Artigo - TCC Geografia Regional Brasileira - Trabalho de Pós-Graduação

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Sociologia

Documento 1

Palavras-chave: Região. Geografia. Desenvolvimento Regional. INTRODUÇÃO Para iniciar esta discussão, pretendemos compreender o significado de espaço para nos aprofundarmos na categoria analítica da geografia denominada “Região”. Para isso, deve-se enfatizar que a prática da regionalização se dará por meio do processo de organização e produção humana. p. Em primeiro lugar, existem elementos no conceito de espaço geográfico que são incompletos por si próprios. Esses elementos tendem a se complementar, pois a geografia é uma, não separada, pois sempre persistem na geografia física e na geografia humana. A chamada acumulação desigual do tempo leva a uma expressão visível e tangível da (re)estruturação social, incluindo suas ações e subordinação, bem como sua superação.

Porém, para alguns, esse conceito está carregado apenas de conteúdo discursivo puramente humano, porém, se o analisarmos em sua essência, esse discurso previamente digitado nos permite a seguinte reflexão: como e onde pode ocorrer esse acúmulo de tempo? Isso acontecerá por si só, apenas sob a influência das ações humanas? Portanto, tudo faz parte de uma interpretação sistemática, pois não estamos flutuando no espaço geográfico. A primeira conceituação sistemática de região foi dada por Herbertson (1905, p. Em relação aos seus elementos metodológicos o autor procurou criar uma “geografia sistemática” e, tem o objetivo de encontrar “ordens de divisões geográficas” no globo terrestre. Assim, é marcante a tentativa de definição da regionalização, isso se mostra claramente nos procedimentos de classificação da biologia – especialmente em relação à hierarquia da divisão dos seres vivos em espécies e gêneros – apontando uma abordagem dedutiva baseada em critérios de delimitação das regiões, e desta forma “dividir o mundo em grandes regiões naturais” (HERBERTSON, 1905, p.

Nesta perspectiva, Herbertson (1905) sugere quatro “classes de fenômenos” utilizadas para definir regiões: 1) configuração – são os elementos de geologia e de geomorfologia da superfície terrestre; 2) clima – temperatura, precipitações e massa de ar; 3) vegetação; 4) densidade populacional. Neste sentido, definir as regiões naturais são “o passo necessário para a solução final dos problemas da geografia” (DRYER, 1915, p. GALLOIS, 2013, p. Paralelamente à investigação de Lucien Gallois, Vidal de la Blache expressa em diversas obras, todas as suas construções explicativas sobre a geografia, visando conjugar os elementos “naturais” e “humanos” para, assim, explicar os fenômenos geográficos. Com formação em história, o autor demonstra grande atenção aos longos períodos de tempo necessários para a formação de regiões e, assim, reduz a ênfase nos determinantes naturais da configuração das várias formas da superfície terrestre.

Para unificar os aspectos físicos, a atividade humana e a duração histórica, La Blanche conceitua um “gênero de vida”, que seria uma síntese da articulação entre as disponibilidades fisio-geográficas das localidades do planeta e, bem como, adaptações ativas e lentas realizadas pela sociedade. Neste sentido, Grigg (1974, p. O desafio da geografia é encontrar maneiras de combinar esses fatores em todas as partes da superfície da Terra e determinar as "ordens" e "unidades" existentes que surgirão dessas combinações. Ao raciocinar sobre fenômenos regionais, Cholley abriu a possibilidade de um estudo combinado desses três fatores (físico, biótico e social), como Jacques May posteriormente desenvolveu em sua proposta de "geogênios" (ou seja, fatores ambientais que interferem na disseminação de "patógenos"), que podem ser divididos precisamente em "físicos", "biológicos" e "sociais" (BOUSQUAT; COHN, 2004).

Este período de desenvolvimento do conceito de região caracteriza-se, em primeiro lugar, por ir além da definição de uma região baseada na predominância de dados naturais em sua composição. Se para Herbertson o desenvolvimento da concepção de região se dá a partir de dados sobre a "configuração", "clima" e "vegetação" de partes do globo, todos os demais autores analisados se empenharam em trabalhar o conceito regional sobre escalas menores, especificamente a “mesoescala”, definida como as áreas de espaço dentro dos limites territoriais dos países. É a partir desta perspectiva que Max Sorre dá uma das definições mais relevantes definições de região na geografia humana, afirmando que “se trata destas áreas restritas individualizadas pela uniformidade de condições físicas no interior de seus limites e por um gênero de vida particular, ou ao menos pelas nuances de um gênero de vida” (Sorre, 1952, p.

REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO A PARTIR DAS REDES URBANAS Conjuntamente com esses novos métodos e conceitos de análise regional, uma grande quantidade de propostas desenvolvidas na Europa após a Segunda Guerra Mundial, colocam a formação e o desenvolvimento de redes urbanas no centro da discussão. Diante disso, as cidades passam a ser compreendidas como o centro do governo da região em que estão localizadas (DICKINSON, 1961). Esta introdução da rede de cidades no pensamento regional é baseada na obra do geógrafo alemão Walter Christaller (1996). Para o autor as “regiões complementares” são o resultado do funcionamento sistêmico das cidades, que, por sua vez, terão sua organização em função da importância de cada cidade como fornecedora de bens e serviços de complexidade variável.

Quanto mais complexas forem as atividades do serviço e do comercio nos centros urbanos, maior o alcance dos bens que esse território oferece. Basicamente, Michel Rochefort (1960) propôs os conceitos de "relação de vida" e "rede urbana" como as principais ferramentas para identificar regiões da superfície terrestre. Cada pedaço do espaço geográfico terá um conjunto de cidades funcionando em unidade, e as cidades com prestação de serviços mais complexos terão uma "zona de influência" maior e representarão o centro de comando da região em questão; ou seja, será uma “metrópole regional”. A “estrutura regional” de cada rede urbana consistirá em três componentes principais: 1) “metrópole regional” ou “capital regional”; 2) algum tipo de "centros intermediários"; e 3) um extenso conjunto de “centros locais” de menor complexidade econômica, “centros locais” que pagam impostos aos “centros intermediários” e as metrópoles regionais.

Ressalta-se, portanto, que existe uma hierarquia entre os centros urbanos de acordo com o tipo de atividade central que realizam, e que “daí não se poder estudar uma cidade isoladamente, como forma de atividade: a unidade deverá ser a ‘rede urbana’” (ROCHEFORT, 1961, p. Outro conceito emerge desse estudo original que se tornará muito importante para a compreensão das redes urbanas - e das regiões - em suas formas contemporâneas. “na época contemporânea, não é, portanto, a região que criou sua capital, é a cidade que forjou sua região”. Comunicações: são os equipamentos de transporte utilizados para ligar as comunicações (especificamente as redes rodoviárias e ferroviárias). Eles podem tanto fortalecer a centralização de algumas cidades – em detrimento de outras – quanto tornar o desenvolvimento regional dos países mais "equilibrado".

Governança: que são os mecanismos institucionais de controle sobre as regiões. Para Kayser, as funções administrativas deveriam representar uma divisão hierárquica da vida urbana na região considerada. Segundo Kayser (1971, p. “a regionalização é o meio, assegurando a melhor utilização possível do espaço, de contribuir ao desenvolvimento”. Essa geração de geógrafos acabará por consolidar também uma visão “normativa” da região e da regionalização, tornando ambos os conceitos instrumentos fundamentais da ação do Estado (HAESBAERT, 2010). CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO REGIONALIZAÇÃO PELA REGIONALIZAÇÃO Góes Filho (2010) propõe repensar a forma de regionalização do Brasil a partir das regiões geoeconômicas, onde a atividade econômica será o fator dominante na divisão dos territórios.

Regiões de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que enfatiza a participação da maioria da população no desenvolvimento socioespacial do país; não esquecendo as regiões com base na divisão oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divide o país em aspectos físicos, sociais e econômicos, ou seja, regionalização. Esse processo concentra-se na atual região Centro-Sul (regionalização em regiões geoeconômicas) por meio de uma reorientação do investimento de capital da oligarquia cafeeira como um primeiro passo. Ainda neste século, começou a surgir uma divisão inter-regional do trabalho, impulsionada pelo início da diversificação econômica, bem como pela atração de imigrantes para as regiões Sul e Sudeste do Brasil, aumentando a singularidade das regiões "progressistas" sob o pretexto de ser uma força de trabalho mais especializado.

No entanto, essa longa defasagem espaço-tempo coloca o Brasil em um estágio avançado no processo de industrialização. No período de 1930 e 1950: o Brasil iniciou um processo de controle de imigração na década de 1930. Nas regiões Sul e Sudeste, a atividade econômica é diversificada, o que implica atrair pessoas de outras regiões do Brasil, em particular do Nordeste, para o crescente êxodo da população rural servindo de mão-de-obra na “indústria, comércio e Serviços". No período de 2000-2010: Por meio de políticas públicas, incentiva a distribuição de renda entre a população, e desenvolve estratégias para promover, por meio de financiamentos e investimentos, a instalação de indústrias em diferentes pontos do país, restabelecendo-se por meio de parcerias entre iniciativa pública privada a financeirização implica a abertura econômica de produtos estrangeiros e o ciclo de investimento nos setores de serviços e manufatura, reforçando o movimento de retroalimentação promovido pelo Consenso de Washington do final dos anos 1980, onde trabalho, serviços e soberania são suprimidos.

O ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano em nível mundial em: 1) países com um nível de desenvolvimento humano muito alto é usado para recuperar aspectos como renda, educação e expectativa de vida, medidos como novos elementos de regionalização em nível global; 2) Países de Alto Desenvolvimento Humano, destacados na 75ª posição, Brasil; 3) Países de Desenvolvimento Humano Médio; e 4) Países com baixo nível de desenvolvimento humano. Figura 1: Divisões Regionais Fonte: Geografalando (2013) Referindo-se à regionalização sob pressão geoeconômica, Góes Filho (2010, p. refere-se à diferenciação singular como uma das condições para a criação de novos estados brasileiros com base em interesses e ideologias distintas, bem como à proposta de Milton, que emerge da teoria e método no ambiente técnico-científico-informativo, desenvolvendo em conjunto com Maria Laura Silveira (vide Figura 1) uma proposta de regionalização.

Como regiões geoeconômicas, a população economicamente ativa (PEA) e a distribuição de renda do Brasil se destacam em uma análise baseada nos dados de 2001 do IBGE: Região Centro-Sul: 60% da população brasileira está localizada próxima aos países que formam com o Brasil o bloco econômico do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); tem uma grande integração inter-regional baseada em complexos agroindustriais, em benefício de políticas multimodais e multimodais; cinco regiões metropolitanas; está em meio à descentralização econômica e à alienação da população. No caso do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), esse fato se manifesta no desaparecimento das fronteiras macrorregionais que surgem no processo de integração das dinâmicas regionais no território nacional. Acreditamos que o caminho fundamental da geografia é apoiar-se num verdadeiro, aliás, método geográfico, que deve levar em consideração as nossas práticas de vida, a interação com os nossos objetos de investigação e contribuir para a exposição e resolução dos problemas que possam surgir, nos possibilitando a libertação dos paradigmas reducionistas que insistem em que a geografia seja uma ciência que estuda o que está acima da superfície da terra, esquecendo que o que está abaixo e acima tem conexões, e isso nos permite compreender melhor diversos conceitos.

Por fim, torna-se necessário continuar a busca de atividades que promovam a mediação didática por meio de conceitos geográficos e tornem o ensino da Geografia menos enfadonho e mais criativo; procurando tomar como base a realidade vivida pelos alunos. REFERÊNCIAS BATAILLON, C. Six géographes en quête d’engagement: du communisme à l’aménagement du territoire: essai sur une génération. BOUSQUAT, A. Conceitos de espaço na análise de políticas de saúde. Lua Nova, São Paulo, n. p. jan. CHRISTALLER, W. Central places in Southern Germany. London: Prentice Hall, 1966. CLAVAL, P. L’Évolution de la géographie humaine. C. A concepção de ‘espaço’ na investigação epidemiológica. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.

n. p. C. Regionalização: considerações metodológicas. Boletim de Geografia Teorética, Rio Claro, v. n. p. Acesso em: 29 jul. GÓES FILHO, José Pinto. A Construção de um Espaço Nacional. In. HAESBAERTH, Rogério. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. GRIGG, D. Regiões, modelos e classes. In: CHORLEY, R. The major natural regions: na essay in systematic geography. The Geographical Journal, London, v. n. p. JUILLARD, E. p. KAYSER, B. Les divisions de l’espace géographique dans les pays sous-développés. Annales de Géographie, Paris, v. n. Métodos de estudo das redes urbanas: interesse da análise e do setor terciário da população ativa. Boletim Geográfico, Rio de Janeiro, v. n. p. ROCHEFORT, M. JONES, C. American Geography: inventory and prospect.

Syracuse: Syracuse University Press, 1954. p.

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