A CRUEL PEDAGOGIA DO VÍRUS: Um possível ciclo pós pandemia do Covid-19

O autor começa o capítulo mencionando as possíveis alternativas encontradas na situação em que o mundo se encontra, onde a sociedade teve que se adaptar perante algo que não havia sido planejado. Essa situação vivenciada pode gerar um novo modo de viver para os anos posteriores e além disso, é possível gerar um planejamento detalhado para situações semelhantes que podem ocorrer futuramente, o autor acredita que sem esses planejamentos não haverá jeito de conter novas pandemias, que podem acabar sendo mais letais que a atual. Porém é notório que o potencial adaptativo que uma sociedade é capaz de adotar pode também gerar questões negativas, de um lado é excelente pensar que, de alguma formas, medidas conseguiram ser tomadas para lidar da maneira possível com o caos instaurado pela pandemia, porém a adaptação pode gerar um estado de inércia, que impossibilitaria planejamentos para uma preparação futura e, mesmo que essas ideias conseguissem ser geradas, coloca-las em prática seria extremamente difícil.

O próprio autor comenta sobre isso ao alegar que certamente não faltarão ideias, entretanto ele questiona a existência de ações políticas eficazes para execução desses planejamentos. Ele acredita que no primeiro momento após a pandemia as pessoas vão querer se garantir que o mundo ainda é o mesmo e passada essa primeira impressão, vista mais como um modo de se assegurar do real impacto causado pelo isolamento atípico, as pessoas irão querer ao máximo voltar ao que viviam anteriormente, circulando livremente e reingressando à suas atividades de rotina. Um exemplo desses conteúdos são as palestras, debates, seminários, etc. que tem acontecido virtualmente. Um exemplo disso é o debate mediado pelo Professor Adão Francisco no canal Resistência Contemporânea, encontrado na plataforma virtual Youtube, que recebeu o Professor José Carlos Libânio e a Professora Marise Ramos para um bate-papo com o intuito de debater sobre a educação pós pandemia.

Durante o debate é levantada a questão sobre a desigualdade e a partir disso pode ser questionado a limitação do acesso, visto de forma tão drástica em um momento onde o ambiente virtual pode ser visto como a única forma de conseguir dar continuidade ao aprendizado, incapacitando aqueles que não são capazes de usufruir de privilégios tecnológicos em sua residência. Algumas instituições estão começando a buscar formas de aumentar esse acesso, disponibilizando meios para aqueles que não possuem para conseguir acompanhar remotamente as aulas, já que é impraticável pensar em ensino presencial em um momento em que ainda não há vacina ou medicamento eficaz contra a proliferação do vírus. A Cruel Pedagogia do Vírus. Ed.

Coimbra: Edições Almedinas, S. A. p.