A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA GESTÃO DA ESCOLA INTEGRAL
A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E RELAÇÕES INTERPESSOAIS: CONCEITOS 5 1. Inteligência emocional 7 1. Relações interpessoais 13 Capítulo 2. A EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL 20 2. O que é 20 2. Em uma escola isso não me parece diferente. Enquanto educadores, deparamos e lidamos, diariamente, com crianças que levam uma carga emocional de sua vida familiar, muitas vezes, pesada, para a escola, o que demanda dos profissionais da educação habilidades que vão muito além dos processos de transmissão do conhecimento historicamente acumulado pela humanidade. Além das situações vivenciadas com nossos estudantes, as quais demandam dedicação e cuidado ao extremo, sendo este uma das causas do desgaste emocional que sofremos, tenho observado, ao longo desses quatro anos, e, sobretudo, agora, as relações entre os funcionários no ambiente de trabalho, pois essas se mostram, na maioria das vezes, de maneira contraditória: amistosa, cordial e respeitosa e, ao mesmo tempo, competitiva, desrespeitosa e estressante.
Hoje, atuando como diretora adjunta, visando administrar as inúmeras situações e demandas que se apresentam à equipe gestora da maneira mais eficiente e eficaz, me vejo, constantemente, tentando resolver conflitos no que se refere às relações interpessoais no ambiente escolar, sempre na tentativa de promover um ambiente sadio e favorável para o efetivo exercício de todas as funções, afinal, a escola pode ser, sim, lugar de pessoas felizes e realizadas. Tais observações têm despertado meu interesse no que diz respeito às relações humanas e a minha principal curiosidade é a de como a gestão escolar pode interferir principalmente nas relações entre funcionários das escolas, atuando na resolução dos conflitos que se apresentam em determinado momento e sobre determinadas circunstâncias.
Sobre isso, afirma GIL (1996, p. Pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos (. ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. Ao considerar que a elaboração de conhecimento não é um processo individual, mas sim coletivo, e que o conhecimento é, ao mesmo tempo, histórico e social (o que significa que um novo saber é um aprofundamento, revisão ou oposição aos saberes anteriormente produzidos por outros sujeitos em diferentes momentos), cremos que os inúmeros estudos até então publicados nada mais são do que explicações parciais dos diferentes fenômenos, que, dentre outras coisas, nos auxiliam a esclarecer melhor o objeto de investigação; a levantar perguntas e elaborar hipóteses; e a organizar e analisar os dados empíricos (MINAYO, 1994).
A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E RELAÇÕES INTERPESSOAIS: CONCEITOS A definição de inteligência tem instigado debates desde muito tempo, entretanto, recentemente a ideia de emoção tem sido associada à capacidade cognitiva, criando um novo campo de investigação para cientistas da área. Tal campo passa a incluir, nos domínios da inteligência, aspectos ligados às questões emocionais e sentimentais, apontando, deste modo, a necessidade de se repensar o que se entende por inteligência e por comportamento inteligente e de problematizar a capacidade do homem lidar com seu mundo emocional de forma inteligente, compatível com seus objetivos mais amplos de vida (WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2009, p. Como diz GOLEMAN (2012, p. a emoção tem um papel essencial em nosso psiquismo. São elas que nos orientam nos momentos de impasse e quando temos de tomar decisões importantes que não podem ser resolvidas unicamente pelo intelecto.
por exemplo, ponderam acerca da relação entre emoções e atividade ocupacional: As emoções são onipresentes entre humanos, sem sentimentos nenhuma ação irá ocorrer. Todas as organizações são espaços onde os sentimentos emocionais moldam as relações e os ambientes. As emoções são, na verdade, parte integrante da adaptação diária ao trabalho e os profissionais devem ser capazes de reconhecer e administrar os seus próprios estados emocionais, bem como os dos outros. Nas diferentes unidades de ensino, que não deixam de ser organizações, as emoções também se mostram extremamente presentes devido, não somente, à presença do “fator humano”, mas também porque educar não é um ato isolado, mas uma ação que envolve interação humana e grande envolvimento emocional.
Isto é, nas escolas, os saberes são construídos, desconstruídos e reconstruídos diariamente em um processo de reflexão-ação coletiva e de interação constante entre pessoas, sendo esta contaminada por sentimentos diversos. Segundo OLIVEIRA (2011), foi na década de 1980 que se iniciaram os primeiros estudos sobre outra forma de inteligência que não a obtida através de testes de QI’s: aquele “tipo” de inteligência que seria derivada das emoções do ser humano, futuramente conhecida como inteligência emocional. no princípio da década de 80, reuven Bar-On psicólogo israelense, foi o pioneiro na proposição de um modelo de inteligência emocional em 15 habilidades chaves situadas em cinco conjuntos gerais; em 1983, Howard Gardner, psicólogo de Harvard, propôs um modelo de inteligência múltipla que apontava a distinção entre capacidades intelectuais e emocionais (OLIVEIRA, 2011, p.
Os psicólogos JOHN MAYER e PETER SALOVEY (1990, p. apud GOLEMAN, 2012, p. utilizaram a expressão “inteligência emocional” em um artigo de revista acadêmica, datado de 1990, no qual citou como sendo a inteligência emocional como uma subclasse da Inteligência Social, “cujas habilidades estariam relacionadas 1ao 'monitoramento dos sentimentos em si e nos outros, na discriminação entre ambos e na utilização desta informação para guiar o pensamento e as ações'” (COBÊRO; PRIMI; MUNIZ, 2006, p. O que explanam os especialistas do assunto é que a expressão está relacionada à habilidade de motivação diante de frustrações, ao controle de impulsos e das emoções e às capacidades de saber lidar com situações difíceis, de motivar a si próprio e ao outro e de conseguir engajar-se, a fim de alcançar os objetivos, seja pessoais ou em suas relações interpessoais.
MIGUEL, ZUANAZZI e VILLEMOR-AMARAL (2017, p. por exemplo, afirmam: Inteligência emocional diz respeito à capacidade de identificar as expressões emocionais, tanto de si mesmo quanto dos outros, compreender as situações desencadeadoras e as possíveis consequências, e utilizar essas informações de maneira a promover bem-estar e crescimento social. O construto costuma ser composto por quatro áreas: percepção emocional, referente à capacidade de reconhecer adequadamente as expressões; facilitação do pensamento, que remete à capacidade de utilizar as emoções para melhor desempenhar uma tarefa; compreensão emocional, relacionada com a capacidade de perceber como as emoções transitam e se mesclam ao longo do tempo; e gerenciamento emocional, que se refere à capacidade de se engajar em pensamentos e ações que permitam a resolução de conflitos e favoreçam a adaptação.
WEISINGER (1997, p. Com isso, ela está “associada a um sentimento de competência para lidar com diferentes situações e pessoas, na medida em que o componente emocional poderia agir como um importante recurso de informação” (WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2009, p. A segunda refere-se à emoção como facilitadora do ato de pensar por meio da promoção de distintas estratégias de processamento da informação. Isto é, a influência das emoções sobre o pensamento, referindo-se à capacidade de o pensamento gerar emoções e à possibilidade das mesmas influenciarem o processo cognitivo. A terceira se refere aos processos de compreensão e análise de emoções e ao emprego do conhecimento emocional por meio da utilização de processos de memória e codificação emocional. Envolve, portanto, (a) a capacidade de ponderar sobre as emoções, interpretando os seus significados sobre os relacionamentos interpessoais, ou seja, a capacidade de identificar emoções e codificá-las; (b) entender os seus significados, curso e a maneira como se constituem e se correlacionam; e (c) conhecer suas causas e consequências.
Como esclarece CAVICCHINI (1994, p. Um alto QI, peto menos na teoria, garante que o individua seja intelectualmente eficiente e que tenha uma considerável fluência verbal e permite que ele possa resolver problemas através de modelos lógicos com facilidade e elegância. Já uma elevada IE assegura ao seu portador boa comunicação, empatia, ótima convivência social, notável capacidade de engajamento, além de solidariedade. Responsabilidade e ética invejáveis. É importante ressaltar, entretanto, que o Quoeficiente de Inteligência e a Inteligência Emocional não são conceitos opostos; são apenas diferentes e, em certa medida, até complementares. GARDNER (1994, apud GOLEMAN, 2012) parece corroborar essas perspectivas que compreendem a diversidade das capacidades humanas, contribuindo, então, para a compreensão de que as pessoas têm potenciais variados e, assim, inteligências diferentes.
Ele chegou a categorizar nove tipos de inteligências: a linguística, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal, musical, naturalista, existencial e interpessoal. Especificamente com relação à inteligência interpessoal, esse autor a define como: a capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva, como trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. As pessoas que trabalham em vendas, políticos, professores, clínicos e líderes religiosos bem-sucedidos provavelmente são todos indivíduos com alto grau de inteligência interpessoal. A inteligência intrapessoal (. apud MOSCOVICI, 1985, p. a inteligência interpessoal: É a habilidade de lidar eficazmente com relações interpessoais de acordo com três critérios: a) Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação. b) Habilidade de resolver realmente os problemas interpessoais, de tal modo que não haja regressões.
c) Solução alcançada de tal forma que as pessoas envolvidas continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos, como quando começaram a resolver seus problemas. É comum compreender que a inteligência interpessoal se desdobra em, pelo menos, quatro aptidões distintas, a saber: liderança, capacidade de manter relações e conservar amigos, de resolver conflitos e a do tipo de análise social. Com isso, assim como a noção de inteligência emocional vem sendo estudada mais recentemente, observa-se que o conceito de relações interpessoais também vem ganhando importância em diferentes trabalhos, a partir de diferentes enfoques, com especial destaque para as relações interpessoais no trabalho (empresas, escolas. No entanto, “muito do que sabemos sobre relacionamentos interpessoais é inexato e desarmônico para constituir uma teoria confiável e prescrever comportamentos”, (LEITÃO; FORTUNATO; FREITAS, 2006, p.
aparecendo “implícito no estudo das emoções e em diversas teorias (grupos, papéis, liderança, motivação, conflito, decisão, mudança etc. ” (LEITÃO; FORTUNATO; FREITAS, 2006, p. De qualquer forma, começa-se a observar alguns investimentos teóricos no sentido de definir o conceito de relações interpessoais. partem da compreensão de que: as relações interpessoais são a junção entre duas ou mais pessoas e variam conforme o tempo de duração. São consideradas a base da sociedade e formadas de acordo com o contexto social no qual essa sociedade está inserida sob diversas influências que nela atua. Dessa forma, podem ser reguladas por lei, costume ou acordo mútuo. As relações interpessoais têm a função de convocar as pessoas a terem reações recíprocas, ou seja, a terem um comportamento que vai de acordo com a atitude do outro indivíduo no qual ela está interagindo.
O efeito das reações que cada um tem sobre o outro, forma o comportamento do primeiro, e as características da relação entre eles vão determinar a sua devida qualidade. A habilidade de lidar com situações interpessoais engloba várias habilidades, entre as quais: flexibilidade perceptiva e comportamental, que significa procurar ver vários ângulos ou aspectos da mesma situação e atuar de forma diferenciada, não-rotineira, experimentando novas condutas percebidas como alternativas de ação. Desenvolve-se, concomitantemente, a capacidade criativa para soluções ou propostas mais originais, menos convencionais, com resultados duplamente compensadores: da resolução dos problemas e da auto-realização pelo próprio ato de criação, altamente gratificante para as necessidades do ego (estima) (. Outras habilidades consistem em dar e receber feedback, sem o que não se constrói um relacionamento humano autêntico, conducente ao encontro eu-tu, de pessoa a pessoa, ao invés da relação eu-isto, de sujeito a objeto (.
Assim, ampliam-se a capacidade perceptiva e o repertório comportamental do indivíduo, saindo dos limites estreitos da conduta estereotipada do dia-a-dia. Um terceiro componente da competência interpessoaI refere-se ao relacionamento em si e compreende a dimensão emocional-afetiva, predominantemente. A assertividade nada mais é do que ouvir e estar atento à opinião do outro, saber utilizar e expor suas ideias e pontos de vista. Por conseguinte, uma pessoa assertiva sabe o quê está falando e o porquê de estar falando tal coisa, expressando e defendendo suas ideias, sem intimidar, ofender ou agredir o outro. A cordialidade (que tem relação com a assertividade) se refere à capacidade de ser gentil, agradável e estar atento às atitudes. Por fim, a ética, que significa modo de ser, conduta ou costumes, está ligada aos valores que temos e que também influem sobre as relações que se mantêm como ser educado, saber entender, se colocar no lugar do outro, ter senso de responsabilidade, equilíbrio, justiça e igualdade.
Apesar de o estabelecimento de relações interpessoais ser inerente à condição humana, em geral, a convivência humana é difícil e desafiante. Além do mais, defende-se que a inteligência emocional pode ser alcançada por meio de vivências e esforço individual e coletivo, isto é, por meio dos relacionamentos que estabelecemos no seio dos diferentes grupos humanos, pois somos, naturalmente, seres sociais, cuja humanização se dá através das interações sociais que, inevitavelmente, impactam na formação da personalidade do indivíduo. Sobre isso, CARVALHO (2009, p. afirma: “Os seres humanos são essencialmente seres sociais, instintivamente motivados por uma necessidade de se relacionar. É nessa interação que descobrem suas próprias capacidades e as exercem”. Por conta disso, as relações interpessoais são tão importantes.
º onde são citados os princípios da educação nacional “tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996). Quando o legislador cita “pleno desenvolvimento do educando” fica claro que o desenvolvimento desejado é integral ou seja na sua totalidade, visando uma formação mais ampla do indivíduo, não somente aquela fixada pelos componentes curriculares. Sendo assim, sem citar a educação integral, neste primeiro momento, a legislação deixa clara a intenção de um ensino mais integral e ampliado nos seus objetivos. Com o avanço do tempo e com novas demandas para a educação nacional, a educação em tempo integral foi enfatizada na Lei 13. Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2014-2024, mais precisamente na meta número seis (BRASIL, 2014) : Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, cinquenta por cento das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, vinte e cinco por cento dos(as) alunos(as) da educação básica.
Apesar da reconhecida necessidade da educação integral e que este tempo integral seja talvez primordial para tal feito é possível inferir que os objetivos deste modelo de instituição escolar são audaciosos e necessitam para ser atingidos além de recursos humanos qualificados, necessita também de muitos recursos financeiros a fim de dar conta de despertar o interesse cotidianamente de crianças e jovens. Para que serve A educação integral em uma escola de tempo integral pode ter inúmeras finalidades, tudo irá depender da demanda da comunidade do seu entorno e dos objetivos do Projeto Político Pedagógico - PPP - da instituição escolar. Mas alguns autores nos trazem reflexões importantes sobre possíveis finalidades desta educação integral com jornada ampliada. De acordo com ZANARDI (2016): O conceito de território é valioso para a Educação Integral e, por isto, a jornada ampliada não pode ter como objetivo “tirar as crianças da rua”.
Pelo contrário, a “rua”, neste caso, deve ser uma experiência compreendida e revivida dentro do espaço escolar (p. Estimulando assim de diferentes maneiras a fim de conseguir além de uma formação integral também uma aprendizagem significativa que possa realmente modificar a vida dos indivíduos, na busca da transformação num primeiro momento dos discentes e posteriormente da sociedade. Segundo LIBÂNEO (2012) esta busca pode resumir-se da seguinte forma: Assim, não se trata mais de manter aquela velha escola assentada no conhecimento, isto é, no domínio dos conteúdos, mas de conceber uma escola que valorizará formas de organização das relações humanas nas quais prevaleçam a integração social, a convivência entre diferentes, o compartilhamento de culturas, o encontro e a solidariedade entre as pessoas (p.
Sendo assim, com esta finalidade, a escola de educação integral poderá cumprir seu papel de transformação da sociedade, pois irá transcender a formação básica e conteudista que esteve no centro da formação escolar brasileira por muito tempo. Irá ter como primazia a formação integral do “ser” e do “conviver” com os iguais, mas também com os diferentes. Ainda segundo o referido autor de maneira solidária. Sendo assim, mesmo estando no lugar de coordenação de ensino ou de gestão escolar, o foco deve ser sempre a educação, e neste caso a educação integral, o aluno nunca deve sair dos holofotes e o ensino de qualidade deve ser buscado a fim de encontrar uma melhor qualidade de vida para todos os usuários dos sistema público de educação.
Mas para tanto uma coordenação e gestão de ensino devem ter reservado um lugar de protagonismo para as famílias dos discentes, não só um lugar secundário, mas sim um espaço que fará diferença no cotidiano escolar, segundo FREIRE isso é primordial para que uma educação efetiva ocorra (1995, p. é bem mais do que em certos fins de semana, “oferecer” aos pais a oportunidade de, reparando deteriorações, estragos das escolas, fazer as obrigações do próprio Estado. Nunca soube de mutirões nos bairros felizes de São Paulo. Participar é discutir, é ter voz, ganhando-a, na política educacional das escolas, na organização de seus orçamentos. Respaldo Legal A escola, enquanto instituição educativa tem sido, ao longo dos séculos, um reduto seguro para o desenvolvimento saudável de jovens no mundo todo.
Inicialmente um local dominado pela intenção de catequização e posteriormente transformada em uma instituição estatal laica, a escola conta com respaldo legal para exercer as funções educativas e promover a educação de qualidade. A gestão escolar, neste cenário, ocupa lugar primordial, tomando as rédeas institucionais, embora contando sempre com o apoio de professores, alunos e famílias. Mas para que este apoio se efetive, tal gestão deve responder aos anseios da comunidade escolar, praticando uma gestão participativa e humanizada para atrair colaboradores cada vez mais entusiasmados para com a causa escolar. Segundo PEREZ (2016, p. O desenvolvimento pleno de uma pessoa na sociedade contemporânea se dá quando esta consegue compreender seus direitos e deveres, participando ativamente da sua comunidade e lutando por uma nação desenvolvida e mais justa.
Sem uma formação com foco em inteligência emocional, dando ênfase a uma formação cognitiva, mas também emocional, alcançar tais objetivos educacionais podem se tornar uma difícil missão. Seguindo na análise de legislações que podem respaldar o presente estudo, é benéfico analisar o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - (BRASIL, 1990), onde além do que já foi citado na Constituição Federal, há também alguns detalhamentos sobre o que é assegurado aos educandos: Art. assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Dando ênfase a uma formação para a cidadania, como foi a intenção do texto constitucional, o ECA traz desdobramentos de direitos que só podem ser exercidos por estes alunos após uma formação voltada para a inteligência emocional, como são os direitos de serem respeitados e de contestar resultados de avaliações. Uma escola bem organizada, equipada e com uma missão focada no estudo e aplicação da inteligência emocional, pode sim interferir na formação inicial, logo também, no futuro de uma nação inteira. Pensando nesta perspectiva, uma gestão com este foco pode fazer toda a diferença. A escola é um espaço privilegiado de trocas e aprendizagens e isto acontece entre todos os sujeitos que lá transitam. Ainda segundo FREIRE, “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo” (1987, p.
Mundo este que necessita urgentemente de valores mais claros e nobres, ou ainda, que necessita de alternativas, já que as que estão postas na sociedade parecem ter se esgotado. Esta gestão que prima pela formação cognitiva e emocional começa por um planejamento eficaz e por ter bem claro, para todos, os objetivos da instituição escolar. Esta etapa passa necessariamente pela elaboração e estudo de um bom Projeto Político e Pedagógico (PPP). VEIGA (1995, p. define o que é um bom Projeto Político Pedagógico: O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Quando toda a comunidade escolar se sentir parte pensante na elaboração do PPP, esta pode então também sentir-se executora do mesmo.
Assim, é possível inferir que para se ter uma gestão que consiga elaborar e colocar em prática um projeto educacional que tenha como foco uma formação em inteligência emocional é necessário também ter uma gestão democrática e partilhada. A partir de uma gestão democrática e partilhada será talvez possível chegar a uma gestão com o já citado foco, que enxerga todos os sujeitos como diferentes, mas detentores dos mesmos direitos e obrigações. A partir deste olhar, a equipe gestora poderá atender a todos os sujeitos dentro da sua individualidade, mas buscando a equidade, que é quando os iguais são tratados dentro da sua igualdade e os diferentes têm suas necessidades únicas atendidas para buscar a isonomia. Sendo assim, os sujeitos com necessidades educacionais especiais, por exemplo, podem receber mais recursos financeiros, adaptações arquitetônicas ou até mesmo atendimento com profissionais diferenciados, sem serem questionados da real necessidade disto, já que com uma formação que busca um desenvolvimento cognitivo mas também emocional, toda a instituição escolar será mobilizada a olhar com mais sensibilidade e empatia as necessidades de todos, entendendo que cada sujeito trilha um caminho diferente rumo à igualdade de oportunidades.
Partindo do princípio que algumas famílias estudam por gerações na mesma instituição escolar, será um momento rico de troca de experiências na escola e também em casa. A coordenadora pedagógica pode fazer com as professoras um resgate das trajetórias profissionais dentro da escola. Será positivo trazer professoras aposentadas da instituição para partilhar suas experiências, dando vida e sentido para a trajetória da escola. Este apanhado deve levar em consideração também a evolução no quadro de pessoal, predial e equipamentos, dando ênfase para melhorias que ocorreram com o passar do tempo. A supervisora pedagógica poderá realizar com os alunos um concurso de aprendizagem na disciplina de matemática e Língua Portuguesa se utilizando de jogos lúdicos ou uma auto avaliação enfocando o processo ensino-aprendizagem.
Neste sentido, uma gestão democrática e compartilhada fortalece a gestão escolar. Já que suas decisões estarão respaldadas pela comunidade escolar, logo poderão sofrer menos com a intromissão político-partidária. Por fim, para aproximar cada vez mais os alunos da ideia de inteligência emocional, as portas das salas dessas gestoras devem estar sempre abertas para recebê-los, independente do momento ou assunto: abrir um canal de escuta de todos faz parte desta humanização do ambiente escolar, assim como incentivar as rodas de conversa e resolução de conflitos pelo diálogo. As rodas de conversa e a resolução de conflitos através do diálogo irão fortalecer vínculos e exercitar o autoconhecimento e a empatia. A troca de experiências entre alunos e professores pode ser um instrumento pedagógico muito eficaz para a implantação da inteligência emocional na instituição escolar.
Logo, a escola que visa formar este cidadão integral e ciente do seu papel no mundo e na transformação do seu país deve ter a oportunidade de ter uma formação que concentre esforços no aprendizado cognitivo e também emocional. Neste sentido, a compreensão da inteligência emocional e seu uso no espaço escolar contribui muito. No cotidiano escolar e também fora dele, os sujeitos enfrentam inúmeras adversidades que precisam ser vencidas todos os dias. Momentos assim necessitam de pessoas que entendem suas emoções, anseios e impulsos, a fim de fazerem as melhores escolhas. Com uma formação voltada para esta reflexão, as chances de sucesso aumentam bastante. Brasília: CNTE, 2005. BRASIL. Lei nº 9. de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
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