A psicopedagogia clínica e suas intervenções nos anos iniciais

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

INTRODUÇÃO Comumente na atualidade quando se fala em psicopedagogia automaticamente imagina-se estar se tratando da união das duas seguintes ciências: ciência pedagógica e ciência psicológica, isso acontece primeiramente por causa da epistemologia da palavra, no entanto a mesma não pode ser considerada como limitada apenas por essas duas áreas pois se trata de uma ciência em constante construção e como tal absorve aspectos multidisciplinares de diversas ciências que lhe servem de complemento como neurologia, psicanalise, assistência social e fonoaudiologia, embora por muitos anos a mesma tivesse sido apenas associada a ciência medico-pedagógica objetivando encontrar as dificuldades de aprendizagem dos indivíduos na atualidade a mesma passou a ter uma aplicabilidade mais ampla como diz Beyer(2003): As teorias vinculadas a ela são relacionadas à prática pedagógica, envolvendo o atendimento às necessidades individuais de aprendizagem, o fracasso escolar e a apropriação do conhecimento; à prática clínica, integrando compreensão, prevenção e métodos terapêuticos ao analisar o aprender; à área hospitalar, no que diz respeito à continuidade do processo de aprendizagem, aliada à Fonoaudiologia, Neurologia, Fisioterapia, Psicologia, e Medicina em geral, fazendo deste processo doloroso, um momento mais humano; e finalmente, à área empresarial - trabalhando com os processos de aprendizagem individual e organizacional, em parceria com o psicológo organizacional e o profissional de Recursos Humanos no que se refere ao recrutamento de pessoal, treinamento, melhorando a qualidade do trabalho, da produtividade e as relações intra e interpessoais, administrando conflitos.

Desse modo pudemos reforçar como citado anteriormente que o psicopedagogo não é um profissional que trabalha sozinho, no entanto é instrumento essências para que a equipe profissional multidisciplinar possa assumir uma postura efetiva diante do diagnóstico, acompanhamento e solução das dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento, segundo Bossa (2011) A psicopedagogia é justamente a ciência que surge a partir da necessidade de criar-se um instrumento para ajudar os indivíduos portadores de dificuldades de aprendizagem em todos os âmbitos que atuação que o mesmo compete, atuando acima de tudo no ramo da ação preventiva através de atendimentos inclusivos e individualizados. A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA A psicopedagogia é uma profissão de extrema importância, pois a mesma foi construída para garantir o desenvolvimento de indivíduos que não seriam capazes de atingir o seu desenvolvimento pleno apenas com o modelo sócio educacional onde maioria das crianças está inserida, no entanto apesar da importância que o mesmo exerce ou pode vir a exercer na sociedade essa profissão é um pouco desconsiderada.

Isso se dá pelo fato do pouco conhecimento que se tem sobre a mesma, na maioria dos âmbitos populares a mesma é apenas a união de conceitos da pedagogia com a psicologia no entanto a maioria das pessoas desconhece a importância que está “simples união de conceitos” possui, a partir deste trabalho objetivamos trazer um esclarecimento sobre o que seria realmente a psicopedagogia, suas áreas de atuação, sua construção histórica, seus conceitos técnicos, critérios de formação, critérios éticos desta profissão tão relevante socialmente e por fim quais os benefícios que podemos observar que essa profissão embora tão pouco conhecida e procurada no meio popular já tem trazido para a comunidade cívica na qual estamos inseridos. A metodologia escolhida para a construção deste trabalho foi uma pesquisa bibliografia através da qual realizaremos um levantamento bibliográfico documental que culminará em um aprofundamento teórico reflexivo a cerca da problemática exposta acima.

Pesquisas neurológicas apontam que é nesta fase que acontece a maior parte do desenvolvimento cerebral, pois é momento onde o mundo da criança se expande da sua casa e seus pais para uma realidade diferente e cheia de elementos diferentes que passam a lhe representar desafios a serem superados no seu dia a dia a partir do momento em que sua capacidade motora e cognitiva for pouco a pouco se aprimorando, pois as capacidades físicas, cognitivas e emocionais são intrinsecamente interligadas desde a primeira infância (National Scientific Council) Por esse motivo o indivíduo em idade escolar por estar construindo juntamente seu desenvolvimento conteudista e social tende a ter uma valorização exacerbada sobre a sua imagem social diante dos outros, por isso quando o mesmo apresenta dificuldades de aprendizado ou desenvolvimento em comparação com o restante da sua turma não raro passa a refletir um comportamento de frustração e decepção que comumente acarretam outros problemas baixa autoestima, dificuldade de auto aceitação e um processo de negação da sua dificuldade que tornam ainda mais difíceis tratamento e superação do problema, no entanto existe uma linha de pensadores que afirmam que esses inúmeros complexos desenvolvidos não são inatos, mas sim um reflexo da nossa sociedade que tende a valorizar excessivamente as notas e o desempenho do estudante, mas segundo Moysés e Lima (1982) Isso é um equívoco pois para eles: "O que devemos valorizar - um resultado de teste ou a realidade, a vida de uma criança? São crianças que não passam numa prova de ritmo e sabem fazer batucada.

Que não têm equilíbrio e coordenação motora e andam nos muros e árvores. Que não têm discriminação auditiva e reconhecem cantos de pássaros. Crianças que não sabem dizer os meses do ano, mas sabem a época de plantar e colher. Não conseguem aprender os rudimentos da aritmética e, na vida, fazem compras, sabem lidar com dinheiro, são vendedores na feira. A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL: No entanto para que o profissional seja capaz de realizar um trabalho de qualidade como o que é orientado pela legislação Brasileira o mesmo deve ser fruto de uma formação de qualidade, no nosso país a formação do psicopedagogo ocorre através dos níveis de graduação e pós graduação das linhas lato sensu (especialização) ou strictu senso (mestrado profissional ou acadêmico e doutorado) regidos pela portaria normativa n° 7 de 22 de junho de 2009, segundo a classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do ministério do trabalho e emprego (TEM) (BRASIL, 2002) a psicopedagogia se insere na linha das ciências ocupacionais e se constrói a partir dos seguintes princípios norteadores: • Proporcionar a conscientização da diversidade das potencialidades, respeitando as diferenças de natureza cultural e ambiental, de gêneros, de faixas de geração, de classes sociais, de religiões, de necessidades especiais, de orientação sexual, entre outros fatores; • priorizar as ações que envolvam os direitos humanos visando uma sociedade inclusiva e regida por princípios de equidade, com ênfase nas potencialidades do sujeito da aprendizagem a partir das quais será possível vencer as dificuldades ao longo do processo de desenvolvimento; • valorizar o pensamento reflexivo, crítico e transformador a partir da criatividade e da curiosidade desenvolvidas a partir do contato do indivíduo com os desafios do cotidiano; • conscientizar, pais, professores e demais integrantes da equipe escolar e das equipes de instituições de saúde da importância do trabalho coletivo pautado pela ética e sigilo profissional; • respeitar aos saberes específicos das áreas afins e dos profissionais, tornando possível um trabalho multidisciplinar completo que só pode ser realizado a partir de uma equipe multiprofissional onde todos exercem um papel de igual importância para o desenvolvimento da criança.

Que devem servir para formar profissionais atentos e preparados para as demandas sociais, contemporâneas e em potencial. CONCEITOS ÉTICOS DA PSICOPEDAGOGIA: Não existe quando falamos de ética de um conjunto rígido de normas que delimitem o que é ético ou não, para Chauí (2003), a ética como a conhecemos é uma questão de algo “determinado coletivo, como ele se desenvolveu e como age. Já, a moral – um dos objetos da ética – é um conjunto de regras gerais de uma sociedade que, ao ser introjetada pelas pessoas, torna-se uma questão de consciência individual. ” A ética sempre virá associada a moral e para a psicopedagogia clínica a mesma não poderia ser algo diferente, pois a mesma é aplicada justamente na fase do desenvolvimento da criança onde são construídos entre outras coisas os valores de civilidade necessários para que se possa desenvolver uma boa vivência em sociedade.

A aprendizagem é entendida aqui como decorrente de uma construção, de um processo o qual implica em questionamentos, hipóteses, reformulações, enfim, implica um dinamismo. A psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos neste processo. ” (Rubenstein apud Fermino, 1996) E o autor vai ainda mais além quando afirma que o psicopedagogo: “é como um detetive que busca pistas, procurando selecioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua meta fundamentalmente é investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para, valendo-se desta investigação, entender a construção da dificuldade de aprendizagem. ” (Rubinstein, apud Fermino, 1996) Pois é este profissional que a partir do acompanhamento e do desenvolvimento dos seus pacientes atua preventivamente inclusive na relação com outros problemas do cenário educativo Brasileiro tais como os índices de evasão escolar.

Segundo pesquisas realizadas pela UNICEF 97% das crianças com idade escolar estão matriculadas em algum tipo de instituição pública ou privada, mas o mesmo órgão indica que para cada 100 alunos matriculados apenas 47 terminam o 9° ano do ensino fundamental dois, podemos observar os índices preocupantes de evasão na tabela abaixo: Podemos observar também que essa taxa tem decrescido lentamente a partir do momento em que o governo do nosso país implantou inúmeros programas estratégicos de manutenção das crianças na escola, mas o número dessas crianças que abandonam os estudos ainda são uma quantidade expressiva, e por que isso acontece? Acreditamos que esse auto índice de evasão está associado ao índice de repetência escolar do País que é um dos mais altos do mundo e que continua em progressão como podemos observar no quadro abaixo: FONTE, INEP, 2006.

Por este fator a intervenção – ou no caso prevenção – psicopedagógica se dá de maneira menos sofrida para o paciente e mais eficaz tanto em tempo de realização quanto em resultados atingidos, pois na atualidade observa-se o aumento dos casos de crianças com idades cada vez menores precisando do acompanhamento do psicopedagogo para suprir suas necessidades de desenvolvimento, segundo Oliveira (2006) Isso se dá pelo seguinte fato: Na realidade atual, o que temos observado é que as famílias estão meio perdidas, não sabendo lidar com situações novas: pais que trabalham o dia todo fora de casa, pais que brigam o tempo todo, desempregados, usando drogas, pais analfabetos, separados e mães solteiras. Essas famílias acabam transferindo para a criança, e esta entra num processo de dificuldade, e acabam depositando toda a responsabilidade para a escola, sendo que, em decorrência disso, presenciamos gerações cada vez mais dependentes, e a escola tendo que desviar de suas devidas funções para poder suprir outras necessidades.

Seja por essa realidade problemática citada acima, ou por fatores neurológicos como transtornos ou síndromes – como síndrome de Down, síndrome de West, autismo, dislexia, disgrafia, discalculia, hiperatividade, transtorno de ansiedade generalizada ou outros – o fato é que quanto mais cedo diagnosticado e acompanhada a criança for, menores serão os impactos que as suas dificuldades causarão em sua vida como um todo, se o tratamento para o transtorno ou dificuldade de aprendizado que a criança possuir for tratada paralelamente com as suas descobertas conteudistas, atitudinais, comportamentais e sociais esse desenvolvimento se dará de maneira quase espontânea o que impactará num processo menos traumático que não oferecerá dificuldades nem para a auto estima nem para nenhum outro aspecto psicológico da criança.

As visitas ao psicopedagogo longe de serem um momento de tratamento para um problema de dimensões já preocupantes serão apenas mais uma etapa rotineira do desenvolvimento do individuo em todos os seus âmbitos de atuação. Por este motivo o psicopedagogo não pode ser um profissional estranho ao desenvolvimento da criança, tenha ela dificuldade de aprendizagem e desenvolvimento ou não, pois muitas vezes os pais e professores não conseguem perceber uma dificuldade que embora sutil pode vir a impactar toda a vida escolar e consequentemente social da criança, as ações de solução para as dificuldades de desenvolvimento seja ela em qualquer grau deve inserir-se no cotidiano da nossa sociedade, pois como já foi dito, apenas a partir de um acompanhamento psicopedagógico efetivo será possível transformar o desempenho social dos indivíduos e consequentemente toda a questão do desenvolvimento qualitativo da sociedade.

 São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995. Fermino Fernandes Sisto. ET AL). Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar Petrópolis, RJ; Vozes, 19906. Lins, M. BRASIL. Decreto nº 5. de janeiro de 2005. 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Diagnóstico e avaliação psicopedagógica. Disponível em: http://www. ideau. com. br/bage/upload/artigos/art_28. Publicado em 2012 Disponível em: http://www. periodicos. uem. br/ojs/index. php/EspacoAcademico/article/viewFile/17281/10050 Acessado em maio de 2018. psicopedagogiabrasil. com. br/em-branco-cmlo EM: MAIO DE 2018 BOSSA, N. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Ed. R. A. PSICOPEDAGOGIA: SUA HISTÓRIA, ORIGEM E CAMPO DE ATUAÇÃO REVISTA REVELA ANO VIII - EDIÇÃO DE JULHO ISSN: 1982-646X SÃO PAULO 2015 BRASIL. Parecer do Conselho Nacional de Educação/CP, 2001.

National Scientific Council on the Developing Child, the National Forum on Early Childhood Program Evaluation.

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