A educação de jovens e adultos

É com esse olhar que pensamos a Educação de Jovens e Adultos (EJA), que tem como objetivos o compromisso com a formação humana e com o acesso à cultura geral, de modo que os educandos construam seus saberes, aprimorem a consciência crítica e adotem atitudes éticas para o seu crescimento intelectual. Em se tratando deste tema, convém os conceitos de cultura, prática educativa, educador e educando. Conforme Willians (1992), cultura compreende as formas de produção da vida material e imaterial, bem como o sistema de significações existente na atividade social. Esse autor compreende o currículo como parte expressiva da cultura tanto no que diz respeito aos conteúdos como às práticas escolares. O segundo conceito é tratado à luz das reflexões de Libâneo (2005), que define a prática educativa como um fenômeno constante e universal, inerente à vida social, e se constitui como objeto de conhecimento pertencente à Pedagogia, à Psicologia, à Linguística e a outras ciências.

Cada um possui um tempo próprio de formação, apropriando-se de novos conhecimentos, a partir de uma perspectiva de ressignificação do mundo e de si mesmo. Assim, faz-se necessário que haja uma estrutura flexível, capaz de contemplar conteúdos significativos e metodologias inovadoras, de modo a promover o interesse, a participação e a construção do saber. Os limites e possibilidades de cada educando devem ser respeitados para que a permanência e o sucesso nos estudos sejam assegurados. Educar para a vida Os educandos da EJA chegam à sala de aula com saberes de outras instâncias sociais e o professor precisa considerar esta realidade para a realização de um trabalho efetivo. Nessa perspectiva, destaca-se a importância atribuída aos aspectos culturais, como mostra Willians na mencionada obra.

A cultura deve nortear a prática educativa, uma vez que dela surgem as manifestações humanas, como as variadas atividades e as significações atribuídas aos modos de viver. O trabalho, atividade humana intencional, é um processo de produção, transformação e aprendizado. A sociedade se organiza de modo a produzir os bens necessários à vida. Assim, compreender que o educando da EJA se relaciona com o mundo do trabalho significa contemplar, na organização curricular, discussões sobre tal tema, sobre a produção da vida e a produção de saberes. Outro aspecto relevante a ser mencionado consiste em valorizar os diferentes tempos necessários à aprendizagem, dadas as particularidades no desempenho. Esses alunos retornaram às instituições escolares não apenas em busca de um diploma, mas também de crescimento intelectual para atender às exigências do mundo do trabalho e se sentirem valorizados como cidadãos.

Eles esperam muito da escola e confiam no trabalho dos docentes. Sendo assim, esses profissionais devem agir de modo inovador, com dinamismo e incentivar a autonomia intelectual dos alunos para que permaneçam motivados e continuem seus estudos. Para isso, convém refletir e organizar currículos escolares que estejam em sintonia com suas histórias de vida e valorizem suas experiências, identidades, saberes e cultura. É desse modo que a escola se faz acolhedora e próxima da realidade dos educandos. São Paulo: Cortez, 2005. LUCKESI, Cipriano Carlos. O que é mesmo avaliar a aprendizagem? Pátio, Revista Pedagógica, Porto Alegre, Artmed, ano III, n. fev. abr.