A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PARA A APRENDIZAGEM
BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Prof. ª Odenisia Montanha (Universidade Candido Mendes) ORIENTADORA RESUMO Este artigo pretende abordar a neurociência como disciplina científica, interdisciplinar, que vem agregar novos conhecimentos e novas práticas à educação. O estudo promove a discussão acerca de como esse conhecimento por parte dos professores pode ser útil na promoção de uma educação de mais qualidade, condizente com a necessidade do aluno. Esse entendimento sobre o funcionamento do cérebro vem somar às teorias já existentes da pedagogia e psicologia uma contribuição a mais para lidar com os problemas e as dificuldades de aprendizagem que se enfrenta atualmente. Nesse sentido, a neurociência vem para faciliar o trabalho de professores, revolucionando tudo o que já foi visto sobre educação. Sumário 1 INTRODUÇÃO 6 2 DESENVOLVIMENTO 9 2.
APRENDIZAGEM 9 2. NEUROCIÊNCIA 12 2. NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO 12 2. CONTRIBUIÇÕES PARA APRENDIZAGEM 16 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 20 REFERÊNCIAS 23 1 INTRODUÇÃO O mundo atual tem evoluído muito, de maneira cada vez mais rápida, especialmente nas últimas décadas, apresentando mudanças influenciadas por fenômenos como a globalização e o neoliberalismo que, nos dias atuais, tem orientado as principais decisões dos governos nos campos político, econômico, ambiental, social e, sobretudo, no campo da educação. Esta disciplina tem contribuído bastante para o esclarecimento sobre como funciona o cérebro humano, desde a sua formação até o seu envelhecimento. Por esse motivo que tem ajudado muitos educadores a entenderem os processos que acontecem no cérebro humano quando ele entra em contato com novas informações, como ele as processa e de que modo o aprendizado se torna um conhecimento possível de ser lembrado por toda a vida.
Assim, a neurociência surgiu e vem revolucionando o campo das ciências com inúmeros avanços e descobertas. Esta disciplina parte do princípio de que o cérebro é o responsável pela cognição e pela consciência humana. Alinhada a essa disciplina, a tecnologia digital tem permitido o estudo e a compreensão das sinapses, transmissão de impulsos nervosos entre as células, e processos cerebrais essenciais para o funcionamento do cérebro. A neurociência agrega também conhecimento acerca dos neurônios, que possibilitam a espécie humana progressos na comunicação, compreensão e aprendizado, do conhecimento de que o cérebro está sempre se desenvolvendo, aprende e muda, até a senilidade ou até a morte. Essas informações são valiosas para atuação no campo pedagógico e leva a reflexão sobre as dificuldades de aprendizagem.
Assim, diante do conteúdo exposto, o presente trabalho pretende abordar as contribuíções da neurociência para o processo de ensino-aprendizagem no intuito de buscar compreensões, aproximação e afinidades equivalentes entre as áreas da pedagogia e da neurociência, entendendo a fundamentação e relação da neurociência para com a educação e sua contribuição para as práticas educacionais. Dessa forma, o trabalho se justifica na necessidade de levantar informações a fim de provocar uma discussão acerca do tema e embasar futuras pesquisas. A importância desse trabalho é mostrar que a neurociência pode agregar mais valor à área da educação, contribuindo para favorecer a aprendizagem dos alunos. Muitas coisas já foram estudadas e descobertas, mas muito ainda se especula atualmente sobre esta questão.
A neurociência, como disciplina, surgiu e se alia à educação repensando o que está sendo ensinado atualmente, como se deve ensinar, quais os melhores métodos, como os alunos aprendem e como se avalia essa aprendizagem. Nesse sentido, Oliveira (2011), nos apresenta o conceito de neuroeducação, que vem se constituindo num campo de pesquisa educacional, com metodologia própria, se fortalecendo com as contribuições da neurociência, da psicologia e da pedagogia. Aprendizagem A vida é marcada pela interação e, nesse sentido, viver é interagir. Desde o nascimento as pessoas interagem com o ambiente através dos mais variados tipos de comportamentos. Quando o estímulo é novo, desencadeia uma mudança. Conforme explica Bossa (2016, p. durante a aprendizagem, o processamento das informações depende da integralização de diversas habilidades, destacando-se as cognitivas atencionais, mnésicas e linguísticas, além de desenvolvimento emocional e comportamental.
Os processamentos cognitivos superiores envolvidos em organizar e monitorar o pensamento e o comportamento são conhecidos como funções executivas. Considerando a opinião da autora, tem-se também, para Migliori (2013, p. Nesse contexto, muitos outros estudiosos já apresentavam a afetividade como parte do processo de aprendizagem. Ferrari (2006) explica que Henry Wallon foi o primeiro estudioso a falar da formação integral das crianças, enfatizando o papel que as emoções possuem no processo de aprendizagem. Os sentimentos como medo, raiva, amor, alegria, ou tristeza ganham função relevante na interação com o meio ao qual a criança está inserida. O desenvolvimento da criança, por sua vez, irá se fundamentar em quatro pilares: o movimento, a inteligência, a formação do eu e a afetividade.
De acordo com Almeida (2006), o conceito de meio desenvolvido por Henry Wallon confere às escolas uma responsabilidade e uma importância muito grande no desenvolvimento pessoal da criança, cuja atuação possui reflexos posteriores. Visto isso, pode-se dizer que a aprendizagem está permeada de significado. Para todos os autores citados, a afetividade tem um papel importante nos processos de aprendizagem, pois confere ao conhecimento algo valioso, um significado e um motivo. Com estes estudos, dentre tantos outros, já se percebe que a aprendizagem não acontece por si só, mas acontece através de processos de relações sociais, afetuosos, experiências que propiciam a construção de um conhecimento sólido. Neurociência Como disciplina científica, a neurociência se relaciona com diversos outros campos dos saberes. Com seu surgimento e desenvolvimento tem se mostrado grande aliada nos diversos setores da sociedade em busca da construção de novos modelos, propostas ou soluções para os problemas e demandas existentes.
Oliveira (2011) explica que na época dessa descoberta um paradigma foi instalado, que é o de que existia uma base biológica para todas as funções desempenhas pelo cérebro. A teoria neuronal enriqueceu o ambiente intelectual da época, o ambiente cultural e o filosófico. Assim, ao final do século XX, com diversos estudos e pesquisas desenvolvidas, este paradigma deu lugar a outro, o de que o neurônio e todo o sistema nervoso possui uma plasticidade própria que lhe confere uma capacidade de mudança e de reorganização. Dos conceitos enraizados sobre o neurônio, a maioria que se tinha conhecimento precisou ser revista. Atualmente, prevalece o conceito da neuroplasticidade, ou seja, de um cérebro que possui múltiplas habilidades, que está em constante desenvolvimento, e que se mantém em permanente reorganização.
Compreender como as pessoas aprendem é importante para instigar as mudanças que se esperam, e que são necessárias, no sistema educacional atual. Nesse contexto, Oliveira (2011) ressalta que o saber não mais se refere, apenas, à capacidade de recordar informações ou repetir as que foram recebidas, mas se relaciona à capacidade de encontrar e usar as informações corretas em contextos diversos. A educação não pode mais ser responsabilizada por suprir todo o conhecimento humano, mas deve se preocupar em propiciar meios aos alunos para o desenvolvimento de mecanismos intelectuais e de estratégias de aprendizagem capazes de ajudá-los na aquisição de conhecimento que lhes permitam pensar ativamente sobre as ciências e aplicar corretamente. Dessa forma, a aproximação entre a neurociência e a educação acontece dentro dessas singulares e pertinentes descrições, pois a aprendizagem acontece através dessas redes cerebrais complexas, onde existe o processamento das informações recebidas, além dos fatores que possam influir sobre essas condições.
Nesse sentido, Oliveira (2011) coloca que a neurociência se constitui como a ciência de cérebro e a educação como a ciência do ensino e da aprendizagem, mas que ambas possuem uma relação de proximidade, pois o cérebro possui significância no processo de aprendizagem da pessoa, assim como a aprendizagem também interessa diretamente o desenvolvimento do cérebro. Para tando, o eixo do trabalho pedagógico deve se deslocar da compreensão intelectual para as atividades práticas, do aspecto lógico para o aspecto psicológico, dos conteúdos cognitivos para os processos de aprendizagem, do professor para o aluno, do esforço para o interesse, da disciplina para a espontaneidade, e da quantidade para a qualidade. Tais práticas pedagógicas se configuram como uma teoria da educação que vem estabelecer o primado da prática sobre a teoria.
Assim, a prática irá determinar a teoria e esta deve se subordinar àquela. Essa tendência vem ganhando força desde o início do século XX e vem se tornando hegemônica sob a forma do movimento da Escola Nova, até o início da segunda metade do século atual e, diante das contestações críticas que enfrenta, assegura seu predomínio assumindo novas versões, entre as quais o construtivismo é o mais difundido atualmente. Assim, pode-se falar ainda que aprender não é somente absorver conteúdos, pois exige uma rede complexa de operações neurofisiológicas e neuropsicológicas. Os neurônios das áreas cerebrais que regulam as emoções, relacionadas a ansiedade, à raiva, ao medo, ao prazer, mantêm conexões com outros neurônios de áreas importantes para a formação das memórias.
Assim, pode-se dizer que o desencadeamento de emoções favorece o estabelecimento de memórias, pois as pessoas aprendem e lembram daquilo que gera emoção. Outra contribuição à aprendizagem que Salla (2012) cita é com relação à motivação necessária para aprender. Quando um aluno é afetado positivamente por alguma coisa, a região do cérebro responsável pelos centros de prazer produz uma substância denominada dopamina. A ativação desses centros de prazer gera uma sensação de bem-estar que irá mobilizar a atenção da pessoa e reforçar o comportamento dela em relação ao objeto que a afetou. A neurociência também contribui com a educação quando trabalho o aspecto da plasticidade do cérebro, ou seja, quando explica que o cérebro se modifica em contato com o meio durante toda a vida.
A interferência que acontece entre o ambiente e o sistema nervoso provoca mudanças anatômicas e funcionais no cérebro ao longo dos anos. Dessa maneira, a quantidade de neurônios e as conexões que ocorrem entre eles, conhecidas por sinapses, mudam dependendo das experiências pelas quais se passa. Assim, o aluno deve ser ativo em suas aprendizagens, porém cabe ao professor orientar, propor, facilitar e oferecer condições para que ele exerça suas potencialidades. A aprendizagem modifica a estrutura física do cérebro, tornando-o, aos poucos, um cérebro mais funcional. Com base em estudos sobre o processo de aprendizagem da criança, concluiu-se que a decoreba era inimiga da educação. Conforme Squire e Kandel (2003, p. a memória é: o processo pelo qual aquilo que é aprendido persiste ao longo do tempo, sendo considerada por diversos estudiosos das mais diferentes áreas a base do conhecimento e caminho para a eficácia no ensino se for adequadamente estimulada e utilizada.
É possível dizer que os tipos de memória que mais interessa à área da educação são dois: memória de curto prazo, que de acordo com Dalgalarrondo (2008, p. “se refere à capacidade de reter a informação por um período curto de tempo, desde alguns poucos minutos até meia ou uma hora” e a de longo prazo, que evoca informações e acontecimentos que aconteceram no passado, sendo um tipo de memória de capacidade e de duração ampla, pois envolve mudanças na estrutura dos neurônios. Assim, Guerra (2011) afirma que as neurociências não vêm no intuito de propor uma nova pedagogia, mas sua contribuição reside em fundamentar e inspirar as práticas educacionais para que sejam capazes de alcançar melhores resultados no processo de ensino aprendizagem.
Nesse sentido, o conhecimento da neurociência não vem substituir nenhuma outra didática ou teoria psicológica ou pedagógica, mas vem para somar, agregar mais conhecimento e dar mais valor à educação. Esse conhecimento a mais pode contribuir para uma educação com maior qualidade e um aprndizado mais sólido, partindo do princípio de que se podem criar situações que facilitem essa produção do conhecimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa realizada possibilitou conhecer um pouco mais acerca do conceito de neurociência e sua relação e contribuição para a aprendizagem. Os diversos autores estudados trouxeram contribuições para consolidar um entendimento maior do tema a fim de se compreender os benefícios que a neurociência traz para a educação. Pode também contribuir para converter o conhecimento obtido em pesquisa, em métodos instrucionais efetivos, em cenários reais e, assim, pode-se ter a perspectiva de quanto tudo isso pode melhorar a instrução nas diversas disciplinas existentes e o impacto das novas tecnologias no desempenho escolar.
Nesse sentido, é importante compreender que os conhecimentos da neurociência são importantes para a educação, mas que isso ainda é um paradigma novo. Muitos destes conhecimentos da neurociência carecem de pesquisas educacionais que validem a sua importância, a sua consistência e sua aplicabilidade no contexto educacional. Assim, diante de todo o exposto, é necessário ressaltar que a neurociência não é uma fórmula mágica ou uma receita pronta que pretende esclarecer e propor soluções para todos os problemas educacionais. A neurociência ensina a olhar e a adaptar estratégias diferenciadas para atingir os objetivos educacionais. A. ALMEIDA, L. R. orgs. Henri Wallon: Psicologia e Educação. Neurociência na educação. Disponível em: <http://www. geocities. ws/flaviookb/neuroedu. pdf> Acesso em 10 Nov.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008. GENTILE, P. Lembre-se: sem memória não há aprendizagem. O diálogo entre neurociência e a educação: da euforia aos desafios e possibilidades. Revista Interlocução, v. n. p. publicação semestral, junho/2011. com/articles/4590/1/Contribuicoes-DaNeurociencia-Para-A-Formacao-De-Professores/pagina1. html>. Acesso em 15 Nov. OLIVEIRA, G. G. RELVAS, M. P. Neurociências e transtornos de aprendizagem: as múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. Rio de Janeiro: WAK, 2015. SALLA, F. histedbr. fe. unicamp. br/navegando/artigos_frames/artigo_036. html>.
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