Resenha do livro "A revolução chilena"

Este movimento, segundo Peter Winn, foi realizado com liberdade de expressão e de imprensa, com eleições multipartidárias regulares e competitivas. Em meio a essa realidade mesmo com a oposição controlando o Congresso, o judiciário e grande parte da imprensa e dos meios de comunicação de massa, a revolução chilena de Allende aparentava ser quase tão transformadora durante seu primeiro ano quanto a revolução cubana ocorrida em 1959. O autor ressalta a relevância do governo de Allende, mesmo que este tenha governado por um breve período, seu mandato foi marcado por transformações estruturais de grande importância para o povo chileno que até então viviam subjugados ao poder da elite e das políticas capitalistas neoliberais estabelecidas pelo governo norte americano e as empresas multinacionais que dominavam os países subdesenvolvidos.

Segundo Petter Winn, Salvador Allende, implantou uma política nacionalista, onde as riquezas básicas do Chile, dentre elas as minas, que eram responsáveis por três quartos dos lucros das exportações do país e que Allende denominava esse setor como o maior responsável pela manutenção da renda dos chilenos. Neste contexto o governo de Allende, nacionalizou quase todos os bancos privados, os tesouros do pequeno núcleo de clãs financeiros que monopolizavam a economia capitalista do Chile. Tais movimentos se aprofundaram, devido ao conflito de classes que se tornava cada vez mais intenso, causando assim uma profunda polarização política, fazendo com que a oposição política a Allende se deslocasse dos corredores do Congresso para as ruas, tomando proporções cada vez mais violentas, contrapondo aos ideais revolucionários, desencadeando na Greve de Outubro, que fez com houvesse a dispensa dos trabalhadores por parte dos empresários do setor privado e a paralização dos profissionais da classe média, ambos movimentos com o intuito de desestabilizar a economia, disseminar o caos social e criar condições para que Allende fosse desposto, revertendo a via Chilena.

Mesmo com o apoio da classe trabalhadora, dos camponês, dos estudantes e vários outros segmentos das sociedade que representavam o interesse do povo, com a vitória de Allende no Congresso aumentando expressivamente sua representação com dois terços das cadeiras parlamentares, o governo perdeu para as elites econômicas, que com o apoio velado dos Estados Unidos da América, procuraram apoio dos militares se refugiando nos quarteis e ao mesmo tempo articulando o golpe militar desencadeado pelas Forças Armadas chilenas, que em 11 de setembro de 1973, pôs fiz aos ideias democráticos socialistas de Salvador Allende, sendo este golpe liderado pelo general Augusto Pinochet, que tomou o poder do Chile, levando o país a vivenciar a mais triste história das ditaturas vividas pela América Latina e assim enterrando o sonho do povo pobre chileno de ter direito à igualdade de direitos, a justa distribuição de renda e a dignidade da preservação da vida que é direito de todos os seres humanos de forma indistinta.

REFERÊNCIAS WINN, P. Tejedores dela revolución: los trabajadores de Yarur y Ia vía chilena al socialismo. Santiago: LOM, 2004.