DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: LIMITES E POSSIBILIDADES À ATUAÇÃO DOCENTE

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Palavras-chave: Rotulacionismo. Dificuldade de Aprendizagem. Teorias de Aprendizagem. Intervenção Pedagógica. INTRODUÇÃO Entendemos que todos os procedimentos que devem ser aplicados à prática do ensino na educação infantil estão eivados de complexidades, dada a conjuntura composta por crianças com diferentes contextos de vida. a metodologia, É a discussão epistemológica sobre o “caminho do pensamento” que o tema ou objeto de investigação requer; b) como a apresentação adequada e justificada dos métodos, técnicas e dos instrumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas à indagação; c) e como a “criatividade do pesquisador”, ou seja, a sua marca pessoal e específica na forma de articular teoria, métodos, achados experimentais, observacionais ou de qualquer outro tipo específico de respostas às indagações específicas.

A teoria e o método, embora não sejam sinônimos devem ser tratados de forma integrada e apropriada quando escolhido um tema, um objeto, ou um problema de investigação (MINAYO, 2007). ROTULACIONISMOS QUE CERCAM A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM O fracasso da alfabetização brasileira é tributário de um arranjo de ensino concentrado nas classes de maior poder aquisitivo, sendo o processo de democratização do ensino, demarcado somente a partir da década de 1970. Desta forma, as crianças oriundas de classes sociais de baixo valor social adentraram no ambiente escolar apresentando particularidades que faziam com que estas fossem interpretadas como portadoras de deficiências de aprendizagem. Mas na verdade, é a escola que apresenta inconsistências para lidar com a diversidade linguística e cultural, e até mesmo, étnica.

As pesquisas desenvolvidas nessa linha de investigação promoveram uma classificação médica dos problemas de aprendizagem. Atualmente, quando se encaminha um aluno para uma avaliação neurológica em busca de apoio na contribuição da medicina para a compreensão das dificuldades de aprendizagem, geralmente o resultado do diagnóstico aponta um quadro de dislexia, disfunção cerebral mínima ou hiperatividade. A Abordagem Organicista é sempre tratada como a responsável pela medicalização generalizada do fracasso escolar, uma vez que o tratamento para sanar o problema de aprendizagem escolar baseia-se no consumo de medicamentos psiquiátricos. Esta visão biologizante tende a tratar o aluno como o único responsável pelo seu próprio fracasso, razão das críticas que incidem sobre esse modelo de abordagem (BATISTA; CASTANHEIRA; SANTIAGO, 2006).

Ainda na esteira de análise dos autores citados acima, a Abordagem Afetiva concebe o fracasso escolar como causa de transtornos afetivos da personalidade do aluno. Esta problemática contribui com a disseminação da intolerância e do preconceito no processo de ensino-aprendizagem. O trabalho de Labov forneceu subsídios para questionar as situações de teste a que crianças negras norte-americanas, moradoras de guetos, eram submetidas. A análise da produção linguística dessas crianças demonstrou que elas apresentavam uma gramática sistemática, coerente e lógica. Para ele, As crianças das camadas populares narram, raciocinam e discutem com muito mais eficiência que os falantes pertencentes às classes mais favorecidas, que contemporizam, qualificam, perdem-se num excesso de detalhes irrelevantes” (SOARES, 1987, p. A escola não está preparada para lidar com a diversidade cultural e linguística apresentada pelas crianças, sendo este um dos fatores que contribuem para o fracasso escolar.

Faria (2005) problematiza a falta de esforços do poder público quanto ao investimento no campo da educação infantil, setor que vem sofrendo fortes retrações orçamentárias com as políticas de austeridade fiscal. De acordo com a autora, o país não dispõe de uma política de financiamento consistente da educação infantil, o que impede o cumprimento da constituição. É preciso, conforme propõe a LDB de 1996, da definição de fonte de recursos e a criação de verbas próprias para o seu cumprimento. Tal situação revela-se extremamente complexa, uma vez que estamos nos referindo a um direito da criança. PSICOLOGIA: INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DE APRENDIZAGEM Existem diferentes correntes teóricas que explicam o processo de aprendizagem, no entanto estamos de acordo com as teorias desenvolvidas por Jean Piaget e Lev Vygotsky, por atualmente apresentarem grande destaque no campo da educação.

Além disso, considera que o aprendiz é um sujeito ativo, com isso, a pessoa atua sobre o ambiente e participa da criação do ambiente. Por fim, abordamos o Construtivismo, é uma teoria que surge a partir dos estudos da Epistemologia Genética de Jean Piaget e da Teoria Sócio- - histórica de Lev Vygotsky. Estas influências levaram à crença de que o homem não nasce inteligente, mas que também não é um sujeito passivo no mundo. Mesmo sendo estimulado pelo meio externo, o homem é capaz de agir sobre estes estímulos para construir e organizar o seu próprio conhecimento. Quanto mais ele age sobre o meio, mais elaborada será sua organização cognitiva (COLL; SCHILLING, 2004). Socialmente e a longo prazo, a mestria da leitura é um vetor extremamente importante no desenvolvimento econômico quer do indivíduo, quer do grupo social onde se integra (SIM-SIM, 2002, p.

O êxito na escrita tem como substrato a realização da leitura, esta por sua vez, compõe um processo que vai além da decodificação de palavras enunciadas em um texto, livro, jornal, revista. A leitura pressupõe um processo de interpretação e reconstrução do conteúdo lido. Deve partir da interação entre o leitor e a leitura. Sendo assim, Ler não é um fim em si mesmo, mas um meio de nos apropriarmos da informação, ou seja, aprender sobre o real, qualquer que ele seja. Nasce de uma realidade que pergunta e é também busca de uma resposta. Toda proposta é situada, traz consigo o lugar de onde fala e a gama de valores que a constitui; traz também as dificuldades que enfrenta, os problemas que precisam ser superados e a direção que a orienta.

E essa sua fala é a fala de um desejo, de uma vontade, eminentemente política no caso de uma proposta educativa, e sempre humana, vontade que, por ser social e humana, não é nunca uma fala acabada, não aponta o lugar, a resposta, pois, se traz a resposta, já não é pergunta. Aponta isto sim, um caminho também a construir (KRAMER, 2003). As propostas e planejamentos de aula emanam da iniciativa autônoma do professor, que embora esteja submetido às exigências da direção pedagógica, apresenta relativa autonomia para conduzir o processo de ensino-aprendizagem. A nossa linguagem manifesta o nosso arcabouço cultural, além disso, expressa também a nossa maneira de ler e interpretar a realidade. A contar com a heterogeneidade das culturas, raças, etnias, regiões geográficas, a variação linguística se faz presente.

A variação acontece em todos os níveis da língua: sintático (p. ex. determinadas construções e modos de organizar o discurso são mais usados, ou menos usados, em determinadas variedades da língua); semântico (p. Trata-se de um enorme equívoco, sendo necessário frisar a variedade linguística como marca da identidade cultural. O nosso país, que é atravessado por muitas disparidades sociais, carrega um rico arsenal de variedade linguística, que constitui ao Brasil, a marca sociocultural. No entanto, entendemos como uma tarefa imprescindível dos professores para com os alunos, a demonstração de que embora a variação linguística deva ser reconhecida, a escrita ortográfica não se coaduna com a fala oral. Enquanto a escrita sofre lentos processos de mudança, a linguagem oral é constantemente modificada.

Para escrever é necessário compreender o modo como cada tipo de texto se organiza no papel, as diferentes características discursivas dos diversos tipos de texto (partes que os compõem, tempos verbais característicos, etc. Dialogar com os alunos sobre o texto lido, identificar com o corpo de estudantes as principais partes constitutivas do texto, despertar a curiosidade da turma sobre a antecipação de possíveis fatos ocorridos em determinado texto lido abrem caminho para a incorporação de uma estratégia capaz de superar as práticas pedagógicas monótonas, que não atingem o núcleo deficitário da educação infantil, ou seja, a alfabetização que não acompanha o letramento. O desenvolvimento afeta todas as capacidades humanas e todas devem ser consideradas durante a elaboração de um projeto educativo, principalmente se nesse projeto educativo o professor busca intervir na formação cidadã dos estudantes (SOLÉ, 2004).

A prática pedagógica deve associar-se ao tratamento de procedimentos voltados para o aprimoramento cognitivo dos alunos, em consonância com a troca afetiva com estes. Enquanto o desenvolvimento cognitivo contribui para que o aluno construa melhores possibilidades de inserção social e cidadã do sujeito, o afeto na intervenção pedagógica constitui-se em componente para a elevação da autoconfiança e da autoestima do aluno. Ao nos referir ao ensino enquanto prática possibilitadora da inserção social, política e cidadã do aluno, estamos nos remetendo a uma realidade intrínseca ao contexto de vida de cada estudante, todos pertencem a determinados grupos sociais. É requisito indispensável aos professores, avaliar sistematicamente a forma como conduzem o ensino, considerando a investigação sobre os casos que envolvem baixa frequência dos alunos às aulas, a baixa participação e envolvimento de determinados meninos e meninas nas aulas, os possíveis problemas que afetam a aproximação entre professor e aluno.

É imprescindível também nessa empreitada, a aproximação entre os docentes e a família dos alunos como forma de estabelecer um contato mais sólido com o universo dos alunos, além disso, a estrutura escolar, a atuação da direção pedagógica também exercem influência no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Leal e Brandão (2005), a seleção consciente dos conteúdos a serem ensinados é o primeiro passo a ser dado para a construção de uma aprendizagem qualitativa na escola. Com a tomada de consciência da pertinência do conteúdo selecionado para o ensino será possível organizar as estratégias de aula e o tempo despendido para o objetivo proposto. A construção autônoma do saber envolve a consolidação de meios que possibilitem aos alunos avaliar a sua própria aprendizagem, refletindo sobre as suas principais conquistas em termos de avanços em determinadas habilidades e capacidades.

Entendemos que o indivíduo apresenta um vasto campo de inteligência, mas as formas de inteligência não recebem o mesmo tratamento e estímulo para que sejam desenvolvidas. A vida educacional restrita ao espaço formal não permite alargar todos os campos de inteligência; as atribuições educacionais estão voltadas para o desenvolvimento de habilidades que de fato poderão trazer repercussões futuras positivas. No entanto, o grande desafio dos educadores está em lidar com diferentes particularidades no que tange à absorção e desenvolvimento de conhecimento por parte dos alunos. As crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem não carecem de consistência teleológica; elas precisarão de uma intervenção mais qualificativa e estratégica, capaz de reconhecer suas especificidades em relação às outras crianças que não apresentam tais dificuldades.

A Teoria das Inteligências Múltiplas enfatiza a importância de não se ver a inteligência como uma ideia unidimensional, mas sim como uma série de sete inteligências independentes. Como estamos nos referindo ao processo de ensino-aprendizagem com crianças de idades de 4 e 5 anos, estamos convictos de que nesta faixa etária, a consistência emocional ainda não está bem consolidada. Estas crianças ainda apresentam muitas vulnerabilidades no campo emocional, que somente são dosadas com a participação dos educadores e dos pais. Além disso, temos que evidenciar a complexidade de lidar com crianças oriundas de diferentes contextos sociais e familiares. A PRÁTICA DO REGISTRO NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Iremos nos ocupar de responder os seguintes questionamentos: o que vem a ser o registro no cotidiano da prática profissional dos docentes da educação infantil? Qual é a utilidade do registro? Por que o registro se configura numa dimensão tão importante para o docente? Os registros configuram-se como fontes de melhoria das ações do educador, consistem em anotações que envolvem as dúvidas, inquietações, constatações e sistematizações das práticas do educador.

Não compreende apenas anotações de uma experiência vivenciada, mas segundo Ostetto (2008), de tentar compreender o passado, estabelecendo relações com a continuidade do trabalho, o que veio antes, o que virá depois; ensaiar análises sobre o vivido para aprender com a experiência. A prática de registro envolve um processo crítico de reflexão, distanciado de hábitos pragmáticos e monótonos; com a evidência do registro o profissional depara-se com a oportunidade de desvendar os seus limites e possibilidades, os pontos em que precisa melhorar e os seus avanços no plano das ações de ensino e aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Acreditamos que trabalhar com crianças da educação infantil prescinde de uma atuação qualificada, comprometida, criativa e propositiva, o que envolve o domínio dos fundamentos da educação infantil; a apreensão dos aportes teóricos da alfabetização e da aprendizagem; a interação entre educador e aluno.

O processo de ensino-aprendizagem pressupõe interação da criança com o meio ambiente e social, o ensino das práticas de alimentação, higiene e cuidados com a saúde. Constatamos que a leitura não se constitui apenas uma técnica de decodificação de um determinado conteúdo, mas implica um processo interativo entre o leitor e a leitura. Trata-se de uma forma de reconstruir e interpretar algo. REFERÊNCIAS ALVES, Rubem A. Na morada das palavras. São Paulo: Papirus Editora, 2003. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Teoria social cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: Artmed, 2008. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. CASTANHEIRA, M. Lúcia; SANTIAGO, Ana Lydia. DELGADO-MARTINS, R. DUARTE. Brincar com a linguagem, conhecer a língua, fazer gramática.

In: Sequeira (ed. Linguagem e desenvolvimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, 214 p. GIL, Antonio Carlos.  Métodos e técnicas de pesquisa social. ed. Ediitora Atlas SA, 2008. Campinas: Papirus, 1996. Propostas Pedagógicas ou Curriculares: Subsídios para uma leitura crítica. In: MOREIRA, A. F. B. G. anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autentica. MARAFON, Danielle. Projetos pedagógicos e políticas públicas para a educação infantil no município de Piraquara–Paraná (1993-2004). O. A legislação e as políticas para a educação infantil: avanços, vazios e desvios. In: MACHADO, M. L. A. Porto Alegre: Artmed, 2004, p. PALANGANA, I. C. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vygotsky: a relevância do social. ed. A construção do real na criança. Trad. Álvaro Cabral.

Rio de Janeiro: Zahar. PIAGET, J. Porto Editora, p. SOLÉ, Isabel. Das capacidades à prática educativa. In: COLL, César; MARTÍN, Elena. Org. Rio de Janeiro, 1999.

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