ao estímulo quanto às questões socioambientais é o comércio internacional. Esse comércio combina elementos dos três fatores citados, pois envolve regulamentação pública, pressões da sociedade civil e de mercado, assim, a busca de maior competitividade pelas empresas, passa pela promoção de ações de resposta positivas frente às novas demandas socioambientais (AVILA; PAIVA, 2006). Empresas brasileiras, dos setores de papel e celulose, couro e calçados e ainda o têxtil, por exemplos, que apresentaram dificuldades para exportar seus produtos para os Estados Unidos, Europa e Japão, uma vez que os países importadores alegavam que estas empresas eram altamente poluidoras (TACHIWAZA, 2015). Sendo assim, a preocupação com a responsabilidade socioambiental é um tema cada vez mais presente na gestão das organizações, tornando-se uma variável importante em suas estratégias competitivas, visando atender às expectativas da sociedade.
As organizações deixaram de ser vistas apenas como instituições econômicas, com responsabilidades para resolver os problemas meramente econômicos – o que produzir, como produzir e para quem produzir – e passaram a se voltar também para questões de caráter social, político e ambiental, tais como: controle da poluição, segurança e qualidade de produtos, assistência social, defesa de grupos minoritários, entre outros (SILVA FILHO, 2007). O conceito é holístico, como também, multidisciplinar. Holístico porque simplifica em objetivos concretos as interações importantes existentes entre o meio natural e o meio construído, ajudando assim, que a indústria da construção esteja cada vez mais em conciliação com o desenvolvimento sustentável (ÂNGULO, 2000). A questão da multidisciplinaridade está relacionada aos diferentes processos e intervenções que envolvem os produtos finais desta indústria, na qual necessita que sejam integradas diferentes formações profissionais desde o projeto até a última etapa do ciclo de vida.
Diante disso, o conceito vem sofrendo modificações com o passar do tempo, mas, a definição base é a de Kibert (1994) no âmbito do CIB (International Council for Research and Innovation in Building and Construction), na qual o mesmo refere-se como objetivo da construção sustentável “a criação e manutenção responsáveis de um ambiente construído saudável, baseado na utilização eficiente de recursos e em princípios ecológicos”. Sendo assim, o CIB apresentou sete princípios para a construção sustentável, entre eles: Reduzir o consumo de recursos; Reutilizar recursos; Utilizar recursos recicláveis; Proteger a natureza; Eliminar os produtos tóxicos; Analisar os custos de ciclo de vida; Assegurar a qualidade. Então, o objetivo é modificar este quadro, visto que pequenos investimentos com novas tecnologias e materiais inclusos nas fases de projeto e de construção possibilita consideravelmente o aumento no ciclo de vida.
Além disso, as construções devem ser mais flexíveis, sendo possível permitir o seu ajuste a novos usos. • Conservação e manutenção das construções: Muitos empreendimentos esquecem que após o processo construtivo, necessita-se de investimentos periódicos para conservação, pois com o passar do tempo acontecem ações físicas, químicas e mecânicas, atingindo o conforto e a segurança da estrutura da construção, podendo assim, ocasionar estado de ruína total ou parcial. • Materiais ecoeficientes: são materiais também conhecidos como ecológicos que durante o ciclo de vida (da extração até devolução ao meio ambiente) possuem grau de impacto ambiental baixo. Para serem considerados ecoeficientes, os materiais devem cumprir requisitos como, por exemplo, não devem conter químicos prejudiciais à cama de ozônio, ser durável, exigir pouca manutenção, incorporar baixa energia primária, estar disponível próximos ao local da construção e ser advindo de materiais reciclados e/ou serem propícios a reciclagem ou reutilização.
Prioridades da construção sustentável 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme os resultados obtidos neste trabalho, torna-se claro a inserção da vertente sustentabilidade nos processos construtivos. Quanto mais sustentável uma construção, mais responsável será por tudo que consome, gera, processa e descarta em todas as fases, desde o projeto até depois do fim da vida útil da edificação. REFERÊNCIAS ANDRADE, R. O. jan/jun. ANGULO, S. C. Variabilidade de agregados graúdos de resíduos de construção e demolição reciclados. São Paulo, 2000. n. p. BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. CAMPOS, L. M. S. M. FERREIRA, E. Produção mais limpa. In: VILELA JR, A. DEMAJOROVIC, J. World Energy Outlook – 2004. International Energy Agency, 2004.
John, V. M. Zordan, S. ISBN 0-471-66113-9. New Jersy, United States of America, 2005. KIBERT, C. Estabilishing Principles and Model for Sustainable Constrution. In: Proceedings of the First International Conference of CIB TG 16. Tecnologias Construtitvas para Sustentabilidade da Construção. Edição Ecopy. ISBN 978-989-95194-1-1. Porto, 2006. MATOS, G; WAGNER, L. Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento. Relatório ENV/EPOC/WPNEP. Paris, 2003. SAMPAIO, R. F. Aplicação da produção mais limpa em uma empresa como ferramenta de melhoria contínua. Revista Produção, v. n. p. SPAARGAREN, G. Cement Statistics and Information. United Stated Department of Energy. E. U. A. E. Qualidade Ambiental: ISO 14000. ed. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2002.
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