Revolta da vacina no Brasil em 1904: resumo sobre causas e resultados

Publicado em 28.06.2024 por Juliana N. Tempo de leitura: 8 minutos

Anos depois, mas o assunto é o mesmo. A indagação da população com relação a eficácia das vacinas. Com a pandemia causada pelo Covid-19, iniciou-se uma corrida mundial pela produção de vacinas que combatessem o vírus, obtivemos resultados, mas uma parcela da população parece não acreditar na eficácia dela, nem concorda com a vacinação obrigatória. Essa narração te lembra algo? Sim, isso mesmo, a revolta da vacina em novembro de 1904 ocorrida no Rio de Janeiro, que na época ainda era a capital do Brasil. A população não aceitou muito bem a campanha de vacinação obrigatória por Oswaldo Cruz, e foram às ruas protestar. E é justamente sobre isso que falaremos neste artigo.

O que foi a revolta da vacina

O que foi a revolta da vacina

Iniciada no Rio de Janeiro, cidadãos protestaram contra a vacina obrigatória contra a varíola no Brasil. Fonte: unsplash.com

Com a mudança das pessoas dos centros rurais para os urbanos, o crescimento populacional desses locais cresceu desenfreadamente. Acontece que estes centros urbanos não possuíam a capacidade de desenvolvimento desenfreado como enfrentavam na época.

Foi o que aconteceu com o Rio de Janeiro, que por ser um grande porto de mercadorias que chegavam no Brasil, experimentou um crescimento desenfreado de habitantes. Com o crescimento veio a questão sanitária, que logo se tornou uma questão de saúde pública, ao sentir as primeiras manifestações de doenças que assustavam as populações mundo afora.

Assim, doenças como a varíola, a febre amarela, a peste bubônica e outros surtos que espalharam mortes se alastraram no solo brasileiro. Para conter o número de mortos que só aumentavam a cada dia, com um surto de doenças foi desenvolvida uma vacina, feita à base de líquido de pústulas de vaca doentes.

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O projeto da cidade nova pelo presidente Rodrigues Alves

O projeto da cidade nova pelo presidente Rodrigues Alves

Pessoas carentes foram retiradas de suas casas, para a operação de contenção da febre amarela, a peste bubônica e a varíola, gerando revolta dos moradores. Fonte: unsplash.com

O presidente Rodrigues Alves vendo a dificuldade que as pessoas tinham para se vacinar e conter o surto de varíola, febre amarela e peste bubônica que aconteciam na época, propôs que um projeto de lei fosse criado para tornar a vacinação obrigatória. Assim, para pôr em prática sua campanha de vacinação, chamou o médico Oswaldo Cruz.

Iniciado o plano de contenção da febre amarela, bem como da peste bubônica e a própria varíola, o então presidente Rodrigues Alves chamou o prefeito Francisco Pereira Passos, para dar seguimento ao projeto de limpar a cidade do Rio de Janeiro. O problema é que essas ações do governo foram autoritárias.

Com elas os habitantes mais pobres foram removidos à força de suas casas, com a desculpa que o centro das classes operárias não tinha bons hábitos de higiene, o que propagava os problemas de saúde pública. Obras públicas foram iniciadas para alargar a rua da passagem e a avenida central.

Foram instituídas brigadas mata mosquitos, para combater o aedes aegypti, que entravam na casa das pessoas e ordenavam reformas e até mesmo demolições. Ordenaram também, a caça aos ratos, fazendo com que a população caçasse os animais em troca de dinheiro, o que só serviu para fazerem criatórios em troca de uma renda extra.

Todas as medidas foram consideradas autoritárias, violentas e por vezes ineficazes, gerando revolta da população e a insatisfação com a lida das doenças, mas o estopim que daria início à rebelião ocorreu com o implemento da vacina obrigatória no Brasil pelo Oswaldo Cruz, nomeado diretor geral de saúde.

Tabela informativa sobre a revolta da vacina

Para que você entenda melhor sobre o conteúdo da ação que ficou conhecida como a revolta da vacina, desenvolvemos essa tabela com os principais pontos sobre o assunto, vejamos:

Onde e quando Principal motivo Consequências A Vacina Atualmente
Rio de Janeiro, 1904 Insatisfação da população com a lei de vacinação obrigatória 30 pessoas morreram no motim e 110 ficaram feridos. A vacina consistia em um líquido retirado de pústulas da vaca. A varíola foi considerada erradicada.

Obrigatoriedade da vacinação: revolução da vacina

Obrigatoriedade da vacinação - revolução da vacina

O imunizante para combater a varíola era preparado a partir de material bovino, o que fez com que alguns indivíduos propagassem o boato de que quem tomasse o imunizante, ficaria com feições bovinas. Fonte: Fiocruz

A reforma urbana já havia causado estremecimento na população que viu suas residências invadidas e seus direitos violentados. Assim, quando saiu na gazeta de notícias a criação da lei de obrigatoriedade da vacina pelo governo, a população foi tomada de ódio, culminando no motim registrado em 10 de novembro.

Muitos eram os boatos que circundavam a vacinação, como o de que a pessoa que se vacinasse ficaria com a feição bovina, uma vez que a vacina era feita de líquido de pústulas de vacas. O outro era o receio da época de que as mulheres seriam desonradas, pois a aplicação da vacina seria nas coxas e nádegas.

E foi com esses pensamentos que as pessoas se dirigiram às ruas para protestar “abaixo a vacina”, a confusão tomou conta da cidade. Houveram combates, assaltos, trocas de tiros, agressões e até mesmo uma tentativa de golpe de estado. Apesar da alta quantidade de pessoas no Hospital São Sebastião, e da varíola assolar e levar a vida de milhares de pessoas, a lei da vacinação encontrava resistência de diversos lados.

A cidade estava tomada por manifestantes revoltados, Rodrigues Alves, presidente da época, cogitou fugir do que parecia ser a guerra das vacinas. Como se não bastassem os tumultos, militares tentaram aplicar um golpe militar de tomada de poder. O governo enfrentava o caos nas ruas e as doenças continuavam a infestar a população.

Consequências da revolta da vacina

Como consequência da revolta da vacina, teve de haver um decreto de estado de sítio na na capital. O movimento acabou perdendo força, principalmente quando a classe operária foi desistindo do movimento. Ainda assim, o saldo catastrófico da manifestação rendeu:

  • a morte de 30 pessoas;
  • 945 prisões;
  • 110 feridos;
  • e 461 pessoas deportadas.

Com toda essa narrativa, a história nos remete aos dias atuais, em que verificamos uma resistência de certa parte da população à vacina do Covid-19, vírus que causou uma pandemia mundial em 2019, e já matou um total de quase 6 milhões de pessoas no mundo todo.

Os motivos da resistência podem até parecer diferentes em um primeiro olhar, mas com uma investigação mais profunda podemos perceber similaridades nos casos. Uma epidemia nunca enfrentada antes, inúmeras mortes e a propagação de fake news que só trazem desinformação, agravada nos dias atuais pelo uso da Internet que propaga as falsas informações em questão de segundos.

Apesar disso, e das consequências da revolta, José Murilo de Carvalho aponta que a revolta da vacina é um exemplo de sucesso de movimento popular de cidadãos que insatisfeitos com o abuso dos seus direitos foram para as ruas protestar.

Vídeo explicando o movimento da revolta da vacina

Neste vídeo há explicações sobre como ocorreu o motim, o motivo que levou aos protestos, local de acontecimento, no caso o Rio de Janeiro e demais informações sobre esse que foi considerado um importante movimento popular.

Revolta da vacina: resumo da história da vacina no Brasil

Bem, agora que você já entendeu a causa do movimento popular em desfavor da vacina contra a varíola, ocorrido em novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro, pode tirar sua própria conclusão acerca das características da revolta das pessoas. Para além desse acontecimento, convidamos você a refletir sobre o movimento antivacina que temos visto nos últimos tempos.

Fonte: unsplash.com

Atualmente, a Organização Mundial da Saúde tem encontrado resistência em alguns cidadãos que insistem em não serem vacinados contra o Covid-19. Assim, convidamos você a refletir se em uma pandemia que já deixou milhares de mortos, a liberdade individual deverá se sobrepor ao bem-estar coletivo.

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Perguntas frequentes (FAQ)

Onde e quando ocorreu a revolta da vacina?

Esse motim ocorreu em 1904, no Rio de Janeiro. O motivo foi a insatisfação dos indivíduos com a medida implementada pelo médico e sanitarista Oswaldo Cruz, na qual previa a vacinação obrigatória da população contra a varíola. Uma doença que estava fazendo milhares de vítimas pelo Brasil e no mundo.

Por que ocorreu a revolta da vacina?

A revolta da vacina, 1904, ocorreu por conta da insatisfação da população com o plano de vacinação. Por uma questão geral de saúde pública, Oswaldo Cruz determinou que todos os cidadãos deveriam ser vacinados, visando uma proteção em massa na cidade do Rio de Janeiro, contra uma doença que estava devastando habitantes de várias regiões. Com o motim criado pela revolta da vacina, cerca de 30 pessoas morreram nos confrontos.

Quem liderou a revolta da vacina?

Relatos da época apontam que o senador Lauro Sodré e alguns deputados foram os principais responsáveis pela revolta contra a obrigação da vacinação, sendo os responsáveis por inflamar os ânimos dos indivíduos contra o governo de Rodrigues Alves e o plano de vacinação de Oswaldo Cruz.

Quantas pessoas a varíola matou?

Segundo dados da Fiocruz estima-se que a varíola matou mais de 300 milhões de pessoas no mundo, durante os 80 anos em que foi enfrentada e combatida por pesquisadores e médicos infectologistas. Atualmente a OMS considera a doença erradicada, mas o caminho para a erradicação foi longo e tortuoso, tendo o resultado sido alcançado através da vacinação.

 

Checklist sobre o assunto

Juliana N

Autora do Studybay

Meu nome é Juliana, sou Bacharel em Filosofia pela IFCH e pós-graduada em Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Tenho experiência grande com artigos, trabalhos acadêmicos, resumos e redações com garantia antiplágio.